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sábado, novembro 11, 2017

Da série ‘Fotos’: a estátua de Renato Russo


Finalmente tive a oportunidade de conhecer a estátua de Renato Russo, inaugurada em 2012 no bairro da Portuguesa, Ilha do Governador, onde o cantor viveu até os seis anos de idade. Criada em bronze sob encomenda da prefeitura do Rio pelo cartunista Ique, possui a altura do cantor (1,75m) e pesa 250 quilos. 

Uma homenagem mais do que merecida ao líder da Legião Urbana.

segunda-feira, abril 24, 2017

Da série ‘Causos’: Jerry Adriani (1947 – 2017)


Em um meio artístico dominado pelo egocentrismo e pela antipatia, é fundamental destacar que não há ninguém que, em algum momento, tenha criticado o comportamento de Jerry Adriani, falecido ontem, aos 70 anos. Carinhoso com os colegas e afável com os fãs, foi, ao longo de 53 anos de carreira, um exemplo de caráter e humildade. Um autêntico boa-praça. Uma pessoa do bem. Um espírito elevado.

Existe, aliás, um episódio envolvendo Jerry que é sempre relembrado pelos meus familiares. Há décadas, meu avô paterno dirigia na companhia de minha avó por uma das principais ruas da zona norte do Rio. E, em um determinado momento, levou uma baita “fechada”.

Ainda sem se refazer completamente do susto, ele observou que o autor da imprudência começou a reduzir a velocidade. Quando os dois veículos emparelharam, o motorista se desculpou pelo ocorrido e fez questão de perguntar se estava tudo bem. Era Jerry Adriani em pessoa.

A ele, todo o nosso respeito e admiração. E não apenas como artista, mas, principalmente, como ser humano. Descanse em paz.



Quando a Legião Urbana gravou o seu primeiro álbum, em 1984, o público e a crítica perceberam a (inegável) semelhança entre as vozes de Jerry Adriani e Renato Russo. Em 1999, Jerry homenageou Renato – que falecera três anos antes – com o (belo) álbum Forza Sempre, no regravou sucessos da Legião vertidos para o italiano:

sábado, abril 01, 2017

Urbana Legion lança letra inédita de Renato Russo


Single
Apóstolo São João
2017



No dia em que Renato Russo, falecido em 1996, completaria 57 anos, seus fãs receberam uma grata surpresa. “Apóstolo São João”, letra inédita do músico, vem à luz do dia pelas mãos da Urbana Legion, banda cover da Legião Urbana formada em 2014. A faixa é um dos cinco manuscritos que o quarteto recebeu de Giuliano Manfredini, filho de Renato.

O rascunho não tinha data. Contudo, pelas referências bíblicas (“Números, Romanos, Atos e Juízes / Êxodo e Provérbios / o Apocalipse do Apóstolo São João”), presume-se que foi escrito no período de As Quatro Estações [1989], quarto álbum da Legião. A faixa não se compara a clássicos como “Tempo Perdido” ou “Índios”. No entanto, o grupo acertou em musicar a letra respeitando o estilo da Legião. Ponto para eles.

O vídeo, por sua vez, tem um detalhe que pode emocionar os “órfãos” de Renato: foi gravado no apartamento do músico, na rua Nascimento Silva, 378, Ipanema, que permaneceu fechado durante os últimos... 20 anos (!).

As outras quatro letras inéditas do líder da Legião Urbana estão sendo musicadas e serão lançadas em single ao longo dos meses – podendo vir a compor um EP. 


Veja o vídeo de “Apóstolo São João:


terça-feira, outubro 11, 2016

20 anos sem Renato Russo


Há exatos 20 anos, no dia 11 de outubro de 1996, morria Renato Russo. Lembro exatamente onde eu estava e como recebi a notícia – através de um telefonema. “Tom, sabe quem morreu?” Pensei por alguns segundos e respondi com outra pergunta, com receio do que iria ouvir: “Renato Russo?” Após uma breve pausa, veio a lacônica confirmação: “Sim”. Recordo-me de ficar paralisado com o telefone colado ao ouvido, sem conseguir pronunciar uma única palavra. Seis anos após o falecimento de Cazuza, novamente tive a triste sensação de que, naquele momento, uma parte importante da minha adolescência havia ido embora com ele. Para sempre.

Cerca de duas semanas antes, eu havia comprado aquele que veio a ser o último álbum da Legião Urbana lançado em vida por Renato, A Tempestade Ou O Livro Dos Dias. Já na primeira audição, observei a melancolia de letras como “A Via Láctea” (“Hoje a tristeza não é passageira / hoje fiquei com febre a tarde inteira”), “Música Ambiente” (“E, quando eu for embora, / não, não chore por mim”) e “O Livro dos Dias” (“Meu coração não quer deixar meu corpo descansar”). A voz fragilizada e a opção por colocar fotos de arquivo no encarte do CD eram claros indícios de que algo não ia nada bem com ele. Mas, no fundo, eu não queria acreditar.

É difícil descrever a importância que a obra de Renato Russo teve nos meus chamados anos de formação. A exemplo do que ocorrera com milhares de pessoas da minha faixa etária, ele simplesmente dizia tudo o que eu precisava ouvir naquele momento. Foi contundente ao criticar as mazelas do país (“Perfeição” e “Que País É Esse?”), ao falar do conflito de gerações (“Geração Coca-Cola”), abordou questões existenciais (“Índios” e “Tempo Perdido”) e, acreditem, conseguiu fazer o Brasil inteiro decorar uma letra de dez minutos de duração (afinal, todo mundo sabia cantar “Faroeste Caboclo” de cor). Mas também soube ser bem-humorado (“Eduardo e Mônica”) e falar de amor em todas as suas vertentes (“Monte Castelo” e “Pais e Filhos”).

Nos últimos 20 anos, não surgiu um artista brasileiro que se equiparasse com o líder da Legião Urbana. Com todo o respeito: nenhum chegou sequer perto disso. Pela qualidade de sua poesia e pela forma como conduziu a sua carreira – ignorando as fórmulas de marketing da indústria musical –, ouso dizer que jamais haverá alguém como ele. Renato Russo foi, é e sempre será... único. 


quarta-feira, setembro 30, 2015

Queen + Adam Lambert no Rock In Rio: grata surpresa



Antes de qualquer coisa, preciso dizer que não dei a mínima para a apresentação do Queen com Adam Lambert no Rock In Rio. Após a banda ter tentado substituir Freddie Mercury com Paul Rodgers — um baita cantor cujo estilo, porém, não se adequava ao grupo —, imaginei que o novo vocalista seria mais um "tiro na água".

Contudo, os comentários positivos de quem conferiu o show — alguns, por sinal, bastante entusiasmados — acabaram me deixando curioso...

Uma semana depois, assisti à performance da Brian May, Roger Taylor e companhia. E tenho que reconhecer que fiquei simplesmente... extasiado com o que vi e ouvi. Já não me lembrava o quanto gostava desses caras. May e Taylor continuam impecáveis em seus respectivos instrumentos, desfiando um repertório irretocável. Mas a grande surpresa da noite foi... Adam Lambert.

A responsabilidade sobre os ombros do americano de 33 anos era enorme: suceder ninguém menos do que um dos melhores vocalistas de rock de todos os tempos — à altura de outra realeza: Elvis Presley , no mesmo palco onde, há exatas três décadas, o Queen fez história.

Nada disso, entretanto, pareceu intimidar Lambert. Além de possuir um material vocal excepcional, o intérprete mostrou muita personalidade e, com inteligência, fugiu da imitação de Freddie. Com uma atuação extravagante — e assumidamente gay —, conseguiu o que provavelmente ninguém poderia prever: fazer com que a Cidade do Rock gritasse o seu nome a plenos pulmões.

Durante duas horas, a banda passeou por praticamente todo o seu catálogo, executando com maestria hits dos anos 1970 — como "Don't Stop Me Now", "We Will Rock You" e "Somebody To Love" — e dos anos 1980 — como "Radio Ga Ga", "A Kind Of Magic" (com o autor da faixa, Roger Taylor, nos vocais) e "I Want To Break Free" —, sem esquecer canções dos anos finais de Mercury, como "I Want It All" e "The Show Must Go On". Em "Love Of My Life", a imagem de Freddie apareceu no telão, relembrando o momento mágico de 1985. 

O grand finale, porém, não poderia ser outro: a arrasadora "Bohemian Rhapsody", que também contou com a imagem do vocalista no telão, emocionando a todos.

Há quem diga que "ninguém é insubstituível". Tenho minhas dúvidas. Os Beatles jamais poderiam prosseguir sem John Lennon ou Paul McCartney. Assim como seria um absurdo se a Legião Urbana entrasse em estúdio sem Renato Russo. Da mesma forma, se o Queen decidisse gravar um álbum de inéditas — o que considero improvável — iria macular a sua vitoriosa trajetória.

Por outro lado, não vejo como oportunismo o fato de Adam Lambert excursionar à frente do grupo. Pelo contrário: o jovem presta uma digna e respeitosa homenagem à memória de Freddie Mercury. Tanto os fãs de primeira hora quanto as novas gerações merecem continuar ouvindo ao vivo as imorredouras canções de uma das maiores bandas de sempre.



Veja o vídeo de "Radio Ga Ga", gravado no Rock In Rio:

quarta-feira, junho 10, 2015

Os 30 anos de ‘Exagerado’, de Cazuza



Para celebrar os 30 anos de lançamento de “Exagerado”, uma das mais emblemáticas faixas da carreira de Cazuza, grandes nomes do pop nacional reuniram-se, sob a batuta do experiente produtor Liminha, para regravar a canção, em uma realização da Musickeria Corp.

Preservando o registro de voz do cantor, “Exagerado 3.0” contou com as participações de Dado Villa-Lobos (guitarras, Legião Urbana), João Barone (bateria, Paralamas do Sucesso) e Kassim (programações eletrônicas), além do próprio Liminha (baixo). E, embora a ficha técnica estelar não tenha superado a (imbatível) gravação original, o resultado ficou bastante satisfatório. Ademais, a causa é (para lá de) nobre.

Parte dos direitos da venda do single — disponível somente no formato digital — será destinada à Sociedade Viva Cazuza, entidade criada há 25 anos por sua mãe, Lucinha Araújo, com o intuito de dar apoio a crianças infectadas com o vírus HIV, que vitimou o artista em 1990.



Ouça ‘Exagerado 3.0’:

sábado, novembro 08, 2014

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Perfeição’, da Legião Urbana



Com todo respeito a Ary Barroso e a sua imorredoura “Aquarela do Brasil” — merecidamente considerada o “hino extra-oficial brasileiro” —, provavelmente nenhuma outra canção foi capaz de retratar o País (com o perdão da redundância) de modo tão perfeito do que “Perfeição”, da Legião Urbana.

Em sua letra discursiva, com clara influência do rap — Renato Russo revelou que o groove da faixa foi trazido ao estúdio pelo baterista Marcelo Bonfá em uma fita K7 —, nada escapa aos olhos de águia do líder da banda. A “estupidez do povo”, que, “a cada fevereiro e feriado” comemora “como idiotas”, sem necessariamente ter motivos para tal. A “violência” (“O meu país e sua corja de assassinos covardes / estupradores e ladrões”). A “desunião” da população. O “descaso por educação”. O estado deplorável da saúde pública (“Os mortos por falta de hospitais”). A crueldade da Previdência Social brasileira (“...a nossa gente / que trabalhou honestamente a vida inteira / e agora não tem mais direito a nada”). 

Também apontou problemas estruturais (“a água podre”), sociais (“a fome”), ambientais (“queimadas”) e as mazelas inerentes à natureza humana (a “hipocrisia”, a “inveja”, a “indiferença” e as “mentiras”). E, embora tenha lembrado que, apesar de tudo, existe algum patriotismo (“Vamos cantar juntos o Hino Nacional / a lágrima é verdadeira”), não poupou de crítica sequer... a si próprio (“Também podemos celebrar / a estupidez de quem cantou essa canção”).

Outro trecho digno de registro: “Vamos celebrar nossa bandeira”. Entre os “absurdos gloriosos” do passado a que o autor se refere, certamente se encontra a própria Proclamação da República — na verdade, um golpe militar. E vale frisar que, naquele momento, a família Real não apenas foi apeada do poder, como também banida do Brasil para sempre, além de ter todos os seus bens confiscados e, posteriormente, leiloados. Ou seja, naquele momento, o País saiu de um regime absolutista (a Monarquia) para ser governado por dois ditadores (os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto). E, a cada ano, a data é feriado nacional...

“Perfeição” foi lançada em 1993. Portanto, é um desalento constatar que, decorridos 21 anos, seus versos continuam tristemente atuais. E que, para nos tornarmos, de fato, uma nação, ainda há muito, muito a ser realizado.

A evocação aos mitos gregos também não foi gratuita: a menção a Eros e Thanatos (o Amor e a Morte) trata-se de uma menção velada à sua condição de soropositivo. E Perséfone e Hades representam, no caso, a chamada “síndrome de Estocolmo” — o estranho e inexplicável apego por alguém que lhe fez/faz mal. 

Já nas duas estrofes finais da canção — que citam a melodia de “O Bêbado e o Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, imortalizada na voz de Elis Regina —, o cantor nos deixa uma mensagem de esperança (“Nosso futuro recomeça”). E exalta a verdade (“Só a verdade liberta / chega de maldade e ilusão”), remetendo-nos imediatamente ao Evangelho de João (8:32): “Conhecereis a verdade. E a verdade vos libertará”.

Parceria dos supracitados Russo e Bonfá com o guitarrista Dado Villa-Lobos, “Perfeição”, eterna obra-prima do rock nacional, integra o álbum O Descobrimento do Brasil [no detalhe, a capa], sexto e antepenúltimo álbum de estúdio da Legião Urbana. 




Veja o vídeo de “Perfeição:

quarta-feira, dezembro 05, 2012

Da série ‘Frases’: Renato Russo

Deixa o copo encher até a borda / que eu quero um dia de sol / num copo d'água...”


Na faixa “A Montanha Mágica”, do (ótimo) álbum V, da Legião Urbana, Renato Russo fala — de modo cifrado — de sua luta contra o alcoolismo. 



sábado, março 10, 2012

Da série ‘Frases’: Bob Dylan



“...ah, but I was so much older then / I'm younger than that now...”


O curioso verso de Bob Dylan sobre “rejuvenescimento” está incluído em “My Back Pages”, faixa de Another Side of Bob Dylan, lançado pelo bardo americano em 1964. E também foi citado no encarte de O Descobrimento do Brasil [1993], penúltimo álbum da Legião Urbana.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Da série ‘Frases’: Renato Russo

Às vezes, o que eu vejo quase ninguém vê...”

(“Quase sem Querer”, Dado Villa-Lobos — Renato Russo — Marcelo Bonfá, CD Dois, 1986. Escrevi sobre este álbum em março de 2007. Para ler, clique aqui)


segunda-feira, abril 19, 2010

O que Cid Moreira e Renato Russo podem ter em comum?

Entre os convidados do programa Altas Horas do último sábado, 17, estava Cid Moreira. E o ex-apresentador do Jornal Nacional protagonizou um dos momentos mais tocantes que já tive o prazer de assistir na televisão brasileira em muito tempo.

Com a voz ainda impecável – a despeito da passagem dos anos –, Cid declamou, brilhantemente, uma tradução livre do capítulo 13 da Carta de São Paulo aos Coríntios, um dos livros do Novo Testamento.

No final, a plateia majoritariamente jovem aplaudiu, embevecida. De pé. Creio que nem uma pedra ficaria indiferente àquele instante.

Logo no dia seguinte, o vídeo foi postado no You Tube. Peço licença para colocá-lo aqui no TomNeto.com. Para que fique permanentemente registrado neste espaço.


***


Curiosidade: Renato Russo [foto] musicou parte deste mesmo trecho da Bíblia – misturado ao
“Soneto 11”, de Luís de Camões – na sua “Monte Castelo”, originalmente lançada no CD As Quatro Estações, de 1989, da Legião Urbana.


Veja o vídeo de Cid Moreira declamando o capítulo 13 da Carta de São Paulo aos Coríntios...


...e ouça a gravação original de “Monte Castelo”, da Legião Urbana.

segunda-feira, março 15, 2010

Lobão: minha primeira resenha

O ano era 1992. Eu estava concluindo o Ensino Médio, ainda sem saber o que fazer da vida. Mas já gostava (muito) de música naquela época. Aliás, meu interesse pelo assunto surgiu no tempo das fraldas...

Até que, uma bela manhã, abri o jornal. E vi uma nota sobre um show que Lobão faria, naquele mesmo dia, na Concha Acústica da UERJ. Entrada franca. “Estou dentro!”, pensei.

Na volta para casa, tive um impulso de... escrever a resenha da apresentação – que, permaneceu inédita até o prezado momento. Não me perguntem por que fiz isso – até hoje, não saberia responder.

Creio que, por não ter levado a máquina fotográfica, quisesse “registrar” aquele evento de alguma forma. O mais curioso é que, naquele instante, jamais me passava pela cabeça me envolver algum dia com jornalismo musical.

De 1993 para cá, muita coisa aconteceu. Tanto na carreira de Lobão quanto na minha vida. Portanto, a matéria em questão está sendo publicada aqui apenas à guisa de curiosidade. E (quase) sem edição...



Show
Projeto Brahma – O Primeiro do Meio-dia
Lobão, Boca Livre e Cássia Eller
Local: Concha Acústica da UERJ (Rio de Janeiro)
Dezembro de 1992


Em formato acústico, Lobão, Cássia Eller e Boca Livre fazem show para plateia barulhenta

Pelo nome, o evento deveria começar ao meio-dia. Deveria. Cheguei apenas quinze minutos antes desse horário, esbaforido, imaginando estar atrasado. Na porta da UERJ, uma fila imensa – não sei como esse pessoal coube inteiro lá dentro – e um sol de rachar. Por volta das 13 horas, os portões foram abertos, na maior organização.

Após mais quinze minutos de espera, entra o apresentador do show: Fernando Vanucci (“Alô, você!”). Sabe-se lá Deus por que, a claque não perdoou: “Viado! Viado!”. Simpático, Vanucci fez ouvido de mercador. E auto-ironizou: “Pois é, todo mundo se espanta de como sou baixinho...”

Para “fazer hora”, o apresentador fez uma espécie de gincana, com perguntas sobre a carreira dos três artistas que se apresentariam. Quem acertasse, ganharia um chopp do patrocinador do evento. Em se tratando de crianças – havia crianças no local, sabia? –, ganhava um guaraná.
Logo após a brincadeira, Vanucci chamou ao palco a primeira atração:


BOCA LIVRE


Formado por Zé Renato (violão e voz), Maurício Maestro (contrabaixo e vocal), Lourenço Baeta (violão e vocal) e o ex-Vímana Fernando Gamma (violão e vocal), o quarteto (ironicamente) tocou apenas... quatro músicas: “Feito Mistério”, “Ponta de Areia”, e seus dois maiores sucessos, “Toada” e “Quem Tem a Viola

Além de bons instrumentistas, os integrantes são impecáveis nas harmonias vocais. Destaque também para a luz e o som do evento – que estavam simplesmente perfeitos.


CÁSSIA ELLER


Muito bem recebida pelo público, a cantora entrou no palco com seu violão a tiracolo, e visual despojado: jeans e uma t-shirt larga – o que dava a uma certa de impressão de... , fragilidade à sua figura. Mas isso só até o momento em que abriu a boca. A voz extensa de Cássia parecia fazer tremer as paredes do auditório.

A apresentação começou com “Sensações”, de Luiz Melodia. E prosseguiu com a versão rasta de “Eleanor Rigby”, dos Beatles. Na terceira música, a gayRubens”, a plateia já estava na mão de Cássia. Na sequência, o rock vigoroso “Não Sei o Que Eu Quero da Vida” chutou para longe o conceito de que o-banquinho-e-o-violão estão sempre associados à bossa nova.

Finalizando a surpreendente apresentação, a sua bem-sucedida de versão de “Por Enquanto”, da Legião Urbana, com citação dos Beatles de “I've Got a Feeling”. Com a potência de sua voz, e sua “entrega” no palco, Cássia vai longe.

E chegou a vez do astro da tarde.


LOBÃO


Delírio total do público: o Grande Lobo entra cena, de cabelos curtos, t-shirt lisa, bermuda quadriculada, tênis com meia soquete – visual totalmente clean. Com a tulipa de chopp na mão – devido ao calor, o artista bebeu várias durante o show – e desbocado com sempre, negou que estivesse “light”, como Fernando Vanucci o apresentou.

Eis o set list, com os comentários do músico:

* “Por Tudo o que For
* “Help” (Ao tocar o clássico dos Beatles, Lobão não perdeu a piada: “Essa o Collor deve estar cantando agora...”)
* “Essa Noite, Não” (“Essa é a melô do suicida frustrado. Ou vice-versa.”)
* “Noite e Dia / Me Chama” (“Duas canções que a Marina Lima gravou.”)
* “Bangu x Polícia 0” (Para esse número, Lobão chamou ao palco Ivo Meirelles)
* “Panamericana (Sob o Sol de Parador)” (“Essa é sobre uma imaginária República das Bananas, com dezenove perguntas para nenhuma resposta.”)
* “E o Vento te Levou
* “Chorando no Campo” (“Uma canção meio country”)
* “Vida Bandida” (“Me inspirei no Jorge Ben Jor para arranjar essa.”)
* “Mal Nenhum” (“A minha primeira parceria com o Cazuza. Adoro essa música.”)
* “Decadence Avec Élégance” (“Em 1985, me pediram para fazer uma música para uma novela da Globo sobre o mundo das passarelas, chamada Ti Ti Ti. Pensei em falar sobre o oposto da elegância das modelos. Aí saiu: ‘Você não sabe a arte de saber andar /nem de salto alto nem de escada rolante.’ E é uma canção bilíngue – o refrão é em francês.”)
* “Corações Psicodélicos” (“Não sei se vai sobreviver assim, sozinha ao violão”. Sobreviveu, sim)
* “Rádio Blá
* “Revanche”.


No intervalo entre uma canção e outra, Lobão pedia silêncio à plateia. E não era atendido.

– Vocês são revolucionários. A geração ‘cara-pintada’. Vocês são inteligentes, porra! Este é um show universitário, não o Xou da Xuxa! – disparou.

Até que, em um determinado momento, o artista perdeu a paciência. E deixou o palco, levando o violão em uma das mãos. E a tulipa na outra.

Alguns aplaudiram a atitude do músico. Outros vaiaram. Após levantar de seu banquinho, Lobão deu três passos. Parou. E voltou ao microfone, destilando ironia: “Vocês são demais, tá?”. E retirou-se em definitivo. Fernando Vanucci, sem ação, não sabia o que dizer.

Final de show. Bolas de aniversário caindo do teto do auditório. Tudo muito bonito. No repertório de Lobão, porém, ficaram faltando sucessos como “Vida Louca Vida” e “Canos Silenciosos”. A despeito disso, foi uma apresentação memorável. Que os “caras-pintadas” não souberam apreciar devidamente.

segunda-feira, outubro 19, 2009

Da série ‘Polaroides do Rio’: violência

Ninguém vê onde chegamos: os assassinos estão livres. Nós não estamos.”


(“O Teatro dos Vampiros”, Dado Villa-Lobos – Renato Russo – Marcelo Bonfá, CD V, 1991 )




Uma imagem ainda vale mais do que mil palavras...

quarta-feira, março 19, 2008

The Police: para finalizar o assunto


Escrevi mais sobre o Police nos últimos meses do que na minha vida inteira. É natural, creio. Guardadas as devidas proporções, um beatlemaníaco teria o mesmo entusiasmo diante de uma turnê mundial do quarteto de Liverpool - se os quatro estivessem vivos, obviamente.

De qualquer forma, para finalizar esse assunto, gostaria de aprofundar algo que abordei de maneira superficial na matéria (gigantesca) que escrevi sobre o show do Maracanã, publicada na mais recente edição do IM [ver dois posts abaixo]: sobre a tal “desaceleração” de algumas canções executadas na turnê.

Para mim, são dois os motivos: a) idade, claro (os caras não são mais crianças); b) o amadurecimento dos três como músicos. A Legião Urbana é um bom exemplo disso: apenas sete anos separam a visceral “Geração Coca-Cola” da densa e progressiva “Metal Contra as Nuvens”.

O Police, da mesma forma, evoluiu, em apenas cinco anos, de uma faixa punk como “Next To You” para o detalhismo de uma “Wrapped Around Your Finger” - cuja letra, aliás, é fantástica.

A ótima “Murder By Numbers”, faixa que encerra Synchronicity, quinto e último álbum do trio, já dava (com sua guitarra jazzy) uma pista de como poderiam soar os futuros trabalhos da banda, se não tivesse havido a ruptura.

sábado, setembro 15, 2007

O dia em que a Legião Urbana me arrebatou

A Rede Globo exibiu ontem a segunda edição do programa Por Toda a Minha Vida, dessa vez dedicado à vida e à obra de Renato Russo - o primeiro, que foi ao ar em dezembro, focalizava a trajetória de Elis Regina. Com apresentação de Fernanda Lima, o especial novamente misturou reportagem (com depoimentos de Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Dinho Ouro-Preto, entre outros) e dramaturgia (o líder da Legião Urbana foi interpretado pelo ator Bruce Gomlesvky - que, aliás, vive o cantor no teatro).

E o programa serviu para que eu revivesse um pouco do impacto que a música da Legião Urbana exerceu sobre mim, na adolescência. Renato Russo foi um artista absolutamente singular. E faz muita, muita falta.

A título de curiosidade, reproduzo aqui, ipsis litteris, o post na comunidade Tela em Branco, do Orkut, na qual relato o dia em que a Legião me arrebatou de modo irreversível:


EM 1987, eu, um moleque de 13 anos (prestes a fazer 14) estava na casa de um amigo. Nesse dia, o cara me perguntou: 'Tom, vc conhece a Legião Urbana?'. 'Conheço uma música ou outra', responde esse babaca que vos escreve. Ele, então, me entrega o encarte de um vinil e diz: 'vou colocar um negócio pra vc escutar'. Mas advertiu: 'só leia o verso depois que o cara cantar, valeu?'. E eu fui ouvindo, ouvindo. Quando a faixa acabou, eu estava simplesmente... EMBASBACADO.

“A canção era 'Faroeste Caboclo', faixa integrante do recém-lançado
Que País é Este?. “Claro, eu já tinha ouvido 'Eduardo & Mônica', 'Será', 'Ainda é Cedo', mas somente no rádio, de maneira desatenta. Mas 'Faroeste...' me arrebatou de uma forma... irremediável. Quando começou a fazer sucesso (apesar de seus quase 10 minutos de duração, incomuns para o padrão radiofônico), não me surpreendi nem um pouco. Era merecido: tratava-se de uma obra-prima.

“Engraçado que, uma semana depois, era o meu aniversário e esse amigo chegou lá em casa todo sem-graça: 'Pô, foi mal... eu estou sem grana e não pude comprar nada melhor... '. E me entregou uma fita K7 virgem - que, naquela época, tinha uma serventia enorme... Na mesma hora, me deu um click: 'cara, essa fita vai voltar pra casa contigo. Tu vai me gravar Legião Urbana nela... '.

“E esse K7 foi a trilha sonora da minha vida durante uns bons meses. Pouco depois, eu parti para comprar, de uma só vez, os três LPs q a banda havia lançado até então. De modo que a Legião Urbana teve um papel importantíssimo no meu chamado 'período de formação', e marcou a minha vida para sempre - assim como a da minha geração praticamente inteira.


'
...somos pássaro novo longe do ninho...'


Em tempo: leia o artigo que escrevi sobre os dez anos do álbum Dois clicando aqui.