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terça-feira, maio 01, 2018

Da série ‘Fotos’: Paul McCartney

"Eu sou você amanhã"



Gravado no Olympia, de Paris, o vídeo mostra uma rara execução ao vivo de “That Was Me”, faixa de Memory Almost Full [1996] que seria a “trilha sonora” perfeita da foto acima:

Da série ‘Fotos’: Paul McCartney e Quincy Jones


Recentemente, Quincy Jones declarou que os Beatles eram “os piores músicos do mundo” e que Paul McCartney era o “pior baixista” que ele ouviu na vida. 

Olhando essa foto de 2012, que mostra o ex-beatle tão afetuoso com o veterano produtor, impossível não pensar: quanta hipocrisia existe nesse mundo...


segunda-feira, dezembro 26, 2016

George Michael (1963 — 2016)


George Michael iniciou sua trajetória musical em 1981, formando o duo Wham! na companhia de Andrew Ridgeley, seu colega de escola. Rapidamente, a dupla se revelou uma usina de compactos de sucesso, como “Everything She Wants”, “Last Christmas”, “I'm Your Man” e, claro, a infecciosa “Wake Me Up Before You Go-Go”. Em 1984, lançou um single solo, a balada “Careless Whispers”, cujo sax inconfundível logo se tornou uma de canções mais emblemáticas.

Dois anos depois, decidiu embarcar em carreira solo, naquela que foi definida pela dupla como “a separação mais amigável da história do pop”. E “quebrou a banca” logo em seu álbum de estreia: com hits como “Father Figure”, “I Want Your Sex”, “One More Try”, “Kissing a Fool” e a faixa-título, Faith [1987] vendeu 25 milhões de cópias em todo o planeta e o colocou no mesmo patamar de mega astros como Madonna, Prince e Michael Jackson.

Evidentemente, a imagem de sex symbol — um misto de James Dean e Elvis Presley — ajudou bastante na empreitada. Contudo, Michael, ciente de sua capacidade — além de cantar, compor e ser um ótimo performer, tocava vários instrumentos e era um produtor de mão cheia —, tinha outros planos.

Em 1991, lançou o seu segundo álbum. Já no título, a mensagem era clara: Listen Without Prejudice (“Ouça sem preconceito”). Nas poucas entrevistas que concedeu no período, frisou que era “um compositor” e que, daquele momento em diante, a música “ficaria em primeiro plano”. A capa [no detalhe] não trazia nenhuma foto ou indicação do artista — apenas uma imagem em preto-e-branco de uma multidão de banhistas. Para completar, Michael se recusou a aparecer nos vídeos de divulgação.

O álbum emplacou dois hits: “Freedom '90” (cujo clipe mostra a jaqueta de couro de Faith entrando em combustão, simbolizando a ruptura com o passado) e “Heal The Pain”, balada acústica a la Paul McCartney (em 2005, ele regravaria a canção com a participação do ex-beatle). Entretanto, apesar de boas faixas como a bossa nova “Cowboys And Angels”, “Waiting For That Day”, “Praying For Time” (que George considerava a sua melhor letra) e “Something To Save”, o trabalho não repetiu, nem de longe, o desempenho de seu antecessor. Resultado: o cantor acusou a Sony de “escravizá-lo” e “não divulgar o disco com deveria”. E acionou judicialmente a companhia para se livrar do contrato. 

No decorrer do processo, Michael ficou fora do mercado fonográfico, lançando apenas o single Don't Let The Sun Go Down On Me (magnífico dueto com Elton John) e o EP ao vivo Five Live (que continha a sua emocionante versão de “Somebody To Love”, gravada em 1992 no Tributo a Freddie Mercury), de 1993. Acabou perdendo a ação, sendo “condenado” a lançar uma coletânea — Ladies & Gentlemen, que chegou às prateleiras somente em 1998, com duas faixas inéditas e dois covers (uma versão estupenda de “As”, de Stevie Wonder, e “I Can't Make You Love Me”, de Joni Mitchell), gravados exclusivamente para o projeto. 

Em 1996, assinou com a gravadora Virgin e editou o seu primeiro álbum de inéditas em meia década. O ótimo Older emplacou hits como “Fast Love”, a irresistível “Spinning The Wheel” e a balada “Jesus To a Child”, dedicada ao seu namorado brasileiro, o estilista Anselmo Feleppa — que conheceu logo após o memorável show no Rock In Rio II —, morto em decorrência do HIV. Mas nada que se comparasse aos seus áureos tempos. Naquele mesmo ano, gravou um bom MTV Unplugged que, embora tenha sido exibido pela emissora, jamais foi lançado oficialmente — provavelmente pelo uso de sequenciadores em um espetáculo que deveria ser... acústico.

Os problemas começam para valer em 1998, quando o artista foi preso por ato obsceno em um banheiro público de Los Angeles. Ele debochou da situação no vídeo de “Outside”, no qual aparece vestido de... policial. O episódio forçou-o a assumir a sua homossexualidade. No ano seguinte, lançou o classudo Songs From The Last Century. Produzido pelo renomado Phil Spector, trazia releituras de Frank Sinatra (“My Baby Just Cares For Me”), Nina Simone (“Wild Is The Wind”), Roberta Flack (“The First Time Ever I Saw Your Face”) e The Police (uma inesperada versão jazzy de “Roxanne”), entre outros.

A partir de então, foram períodos de depressão, internações em clínicas de reabilitação (confessou que fumava cerca de 25 cigarros de maconha por dia, além de consumir álcool, cocaína e crack), acidentes de trânsito e novos escândalos sexuais. George Michael, decididamente, passou a ser citado com mais frequência nos tabloides sensacionalistas ingleses do que nas publicações musicais.  

Editou, em 2004, aquele que viria a ser o seu último disco de inéditas. Patience apresentava um pop sofisticado e gerou o seu derradeiro hit, a ensolarada “Amazing”. Para variar, mais uma polêmica: ao criticar a invasão ao Iraque no irônico vídeo de “Shoot The Dog”, passou a sofrer boicote da imprensa americana de direita. Comemorou os 25 anos de carreira com a caprichada coletânea Twenty Five [2006] e saiu em turnê pela Europa — registrada em Live In London [2009], seu primeiro DVD.

Já em 2014, lançou o seu último trabalho, Symphonica. Gravado ao vivo durante a turnê homônima de 2011/2012 — que foi interrompida durante a passagem pela Suiça, quando uma severa pneumonia quase o matou , chegou às lojas quando o supracitado produtor Phil Spector já havia falecido. No repertório, covers de Terence Trent D'Arby (“Let Her Down Easy”) e do já mencionado Elton John (“Idol”), além de composições próprias como “A Different Corner”, o primeiro single que gravou após o fim do Wham!.

Junto com a notícia de sua morte prematura, aos 53 anos, chega a informação de que, durante anos, George Michael doou, em segredo, milhões de libras a instituições de caridade, cedendo, inclusive, direitos autorais de suas canções. Embora tenha deixado um punhado de sucessos — a despeito de uma discografia bastante reduzida —, fica a triste sensação de que o artista que esbanjava talento se esmerou em “roubar o próprio show”. E que, apesar dos cem milhões (!) de discos vendidos e duas estatuetas do Grammy, poderia ter ido muito, muito mais longe.



Não deixa de ser uma infeliz coincidência que o autor de “Last Christmas” [1984] tenha falecido justamente... no dia de Natal.

domingo, novembro 20, 2016

Sting: de volta ao básico



CD
57th & 9th (Universal Music)
2016


Sting nunca escondeu que o fator surpresa sempre foi o principal motor de seu trabalho. Em 2007, depois de gravar o CD de alaúde mais vendido da história (o medieval Songs From The Labyrinth), deixou o mundo estupefato ao reativar o Police para uma bem-sucedida turnê mundial – algo que passou duas décadas repetindo que “jamais” faria. Terminada a excursão, passou a ostentar uma barba típica de um profeta e debruçou-se nas canções invernais do melancólico If On A Winter's Night [2009]. Em outra reviravolta, decidiu reler faixas de sua carreira solo e de seu antigo grupo acompanhado por uma grande orquestra em Symphonicities [2010]. E, por fim, compôs a trilha do seu primeiro musical exibido na Broadway, The Last Ship [2013]. Portanto, o que surpreenderia o seu público? Um retorno ao formato básico de baixo-bateria-guitarra, sem dúvida. Bingo: essa é justamente a proposta do inglês no recém-lançado 57th & 9th – esquina nova-iorquina que ele atravessava diariamente no caminho para o estúdio de gravação. Detalhe: o seu último disco “de carreira”, o bom Sacred Love, foi lançado em 2003 (!).

É bem verdade que a irresistível “I Can't Stop Thinking About You”, que abre os trabalhos, e a pesada “Petrol Head” não soariam deslocadas no repertório do Police. Aliás, perguntado se o disco novo teria o som característico do trio, Sting respondeu à moda Newcastle (região do norte da Inglaterra onde nasceu, na qual as pessoas são reconhecidamente… rudes): “I am the fucking Police”. Contudo, é mais apropriado definir 57th & 9th como um álbum de pop rock – como a agradável “One Fine Day”, que clama para que, “um dia desses”, líderes mundiais se mobilizem acerca do aquecimento global. 

Um dos pontos altos é a amarga “50,000”, que mostra o impacto que as mortes de David Bowie, Prince, Glenn Frey e do amigo Alan Rickman (o “Snape” da série Harry Potter) exerceram sobre Sting, que completou 65 anos no mês passado. “Outro obituário no jornal de hoje”, lamenta. Em um determinado trecho, ele parece se dirigir aos seus ex-colegas de banda: “Como lembro bem dos estádios em que tocamos / e as luzes que varriam o mar de 50.000 almas que enfrentaríamos”. E, ciente da “imortalidade” que os seus companheiros de profissão costumam atingir, conclui: “Astros do rock nunca morrem / apenas desvanecem”.

Por outro lado, o Sting reflexivo dos últimos 30 anos se faz presente nas acústicas “Heading South On The Great North Road”, balada com ares celtas que poderia tranquilamente estar em The Last Ship, e “The Empty Chair”, que encerra os trabalhos com um pedido: não ser esquecido depois de partir (“Guarde o meu lugar e a cadeira vazia / e, de alguma forma, estarei lá”). 

Bom letrista, ele se mostra afiado na arabesca “Inshallah”, que aborda a questão dos refugiados. O título é uma expressão bastante utilizada no mundo islâmico, que, em uma tradução livre, equivale ao nosso “se Deus quiser”. Na edição Deluxe do álbum, há uma outra versão dessa faixa, gravada em Berlim na companhia de músicos egressos da Síria. No entanto, a melhor letra provavelmente é a tocante “If You Can't Love Me” (“Não quero nada pela metade (…) / se você não consegue me amar assim / então você tem que me deixar”).

Embora um tanto incompreendido – e subestimado – desde o início de sua trajetória solo, Sting já foi indicado 38 vezes para o Grammy, tendo vencido em 16 ocasiões. Está indiscutivelmente inserido no panteão dos grandes compositores pop do século passado, onde já se encontram Lennon & McCartney, Jagger & Richards, Elton John & Bernie Taupin, o supracitado David Bowie e Bob Dylan, entre outros. E, em 57th & 9th, a mensagem é clara: a canção popular ainda é assunto dele, sim. 



Ouça “50,000...



...e “Petrol Head:


sexta-feira, setembro 23, 2016

Paul McCartney retorna à gravadora Capitol



Em um acordo que a própria companhia classificou como “histórico”, Paul McCartney anunciou o seu retorno à Capitol Records, selo pertencente à Universal Music. Em nota, o ex-beatle estava exultante: 

– Isto é realmente emocionante para mim. A Capitol não só foi meu primeiro selo nos Estados Unidos, mas também do primeiro disco que comprei em minha vida: Be-Bop-A-Lula, de Gene Vincent.

O contrato abrange todo o catálogo solo do baixista – de McCartney [1970] até o seu mais recente lançamento, New [2013] –, que, em um “extenso plano”, começará a ser explorado a partir de julho de 2017. A melhor notícia, contudo, é que Macca está gravando um novo CD, que já chegará às prateleiras via Capitol.

Os três últimos trabalhos de estúdio de Paul – Memory Almost Full [2007], o álbum de standards americanos Kisses On The Bottom [2012] e o supracitado New – foram editados pelo selo Hear Music, propriedade da rede de cafeterias Starbucks. Ainda sem título, o novo disco de Paul McCartney ainda não tem data de lançamento.



Veja o vídeo da nostálgica balada country “Early Days”, faixa de New:

segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Valentine's Day’, de David Bowie



Pop rock melodioso, “Valentine's Day” foi o quarto single — e uma das melhores faixas — do penúltimo álbum de David Bowie, o ótimo The Next Day [2013]. O título alude ao Dia de São Valentim*, celebrado em vários países como o Dia dos Namorados a cada 14 de fevereiro. Não se trata, contudo, de uma música sobre a data.

A letra fala de um certo Valentim, presumivelmente um adolescente que, como a maioria, vive “em seu próprio mundo” (“Sentimentos que ele guarda mais do que tudo / os professores e os astros do futebol”), em total inadequação com o que se passa ao seu redor (“Como se o mundo inteiro estivesse nos seus calcanhares”). Portanto, apesar do nome — e de ter “algo a dizer” —, ele não tinha motivos para comemorar o Dia de São Valentim.

No vídeo, Bowie apresenta-se despido de qualquer persona. Vestido informalmente, era apenas um senhor de 66 anos, empunhando uma guitarra G2T Hohner em um silo aparentemente abandonado e interpretando sua canção com enorme intensidade. Observem os olhares que ele lançava para a câmera.

Ao final, com a respiração pesada, o artista ergue o seu instrumento, triunfante. E certo de ter conseguido, com a sua antítese, fugir de todos os clichês que se poderia esperar de uma faixa com esse título.



* Há inúmeras controvérsias acerca de São Valentim. A versão mais aceita sobre a sua origem é a de que teria sido um bispo que, clandestinamente, decidiu continuar realizando casamentos em períodos de guerra, contrariando a ordem do imperador Cláudio II — que considerava homens solteiros mais aptos para as batalhas. Descoberto, foi preso e condenado à morte. Enquanto aguardava a execução, recebia cartas e bilhetes de jovens solteiras, em sua maioria reafirmando sua crença no amor. Acabou iniciando um romance (!) com a filha de um dos carcereiros, que era cega e, milagrosamente, recuperou a visão — de onde se explica a canonização. No dia de sua execução, deixou para a moça uma mensagem de adeus, assinando “do seu Valentim” — expressão que, no hemisfério norte, passou a ser sinônimo de “namorado”. Exemplo: “My Valentine”, canção composta e gravada por Paul McCartney em 2013.




Veja o tocante vídeo oficial de “Valentine's Day:

quarta-feira, setembro 30, 2015

Queen + Adam Lambert no Rock In Rio: grata surpresa



Antes de qualquer coisa, preciso dizer que não dei a mínima para a apresentação do Queen com Adam Lambert no Rock In Rio. Após a banda ter tentado substituir Freddie Mercury com Paul Rodgers — um baita cantor cujo estilo, porém, não se adequava ao grupo —, imaginei que o novo vocalista seria mais um "tiro na água".

Contudo, os comentários positivos de quem conferiu o show — alguns, por sinal, bastante entusiasmados — acabaram me deixando curioso...

Uma semana depois, assisti à performance da Brian May, Roger Taylor e companhia. E tenho que reconhecer que fiquei simplesmente... extasiado com o que vi e ouvi. Já não me lembrava o quanto gostava desses caras. May e Taylor continuam impecáveis em seus respectivos instrumentos, desfiando um repertório irretocável. Mas a grande surpresa da noite foi... Adam Lambert.

A responsabilidade sobre os ombros do americano de 33 anos era enorme: suceder ninguém menos do que um dos melhores vocalistas de rock de todos os tempos — à altura de outra realeza: Elvis Presley , no mesmo palco onde, há exatas três décadas, o Queen fez história.

Nada disso, entretanto, pareceu intimidar Lambert. Além de possuir um material vocal excepcional, o intérprete mostrou muita personalidade e, com inteligência, fugiu da imitação de Freddie. Com uma atuação extravagante — e assumidamente gay —, conseguiu o que provavelmente ninguém poderia prever: fazer com que a Cidade do Rock gritasse o seu nome a plenos pulmões.

Durante duas horas, a banda passeou por praticamente todo o seu catálogo, executando com maestria hits dos anos 1970 — como "Don't Stop Me Now", "We Will Rock You" e "Somebody To Love" — e dos anos 1980 — como "Radio Ga Ga", "A Kind Of Magic" (com o autor da faixa, Roger Taylor, nos vocais) e "I Want To Break Free" —, sem esquecer canções dos anos finais de Mercury, como "I Want It All" e "The Show Must Go On". Em "Love Of My Life", a imagem de Freddie apareceu no telão, relembrando o momento mágico de 1985. 

O grand finale, porém, não poderia ser outro: a arrasadora "Bohemian Rhapsody", que também contou com a imagem do vocalista no telão, emocionando a todos.

Há quem diga que "ninguém é insubstituível". Tenho minhas dúvidas. Os Beatles jamais poderiam prosseguir sem John Lennon ou Paul McCartney. Assim como seria um absurdo se a Legião Urbana entrasse em estúdio sem Renato Russo. Da mesma forma, se o Queen decidisse gravar um álbum de inéditas — o que considero improvável — iria macular a sua vitoriosa trajetória.

Por outro lado, não vejo como oportunismo o fato de Adam Lambert excursionar à frente do grupo. Pelo contrário: o jovem presta uma digna e respeitosa homenagem à memória de Freddie Mercury. Tanto os fãs de primeira hora quanto as novas gerações merecem continuar ouvindo ao vivo as imorredouras canções de uma das maiores bandas de sempre.



Veja o vídeo de "Radio Ga Ga", gravado no Rock In Rio:

quinta-feira, janeiro 01, 2015

Kanye West e Paul McCartney lançam novo single


Em agosto de 2014, surgiram rumores de que Paul McCartney e Kanye West estariam em estúdio trabalhando juntos em “algumas faixas” que poderiam vir a ser lançadas em um álbum. Procurada pela imprensa, a assessoria do ex-Beatle não confirmou nem desmentiu: “Sem comentários”.

Nas primeiras luzes de 2015, os indícios se confirmaram: o rapper americano surpreende e lança o single Only One [no detalhe, a capa], que traz, no órgão e nos backing vocais, a participação (mais do que) especial justamente de... McCartney (!).

Já se sabe que a (suave) canção integrará o novo CD de West, ainda sem título — o primeiro desde 2009 —, que chegará às prateleiras ainda este ano. 



Veja o vídeo oficial de “Only One:


terça-feira, dezembro 02, 2014

‘The Art Of McCartney’, digna homenagem a uma obra imorredoura



CD duplo
The Art Of McCartney (Sony Music)
2014


Um álbum-tributo a Paul McCartney, uma das figuras mais importantes da música popular de todos os tempos, não poderia fazer por menos: precisa estar à altura do homenageado. Esta é a (árdua) tarefa do ambicioso CD duplo The Art Of McCartney, que apresenta regravações de 34 canções de (quase) todas as fases da carreira do ex-beatle — a mais “recente” é “No More Lonely Nights”, que está completando exatos trinta anos em 2014, presente em uma boa versão do The Airbourne Toxic Event.

Dentre os 31 artistas — três deles, Steve Miller, Billy Joel e o grupo Heart, ao contrário dos demais, regravaram duas músicas —, os melhores resultados foram alcançados por aqueles que souberam imprimir a própria “assinatura” nas canções de McCartney. É o caso do eterno beach boy Brian Wilson, que emociona em “Wanderlust”, de Tug Of War [1982], e de Willie Nelson, que, com uma interpretação sentida, transformou “Yesterday”, a faixa mais executada e regravada do mundo, em uma música... sua. O mesmo vale para Corinne Bailey Rae, que tratou “Bluebird”, de Band On The Run [1973], com a delicadeza necessária, e para a lenda viva B. B. King, visceral no obscuro blues “On The Way”, de McCartney II [1980].

Um dos trunfos do projeto é mostrar a versatilidade do autor, capaz de compor canções que soam naturais nas vozes de artistas de estilos tão distintos quanto o vocalista do The Who, Roger Daltrey (que deu conta do recado na bombástica “Helter Skelter”), o veterano Allen Toussaint (“Lady Madonna”) e o garoto-prodígio do jazz Jamie Cullum (absolutamente confortável em “Every Night”).

Contudo, nem tudo são acertos. Chrissie Hynde, vocalista do Pretenders, foi apenas OK em sua releitura de “Let It Be”. Nada comparável à arrasadora versão de James Taylor e Mavis Staple, que quase levou às lágrimas o próprio Macca, em 2010. Já a Harry Connick Jr. Foi boa: aproximar a bela “My Love” de um standard à La Sinatra. Falta-lhe, no entanto, um “pequeno” detalhe: uma voz como a dos Velhos Olhos Azuis. E Cat Stevens, que hoje atende pelo nome de Yusuf, não teve como competir com a magnífica versão original de “The Long And Winding Road”.

Por fim, se alguns figurões como Bob Dylan (mais rouco do que nunca em “Things We Said Today”) e Smokey Robinson (“So Bad”) marcaram presença, não há como não lamentar a ausência de outros que já colaboraram com Paul em algum momento de suas carreiras — como Stevie Wonder, Elvis Costello, Eric Clapton e Dave Grohl (Foo Fighters), entre outras. Todavia, as lacunas não invalidam The Art Of McCartney, digna homenagem a uma obra imorredoura, monumental. Tanto que, pasmem, ficaram de fora gemas como “Here There And Everywhere”, “And I Love Her”, “Another Day”, “Blackbird”, “Ebony And Ivory”, “Get Back”, “Penny Lane”...




Ouça “Bluebird”, na voz de Corinne Bailey Rae:





Ouça “Wanderlust”, na voz de Brian Wilson:

segunda-feira, setembro 15, 2014

‘Hope For The Future’, a nova música de Paul McCartney



Paul McCartney não para. Menos de um ano após o lançamento de New, seu mais recente álbum de inéditas, o ex-Beatle anuncia uma nova faixa, a épica “Hope For The Future”.

Produzida por Giles Martin, filho do lendário George Martin — e produtor de algumas faixas de New —, “Hope” foi composta, pasmem, para a trilha sonora do game Destiny, disponível nos consoles PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 e Xbox One. Além da canção, o músico auxiliou a equipe nas orquestrações do jogo.

E adivinhem quanto McCartney recebeu pela empreitada? Nem um tostão. Segundo Eric Osborne, diretor de comunidades da Bungie — empresa que desenvolveu Destiny —, embora o autor de “The Long And Winding Road” seja um artista conhecido no mundo inteiro, ele ficou bastante interessado pela oportunidade de ser ouvido por público que “habitualmente, não tem proximidade com a sua música”. Ponto para ele.

Em seu site oficial, Paul publicou uma nota afirmando que “Hope” será lançada comercialmente “em breve”. Contudo, não explicou se chegará às lojas através de um single ou se será incluída em uma versão “extended” do supracitado New, prometida ainda para 2014. A conferir.



Ouça “Hope For The Future:



sábado, maio 17, 2014

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Appreciate’, de Paul McCartney



O arranjo eletrônico de “Appreciate”, de Paul McCartney, surpreende o ouvinte já na primeira audição. E o recém lançado vídeo promocional só beneficia a canção — a terceira faixa de trabalho de New, o mais recente álbum de inéditas do ex-Beatle.

No audiovisual, cuja ação se passa em um futuro longínquo, McCartney é uma das “peças” expostas no chamado “Museu do Homem”. E, subitamente, começa a “interagir”, esbanjando desenvoltura, com o “visitante” do local: um enorme robô (!) chamado Newman.

É o nosso bom velho Macca, prestes a completar 72 anos, totalmente conectado — desculpem: o trocadilho foi inevitável — com os novos tempos.



Leia também:





Veja o (ótimo) vídeo oficial de “Appreciate:

quarta-feira, novembro 20, 2013

Não foi por acaso que Paul McCartney batizou seu novo álbum de ‘New’



CD
New (Universal Music)
2013


Sob a batuta de quatro (!) jovens produtores, ex-Beatle ‘atualiza’ o seu som


Embora não tenha parado de excursionar ao redor do planeta — e tenha lançado em 2012 o sofisticado Kisses On The Bottom, disco de standards americanos da década de 1930 e 1940 —, o mais recente trabalho de inéditas de Sir Paul McCartney, o bom Memory Almost Full, fora lançado em 2006. Após seis anos, o baixista ressurge com New, gravado entre Londres e Los Angeles, em cinco estúdios.

As sessões de New tiveram a particularidade de terem sido pilotadas por quatro (!) jovens produtores: Ethan Johns, produtor do Kings of Leon e filho de Glyn Johns, engenheiro de som que trabalhou em discos dos Beatles e dos Wings; o DJ Mark Ronson, responsável pelo ótimo Back to Black, de Amy Winehouse; Paul Epworth, um dos produtores do cavalo-de-vendas 21, de Adele; e Giles Martin, filho de ninguém menos do que o eterno produtor dos Beatles, Sir George Martin. Em entrevistas recentes, McCartney explicou que tentou trabalhar com profissionais diferentes justamente para ver qual deles mais o agradava. E acabou gostando de todos.

As oito mãos que produziram o álbum construíram uma sonoridade, com o perdão do trocadilho, “renovada”, contemporânea para as doze faixas — quatorze na versão Deluxe — que compõem o trabalho. E indicam que o ex-Beatle, embora orgulhoso de sua (soberba) trajetória, não deseja se tornar, musicalmente, “uma relíquia do passado”. Traduzindo: aos 71 anos, Paul ainda está “na pista”. E a ação do tempo em sua voz é perceptível somente em alguns momentos de uma única faixa, a nostálgica — e tocante — balada country “Early Days”.  



‘Moderno’, mas sem se ‘desvirtuar’

As guitarras da introdução de “Save Us”, pulsante pop rock que abre a bolacha, fazem com que o ouvinte se pergunte se realmente colocou o “disco certo” para tocar. Até que uma voz para lá de familiar coloca as coisas nos seus devidos lugares.

Sons eletrônicos caracterizam “Road”, a ousada Appreciate” eLooking At Her” — e remetem ao ótimo Electric Arguments [2008], fruto de seu projeto paralelo The Fireman —, mas sempre com muito critério, sem jamais “desvirtuar” a essência da musicalidade de McCartney.

E o autor de “Silly Love Songs”, que domina como poucos os cânones da canção pop, continua hábil em criar melodias assobiáveis com a naturalidade de quem bebe um copo d'água. Ótimos exemplos são “On My Way To Work”, a maravilhosa “Alligator”, “I Can Bet” e a melancólica balada acústica “Hosanna”.

A primeira música de trabalho foi a infecciosa faixa-título, que simplesmente nasceu clássica. E que é fortíssima candidata a integrar qualquer futura coletânea do músico.

New está no (bom) nível dos trabalhos de Paul McCartney nos últimos 20 anos — seu último disco mediano, Off The Ground, foi lançado exatamente em 1993. Só nos resta, portanto, agradecer pelo simples fato de ele estar... vivo. E continuar nos brindando com a sua imorredoura música.



Leia também:





Para o vídeo de “Quennie Eye”, segundo single de New, McCartney recrutou um verdadeiro exército de celebridades. Dá até para brincar de adivinhar os figurões: Johnny Depp, Meryl Streep, Sean Penn, Jeremy Irons, Jude Law, Kate Moss... E vale frisar que “Quennie Eye” é o nome de uma brincadeira que era muito popular em Liverpool, durante a infância de Paul:





A improvisada versão acústica de “New” — com direito a um belo arranjo vocal dos quatro (felizardos) membro de sua banda —, escancara a habilidade do ex-Beatles em engendrar melodias memoráveis. Vale a pena conferir:


sábado, agosto 31, 2013

‘New’: a música nova de Paul McCartney


Desde quinta-feira, 29 de agosto, está disponível nas rádios e nos iTunes a faixa-título do novo disco de inéditas de Sir Paul McCartney, o primeiro desde Memory Almost Full, 2006. 

Típico fruto pop do mais melodioso dos Beatles, “New” apresenta cadência que evoca “Penny Lane”, lançada pelo quarteto de Liverpool, em compacto, em 1967. As harmonias vocais, entretanto, remetem de imediato a Pet Sounds, clássico dos Beach Boys. 

Produzido por Mark Ronson, New [na foto, a capa], o álbum, será lançado mundialmente no dia 14 de outubro.



Ouça “New:


Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Jenny Wren’, de Paul McCartney



Carriça [foto] é um minúsculo pássaro comum em toda a Europa e América do Norte, assim como em algumas regiões da Ásia. Não é encontrável no Brasil. Em inglês, tem um nome que parece de menina: Jenny Wren.

Observando essa semelhança, Paul McCartney compôs uma canção com esse título, lançada no excelente Chaos And Creation In The Backyard, de 2005. Delicada balada dedilhada ao violão — contando apenas com uma discreta intervenção de violoncelo —, “Jenny Wren” alude instantaneamente à magistral “Blackbird”*, lançada pelos Beatles no chamado Álbum Branco, de 1968.

A letra, naturalmente, não desperdiça a metáfora: “Como várias garotas / Jenny Wren sabia cantar...”



* Vale lembrar que os versos de “Blackbird” — inspirada nos movimentos pelos Direitos Civis nos Estados Unidos da década de 1960, como os Panteras Negras e o Black Power — também trazem uma mensagem cifrada. Ou seja, o melro da letra é, na verdade... uma mulher negra.




Veja o vídeo de “Jenny Wren:

terça-feira, abril 23, 2013

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Something’, com Paul McCartney e Eric Clapton



A participação de Eric Clapton em duas faixas do trabalho mais recente de Paul McCartney, Kisses On The Bottom — guitarra solo em “Get Yourself Another Fool” e violão de nylon na estupenda “My Valentine” —, não foi a primeira colaboração entre as duas lendas [no detalhe].

Em 1968, Clapton gravou o (lancinante) solo de “While My Guitar Gently Weeps”, composição de George Harrison, lançada pelos Beatles no chamado Álbum Branco. E em 2002, no histórico Concert For George — que homenageava o autor de “Here Comes The Sun”, que falecera um ano antes —, a dupla executou uma versão fantástica de “Something”* , faixa de Abbey Road, de 1969.

Acompanhado apenas pelo ukelele — uma espécie de cavaquinho —, Paul inicia a canção, evocando a singela versão que fazia parte do roteiro de sua turnê Driving Rain. Somente na segunda parte entram Clapton e a banda, com um arranjo absolutamente fiel à gravação original. 

Sem exagero: o momento em que McCartney faz uma terça de voz para Clapton é provavelmente um dos mais belos e intensos de toda a história do pop. Uma verdadeira pororoca de gênios.



* Curiosidade: Frank Sinatra, que também regravou “Something”, se referia (equivocadamente) à canção como “a mais bela composição de Lennon e McCartney”.




Leia mais “Something” no perfil do blog no Facebook.




Veja o vídeo da (maravilhosa) versão de “Something” do Concert For George:


sábado, abril 20, 2013

Descontados pequenos equívocos, Clapton mostra competência como intérprete e arranjador


CD
Old Sock (Universal Music)
2013



Do alto de mais de meio século de carreira, Eric Clapton deixou, há muito, de ser “apenas” o segundo maior guitarrista de rock de todos os tempos, perdendo apenas para Jimi Hendrix — e talvez dividindo o posto com o seu colega de Yardbirds, Jimmy Page, ex-Led Zeppelin. Com o passar dos anos, Clapton tornou-se um bom arranjador e um intérprete convincente. Ao longo de sua trajetória, regravou canções de Bob Dylan, Stevie Wonder e até Michael Jackson (!), entre outros. E é justamente esta faceta que God quis evidenciar em 21º trabalho solo, o recém-lançado Old Sock, que chega às prateleiras três anos após o seu disco mais recente, o (bom) Clapton.

O título, Old Sock (“meia velha”) foi inspirado em uma expressão que o músico ouviu recentemente de David Bowie. E remete àquela roupa surrada, mas confortável como nenhuma outra — da qual ninguém gosta de desfazer. Esta é justamente a intenção de Clapton com este álbum: apresentar canções alheias que sempre fizeram parte de sua vida.

A bem da verdade, o disco não começa propriamente inspirado, com “Further Up Down The Road”, do bluesman americano Taj Mahal — e com participação do próprio —, em ritmo de reggae. Mahal, por sinal, também colaborou em duas faixas do CD ao vivo que Clapton dividiu com o saxofonista Winton Marsalis em 2011. A canção seguinte, “Angel”, do parceiro de longa data J. J. Cale, autor de “After Midnight” e do hit “Cocaine” — e que participa da gravação — deixa melhor impressão.

Curiosamente, as duas outras notas dissonantes do disco também estão relacionadas ao reggae: nas releituras “Till Your Well Runs Dry”, de Peter Tosh, e “Your One And Only Man”, soul originalmente gravado por Otis Redding. Clapton, aliás, já foi mais feliz ao se aproximar da música jamaicana — como, por exemplo, na regravação de “I Shot The Sheriff”, de Bob Marley. 

De resto, contudo, Old Sock coleciona acertos.



Ao lado de Paul McCartney, Clapton brilha em ‘All Of Me’

Mostrando versatilidade, Clapton se aventura pelo country — “Born To Lose” e o clássico “Goodnight Irene”— e regrava, na companhia de Stevie Winwood no órgão Hammond, “Still Got The Blues”, o maior sucesso solo do ex-guitarrista do Thin Lizzy, Gary Moore, falecido em 2011. A exemplo do que fizera em seu álbum anterior, Clapton volta a resgatar standards como “The Folks Who Live On The Hill” e a magistral “Our Love Is Here To Stay”, de George Gershwin, que fecha o álbum.

A cereja do bolo, entretanto, é “All Of Me”. Retribuindo a “canja” que Clapton deu em duas faixas de seu mais recente trabalho, o ótimo Kisses On The Bottom [2012], Paul McCartney assume o baixo e os backing vocais do clássico norte-americano, em uma versão simplesmente irretocável. E, no sentido de evitar que o disco soasse exclusivamente revisionista, EC incluiu duas inéditas: “Every Little Thing” e a ensolarada “Gotta Get Over”, com participação de Chaka Khan nos vocais.

O íntimo e despretensioso Old Sock provavelmente não figurará na galeria de títulos essenciais da discografia de Eric Clapton. No entanto, descontados os pequenos equívocos, trata-se de álbum marcado pela competência de um músico de múltiplos talentos. E de audição extremamente agradável.



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Ouça “Gotta Get Over”, uma das duas inéditas de Old Sock...






...e a versão do standardAll Of Me”, com Paul McCartney no baixo e nos backing vocais: