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segunda-feira, abril 27, 2020

‘Living In a Ghost Town’: a música nova dos Rolling Stones Simone




Single
Living In a Ghost Town (Universal)
2020


Após um hiato de inacreditáveis oito anos, os Rolling Stones lançaram uma música inédita, disponibilizada nos serviços de streaming e nas plataformas de vídeo na quinta-feira, 23.

Urbana e malemolente,
Living In a Ghost Town lembra Anybody Seen My Baby?, de Bridges to Babylon [1997]. A letra não poderia ser mais apropriada para esse período de quarentena: fala sobre viver em uma cidade fantasma

O vídeo oficial, aliás, alterna imagens do quarteto em estúdio com uma câmera percorrendo furiosamente cidades como Londres, Los Angeles e Oslo... absolutamente desérticas. Na verdade, a canção foi composta bem antes do início da pandemia. Contudo, Mick Jagger e Keith Richards perceberam que seria perfeita para este momento. E decidiram lançá-la.
 
Se o tão aguardado disco novo dos Stones
o primeiro desde A Bigger Bang, de 2005 (!) acompanhar o nível de qualidade dessa faixa, será muito bem vindo.





quarta-feira, dezembro 21, 2016

Rolling Stones: aprecie sem moderação


CD
Blue & Lonesome (Universal Music)
2016


Grupo revisita suas raízes em um visceral álbum de blues

Em seu álbum de estreia, lançado no longínquo ano de 1964, os Rolling Stones manifestaram o seu apreço pelo blues com a releitura de “I Just Want To Make Love To You”, de Willie Dixon. Decorridos 52 anos, o grupo decide prestar um tributo às suas raízes com Blue & Lonesome, composto apenas de covers de blues.

No primeiro semestre desse ano, os Stones estavam trabalhando em um álbum de inéditas — o primeiro desde A Bigger Bang [2005] — no estúdio de Mark Knopfler, ex-líder do Dire Straits, o British Grove Studios, em Londres. E, nos intervalos, “para conhecer melhor o estúdio”, tocavam os blues que os acompanhavam desde a juventude. Daí surgiu a ideia de um disco, que acabou sendo gravado em apenas três dias, com os músicos tocando ao vivo. 

A (excelente) harmônica de Mick Jagger se faz presente em nada menos do que dez das doze faixas da bolacha. As guitarras de Keith Richards e Ron Wood se complementam à perfeição. O buddy Eric Clapton — outro entusiasta do blues —, trabalhava no estúdio ao lado e participou de duas faixas, “I Can't Quit You Baby” e “Everybody Knows About My Good Thing”. 

Blue & Lonesome não tem a menor pretensão em soar “moderno”. Contudo, é visceral e espontâneo como raramente se ouve na música popular atual. Diga-se de passagem, é o melhor álbum dos Stones desde Voodoo Lounge [1994] — o que também não significa que eles não tenham lançado boas faixas isoladamente desde então. 

No repertório, se permitem a analogia, bambas como Little Walter (“I Gotta Go”, “Hate to See You Go’’ e a primeira faixa de trabalho, “Just Your Fool”), Howlin’ Wolf (“Commit a Crime”) e o supracitado Willie Dixon (“Just Like I Treat You” e a já mencionada “I Can’t Quit You Baby”), entre outros.

Há tempos, a banda estava devendo um CD desse calibre — e que, não por acaso, se encaminha para o topo das paradas americana e inglesa — a si própria e ao seu público. Aprecie sem moderação.



Veja o vídeo oficial de “Ride 'Em On Down”, com participação de Kristen “Crepúsculo” Stewart:

domingo, novembro 20, 2016

Sting: de volta ao básico



CD
57th & 9th (Universal Music)
2016


Sting nunca escondeu que o fator surpresa sempre foi o principal motor de seu trabalho. Em 2007, depois de gravar o CD de alaúde mais vendido da história (o medieval Songs From The Labyrinth), deixou o mundo estupefato ao reativar o Police para uma bem-sucedida turnê mundial – algo que passou duas décadas repetindo que “jamais” faria. Terminada a excursão, passou a ostentar uma barba típica de um profeta e debruçou-se nas canções invernais do melancólico If On A Winter's Night [2009]. Em outra reviravolta, decidiu reler faixas de sua carreira solo e de seu antigo grupo acompanhado por uma grande orquestra em Symphonicities [2010]. E, por fim, compôs a trilha do seu primeiro musical exibido na Broadway, The Last Ship [2013]. Portanto, o que surpreenderia o seu público? Um retorno ao formato básico de baixo-bateria-guitarra, sem dúvida. Bingo: essa é justamente a proposta do inglês no recém-lançado 57th & 9th – esquina nova-iorquina que ele atravessava diariamente no caminho para o estúdio de gravação. Detalhe: o seu último disco “de carreira”, o bom Sacred Love, foi lançado em 2003 (!).

É bem verdade que a irresistível “I Can't Stop Thinking About You”, que abre os trabalhos, e a pesada “Petrol Head” não soariam deslocadas no repertório do Police. Aliás, perguntado se o disco novo teria o som característico do trio, Sting respondeu à moda Newcastle (região do norte da Inglaterra onde nasceu, na qual as pessoas são reconhecidamente… rudes): “I am the fucking Police”. Contudo, é mais apropriado definir 57th & 9th como um álbum de pop rock – como a agradável “One Fine Day”, que clama para que, “um dia desses”, líderes mundiais se mobilizem acerca do aquecimento global. 

Um dos pontos altos é a amarga “50,000”, que mostra o impacto que as mortes de David Bowie, Prince, Glenn Frey e do amigo Alan Rickman (o “Snape” da série Harry Potter) exerceram sobre Sting, que completou 65 anos no mês passado. “Outro obituário no jornal de hoje”, lamenta. Em um determinado trecho, ele parece se dirigir aos seus ex-colegas de banda: “Como lembro bem dos estádios em que tocamos / e as luzes que varriam o mar de 50.000 almas que enfrentaríamos”. E, ciente da “imortalidade” que os seus companheiros de profissão costumam atingir, conclui: “Astros do rock nunca morrem / apenas desvanecem”.

Por outro lado, o Sting reflexivo dos últimos 30 anos se faz presente nas acústicas “Heading South On The Great North Road”, balada com ares celtas que poderia tranquilamente estar em The Last Ship, e “The Empty Chair”, que encerra os trabalhos com um pedido: não ser esquecido depois de partir (“Guarde o meu lugar e a cadeira vazia / e, de alguma forma, estarei lá”). 

Bom letrista, ele se mostra afiado na arabesca “Inshallah”, que aborda a questão dos refugiados. O título é uma expressão bastante utilizada no mundo islâmico, que, em uma tradução livre, equivale ao nosso “se Deus quiser”. Na edição Deluxe do álbum, há uma outra versão dessa faixa, gravada em Berlim na companhia de músicos egressos da Síria. No entanto, a melhor letra provavelmente é a tocante “If You Can't Love Me” (“Não quero nada pela metade (…) / se você não consegue me amar assim / então você tem que me deixar”).

Embora um tanto incompreendido – e subestimado – desde o início de sua trajetória solo, Sting já foi indicado 38 vezes para o Grammy, tendo vencido em 16 ocasiões. Está indiscutivelmente inserido no panteão dos grandes compositores pop do século passado, onde já se encontram Lennon & McCartney, Jagger & Richards, Elton John & Bernie Taupin, o supracitado David Bowie e Bob Dylan, entre outros. E, em 57th & 9th, a mensagem é clara: a canção popular ainda é assunto dele, sim. 



Ouça “50,000...



...e “Petrol Head:


sexta-feira, julho 26, 2013

Mick Jagger: 70 anos



Embora tenha declarado, na década de 1970, que preferiria “estar morto do que cantar ‘(I Can't Get No) Satisfaction’ aos 45 anos”, eis que Sir Mick Jagger (felizmente) continua cantando a canção mais emblemática de sua banda, mesmo aos 70 anos (!) de idade — que está completando no dia de hoje.

Sem mais delongas — visto que, a esta altura, tudo já foi dito sobre o líder dos Rolling Stones —, relembremos alguns momentos marcantes dos 50 anos de carreira do “homem-dos-lábios-de-borracha”.




Seria uma obviedade sem tamanho falarmos sobre a supracitada “Satisfaction”. Portanto,  optemos por outra faixa fundamental dos Stones: a demolidora “Jumpin' Jack Flash”, lançada em single em 1968. O vídeo abaixo foi gravado no histórico show realizado da praia de Copacabana em fevereiro de 2006. E este que vos fala estava lá:





Em 1978, no auge do movimento punk, os Rolling Stones “flertaram” com a disco music em “Miss You”, do álbum Some Girls, que tornou-se um clássico instantâneo do grupo:





Em 1981, após um disco “meia boca” — Emotional Rescue, lançado no ano anterior —, Jagger & cia. reviraram o seu “baú” em busca de demo inacabadas. Daí surgiu uma canção que, desde então, não pôde mais estar ausente do roteiro das apresentações da banda: “Start Me Up:






Ainda que tenha lançado quatro discos solo — dos quais podemos pinçar faixas interessantes aqui e ali —, o fato é que Jagger não obteve sozinho, nem de longe, o sucesso que logrou ao lado do grupo. Destaque para “Just Another Night”, de seu primeiro álbum solo, She's The Boss [1985], que traz a participação de Jeff Beck e da dupla Sly & Robbie:





Uma das duas faixas inéditas da compilação Grrrrr, lançada em 2012 — a outra é “One More Shot” —, a caótica (e irresistível) “Doom And Gloom” simplesmente “coloca no bolso” 95% das bandas de rock da atualidade. E mostra que os Rolling Stones, digamos assim, “ainda dão no couro”:

sábado, outubro 13, 2012

‘Doom and Gloom’: a nova música dos Rolling Stones



Completando meio século de carreira este ano, os Rolling Stones celebram a data com a compilação Grrr! [no detalhe, a pitoresca capa], disponível em três ou quatro CDs — que incluem 50 ou 80 faixas, respectivamente —, e também uma edição em vinil.

Além dos clássicos stonianos de sempre, Grrr! apresenta duas inéditas: “Doom And Gloom” e “One More Shot”. A primeira, aliás, já foi lançada em single e pode ser adquirida, em formato digital, através do iTunes.

E quem imaginava que os Stones ressurgiriam burocráticos, musicalmente “envelhecidos” levará um belo susto — no melhor sentido: ao lado de “Don't Stop” [2002], “Doom And Gloom” é, por assim dizer, a melhor canção que os sexagenários gravaram no século XXI. Apesar de a letra não ser nada excepcional, o (afiado) instrumental é digno do melhor da banda. 

A produção ficou sob a batuta de Don Was, que vem trabalhando com o grupo desde o ótimo Voodoo Lounge, de 1994.

“Doom And Gloom” e “One More Shot” são as duas primeiras músicas inéditas que os Rolling Stones gravam desde o seu último álbum de estúdio, A Bigger Bang [leia a resenha aqui], de 2005. O lançamento mundial de Grrr! está previsto para o dia 12 de novembro.



Veja o (controverso) vídeo de “Doom and Gloom” — contra-indicado para pessoas “fenfíveis”:

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Mixed Emotions’, dos Rolling Stones



Na ocasião de seu lançamento, “Mixed Emotions” — primeira música de trabalho do bom Steel Wheels, de 1989 [no detalhe, a capa] — foi, para os fãs dos Rolling Stones, um sopro de ar de puro, depois de álbuns fracos como Undercover [1983] e Dirty Work [1986].

Obviamente incluída na coletânea Grrr! [saiba mais aqui], “Mixed Emotions” é uma típica — e infalível — faixa dos Stones: rock com letra tolinha, mas repleto daquela manemolência que somente eles sabem fazer. E que atinge seu clímax no refrão simples, porém arrebatador.  

É uma daquelas canções que dispensam maiores explicações. Emana pura alegria de viver*.




* Por gentileza, não levem em consideração a (injustificável) roupinha de ginástica de Mick Jagger e concentrem-se na canção. Ele bem que poderia ter passado o clipe inteiro com a guitarra na mão...



Veja o vídeo de “Mixed Emotions:


Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Moon Is Up’, dos Rolling Stones



A produção ficou sob a batuta de Don Was, que vem trabalhando com o grupo desde o ótimo Voodoo Lounge, de 1994




Em entrevista incluída nos extras do DVD quádruplo Four Flicks [2003], o guitarrista Keith Richards revelou:

— Temos verdadeiras montanhas de coisas inacabadas. Sem contar as faixas obscuras que adoramos e que gostaríamos de retomar. Mas precisaríamos ter tempo para fazer isso.

Bem, com 50 anos de carreira nas costas, podemos imaginar não apenas as (incontáveis) canções que a banda não conseguiu finalizar, como também excelentes faixas que chegaram a ser lançadas — mas que não obtiveram a visibilidade merecida. Um dos DVDs do supracitado box Four Flicks, aliás, registra um show do grupo no tradicional Olimpia, de Paris, cujo repertório é formado majoritariamente por lados B. E é excelente.

Um exemplo de “pérola perdida”, conhecida apenas pelos fãs ardorosos da banda (oi?) e que provavelmente jamais foi executada ao vivo é “Moon Is Up”, do já mencionado Voodoo Lounge [no detalhe, a capa]. Sob todos os aspectos, “Moon Is Up” é algo peculiar no repertório dos Rolling Stones: desde a guitarra “limpinha” do riff de introdução até uma surpreendente bateria eletrônica tocada por Charlie Watts, passando por pedais de timbres variados, violões e até por um igualmente inesperado solo de... acordeon (!). 

Vale destacar também a (belíssima) letra, que é puro lirismo — totalmente fora do escárnio habitual dos Rolling Stones.

Em suma, é inacreditável como “Moon Is Up” não tenha sido regravada por algum outro intérprete — ou pela própria banda — ao longo desses dezoito anos.



Veja o vídeo de “Moon Is Up” que, embora fan made, é de primeira:


Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘You Can't Always Get What You Want’, dos Rolling Stones


O óbvio ululante: “You Can't Always Get What You Want” é um dos maiores clássicos da discografia dos Rolling Stones. Ponto. Lançada inicialmente como lado B de outro clássico — a fantástica “Honk Tonk Women” —, a faixa foi posteriormente incluída em um dos melhores álbuns da banda: Let It Bleed, de 1969 [no detalhe, a capa].

Em seus quase oito minutos (!) de duração, “You Can't Always Get What You Want” passeia por vários estilos. A introdução traz um coral de igreja (!), que é sucedido por uma arranjo folk, até prosseguir em um crescendo até a bombástica segunda parte, com direito a orquestra, percussão com molho de soul music, solo de piano e por aí vai. 

Utilizando uma linguagem cifrada, a letra faz uma crítica social à Inglaterra da época — citando o exemplo do tal sr. Jimmy, um idoso que estava esperando na fila para retirar uma simples receita médica. E também fala sobre drogas e desilusão. 

Contudo, apesar de uma certa esperança (“Mas, se você tentar, / às vezes, pode encontrar o que precisa”), trata, essencialmente, da resignação que qualquer pessoa precisa ter — até mesmo por uma questão de dignidade — diante de um revés. Nesse sentido, a mensagem é transmitida de modo perfeito. Do tipo: “Na vida, não se pode vencer sempre”. Ou: “Não se pode ter tudo”. 

E é absolutamente natural que seja assim.



Ouça “You Can't Always Get What You Want:


sábado, dezembro 10, 2011

SuperHeavy: Mick Jagger em boa companhia



CD
SuperHeavy (Universal Music)
2011

Novo projeto do líder dos Rolling Stones é marcado pela colaboração e pela diversidade de estilos


Em seus quatro discos solo — She's The Boss [1984], Primitive Cool [1987], Wandering Spirit [1993] e Goddess in The Doorway [2001] —, Mick Jagger sempre se cercou de gente boa: Bono Vox (U2), Pete Townshend (The Who), Jeff Beck, Lenny Kravitz, o baixista Flea (Red Hot Chili Peppers) e o produtor Rick Rubin, entre outros. Em sua nova empreitada, não poderia ser diferente.

O líder dos Rolling Stones juntou-se à cantora Joss Stone, ao guitarrista Dave Stewart (ex-Eurythmics), a Damien “Jr. Gong” Marley (sim, o filho do “homem”) e ao produtor de trilhas de cinema A. R. Rahman, no projeto que atende pelo (pouco criativo) nome de SuperHeavy, que lança o seu primeiro CD, epônimo. Ainda que esteja de longe de ser “super pesado”, trata-se de um supergrupo — entenderam agora?

E, com todo o respeito aos demais, a grande verdade é que a presença de Jagger traz visibilidade extra ao trabalho.

Vamos ao que interessa: SuperHeavy, o álbum, é bom? Digamos que seja... mediano. Há algumas faixas palatáveis como “Rock Me Gently”, “One Day One Night”, “Never Gonna Change” e o pop rock “Energy”. Mas, no geral, nenhuma das demais faixas empolga tanto quando o reggae “Miracle Worker”, o primeiro single. Entretanto, o disco tem um trunfo: a diversidade de estilos. A segunda faixa de trabalho, inclusive, é cantada — graças ao indiano Rahman, autor da canção —, em sânscrito, o idioma das escrituras sagradas hindus: “Satyameva Jayathe”, que significa “a verdade triunfa sozinha”. 

Moral da história: bilionário e dono de uma das patentes mais famosas do pop, Mick Jagger — mesmo sem ter realizado um grande disco — ainda busca, fora da formatação sonora mais do que “cristalizada” dos Rollling Stones, o simples prazer de fazer música, por si só.

Ponto para ele.



Leia também:



quarta-feira, novembro 30, 2011

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Love Is Strong’, dos Rolling Stones

Em 2012, os Rolling Stones completam 50 anos de carreira. Portanto, a efeméride deve ser comemorada de alguma forma. É bem verdade que os discos de estúdio da banda — embora sempre tenham boas faixas aqui e ali —, perderam a relevância há tempos. Sendo assim, o mais provável é que eles saiam em turnê, com uma coletânea nas prateleiras. E ainda que não passem pelo Brasil, o mundo parece um lugar mais legal quando os Stones estão na estrada.

A primeira vez em que a banda britânica tocou no Brasil foi em 1995, na turnê Voodoo Lounge [no detalhe, a capa]. A primeira faixa de trabalho desse álbum — que, curiosamente, deixou de integrar o set list do espetáculo — foi a lânguida “Love Is Strong”, uma espécie de “conversa ao pé do ouvido”, pontuada pela harmônica de Mick Jagger. 

O vídeo, gravado em um elegante preto-e-branco, mostra os Stones, assim como os demais transeuntes, como gigantes que, literalmente, “estremecem” Manhattan.



segunda-feira, novembro 28, 2011

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Start Me Up’, dos Rolling Stones

Nos extras do DVD quádruplo Four Flicks, de 2003, Keith Richards revelou que os Rolling Stones possuem um verdadeiro “baú”, repleto de canções inacabadas e sobras de estúdio.

— Temos uma verdadeira “montanha” de coisas. Tínhamos que arranjar tempo para “garimpar” aquilo tudo...

O guitarrista também contou que foi justamente daí que surgiu “Start Me Up”, originalmente um reggae (!) que acabou excluído da seleção final do álbum Black And Blue [1976]. Durante as sessões de Some Girls [1978], um dos integrantes da banda — Richards não se lembra quem — teve a feliz ideia de tocá-la com um andamento de rock. O resultado foi até satisfatório. Mas ainda não seria daquela vez que a faixa veria a luz do dia.

Em 1981, nas gravações de Tattoo You [no detalhe, a capa] — por sinal, um dos melhores títulos da discografia do banda britânica —, “Start Me Up” foi novamente resgatada do “limbo”. E deu no que deu: tornou-se um dos cinco principais cavalos-de-batalha dos Stones, ao lado de “Jumpin' Jack Flash”, “Brown Sugar” e “Sympathy For The Devil”, além de “(I Can't Get No) Satisfaction”, claro.




Veja o hilário vídeo de “Start Me Up”, onde Mick Jagger, abusando de suas habilidades histriônicas, é a própria personificação do escárnio:

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Miss You’, dos Rolling Stones


Depois de uma série de discos medianos no decorrer da década de 1970 — embora, neste período, tenham emplacado hits como “It's Only Rock n'Roll”, “Angie” e “Fool To Cry”, entre outros —, os Rolling Stones só voltaram a “acertar a mão” em 1978, com o álbum Some Girls* [à direita, a capa].

Apesar de apresentar a formatação sonora habitual dos Stones nos rocks (“Shattered” e “When The Whip Comes Down”), country (“Far Away Eyes”) e soul (“Beast Of Burden” e o cover de “Just My Imagination”), Some Girls flertou com gêneros musicais que estavam em voga na época, como, pasmem, o punk (em “Respectable” e “Lies”) e a discothèque, como é o caso de “Miss You”.

Faixa que abre o álbum, “Miss You”, tornou-se, instantaneamente, um dos maiores clássicos da banda. Em 1993, na entrevista de divulgação da compilação Jump Back – The Best Of Rolling Stones '71 — '93, Mick Jagger, provavelmente cioso de suas “raízes blueseiras”, rejeitou a (inegável) influência da disco music nesta canção:

— Aquela gaita que eu toco não é exatamente disco, concorda?

Jagger, à época, era casado com a modelo nicaraguense Bianca, que ficou envaidecida com a música, imaginando tratar-se de uma homenagem de seu ilustre marido. Mal sabia ela que Mick compôs “Miss You” tendo em mente a também modelo Jerry Hall [acima], com quem era visto com frequência em Nova York. A americana, por sua vez, antes de se envolver com Jagger, manteve um relacionamento com Bryan Ferry, vocalista do Roxy Music, . 

O líder dos Stones, aliás, não fez por menos: com uma grande dose de ousadia, inseriu, nas entrelinhas, o sobrenome da amada na letra da canção (“I've been waiting in the hall / been waiting on your call...”). Os versos de “Miss You”, aliás, escancaram a falta que Jagger sentia de Jerry, mostrando desinteresse até mesmo diante do convite de amigos para sair umas “garotas porto-riquenhas / que estão ‘doidas’” para conhecê-lo. 

Farta da situação, Bianca Jagger pediu o divórcio naquele mesmo ano. E Mick viveu com Jerry Hall durante 22 anos. Tiveram quatro filhos. Separaram-se em 1999, quando uma certa apresentadora brasileira deu à luz mais um herdeiro do sr. Lábios de Borracha: o menino Lucas Jagger. 


* Justamente neste mês de novembro, chegou às lojas uma versão remasterizada de Some Girls, que traz um CD-bônus, com várias faixas inéditas.



Veja o vídeo oficial de “Miss You”, cujo vocal foi gravado ao vivo. Reparem no impagável semblante do baterista Charlie Watts, que, durante todo o tempo, parece se perguntar: “O que será que estou fazendo junto com esse bando de malucos?”





E ouça a versão original, que apresenta a gaita que Jagger usou como “álibi” para retrucar a influência disco music na faixa:

sexta-feira, novembro 18, 2011

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Almost Hear You Sigh’, dos Rolling Stones

Uma das melhores músicas dos Rolling Stones nos últimos 25 anos está escondidinha no (bom) álbum Steel Wheels [no detalhe, a capa], de 1989.

Praticamente desconhecida, “Almost Hear You Sigh” — que lembra vagamente “Beast of Burden”, de Some Girls [1978] — é um soul com indisfarçável influência do som da Motown – que Mick Jagger, por sinal, desde o início de sua carreira, jamais fez questão de esconder. 

Perfeita na melodia do refrão e nos backing vocais, “Almost Hear You Sigh” ainda se beneficia de sutis — e pontuais — intervenções de um violão de nylon, que desemboca em um belo solo. 

Smokey Robinson, um dos principais compositores da Motown, provavelmente ficaria orgulhoso dessa faixa.



quinta-feira, julho 07, 2011

Super Heavy: a nova banda de Mick Jagger



Por essa, ninguém esperava mesmo: o líder dos Rolling Stones, Mick Jagger, uniu-se à cantora Joss Stone, a Dave Stewart (ex-Eurythmics), a Damien “Jr. Gong” Marley — o caçula dos onze filhos do homem — e ao compositor e produtor indiano A.R. Rahman, para formar um supergrupo, batizado de... Super Heavy [foto].

Dos cinco integrantes, o menos conhecido é A.R. Rahman. Indiano, Rahman é autor de trilhas de cinema, entre elas a de Quem Quer Ser um Milionário?, com a qual foi agraciado com o Oscar, em 2008.

O álbum, cujo título ainda não foi revelado, promete ser um caleidoscópio de estilos e gêneros musicais dos mais diversos — embora nada “super pesado”, a despeito do nome do quinteto. E está previsto para ser lançado no dia 19 de setembro, via Universal Music. 

Para este projeto, os músicos gravaram nada menos do que 29 canções, das quais apenas dez estarão na seleção final. Jagger declarou que o trabalho começou despretensioso, com “idéias, riffs de guitarra e algumas letras”. 

O primeiro single, “Miracle Worker”, foi lançado — em formato digital — precisamente hoje. 



Veja o vídeo de “Miracle Worker”, onde Mick Jagger — usando um terno um tanto... er, excêntrico — esbanja vitalidade ao lado de seus novos companheiros

sábado, março 26, 2011

Da série São Bonitas as Canções: ‘Bittersweet Symphony’, do The Verve

Todos aqueles que assistiram com atenção o comercial de uma certa indústria francesa de automóveis, certamente não ficaram indiferentes à trilha sonora do anúncio — que é, de fato, a “cereja do bolo”.

Trata-se da ótima “Bittersweet Symphony”, o maior hit do extinto grupo The Verve [no detalhe], e uma das coisas mais interessantes produzidas durante a década de 1990.

Lançada em Urban Hymns, de 1997, terceiro álbum da banda inglesa, “...Symphony” tem uma história curiosa: o belíssimo arranjo de cordas — o qual, convenhamos, deu um “colorido” todo especial à música — foi sampleado da versão da Andrew Oldham Orchestra para “The Last Time”, dos Rolling Stones.

Com o sucesso da canção, Mick Jagger e Keith Richards decidiram entrar com uma ação judicial para requerer crédito na autoria da faixa, alegando que “eles usaram ‘The Last Time’ demais”.

Desta forma, os Glimmer Twins tornaram “parceiros” de Richard Ashcroft. Na ocasião, o vocalista do quarteto não perdeu a oportunidade de dar aquela alfinetada nos veteranos roqueiros:

— Faz muito tempo que os Stones não lançam algo tão bom quanto “Bittersweet Symphony”, não é mesmo?

sábado, janeiro 19, 2008

E enquanto Jagger edita disco novo...

...sua ex-esposa, Jerry Hall [no detalhe, em uma foto deveras... , maternal] lançará um livro. Esse será o segundo escrito por ela, que foi modelo na década de 1970. Em 1985, ela escreveu o Jerry Halls's Tall Tales, uma espécie de contos de fadas sobre sua própria vida: de como ela, uma texana pobre, foi parar em Paris, com apenas US$ 800 que recebera de uma indenização por um acidente de carro, e virou uma estrela.

Imaginem que abacaxi deve ser esse livro - e ainda existe quem fale mal dos álbuns solo de Jagger...

Pelo novo título, especula-se que ela deva receber aproximadamente R$ 1,750 milhão. Nele, ela promete contar detalhes íntimos (e sórdidos, provavelmente) de sua carreira e do casamento de nove anos com Mick, pai de seus filhos Elizabeth, James, Georgia e Gabriel. Jerry conheceu o vocalista dos Rolling Stones quando ainda era noiva do cantor Bryan Ferry, líder do Roxy Music (hum, entendi...).

O casamento dela com Jagger, todos sabem, terminou depois que veio à tona o affair do Stone com a apresentadora brasileira Luciana Gimenez, com quem ele teve um filho, Lucas.

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘God Gave Me Everything’, de Mick Jagger


Muita gente deve ter ridicularizado o fato de Mick Jagger ter lançado uma coletânea de seus trabalhos fora dos Rolling Stones [ver cinco posts abaixo], como se a carreira solo do parceiro de Keith Richards não merecesse o menor crédito.

Bem, verdade seja dita, a despeito de hit aqui e outro acolá, os dois primeiros discos solo dele (She's The Boss, de 1984, e Primitive Cool, de 1987) realmente não são bons. Mas os dois posteriores (Wandering Spirit, de 1993, e Goddess In The Doorway, 2001) são dois álbuns bem decentes. Especialmente o Wandering....

Um exemplo de que Jagger fez coisas interessantes em seus CDs solos é a visceral “God Gave Me Everything” (“Deus me Deu Tudo”). Faixa do supracitado Goddess..., conta com a participação de Lenny Kravitz nas guitarras - ele é também co-autor da canção.

A letra fala de fé - assunto que me interessa -, mas com tamanha vitalidade e entusiasmo, que a narrativa ficou distante daquela coisa piegas que estamos acostumados a ouvir. Confesso que adoro essa música - e não por acaso.



Veja aqui o video de “God Gave Me Everything:

sábado, maio 06, 2006

"RARITIES 1971 - 2003"


(Esse texto não foi publicado porque, mais uma vez, me atrasei e perdi o fechamento da edição do IM- INTERNATIONAL MAGAZINE. E como escrever para si próprio é algo egoísta - masturbatório, eu diria - fica este aqui também como curiosidade.)


SEI, APENAS ROCK 'N ROLL… MAS QUEM NÃO GOSTA?


Comentou-se que o último trabalho de estúdio dos Rolling Stones (o ótimo A Bigger Bang) teria tido um fraco desempenho comercial. Uma banda em plena turnê mundial sem um produto viável nas prateleiras (sobretudo, em se tratando dos Stones, um mega-empreendimento envolvendo milhões de dólares)? Complicado. Provavelmente por essa razão, o grupo inglês decidiu lançar uma segunda edição de A Bigger Bang, agora acompanhado de um DVD bônus - com imagens da gravação do disco, clips, etc - e também o CD Rarities 1971 - 2003.

Até segunda ordem, um álbum dos Rolling Stones é sempre bem-vindo - ainda que seja um trabalho multifacetado como esse, que traz faixas ao vivo, lados B e até remixes. No entanto, a unidade sonora do CD (ou seja: a alquimia de blues e rock que consagrou a banda) está assegurada.

O melancólico country "Wild Horses" (em versão extraída do também ao-vivo-salada-de-frutas Stripped, de 1995) não justifica sua inclusão como raridade: possivelmente só está em Rarities 1971 - 2003 pela pérola que é - uma das mais belas canções desses senhores britânicos. O clássico "Tumbling Dice" comparece em matadora versão ao vivo, assim como "I Just Want To Make Love To You" - de Willie Dixon, gravada pelos Stones pela primeira vez em seu disco de estréia, de 1964 (!).

Os remixes também não fazem feio: o mais interessante é o de "Mixed Emotions", que não despreza a vitalidade rock da gravação original - continua sendo rock, só que agora com motor turbo. O de "Harlem Shuffle" até respeita bastante a versão que os Stones fizeram em 1986 desse clássico do soul - na verdade, essa faixa foi a única sobrevivente do naufrágio chamado Dirty Work, de 1986 - , porém, com balanço renovado. E há ainda a versão extended de "Miss You", reverente ao registro de 1978 - totalmente contagiado pela disco, apesar da harmônica bluesy tocada por Jagger - aliás, esse instrumento foi o álibi usado pelo cantor para negar a influência do movimento nessa faixa...

Falando em soul, há uma boa versão ao vivo (de 1981) da bela "Beast Of Burden" - que contém os ingredientes que Jagger certamente absorveu ouvindo The Miracles. E "If I Was A Dancer", espécie de continuação de "Dance" (de Emotional Rescue, 1980) também mata a pau.

Rarities 1971 - 2003 traz ainda versões ao vivo da pungente "Thru And Thru" (de Voodoo Lounge, 1994, cantada por Keith Richards) e a bordoada de "Live With Me", entre outras. E ainda aproveitam para pagar tributo a alguns de seus heróis como Chuck Berry (em "Let It Rock") e Muddy Waters ("Mannish Boy").

Mas raridades mesmo são "Wish I'd Never Met You", o envenenado "Fancy Man Blues", a delicada "Anyway You Look At It" e "Through The Lonely Nights", que mantêm o bom nome da empresa.

Enfim, essa é a Maior Banda De Rock'n'Roll Do Mundo, mesmo em um trabalho sem grandes critérios, nem pretensões. De qualquer forma, aqui está um ótimo souvenir do show histórico na Praia de Copacabana.

sábado, fevereiro 04, 2006

Mick Jagger solo, 2

Ah, sim, a carreira solo de Jagger é composta pelos seguintes trabalhos: o esquisito She's The Boss, 1984 (que trouxe a ótima "Just Another Night", hit); Primitive Cool , 1987; o ótimo Wandering Spirit, 1993; e o já mencionado Goddess In The Doorway.

Mick Jagger solo


Mas, engraçado: apesar do último CD de estúdio dos Stones (A Bigger Bang, lançado no ano passado) ser muito bom, digno da reputação da banda, o último CD solo de Mick Jagger talvez seja ainda melhor. Chama-se Goddess In The Doorway, e foi editado em 2001.

Os Stones possuem um formato sonoro muito definido, cristalizado e (ainda que eles
tenham inventado novidades aqui e ali) as modificações têm que ser realizadas sempre com
cuidado, senão... deixa de ser Stones, não é mesmo?

E Jagger, solo, não tem essas preocupações. No álbum, há muitas programações
eletrônicas e climas variados, além de participações especiais d Pete Townshend (The Who), Bono Vox (U2), Wyclef Jean (Fugees), entre outros. Destaque para a faixa de abertura, a linda "Visions Of Paradise" e a visceral "God Gave Me Everything" (parceria com Lenny Kravitz, e com a guitarra do próprio), onde o couro come para valer.

Moral da história: evidentemente, torço pela longevidade da banda. Mas, por outro lado, acho que esses trabalhos solo servem pra... arejar. E, caso os Stones venham a encerrar a carreira, é certo que irei lamentar muito. Mas sei que Jagger - assim como Richards - lançarão álbuns interessantes.

Para quem se interessar e tiver possibilidade de conferir, recomendo. Volta e meia eu o
ouço no carro.