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sábado, março 09, 2024

Da série ‘Certas Canções’: ‘50 Anos’, com Paulinho da Viola

 

Parceria de Cristóvão Bastos e Aldir Blanc, a belíssima “50 Anos”, interpretada por Paulinho da Viola, foi a faixa-título do CD lançado em 1996 [no detalhe, a capaem homenagem ao cinquentenário de Blanc (1946 — 2020), um dos maiores letristas brasileiros.

Desde então, mesmo sem me identificar com a letra na sua totalidade, imaginei o momento em que poderia postar esta canção — com propriedade.

E eis que, finalmente, este dia chegou, meus amigos.



50 ANOS

(Cristóvão Bastos — Aldir Blanc)


Eu vim aqui prestar contas

de poucos acertos

de erros sem fim.

Eu tropecei  tanto às tontas

que acabei chegando no fundo de mim.


O filme da vida não quer despedida

e me indica: 

“Ache a saída”.

E pede socorro onde a Lua

encanta o alto do morro

e gane que nem cachorro,

correndo atrás do momento que foi vivido.


Venha de onde vier,

ninguém lembra porque quer.

Eu beijo na boca de hoje

as lágrimas de outra mulher.


Cinquenta anos são bodas de sangue —

casei com a inconstância e o prazer.

Perdoo a todos, não peço desculpas —

Foi isso que eu quis viver.


Acolho o futuro de braços abertos.

Citando Cartola:

“Eu fiz o que pude”.


Aos cinquenta anos...


Insisto na juventude.




segunda-feira, novembro 17, 2008

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Azul e Amarelo’, de Lobão e Cazuza

Nem todos sabem que Lobão [no detalhe] e Cazuza – fãs confessos de Cartola [ver dois posts abaixo] – deram crédito ao autor de “O Sol Nascerá” em uma canção que compuseram juntos.

A faixa em questão chama-se “Azul e Amarelo” e integrava o último CD do ex-vocalista do Barão Vermelho, Burguesia, de 1989. Já o Grande Lobo a registrou em seu álbum Sob O Sol de Parador, naquele mesmo ano.

A “parceria” entre os três deu-se pelo fato de a canção citar, na letra, dois versos de “Autonomia”, do compositor mangueirense: “Mas não quero, não vou/ Não quero...”.

A gravação de Cazuza – a melhor, na modesta opinião desse vosso amigo – apresenta um doce arranjo bossa-novístico, enquanto a versão de Lobão é adornada por flautas que aludem imediatamente à sonoridade de outro mestre: Pixinguinha.




***


Curiosidade: em meados de 1989, a extinta Rede Manchete exibiu um especial de Lobão em que ele cantava “Azul e Amarelo” na companhia de ninguém menos que... Paulinho da Viola. Infelizmente, não há no You Tube nenhum vídeo dessa apresentação.


***


Em 1995, mencionei essa canção à falecida Dona Zica. Essa, aliás, foi a única vez em que estive pessoalmente com ela. E a viúva de Cartola, um tanto lacônica, respondeu-me: “É verdade. Recebo parte dos direitos dela, inclusive...”

sábado, janeiro 26, 2008

Paulinho da Viola: velha intimidade


Com seu Acústico MTV, Paulinho da Viola realiza um dos melhores trabalhos de 2007

Ainda que todos considerem a série Acústico MTV um formato esgotado, eis que a emissora paulistana tira um belo coelho da cartola, com o lançamento - em CD e DVD, como é de praxe - do título dedicado a Paulinho da Viola, via Sony & BMG.

A bem da verdade, um Acústico de Paulinho tem um quê de redundância, visto que a música de Paulinho jamais foi elétrica. Mas o projeto serve para jogar luz e dar visibilidade a esse que, sem dúvida, é um mestre do samba.

Com a elegância de sempre, Paulinho da Viola apresenta um repertório muito bem escolhido, com sucessos como “Eu Canto Samba”, a politizada “Sinal Fechado” (que fala, de modo cifrado, do silêncio imposto ao país pela ditadura militar), “Coração Leviano”, “Argumento”, “Dança da Solidão” e outros. Entre as inéditas, destaque para “Talismã”, parceria de Paulinho com Marisa Monte e Arnaldo Antunes, que já nasceu clássica.

Seguindo o mesmo raciocínio, seria interessante que a MTV realizasse, com toda pompa e circunstância a que tem direito, um Acústico (sem ironia) com ninguém menos que o papa da bossa nova, João Gilberto.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Paulinho da Viola: Encontros O Globo


O última edição do Encontros O Globo - Especial Música do ano de 2007 contou com a presença de Paulinho da Viola. Durante duas horas, o mestre do samba respondeu às perguntas dos mediadores (os jornalistas João Máximo, Antônio Carlos Miguel e Zuenir Ventura) e do público que lotou o auditório do jornal, assim como dos internautas que enviaram suas dúvidas através do O Globo On Line.

A tão comentada elegância de Paulinho é absolutamente verdadeira. Figura extremamente simpática, contou longas histórias e, acompanhado de seu violão, cantou alguns de seus sucessos, como “Cenário” e “Eu Canto Samba”. Obviamente, a Portela era um assunto que não poderia faltar. E o compositor relembrou o momento exato em que, menino, se apaixonou pela escola:

- Foi no Carnaval na Avenida Rio Branco - ainda não havia, naquela época, desfile na Marquês de Sapucaí, muito menos Sambódromo. Eu gostava muito de andar sozinho.

O autor de “Sinal Fechado” falou sobre a gênese dessa canção:

- Aquele momento [durante a ditadura militar] era de silêncio. As pessoas viviam desconfiadas, com medo até de conversar. E eu fiz essa música por causa de um conhecido meu. Um dia, eu o encontrei na rua e ele disse que precisava muito falar comigo. Outras vezes, nos encontramos e nada de ele falar. E até hoje, tantos anos depois, ele ainda não conseguiu me dizer o que queria - disse, Paulinho, para risos da platéia.

E, embora de modo lacônico, o cantor não fugiu quando questionado se considerava superado o lamentável episódio de 1995 (quando Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia receberam da Prefeitura do Rio um cachê maior do que o dele para cantar no reveillon na praia de Copacabana):

- Sim, considero - disse, sorrindo.

Perguntado sobre a passagem do tempo, Paulinho respondeu com profundidade:

- Aquele meu verso 'quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado' é verdadeiro. Às vezes, começo a lembrar dos fatos de toda a minha vida. E sempre tenho a impressão de tudo passou depressa demais, mesmo sabendo que, na verdade, não foi assim. De modo que só posso concluir que não vivo no passado. Mas o passado vive em mim - afirmou, arrancando aplausos entusiasmados do público.


Veja algumas fotos que tirei do Encontro:



Os mediadores [da esq. para a dir.]: os jornalistas João Máximo, Antônio Carlos Miguel e Zuenir Ventura