quarta-feira, maio 16, 2012

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘My Valentine’, de Paul McCartney



Depois de Michael Jackson — com “Black Or White”, “Remember The Time” e, principalmente, “Thriller” —, o videoclip extrapolou a sua função, a princípio, meramente promocional para se tornar, de maneira inconteste, uma forma de arte.

Um exemplo recente é “My Valentine”, uma das duas inéditas do (estupendo) Kisses On The Bottom [no detalhe, a capa], novo álbum de Paul McCartney, que chegou às prateleiras em fevereiro deste ano. No vídeo, Natalie Portman e Johnny Depp “interpretam” a letra da canção, utilizando a linguagem dos sinais. 

Embora aparentemente simples, a ideia não poderia ter sido mais brilhante — não somente do ponto de vista poético, mas, sobretudo, por aproximar a faixa daqueles que, infelizmente, estão privados de ouvi-la. 


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Em entrevista recente, Paul McCartney revelou que a inspiração para “My Valentine” surgiu durante uma viagem de férias ao Marrocos, quando uma frase pronunciada pela sua atual esposa, Nancy Shevell, acabou se transformando no primeiro verso da música: “E se choveu? / Não nos importamos”. 

Na ocasião, McCartney sentou em um antigo piano do hotel em que o casal estava hospedado e, segundo ele, “a canção saiu praticamente de uma só vez”.


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Curiosidade: apesar de a gravação contar com a (impecável) participação de ninguém menos que Eric Clapton no violão de nylon, é realmente Johhny Depp quem executou, no vídeo, o solo de violão. Para quem não sabe, o ator também é músico, tendo, entre outras colaborações, tocado slide guitar em “Fade-In-Out”, faixa do terceiro álbum do Oasis, Be Here Now, de 1997.




Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Only Our Hearts’, de Paul McCartney



“...uma das duas inéditas do (estupendo) Kisses On The Bottom, novo álbum de Paul McCartney...”



A outra faixa inédita do mais recente CD do ex-Beatle é “Only Our Hearts”, cuja ficha técnica tem um convidado (mais do que) especial: Stevie Wonder [no detalhe, a dupla de gênios], na companhia de sua inconfundível harmônica, exatos 30 anos após o belíssimo dueto em “Ebony And Ivory”.

O repertório de Kisses On The Bottom — cuja direção musical foi assinada pela cantora, pianista e compositora canadanese Diana Krall, que também “emprestou” a sua banda para a gravação do disco — é formado por standards americanos dos anos 20, 30 e 40. E os dois originais de McCartney estão irrepreensivelmente conectados a essa estética — como ocorrera em Run Devil Run, de 1999, no qual o baixista incluiu três autorais inéditas em meio a releituras de rocks da década de 1950.




Da série ‘Frases’: Friedrich Nietzsche


Sem música, a vida seria um erro


Friedrich Nietzsche (1844 — 1900), filósofo alemão.



quinta-feira, março 29, 2012

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Meu Amigo, Meu Herói’, com Zizi Possi



A singela “Meu Amigo, Meu Herói” foi um “presente” de Gilberto Gil a Zizi Possi, que a gravou em seu terceiro álbum, epônimo, editado em 1980. Naquele mesmo ano, integrou a trilha sonora da novela Plumas & Paetês. No entanto, curiosamente, Gil jamais a incluiu em nenhum disco seu.

Por razões familiares, esta canção sempre me comoveu sobremaneira. E, no dia de hoje, sua menção se faz mais do que oportuna.




Veja o vídeo da gravação original de “Meu Amigo, Meu Herói”, cantada por Zizi Possi — que este vosso amigo considera a mais bela voz feminina brasileira viva...




...e também a versão de Caetano Veloso, extraída do especial de TV Grandes Nomes, de 1981. Curiosidade: no colo de Renato Aragão, ainda criança, está Moreno Veloso, filho de Caetano:

sábado, março 10, 2012

Da série ‘Frases’: Bob Dylan



“...ah, but I was so much older then / I'm younger than that now...”


O curioso verso de Bob Dylan sobre “rejuvenescimento” está incluído em “My Back Pages”, faixa de Another Side of Bob Dylan, lançado pelo bardo americano em 1964. E também foi citado no encarte de O Descobrimento do Brasil [1993], penúltimo álbum da Legião Urbana.

Inaugurando a série ‘Causos’: Roberto Carlos & Erasmo Carlos



O fato já foi mencionado publicamente inúmeras vezes tanto por Roberto quanto por Erasmo Carlos. Quando um dos faz aniversário, o aniversariante telefona para o outro e diz:

Bicho, você pode ligar para cá e o telefone estar sempre ocupado. Ou acontecer de eu ter saído. Então, estou ligando só para você me dar os parabéns....

quinta-feira, março 08, 2012

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Woman’, de John Lennon



Há um detalhe raramente observado — e, consequentemente, pouco comentado — na belíssima “Woman”, na qual John Lennon homenageou sua esposa, Yoko Ono — e, por tabela, as demais mulheres do planeta. 

Na introdução da faixa — mais precisamente em 0:03 do vídeo abaixo —, o ex-beatle sussurra a “dedicatória”: “For the other half of the sky” (“Para a outra metade do céu...”). Esta frase nada mais é do que um antigo provérbio chinês, utilizado certa vez pelo ditador Mao-Tse-tung. E traduz o quão... hum, celestial Lennon considerava Yoko e suas congêneres. 

Em sua última entrevista, concedida à *Rolling Stone americana em 05 de dezembro de 1980  três dias antes de seu assassinato  e publicada na edição de janeiro da revista, Lennon classificou “Woman” como a “versão adulta” de “Girl”, pérola de Rubber Soul, que os Fab Four editaram em 1965. A canção foi lançada no (bom) álbum Double Fantasy [1980], seu derradeiro trabalho.



* Na famosa — e ousada — foto de Annie Leibovitz que ilustrou a capa da Rolling Stone de janeiro de 1981 [no detalhe], Lennon aparece nu, em posição fetal, simbolizando a sua “fragilidade” diante de Yoko Ono, a quem chamava de... “mãe” (!). O conceito da foto foi idealizado pelo músico. Sincera, a fotógrafa tentou argumentar que “as pessoas não querem ver Yoko na capa”. John, contudo, fez prevalecer a sua decisão.



Veja o vídeo de “Woman”. Na letra de rara sensibilidade, Lennon não se constrange em reconhecer a “criancinha” que “existe dentro do homem”:


Da série ‘Frases’: John Lennon



As mulheres realmente são ‘a outra metade do céu’, como eu sussurro no início da música. Para elas, é ‘nós’ ou... nada.” 


(John Lennon, dezembro de 1980. No detalhe, a capa de Double Fantasy [1980], último álbum do ex-beatle — no qual está contida “Woman”, canção citada pelo músico na declaração acima)

sexta-feira, março 02, 2012

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Let Your Soul Be Your Pilot’, de Sting



Com seu jeitão gospel e belas imagens, “Let Your Soul Be Your Pilot” — do álbum Mercury Falling [1996] — é uma das mais interessantes letras já escritas por Sting [foto]. Um ouvinte menos atento pode classificá-la como uma mera mensagem de incentivo, de encorajamento a alguém que está desnorteado (“se a bússola gira / para nenhum lugar que você conheça bem...”)

Entretanto, bem ao estilo do ex-Police — ou seja, longe de qualquer obviedade —, trata-se, na verdade, de uma canção... romântica. A explicação está nos versos: 


Deixe que a sua dor seja o meu sofrimento
Deixe que as suas lágrimas sejam minhas também...”


Afinal, que prova de amor pode ser mais eloquente do que assumir a dor da pessoa amada — para que esta não sofra?




quarta-feira, fevereiro 08, 2012

R. I. P. Wando



Desde o dia 27 de janeiro, quando Wando foi internado em Minas Gerais devido a problemas cardíacos, torci pelo seu restabelecimento. E não apenas por razões humanitárias: sempre nutri sincera admiração pelo seu trabalho.

Por puro preconceito, nem todos admitem. Contudo, naquilo que se propunha a fazer — música assumidamente popular, com doses generosas de erotismo, mas sem jamais perder de vista o romantismo —, Wando era muito bom. Suas canções eram, acima de tudo, sinceras. E, justamente por isso, atingiam facilmente a sensibilidade de seu público.

Vale registrar que grandes nomes da música brasileira reconheceram o valor artístico de Wando, regravando suas composições. Exemplos: Caetano Veloso (“Moça”), Nando Reis (“Fogo e Paixão”, o maior sucesso da carreira de Wando) e até... Roberto Carlos (a delicada “A Menina e o Poeta”), entre outros.

Reza a lenda que, em casa e nos ensaios, Antonio Carlos Jobim gostava de cantar canções de outros autores, por pura diversão. Uma de suas escolhidas era “Mentiras”, de Adriana Calcanhotto. E outra era... a belíssima “Coisa Cristalina”, de Wando.

Descanse em paz, Wando.




Ouça “Coisa Cristalina”, que o artista compôs inspirado em um amigo igualmente apaixonado pela esposa e pela... cocaína...




...e “Tá Faltando um Abraço”: