Há cerca de quatro meses, eu caminhava com o meu filho pelo bairro onde moramos. E eu o adverti:
— Filho, ande pelo canto da calçada e fico na ponta.
Ele obedeceu. Mas questionou:
— Ué, por que, pai?
Expliquei:
— É simples: caso um motorista bêbado se desgoverne e suba a calçada, primeiro atinge a mim e só depois a você. Ou, com sorte, atinge apenas a mim.
Com uma impressionante rapidez de raciocínio, ele retrucou:
— Se é assim, eu fico na ponta da calçada e você no canto, certo, pai?
Nesse momento, mais uma vez, tive a certeza da alma rara que habita aquele menino de onze anos. E, principalmente, que ele, em um gesto de amor que não expressa em meras palavras, daria a sua vida por mim.
Da mesma forma que eu, sem hesitar por uma fração de segundo sequer, daria a minha por ele.
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Desejo, não somente neste domingo — mas sempre —, que todos os pais sejam felizes, agradecidos e orgulhosos como eu.