Faixa de Ghost In The Machine (1981), o quarto — e penúltimo — álbum do Police [no detalhe], o ótimo reggae de branco “Spirits In The Material World” foi composta em referência ao cenário político britânico da década de 1980 — Sting, o autor, é inglês.
Contudo, a letra da canção aplica-se a qualquer contexto. Inclusive ao Brasil do ano 2010...
Com sua falaciosa “retórica do fracasso”, o suposto “líder” — entre aspas, naturalmente — tenha “aprisionar” e “subjugar” os submissos — e também os ignorantes. A metáfora dos “espíritos no mundo material”, aliás, refere-se justamente a isso: a manipulação da população.
Ou seja, os “espíritos” conseguem ver e ouvir tudo que se passa no “mundo material”. Entretanto, sendo intangíveis, não detém o menor poder de interferência...
O verso final passa uma mensagem... anarquista, digamos assim: “Se é algo que não podemos comprar / deve haver outro jeito...”. Nesse sentido, lembra, curiosamente, “Shoplifters Of The World Unite”, lançada pelos Smiths cinco anos depois.
Spirits In The Material World
(Sting)
There is no political solution
To our troubled evolution
Have no faith in constitution
There is no bloody revolution.
We are spirits in the material world.
Our so-called leaders speak
With words they try to jail you.
They subjugate the meek
But it's the rhetoric of failure.
We are spirits in the material world.
Where does the answer lie?
Living from day to day
If it's something we can't buy
There must be another way.
We are spirits in the material world.
Espíritos no Mundo Material
(Tradução: Tom Neto)
Não há solução política
Para a nossa problemática evolução.
Não há fé na Constituição.
Não há nenhuma revolução sangrenta.
Somos espíritos no mundo material.
Nossos supostos “líderes” falam –
Com palavras, eles tentam lhe aprisionar.
Eles subjugam os submissos
Mas é a retórica do fracasso.
Somos espíritos no mundo material.
Onde repousa a resposta,
Vivendo dia após dia?
Se é algo que não podemos comprar,
Deve haver um outro jeito.
Somos espíritos no mundo material.