terça-feira, novembro 16, 2010

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Spirits In The Material World’, do Police


Faixa de Ghost In The Machine (1981), o quarto — e penúltimo — álbum do Police [no detalhe], o ótimo reggae de brancoSpirits In The Material World” foi composta em referência ao cenário político britânico da década de 1980 — Sting, o autor, é inglês.

Contudo, a letra da canção aplica-se a qualquer contexto. Inclusive ao Brasil do ano 2010...

Com sua falaciosa “retórica do fracasso”, o suposto “líder” — entre aspas, naturalmente — tenha “aprisionar” e “subjugar” os submissos — e também os ignorantes. A metáfora dos “espíritos no mundo material”, aliás, refere-se justamente a isso: a manipulação da população.

Ou seja, os “espíritos” conseguem ver e ouvir tudo que se passa no “mundo material”. Entretanto, sendo intangíveis, não detém o menor poder de interferência...

O verso final passa uma mensagem... anarquista, digamos assim: “Se é algo que não podemos comprar / deve haver outro jeito...”. Nesse sentido, lembra, curiosamente, “Shoplifters Of The World Unite”, lançada pelos Smiths cinco anos depois.


Spirits In The Material World
(Sting)

There is no political solution
To our troubled evolution
Have no faith in constitution
There is no bloody revolution.

We are spirits in the material world.

Our so-called leaders speak
With words they try to jail you.
They subjugate the meek
But it's the rhetoric of failure.

We are spirits in the material world.

Where does the answer lie?
Living from day to day
If it's something we can't buy
There must be another way.

We are spirits in the material world.


Espíritos no Mundo Material
(Tradução: Tom Neto)

Não há solução política
Para a nossa problemática evolução.
Não há fé na Constituição.
Não há nenhuma revolução sangrenta.

Somos espíritos no mundo material.

Nossos supostos “líderes” falam –
Com palavras, eles tentam lhe aprisionar.
Eles subjugam os submissos
Mas é a retórica do fracasso.

Somos espíritos no mundo material.

Onde repousa a resposta,
Vivendo dia após dia?
Se é algo que não podemos comprar,
Deve haver um outro jeito.

Somos espíritos no mundo material.



Sobre o Anarquismo

O verso final passa uma mensagem... anarquista, digamos assim: ‘Se é algo que não podemos comprar / deve haver um outro jeito...’”



Convencionou-se definir Anarquismo [no detalhe, o símbolo da ideologia] da maneira mais simplista: como “baderna”. Ledo engano.

O Anarquismo prega, na verdade, a total “ausência de governo”. Ou seja, “se hay gobierno, soy contra”. Não confundir, entretanto, com “ausência de ordem”.

É uma filosofia absolutamente utópica, eu sei. Afinal, a sociedade jamais deixará de ter algum tipo de... er, “autoridade”. O que, convenhamos, é uma amostra clara da incompetência dos seres humanos — que sempre precisam que alguém lhes diga o que fazer. Todavia, não deixa de ter... algum sentido...

Se somos todos biologicamente iguais, por que raios alguns têm “poder” sobre a esmagadora maioria? Pensem nisso.

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Shoplifters of the World Unite’, dos Smiths


Nesse sentido, curiosamente, lembra ‘Shoplifters of the World Unite’, lançada pelos Smiths cinco anos depois.


O refrão de “Shoplifters of the World Unite” conclama:

Shoplifters of the world
Unite and take over
Shoplifters of the world
Hand it over
Hand it over
Hand it over

(“Ladrões de loja do mundo,
Unam-se e dominem.
Ladrões de loja do mundo
Distribuam
Distribuam
Distribuam”)


Na ocasião, para evitar que desavisados interpretassem os versos da canção como uma apologia à ladroagem pura e simples, Morrissey, o autor da letra, explicou:

— É um “roubo” mais ou menos espiritual, cultural — no sentido de levar as coisas e usá-las em seu próprio benefício.

A faixa não está presente em nenhum dos álbuns de carreira da célebre banda de Manchester: foi editada somente em single, em 1987. Posteriormente, no entanto, foi incluída nas compilações Louder Than Bombs e The World Won't Listen.

terça-feira, novembro 02, 2010

Da série ‘Frases’: Renato Russo

“...estes são dias desleais...”

(“Metal Contra as Nuvens”, Dado Villa-Lobos – Renato Russo – Marcelo Bonfá, CD V, 1991)


Da série ‘Frases’: Renato Russo

Estou acordado e todos dormem. Todos dormem. Todos dormem

(“Monte Castelo”, Renato Russo, com trechos de “1 Coríntios 13” e do “Soneto 11”, de Luís de Camões, CD As Quatro Estações, 1989)


Da série ‘Frases’: Voltaire

O povo é gado – e o que ele precisa é de canga, aguilhada e forragem

Voltaire
(1694 — 1778), escritor, ensaísta, e filósofo iluminista francês.