quarta-feira, novembro 20, 2013

Não foi por acaso que Paul McCartney batizou seu novo álbum de ‘New’



CD
New (Universal Music)
2013


Sob a batuta de quatro (!) jovens produtores, ex-Beatle ‘atualiza’ o seu som


Embora não tenha parado de excursionar ao redor do planeta — e tenha lançado em 2012 o sofisticado Kisses On The Bottom, disco de standards americanos da década de 1930 e 1940 —, o mais recente trabalho de inéditas de Sir Paul McCartney, o bom Memory Almost Full, fora lançado em 2006. Após seis anos, o baixista ressurge com New, gravado entre Londres e Los Angeles, em cinco estúdios.

As sessões de New tiveram a particularidade de terem sido pilotadas por quatro (!) jovens produtores: Ethan Johns, produtor do Kings of Leon e filho de Glyn Johns, engenheiro de som que trabalhou em discos dos Beatles e dos Wings; o DJ Mark Ronson, responsável pelo ótimo Back to Black, de Amy Winehouse; Paul Epworth, um dos produtores do cavalo-de-vendas 21, de Adele; e Giles Martin, filho de ninguém menos do que o eterno produtor dos Beatles, Sir George Martin. Em entrevistas recentes, McCartney explicou que tentou trabalhar com profissionais diferentes justamente para ver qual deles mais o agradava. E acabou gostando de todos.

As oito mãos que produziram o álbum construíram uma sonoridade, com o perdão do trocadilho, “renovada”, contemporânea para as doze faixas — quatorze na versão Deluxe — que compõem o trabalho. E indicam que o ex-Beatle, embora orgulhoso de sua (soberba) trajetória, não deseja se tornar, musicalmente, “uma relíquia do passado”. Traduzindo: aos 71 anos, Paul ainda está “na pista”. E a ação do tempo em sua voz é perceptível somente em alguns momentos de uma única faixa, a nostálgica — e tocante — balada country “Early Days”.  



‘Moderno’, mas sem se ‘desvirtuar’

As guitarras da introdução de “Save Us”, pulsante pop rock que abre a bolacha, fazem com que o ouvinte se pergunte se realmente colocou o “disco certo” para tocar. Até que uma voz para lá de familiar coloca as coisas nos seus devidos lugares.

Sons eletrônicos caracterizam “Road”, a ousada Appreciate” eLooking At Her” — e remetem ao ótimo Electric Arguments [2008], fruto de seu projeto paralelo The Fireman —, mas sempre com muito critério, sem jamais “desvirtuar” a essência da musicalidade de McCartney.

E o autor de “Silly Love Songs”, que domina como poucos os cânones da canção pop, continua hábil em criar melodias assobiáveis com a naturalidade de quem bebe um copo d'água. Ótimos exemplos são “On My Way To Work”, a maravilhosa “Alligator”, “I Can Bet” e a melancólica balada acústica “Hosanna”.

A primeira música de trabalho foi a infecciosa faixa-título, que simplesmente nasceu clássica. E que é fortíssima candidata a integrar qualquer futura coletânea do músico.

New está no (bom) nível dos trabalhos de Paul McCartney nos últimos 20 anos — seu último disco mediano, Off The Ground, foi lançado exatamente em 1993. Só nos resta, portanto, agradecer pelo simples fato de ele estar... vivo. E continuar nos brindando com a sua imorredoura música.



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Para o vídeo de “Quennie Eye”, segundo single de New, McCartney recrutou um verdadeiro exército de celebridades. Dá até para brincar de adivinhar os figurões: Johnny Depp, Meryl Streep, Sean Penn, Jeremy Irons, Jude Law, Kate Moss... E vale frisar que “Quennie Eye” é o nome de uma brincadeira que era muito popular em Liverpool, durante a infância de Paul:





A improvisada versão acústica de “New” — com direito a um belo arranjo vocal dos quatro (felizardos) membro de sua banda —, escancara a habilidade do ex-Beatles em engendrar melodias memoráveis. Vale a pena conferir:


sexta-feira, novembro 08, 2013

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Saturn’, de Stevie Wonder



Wonder apresentará, em um concerto beneficente (...), na íntegra, pela primeira vez, aquele que provavelmente é o melhor título de sua extensa discografia: o estupendo Songs In The Key Of Life, de 1976




Aproveitando o ensejo, relembramos o monumental Songs In The Key Of Life [acima, a capa], em uma faixa que, embora não tenha se tornado um hit, é uma das mais emocionantes não apenas do álbum, mas da carreira do músico: “Saturn”. 

Na letra, escrita pelo guitarrista Mike Sembello, o planeta Saturno é uma metáfora para Saginaw, cidade natal de Stevie Wonder. Além de ser um libelo contra a violência e pela paz entre os homens, “Saturn” fala do desejo de retornar a um lugar idílico e acolhedor, onde permanecem as nossas “raízes” — e a nossa inocência perdida. 

E no qual se tem a sensação de estar “a salvo” das mazelas do mundo adulto. 



Da série ‘Curiosidades’: ‘Balada do Louco’, dos Mutantes, e ‘Saturn’, de Stevie Wonder



Curiosamente, “Saturn”, de Stevie Wonder, e “Balada do Louco”, d'Os Mutantes, possuem versos de significados semelhantes. Em um determinado trecho, a canção do grupo paulistano diz: “Se eles têm três carros, eu posso voar”. E a composição do multi-instrumentista americano parece concordar: “Não precisamos de carros porque aprendemos a voar” (“Don't need cars cause we've learn to fly”). 

Mas é importante frisar que “Balada...”* foi lançada quatro anos antes de “Saturn”, no álbum Mutantes e seus Cometas no País do Baurets, de 1972 [acima, a capa].



* Composta a quatro mãos por Arnaldo Dias Baptista e Rita Lee, a belíssima “Balada do Louco” fala sobre... amor-próprio. Ou seja, sempre haverá alguém melhor do que cada um de nós, em todos os aspectos. Mais bem-sucedido. Mais inteligente. Mais bonito. Enfim, isso é um fato. Essa constatação, no entanto, não pode, em hipótese alguma, abalar a autoestima e o bem-estar de quem quer que seja. Mesmo que, para alguns, isso possa parecer... loucura.




Veja a comovente versão extraída do DVD Mutantes Ao Vivo — Barbican Theatre, Londres, de 2006, no qual Sérgio Dias, além da ótima interpretação, mostra por que é um dos melhores guitarristas brasileiros de sempre:

Da série ‘Discos para se Ter em Casa’: ‘The Dark Side Of The Moon’, do Pink Floyd



“...a exemplo do que fez o Pink Floyd em 1995, ao regravar ao vivo o clássico The Dark Side Of The Moon no álbum P.U.L.S.E...”




Por sinal, o atemporal The Dark Side Of The Moon [acima, a capa], do Pink Floyd, está completando 40 anos de lançamento em 2013. E permanece respeitado e influente como sempre. 

Quatro décadas depois, tudo já foi dito sobre essa obra-prima. E você pode ser ouvi-la, na íntegra, no vídeo abaixo:


sexta-feira, novembro 01, 2013

Stevie Wonder lançará dois (!) álbuns em 2014



Sem editar um disco de inéditas há exatos oito anos — o mais recente foi A Time To Love, de 2005 —, Stevie Wonder anunciou que lançará não um, mas dois (!) álbuns em 2014. Seus respectivos títulos são When The World Began e Ten Billion Hearts. Divorciado da estilista Kai Millard Morris, com quem foi casado durante 11 anos, o artista conta que as suas novas composições falam sobre “família, mudança, crescimento e corações partidos”.

No repertório, além de faixas escritas recentemente, Wonder — que afirmou estar “ouvindo muito rap” — pretende incluir uma faixa que compôs aos 13 anos de idade. Além disso, o autor de “Superstition” pretende regravar alguns de seus sucessos, com o acompanhamento de uma orquestra.

Stevie também revelou ter a intenção de gravar um terceiro (!) álbum, apenas de canções religiosas, intitulado Gospel Inspired by Lula, cumprindo a promessa que fez à sua mãe, falecida em 2006.

No entanto, ainda este ano, Wonder apresentará, em um concerto beneficente — a ser realizado em Los Angeles, no dia 21 de dezembro —, na íntegra, pela primeira vez, aquele que provavelmente é o melhor título de sua extensa discografia: o estupendo Songs In The Key Of Life, de 1976, que traz pérolas como “Isn't She Lovely”, “I Wish” e “Sir Duke”, entre outras. 

Resta torcer para que o cantor lance o espetáculo em DVD e Blu-ray — a exemplo do que fez o Pink Floyd em 1995, ao regravar o clássico The Dark Side Of The Moon, de 1973, no álbum ao vivo P.U.L.S.E..