Dois dias após ter publicado um misterioso teaser em suas redes sociais, Robert Plant revelou mais detalhes sobre o seu novo projeto.
Batizado de Carry Fire [no detalhe, a capa], o 11º disco solo do ex-cantor do Led Zeppelin terá 11 faixas e, a exemplo do antecessor, o bom Lullaby And… The Ceaseless Roar [2014], foi gravado na companhia do grupo Sensational Space Shifters. Chrissie Hynde, vocalista do Pretenders, participa da ancestral “Bluebirds Over The Mountain”, gravada anteriormente por Richie “La Bamba” Valens e também pelos Beach Boys.
A primeira música de trabalho — já disponível nos serviços de streaming — é a inédita “The May Queen”, que apresenta uma mistura inusitada de folk com sonoridades orientais, bem ao estilo da banda que o acompanha. No hemisfério norte, “Rainha de Maio” é a figura que personifica o verão.
Carry Fire será lançado mundialmente no dia 13 de outubro. E Robert Plant inicia a sua turnê pelo Reino Unido no logo no mês seguinte.
Lista de faixas:
The May Queen
New World…
Season’s Song
Dance With You Tonight
Carving Up The World Again (A Wall and Not a Fence)
“Em breve, precisarei de ajuda para atravessar a rua e você vem me falar de Led Zeppelin?”
(Em entrevista concedida à revista americana Rolling Stone em 2011, Robert Plant expôs, um tanto contrariado, o que pensa sobre a volta de sua antiga banda.)
Para encerrar (por ora) o assunto Led Zeppelin: curiosamente, “Celebration Day”, a canção que dá título ao novo DVD da banda, está ausente do repertório.
Faixa do (fantástico) Led Zeppelin III, de 1970 [no detalhe, a capa], “Celebration...” é tão genial que, além da letra totalmente alto-astral (“My, my, my, I'm so happy (...) / we are gonna dance and sing in celebration”), consegue, apesar do peso, ser... dançante (!).
Enfim, é uma daquelas canções que despertam vontade de ouvir seguidas vezes. E, de preferência, em volume bem alto.
No dia 10 de dezembro de 2007, os três sobreviventes do Led Zeppelin — Jimmy Page, Robert Plant e John Paul Jones — reuniram-se para uma única apresentação, em memória do turco Ahmet Ertegun, fundador e presidente da Atlantic Records, na qual o quarteto gravou seus primeiros álbuns. E somente agora, cinco anos depois (!), o concerto realizado na arena O2, em Londres, diante de 18 mil sortudos — que esgotaram os ingressos em questão de horas — é lançado em CD, DVD e Blu-Ray, com o título de Celebration Day.
Nos primeiros momentos do audiovisual, que foi exibido recentemente nas salas de cinema, alguns detalhes saltam aos olhos e ouvidos. Jimmy Page, ao invés das madeixas negras de outrora, ostenta cabelos que mais se assemelham a flocos de algodão. John Paul Jones, hoje um senhor de idade, abandonou a longa cabeleira e usa atualmente um penteado “comportado”. Já Robert Plant, embora tenha aderido ao cavanhaque, conserva os cachos dourados e o carisma que ajudaram a torná-lo famoso. Sua voz, entretanto — embora dê conta do recado —, já não possui o viço e o alcance dos áureos tempos. E, nas baquetas, no lugar do finado John “Bonzo” Bonham, estava o seu filho, Jason.
Esses pormenores, no entanto, são irrelevantes. Nos acordes iniciais da bombástica “Good Times, Bad Times”, que abre o espetáculo, não resta a menor dúvida: é o Led Zeppelin, monstruoso — na melhor acepção da palavra — que está ali, em carne e osso, com a técnica instrumental de sempre. Apenas os quatro no palco.
E é mais do que o suficiente.
Em 2007, Page lamentou que a banda não tenha entrado em turnê
Em duas horas — até o grand finale, com “Rock And Roll”—, o grupo faz um resumo de sua (brilhante) obra, sem poupar cavalos-de-batalha como “Whole Lotta Love” e “Black Dog”, entre outros. E não deixa pedra sobre pedra. “Stairway To Heaven”, obviamente, não ficou de fora — por sinal, no seu (inacreditável) solo de guitarra, Page periga fazer com que muito marmanjo vá às lágrimas.
Além dos clássicos, destaque para a sequência de blues, na qual a banda enfileirou “In My Time Of Dying”, “Trampled Under Foot”, “Nobody s Fault But Mine”, “No Quarter”, “Since I ve Been Loving You” e “Dazed And Confused”, em execuções simplesmente demolidoras.
Vale destacar também a performance de Jason Bonham — que, decididamente, não ocupou o posto de seu pai apenas por uma questão de DNA. O cidadão, de fato, toca muito — no final de “Kashmir”, por exemplo, ele rouba a cena. E, ao longo da apresentação, recebeu o afeto dos três veteranos, que voltavam-se para ele a todo momento.
Diferentemente da reunião do Police, em 2007, na qual Sting, Andy Summers e Stewart Copeland não conseguiam disfarçar no palco a falta de intimidade entre eles — provavelmente por resquícios dos conflitos do passado —, os integrantes do Led Zeppelin interagiram o tempo todo, sorrindo em vários momentos. Pareciam estar ali por puro prazer, orgulhosos daquele momento. E de sua trajetória como um todo.
Em entrevista recente, Jimmy Page revelou o seu desapontamento pelo fato de a banda não ter entrado em turnê após o concerto de 2007. É realmente de se lamentar. Entretanto, apesar de meia década de atraso, Celebration Day lega para a eternidade um registro essencial não apenas da história do Led Zeppelin, mas do próprio rock'n'roll. Aliás, para quem desconhece o gênero e tem curiosidade em descobrir, trata-se de uma verdadeira enciclopédia.
Resumindo: compre ontem. E assista de joelhos.
Veja o vídeo de “Black Dog”...
...e de “Kashmir”, na qual o baterista Jason Bonham simplesmente “quebra tudo”:
Para quem leu, na última edição do IM [ver seis posts abaixo], a resenha do ótimo Raising Sand, gravado por Robert Plant na companhia de Alison Krauss [foto], e ainda não conhece o álbum, fica a dica: no site oficial da dupla, é possível ouvir (“ouvir” - e não “baixar”, cambada) o CD na íntegra, em streaming, com a opção de ler as letras. Show de bola.
Recebi e-mails de alguns leitores, perguntando “que diabo de estória foi essa do cação com a fã”, que mencionei na resenha do tributo celta ao Led Zeppelin (vide post abaixo). Devo confessar que me surpreendi com a curiosidade, pelo fato de esse causo ser tão manjado...
Bem, foi o seguinte: em uma babilônica orgia promovida pela banda após um show em Seattle, consta que Jimmy Page teria... hã.... introduzido... pedaços de cação em uma fã. Segundo reza a lenda, a groupie chamava-se Jackie, era ruiva e tinha, na época, apenas 17 anos de idade.
Questionado sobre o episódio, Richard Cole - ex-assessor de Peter Grant, empresário do grupo -, autor do livro Stairway to Heaven, que conta a trajetória do Led Zeppelin, respondeu com cinismo:
Confirmando o que eu havia dito na resenha publicada na edição do IM que está nas bancas, o interessante álbum Long Ago and Far Away, tributo celta à música do Led Zeppelin - gravado pelos tais Boys from the County Nashville -, está disponível apenas em edição americana (via gravadora CHTG), até o momento sem previsão de lançamento no Brasil.
De qualquer forma, caso você deseje mais informações sobre esse CD, basta clicar aqui.