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sexta-feira, abril 21, 2017

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Holy Mother’, de Eric Clapton


Há exatamente um ano, no dia do falecimento de Prince, Eric Clapton publicou um depoimento emocionado em sua página no Facebook:

— Estou tão triste pela morte de Prince. Ele foi um verdadeiro gênio e uma inspiração, de um modo muito real. Nos anos 1980, quando eu estava na estrada caindo em uma espiral de bebidas e drogas, vi Purple Rain em um cinema do Canadá. Não tinha ideia de quem era, e ele caiu como um raio. (...) No meio da minha depressão e da situação horrorosa da música e da cultura naquela época, o filme me deu esperança. Foi como uma luz na escuridão. Voltei ao meu hotel e, cercado por latas vazias de cerveja, escrevi “Holy Mother”. Não acredito que ele se foi.

Lançada originalmente no álbum August, de 1986, “Holy Mother” é uma oração a Nossa Senhora e foi finalizada em parceria com Stephen Bishop, conhecido pela balada “It Might Be You”. Bishop conta que foi convidado para cerimônia do segundo casamento de Phil Collins, em 1984, e pernoitou no castelo onde Clapton vivia com a sua então esposa Pattie Boyd. Durante a estadia, o guitarrista perguntou se ele gostaria de trabalhar em uma faixa que ele havia começado a compor. Bishop aceitou. O resto é história. 



Na companhia do próprio Clapton, o tenor Luciano Pavarotti regravou a canção no álbum Pavarotti & Friends for War Child, de 1996:

quarta-feira, dezembro 21, 2016

Rolling Stones: aprecie sem moderação


CD
Blue & Lonesome (Universal Music)
2016


Grupo revisita suas raízes em um visceral álbum de blues

Em seu álbum de estreia, lançado no longínquo ano de 1964, os Rolling Stones manifestaram o seu apreço pelo blues com a releitura de “I Just Want To Make Love To You”, de Willie Dixon. Decorridos 52 anos, o grupo decide prestar um tributo às suas raízes com Blue & Lonesome, composto apenas de covers de blues.

No primeiro semestre desse ano, os Stones estavam trabalhando em um álbum de inéditas — o primeiro desde A Bigger Bang [2005] — no estúdio de Mark Knopfler, ex-líder do Dire Straits, o British Grove Studios, em Londres. E, nos intervalos, “para conhecer melhor o estúdio”, tocavam os blues que os acompanhavam desde a juventude. Daí surgiu a ideia de um disco, que acabou sendo gravado em apenas três dias, com os músicos tocando ao vivo. 

A (excelente) harmônica de Mick Jagger se faz presente em nada menos do que dez das doze faixas da bolacha. As guitarras de Keith Richards e Ron Wood se complementam à perfeição. O buddy Eric Clapton — outro entusiasta do blues —, trabalhava no estúdio ao lado e participou de duas faixas, “I Can't Quit You Baby” e “Everybody Knows About My Good Thing”. 

Blue & Lonesome não tem a menor pretensão em soar “moderno”. Contudo, é visceral e espontâneo como raramente se ouve na música popular atual. Diga-se de passagem, é o melhor álbum dos Stones desde Voodoo Lounge [1994] — o que também não significa que eles não tenham lançado boas faixas isoladamente desde então. 

No repertório, se permitem a analogia, bambas como Little Walter (“I Gotta Go”, “Hate to See You Go’’ e a primeira faixa de trabalho, “Just Your Fool”), Howlin’ Wolf (“Commit a Crime”) e o supracitado Willie Dixon (“Just Like I Treat You” e a já mencionada “I Can’t Quit You Baby”), entre outros.

Há tempos, a banda estava devendo um CD desse calibre — e que, não por acaso, se encaminha para o topo das paradas americana e inglesa — a si própria e ao seu público. Aprecie sem moderação.



Veja o vídeo oficial de “Ride 'Em On Down”, com participação de Kristen “Crepúsculo” Stewart:

sexta-feira, abril 22, 2016

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘While My Guitar Gently Weeps’, com Prince


Prince e George Harrison (in memoriam), como artista solo, foram introduzidos no Hall da Fama do Rock And Roll em 2004. Na cerimônia, Prince acabou sendo escalado para participar do clássico beatle “While My Guitar Gently Weeps”, de autoria de George, na companhia de Tom Petty, Jeff Lynne e outros. Olívia Harrison, viúva do homenageado, só queria que os amigos do marido — o que não era o caso de Prince, que sequer chegou a conhecê-lo — participassem do tributo. Dhanny, seu filho, acabou a convencendo. Para nossa sorte.

Quando a canção começou, Petty e Lynne se revesaram nos vocais principais. Prince estava posicionado na lateral do palco, quase escondido, tocando guitarra base. As câmeras praticamente não o focalizavam. Para quem o conhecia, não restava dúvida que havia alguma coisa por trás de toda aquela “discrição”. Não deu outra.

Segundos antes do início do solo final — executado na gravação original, de 1968, por Eric Clapton —, Dhany lançou um sorriso malicioso para Prince, como se dissesse: “Manda ver”. E, literalmente roubando a cena, o americano brindou o público com um dos mais estupefacientes solos de guitarra de sua carreira. 

E, como ainda se precisasse, provou que merecia estar ali. Entre os grandes.


sexta-feira, novembro 27, 2015

International Magazine: dez anos


Em novembro de 2005 – portanto, há exatos dez anos –, tornei-me colaborador do jornal International Magazine, dando início à minha, digamos, “vida pública”.

Naquela edição (no detalhe, a capa), resenhei os então novos álbuns de Lulu Santos (Letra & Música), Rolling Stones [A Bigger Bang] e Eric Clapton [Back Home]. No caso de Lulu, há uma peculiaridade: a resenha foi publicada ao lado de uma entrevista exclusiva concedida pelo guitarrista.

Continuei atuando no veículo carioca até o encerramento de duas atividades, em 2009. Foi um período de enorme aprendizagem, no qual escrevi sobre mais de cem trabalhos de artistas nacionais e estrangeiros (saiba mais aqui). E me orgulho sobremaneira de ter feito parte da publicação musical independente mais longeva de que se tem notícia na imprensa brasileira.

Foi, aliás, através do meu trabalho no IM que tive o insight de criar esse blog, em 2006. Sim, amigos: o TomNeto.com completará uma década de existência em 2016. E é claro que a efeméride não passará em branco.

sábado, fevereiro 22, 2014

Da série ‘Discos para se Ter em Casa’: ‘MTV Unplugged’, de Eric Clapton



DVD /CD
MTV Unplugged (Warner)
1992 (versão Deluxe lançada em 2013)


A reedição revista e ampliada de um clássico

Em 1992, Eric Clapton colhia os louros de sua faixa de maior êxito, o réquiem “Tears In Heaven” — composta em memória de seu filho Conor, que caiu de um prédio em Manhattan quatro anos de idade —, faixa que integrou a trilha sonora do filme Rush — Uma Viagem ao Inferno. E foi vivenciando o paradoxo entre o sucesso e a perda pessoal, que Clapton encarou o projeto MTV Unplugged, gravado em Londres. Confirmando o bom momento profissional do guitarrista inglês, o álbum, além de arrebanhar nada menos do que seis (!) Grammys, vendeu dez milhões de cópias somente nos EUA, tornando-se o seu título mais bem-sucedido comercialmente.

Embora tenha regravado “Tears In Heaven” e incluído uma (desfigurada) versão de seu clássico “Layla”, Clapton engendrou um repertório praticamente sem “concessões”. Ficaram de fora cavalos-de-batalha como “Wonderful Tonight” e “Bell Bottom Blues”, assim como regravações de sucesso como “Cocaine” (de J. J. Cale) e “I Shot The Sheriff” (Bob Marley).

Sendo assim, o guitarrista incluiu, entre outras, duas inéditas (“Lonely Stranger” e a instrumental “Signe”, que abre os trabalhos), além de duas faixas de seu (então) último álbum de estúdio, Journeyman [1989] (“Running On Faith” e “Old Love”). E, como não poderia deixar de ser, uma boa dose de covers de blues: de Bo Didley (“Before You Accuse Me”) a Muddy Waters (a improvisada versão de “Rollin' And Tumblin'” que encerra o espetáculo com descontração), passando, claro, pelo “patrono” do gênero, Robert Johnson (“Malted Milk” e “Walkin' Blues”).

No finalzinho de 2013, 21 anos após o seu lançamento, MTV Unplugged recebeu uma caprichada versão Deluxe, englobando CD — acrescido de um CD-bônus — e DVD, devidamente remasterizados, no mesmo box. Nos extras do DVD, a “cereja o bolo”: Clapton e banda repassam o set inteiro durante um ensaio, incluindo duas canções que acabaram incluídas da seleção final, “My Father's Eyes” e “Circus”.

Mesmo para quem já possui a versão original de 1992, o investimento vale a pena. E quem aprecia o trabalho de Eric Clapton, mas ainda não conhece esse álbum... não perca tempo. 





Leia também:






Excluída do repertório do MTV Unplugged, My Father's Eyes” fala sobre o pai de Clapton, falecido em 1985, que o músico jamais conheceu. Lançada somente no (ótimo) Pilgrim, de 1998, ganhou o Grammy de Melhor Performance Vocal Masculina daquele ano:





Batizada inicialmente de “The Circus Left Town”, “Circus” também acabou ficando de fora do álbum — e, a exemplo de “My Father's Eyes”, também viu a luz do dia no supracitado Pilgrim. A letra menciona o último programa que Clapton fez com o filho — uma ida ao circo. Em uma de suas canções mais tocantes, o guitarrista finaliza: “Homenzinho, com seu coração tão puro / e o seu amor tão bom / fique comigo e eu passearei com você / até o fim do caminho. / Segure a minha mão e eu caminharei com você / através da noite mais escura. / Quando eu sorrir, estarei pensando em você / e tudo vai dar certo”:

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Bad Love’, de Eric Clapton



“...seu (então) último álbum de estúdio, Journeyman [1989]...”




Journeyman, álbum de 1989 [no detalhe, a capa], marcou o retorno de Eric Clapton a uma sonoridade mais crua, distanciando-se dos sequenciadores típicos dos anos 1980 que caracterizaram seu antecessor, o bem-sucedido August [1985].

No repertório, faixas inéditas (“Old Love”, parceria de Clapton com Robert Cray, e as belíssimas “Running On Faith” e “Lead Me On”), uma regravação de um blues de Bo Diddley (“Before You Accuse Me”), um clássico de Leiber & Stoller que fez sucesso na voz de Elvis Presley (“Hound Dog”), além da participação (mais do que especial) de George Harrison (fazendo backing vocal e tocando guitarra na autoral “Run So Far”). O destaque do disco entretanto, foi o vigoroso rock “Bad Love”.

Parceria de Clapton com Mick Jones, guitarrista do Foreigner — quem lembra? —, “Bad Love” há tempos está ausente do set list dos shows do artista. O que é incompreensível, em se tratando de um dos riffs mais poderosos de Mr. Slowhand.




Veja o vídeo oficial de “Bad Love” — que conta com a colaboração, na bateria, de um certo... Phil Collins:

terça-feira, abril 23, 2013

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Something’, com Paul McCartney e Eric Clapton



A participação de Eric Clapton em duas faixas do trabalho mais recente de Paul McCartney, Kisses On The Bottom — guitarra solo em “Get Yourself Another Fool” e violão de nylon na estupenda “My Valentine” —, não foi a primeira colaboração entre as duas lendas [no detalhe].

Em 1968, Clapton gravou o (lancinante) solo de “While My Guitar Gently Weeps”, composição de George Harrison, lançada pelos Beatles no chamado Álbum Branco. E em 2002, no histórico Concert For George — que homenageava o autor de “Here Comes The Sun”, que falecera um ano antes —, a dupla executou uma versão fantástica de “Something”* , faixa de Abbey Road, de 1969.

Acompanhado apenas pelo ukelele — uma espécie de cavaquinho —, Paul inicia a canção, evocando a singela versão que fazia parte do roteiro de sua turnê Driving Rain. Somente na segunda parte entram Clapton e a banda, com um arranjo absolutamente fiel à gravação original. 

Sem exagero: o momento em que McCartney faz uma terça de voz para Clapton é provavelmente um dos mais belos e intensos de toda a história do pop. Uma verdadeira pororoca de gênios.



* Curiosidade: Frank Sinatra, que também regravou “Something”, se referia (equivocadamente) à canção como “a mais bela composição de Lennon e McCartney”.




Leia mais “Something” no perfil do blog no Facebook.




Veja o vídeo da (maravilhosa) versão de “Something” do Concert For George:


Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Autumn Leaves’, com Eric Clapton




A exemplo do que fizera em seu álbum anterior, Clapton volta a resgatar standards como ‘The Folks Who Live On The Hill’ e a magistral ‘Our Love Is Here To Stay’, de George Gershwin, que fecha o álbum.”




A admiração de Eric Clapton pelos clássicos americanos vem de longa data. Ao longo de sua trajetória, Clapton regravou, entre outras, “Smile”, de Charlie Chaplin (incluída na compilação ao vivo Time Pieces Vol. II: Live In The Seventies, de 1983) e “(Somewhere) Over de Rainbow” (na dobradinha CD/DVD ao vivo One More Car, One More Rider, de 2003), tema do filme O Mágico de Oz.

No antecessor de Old Socks, Clapton [no detalhe, a capa], editado em 2010, EC investiu pesado nos standards: “When Somebody Thinks You're Wonderful” e “My Very Good Friend The Milkman” (ambas do pianista e comediante Fats Waller), “How Deep Is The Ocean” (de Irving Berlin), “Rocking Chair” (ótima reflexão de Hoagy Carmichael sobre a velhice, famosa na voz de Louis Armstrong) e “Autumn Leaves”.

Versão da canção francesa “Les Feuilles Mortes”, de 1945, “Autumn Leaves” com seu majestoso arranjo de cordas, é entoada por Clapton como a suavidade de quem conta um segredo ao pé do ouvido. E fecha o álbum com chave de ouro.




Leia também:






Ouça a versão de “Autumn Leaves” de Eric Clapton:



Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Come Rain Or Come Shine’, com Eric Clapton e B. B. King



A admiração de Eric Clapton pelos clássicos americanos vem de longa data.”

(“Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Autumn Leaves’, com Eric Clapton”, abril de 2013)



Outro exemplo: a belíssima “Come Rain Or Come Shine”, já regravada por Deus-e-o-mundo — de Frank Sinatra a Ray Charles, passando por Billie Holiday e Sarah Vaughan —, que fecha o álbum Riding With The King, que Clapton editou na companhia de B. B. King [no detalhe, a capa] em 2000.


Leia mais sobre Eric Clapton no perfil do blog no Facebook



Ouça a versão de “Come Rain Or Come Shine” de Eric Clapton e B. B. King:



sábado, abril 20, 2013

Descontados pequenos equívocos, Clapton mostra competência como intérprete e arranjador


CD
Old Sock (Universal Music)
2013



Do alto de mais de meio século de carreira, Eric Clapton deixou, há muito, de ser “apenas” o segundo maior guitarrista de rock de todos os tempos, perdendo apenas para Jimi Hendrix — e talvez dividindo o posto com o seu colega de Yardbirds, Jimmy Page, ex-Led Zeppelin. Com o passar dos anos, Clapton tornou-se um bom arranjador e um intérprete convincente. Ao longo de sua trajetória, regravou canções de Bob Dylan, Stevie Wonder e até Michael Jackson (!), entre outros. E é justamente esta faceta que God quis evidenciar em 21º trabalho solo, o recém-lançado Old Sock, que chega às prateleiras três anos após o seu disco mais recente, o (bom) Clapton.

O título, Old Sock (“meia velha”) foi inspirado em uma expressão que o músico ouviu recentemente de David Bowie. E remete àquela roupa surrada, mas confortável como nenhuma outra — da qual ninguém gosta de desfazer. Esta é justamente a intenção de Clapton com este álbum: apresentar canções alheias que sempre fizeram parte de sua vida.

A bem da verdade, o disco não começa propriamente inspirado, com “Further Up Down The Road”, do bluesman americano Taj Mahal — e com participação do próprio —, em ritmo de reggae. Mahal, por sinal, também colaborou em duas faixas do CD ao vivo que Clapton dividiu com o saxofonista Winton Marsalis em 2011. A canção seguinte, “Angel”, do parceiro de longa data J. J. Cale, autor de “After Midnight” e do hit “Cocaine” — e que participa da gravação — deixa melhor impressão.

Curiosamente, as duas outras notas dissonantes do disco também estão relacionadas ao reggae: nas releituras “Till Your Well Runs Dry”, de Peter Tosh, e “Your One And Only Man”, soul originalmente gravado por Otis Redding. Clapton, aliás, já foi mais feliz ao se aproximar da música jamaicana — como, por exemplo, na regravação de “I Shot The Sheriff”, de Bob Marley. 

De resto, contudo, Old Sock coleciona acertos.



Ao lado de Paul McCartney, Clapton brilha em ‘All Of Me’

Mostrando versatilidade, Clapton se aventura pelo country — “Born To Lose” e o clássico “Goodnight Irene”— e regrava, na companhia de Stevie Winwood no órgão Hammond, “Still Got The Blues”, o maior sucesso solo do ex-guitarrista do Thin Lizzy, Gary Moore, falecido em 2011. A exemplo do que fizera em seu álbum anterior, Clapton volta a resgatar standards como “The Folks Who Live On The Hill” e a magistral “Our Love Is Here To Stay”, de George Gershwin, que fecha o álbum.

A cereja do bolo, entretanto, é “All Of Me”. Retribuindo a “canja” que Clapton deu em duas faixas de seu mais recente trabalho, o ótimo Kisses On The Bottom [2012], Paul McCartney assume o baixo e os backing vocais do clássico norte-americano, em uma versão simplesmente irretocável. E, no sentido de evitar que o disco soasse exclusivamente revisionista, EC incluiu duas inéditas: “Every Little Thing” e a ensolarada “Gotta Get Over”, com participação de Chaka Khan nos vocais.

O íntimo e despretensioso Old Sock provavelmente não figurará na galeria de títulos essenciais da discografia de Eric Clapton. No entanto, descontados os pequenos equívocos, trata-se de álbum marcado pela competência de um músico de múltiplos talentos. E de audição extremamente agradável.



Leia também:








Ouça “Gotta Get Over”, uma das duas inéditas de Old Sock...






...e a versão do standardAll Of Me”, com Paul McCartney no baixo e nos backing vocais:

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Reptile’, de Eric Clapton


A admiração Eric Clapton por João Gilberto é pública e notória. Em 2010, João esteve cotado para participar da terceira edição do festival Crossroads, que Clapton realiza a cada três anos. No ano seguinte, quando a sua turnê mundial passou pelo Brasil, revelou aos jornalistas brasileiros o desejo de tocar ou gravar com o papa da bossa nova. Cogitou-se, aliás, que o músico inglês participaria da turnê brasileira que João faria por ocasião de seus 80 anos e que acabou não se concretizando.

Se, por um lado, Clapton ainda não conseguiu materializar a sua tão sonhada aproximação de João Gilberto, por outro, já eternizou, em sua discografia, o seu apreço pela arte do músico nascido na cidade de Juazeiro, na Bahia. Na faixa-título de seu álbum de 2011, Reptile [no detalhe, a capa], o autor de “Layla” gravou um (interessante) tema instrumental que evoca os sons brasileiros — ainda que não escape do lugar-comum da visão “Brazilian Jazz”. Detalhe: Clapton compôs “Reptile” após ter assistido, maravilhado, uma apresentação de João em Londres.

Não foi a primeira vez que Eric Clapton “corteja” a bossa nova. Em 1992, para o seu (bem-sucedido) álbum MTV Unplugged, o mestre das seis cordas compôs e gravou a faixa instrumental “Signe” — que lembra vagamente... “Um Abraço no Bonfá”, de João Gilberto.




Veja o vídeo de “Reptile”, que Eric Clapton regravou na dobradinha CD/DVD One More Car, One More Rider, que registra a sua turnê mundial de 2001. Atenção no longo solo do tecladista David Sancious — que, simplesmente “rouba a cena”:


Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Signe’, de Eric Clapton




Em 1992, para o seu (bem-sucedido) álbum MTV Unplugged, o mestre das seis cordas compôs e gravou a faixa instrumental Signe — que lembra vagamente... Um Abraço no Bonfá, de João Gilberto.




Ainda que o blues tenha estado muito presente no repertório de seu MTV Unplugged [no detalhe, a capa], Eric Clapton não deixou de arriscar um discreto “flerte” com a sonoridade brasileira na faixa “Signe”, com qual abriu os trabalhos.



Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Um Abraço no Bonfá’, de João Gilberto




Em 1992, para o seu (bem-sucedido) álbum MTV Unplugged, o mestre das seis cordas compôs e gravou a faixa instrumental  Signe — que lembra vagamente...  Um Abraço no Bonfá, de João Gilberto.




Faixa do segundo álbum de João Gilberto, O Amor, o Sorriso e a Flor, de 1960 [no detalhe, a capa], a instrumental “Um Abraço no Bonfá” é uma das raras composições autorais do inventor da “batida diferente”. E homenageia o compositor brasileiro Luís Bonfá (1922 — 2001), autor de “Manhã de Carnaval”, “Samba de Orfeu” e “Correnteza” (em parceria com Antonio Carlos Jobim), entre outras.

Por sinal, além de diretor musical do disco, Jobim foi o autor de metade das doze canções do trabalho.



terça-feira, dezembro 04, 2012

Da série ‘Causos’: Cream




Impossível falar sobre power trios como The Jimi Hendrix Experience sem mencionar o Cream [no detalhe], supergrupo por formado por Jack Bruce, Eric Clapton e Ginger Baker na década de 1960. 

Em apenas três anos (1966-1969), o Cream gravou quatro álbuns de estúdio — Fresh Cream, Disraeli Gears, Wheels of Fire e Goodbye — e encerrou as suas atividades, devido às brigas constantes entre Bruce e Baker. As apresentações da banda em sua reta final acabaram se tornando um mero espetáculo de exibicionismo por parte do baterista e do baixista/vocalista. 

Reza a lenda que, durante um show, Baker e Bruce começaram a improvisar alucinadamente, como se quisessem provar um para o outro quem era o instrumentista mais competente. Clapton, obviamente, percebeu a situação. E, para ver qual seria a reação da dupla, parou de tocar a sua guitarra.

Pasmem: os dois rivais sequer perceberam (!). E prosseguiram o seu “duelo” particular.




Em 2005, o Cream se reuniu para cinco apresentações no Royal Albert Hall, em Londres. Clapton revelou à imprensa que a ideia partiu dele. E foi motivada pelo estado de saúde dos ex-companheiros — Baker sofria de artrite e Bruce, vítima de câncer, havia passado por um transplante de fígado. A fragilidade física da dupla é visível no vídeo abaixo, do maior clássico do grupo, “Sunshine Of Your Love”, extraído do DVD Royal Albert Hall London May 2-3-5-6, 2005. A (exuberante) técnica instrumental do trio, entretanto, não se dissipou com o tempo. E, infelizmente, o mesmo se pode dizer das rusgas do passado. Observem que, antes de saírem do palco, Clapton e Bruce, sorridentes, se abraçam. Este e Baker, por sua vez, mal se olham... 


Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘I Shot The Sheriff’, com Eric Clapton


Um assunto acaba “puxando” o outro. Composta por Bob Marley, “I Shot The Sheriff” foi lançada pelos Wailers no álbum Burnin', de 1973. Logo no ano seguinte, foi regravada por Eric Clapton no seu 461 Ocean Boulevard [no detalhe, a capa], onde obteve o seu melhor desempenho comercial: foi direto para a primeira posição da Billboard.

Na edição 2010 do Crossroads Guitar Festival*, Clapton tocou uma versão simplesmente arrasadora de “I Shot The Sheriff”. Em oito minutos e meio (!), God mostra o músico repleto de recursos que sempre foi. E prova por que é considerado o maior guitarrista vivo do planeta — e o segundo maior da história do rock, perdendo apenas para Jimi Hendrix.



* O Crossroads é um festival beneficente, organizado por Clapton a cada triênio, com fundos revertidos para a sua fundação — o Crossroads Centre —, localizada na Antigua, no Caribe, com o objetivo de recuperar dependentes químicos.




quarta-feira, maio 16, 2012

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘My Valentine’, de Paul McCartney



Depois de Michael Jackson — com “Black Or White”, “Remember The Time” e, principalmente, “Thriller” —, o videoclip extrapolou a sua função, a princípio, meramente promocional para se tornar, de maneira inconteste, uma forma de arte.

Um exemplo recente é “My Valentine”, uma das duas inéditas do (estupendo) Kisses On The Bottom [no detalhe, a capa], novo álbum de Paul McCartney, que chegou às prateleiras em fevereiro deste ano. No vídeo, Natalie Portman e Johnny Depp “interpretam” a letra da canção, utilizando a linguagem dos sinais. 

Embora aparentemente simples, a ideia não poderia ter sido mais brilhante — não somente do ponto de vista poético, mas, sobretudo, por aproximar a faixa daqueles que, infelizmente, estão privados de ouvi-la. 


***


Em entrevista recente, Paul McCartney revelou que a inspiração para “My Valentine” surgiu durante uma viagem de férias ao Marrocos, quando uma frase pronunciada pela sua atual esposa, Nancy Shevell, acabou se transformando no primeiro verso da música: “E se choveu? / Não nos importamos”. 

Na ocasião, McCartney sentou em um antigo piano do hotel em que o casal estava hospedado e, segundo ele, “a canção saiu praticamente de uma só vez”.


***


Curiosidade: apesar de a gravação contar com a (impecável) participação de ninguém menos que Eric Clapton no violão de nylon, é realmente Johhny Depp quem executou, no vídeo, o solo de violão. Para quem não sabe, o ator também é músico, tendo, entre outras colaborações, tocado slide guitar em “Fade-In-Out”, faixa do terceiro álbum do Oasis, Be Here Now, de 1997.




terça-feira, julho 19, 2011

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Still Got the Blues’, com Eric Clapton

Para homenagear o ex-guitarrista do Thin Lizzy, Gary Moore [foto], falecido em fevereiro deste ano, Eric Clapton incluiu no repertório de sua atual turnê mundial que passará pelo Brasil em outubro — o maior sucesso solo do músico irlandês, “Still Got the Blues”.

Em sua (boa) versão, Clapton, com a destreza habitual, reproduz fielmente ao violão o clássico riff da faixa, comovendo a plateia. Caso God venha a gravá-la, são grandes as chances de tocar no rádio.

Curiosidade: Moore foi o substituto de EC em uma espécie de “continuação” do Cream, intitulada BBM — abreviatura dos sobrenomes os integrantes [Jack] Bruce, [Ginger] Baker e [Gary] Moore, O projeto chegou a gerar um álbum, Around The Next Dream, editado em 1993. 

Vale lembrar que, em 1968, Clapton abandonou o lendário power trio por não mais suportar a guerra de egos que havia entre os outros dois membros, o que fez com que a banda encerrasse as suas atividades.



Veja dois vídeos da mesma canção — ambos gravados da plateia —, extraídos da apresentação do dia 18 de maio deste ano, no Royal Albert Hall, em Londres:





sexta-feira, junho 10, 2011

João Gilberto: 80 anos

                          
Antes de qualquer coisa, é necessário dizer que é motivo de alegria saber que uma das personagens centrais da nossa música, João Gilberto [no detalhe], continua entre nós. E precisamente hoje, 10 de junho de 2010, o “baiano bossa nova” completa 80 anos de idade.

Homem de temperamento recluso — considerado “excêntrico” por muitos — e perfeccionista ao extremo, João, com seu estilo inconfundível, “desconstruiu” e redefiniu os parâmetros da música brasileira. Nele, o que parece “simples” é pura complexidade. E o que alguns podem confundir com “economia” ou “limitação” é tão somente... sutileza. E precisão.

Embora sempre tenha sido um compositor bissexto, e tenha lançado poucos discos ao longo de sua carreira, o espectro de sua influência é enorme. Tornou suas canções como “Rosa Morena”, de Dorival Caymmi, além de clássicos como “Desafinado”, “Garota de Ipanema” e, claro, “Chega de Saudade”, todas de Antonio Carlos Jobim. 

E, entre seus companheiros de profissão, possui admiradores tão díspares quanto Roberto Carlos, Jorge Ben Jor e... Eric Clapton. 

Que João Gilberto ainda sopre muitas e muitas velinhas de aniversário. Provavelmente, ele saberia “desconstruir” até mesmo o tradicional “Parabéns para Você”...



Leia também:







Veja os vídeos de “Rosa Morena”...




...e três extraídos do excelente especial João & Antonio, gravado ao vivo no Theatro Municipal do Rio, em 1992 — um pecado este DVD jamais ter sido lançado: “Desafinado”...




...“Garota de Ipanema”...




...e “Chega de Saudade”: