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segunda-feira, abril 27, 2020

‘Living In a Ghost Town’: a música nova dos Rolling Stones Simone




Single
Living In a Ghost Town (Universal)
2020


Após um hiato de inacreditáveis oito anos, os Rolling Stones lançaram uma música inédita, disponibilizada nos serviços de streaming e nas plataformas de vídeo na quinta-feira, 23.

Urbana e malemolente,
Living In a Ghost Town lembra Anybody Seen My Baby?, de Bridges to Babylon [1997]. A letra não poderia ser mais apropriada para esse período de quarentena: fala sobre viver em uma cidade fantasma

O vídeo oficial, aliás, alterna imagens do quarteto em estúdio com uma câmera percorrendo furiosamente cidades como Londres, Los Angeles e Oslo... absolutamente desérticas. Na verdade, a canção foi composta bem antes do início da pandemia. Contudo, Mick Jagger e Keith Richards perceberam que seria perfeita para este momento. E decidiram lançá-la.
 
Se o tão aguardado disco novo dos Stones
o primeiro desde A Bigger Bang, de 2005 (!) acompanhar o nível de qualidade dessa faixa, será muito bem vindo.





quarta-feira, dezembro 21, 2016

Rolling Stones: aprecie sem moderação


CD
Blue & Lonesome (Universal Music)
2016


Grupo revisita suas raízes em um visceral álbum de blues

Em seu álbum de estreia, lançado no longínquo ano de 1964, os Rolling Stones manifestaram o seu apreço pelo blues com a releitura de “I Just Want To Make Love To You”, de Willie Dixon. Decorridos 52 anos, o grupo decide prestar um tributo às suas raízes com Blue & Lonesome, composto apenas de covers de blues.

No primeiro semestre desse ano, os Stones estavam trabalhando em um álbum de inéditas — o primeiro desde A Bigger Bang [2005] — no estúdio de Mark Knopfler, ex-líder do Dire Straits, o British Grove Studios, em Londres. E, nos intervalos, “para conhecer melhor o estúdio”, tocavam os blues que os acompanhavam desde a juventude. Daí surgiu a ideia de um disco, que acabou sendo gravado em apenas três dias, com os músicos tocando ao vivo. 

A (excelente) harmônica de Mick Jagger se faz presente em nada menos do que dez das doze faixas da bolacha. As guitarras de Keith Richards e Ron Wood se complementam à perfeição. O buddy Eric Clapton — outro entusiasta do blues —, trabalhava no estúdio ao lado e participou de duas faixas, “I Can't Quit You Baby” e “Everybody Knows About My Good Thing”. 

Blue & Lonesome não tem a menor pretensão em soar “moderno”. Contudo, é visceral e espontâneo como raramente se ouve na música popular atual. Diga-se de passagem, é o melhor álbum dos Stones desde Voodoo Lounge [1994] — o que também não significa que eles não tenham lançado boas faixas isoladamente desde então. 

No repertório, se permitem a analogia, bambas como Little Walter (“I Gotta Go”, “Hate to See You Go’’ e a primeira faixa de trabalho, “Just Your Fool”), Howlin’ Wolf (“Commit a Crime”) e o supracitado Willie Dixon (“Just Like I Treat You” e a já mencionada “I Can’t Quit You Baby”), entre outros.

Há tempos, a banda estava devendo um CD desse calibre — e que, não por acaso, se encaminha para o topo das paradas americana e inglesa — a si própria e ao seu público. Aprecie sem moderação.



Veja o vídeo oficial de “Ride 'Em On Down”, com participação de Kristen “Crepúsculo” Stewart:

domingo, dezembro 04, 2016

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Photograph’, de Ringo Starr e George Harrison


Além de companheiros de banda e grandes amigos, ex-beatles Ringo Starr e George Harrison também chegaram a compor juntos. “Photograph”, provavelmente o maior sucesso da carreira solo de Ringo, é parceria sua com George.

Lançada em Ringo, de 1973 [no detalhe, a capa], é a única faixa oficialmente creditada à dupla — embora eles tenham trabalhado juntos em outras canções. Na gravação, além do próprio Harrison, participaram figurões como o saxofonista Bobby Keys (que excursionava com os Rolling Stones) e o pianista Nicky Hopkins, entre outros.



Veja o vídeo de “Photograph”, gravado durante o (magnífico) Concert for George, de 2002, tributo realizado no Royal Albert Hall, em Londres, no exato dia em que Harrison completou um ano de falecimento:

sexta-feira, novembro 27, 2015

International Magazine: dez anos


Em novembro de 2005 – portanto, há exatos dez anos –, tornei-me colaborador do jornal International Magazine, dando início à minha, digamos, “vida pública”.

Naquela edição (no detalhe, a capa), resenhei os então novos álbuns de Lulu Santos (Letra & Música), Rolling Stones [A Bigger Bang] e Eric Clapton [Back Home]. No caso de Lulu, há uma peculiaridade: a resenha foi publicada ao lado de uma entrevista exclusiva concedida pelo guitarrista.

Continuei atuando no veículo carioca até o encerramento de duas atividades, em 2009. Foi um período de enorme aprendizagem, no qual escrevi sobre mais de cem trabalhos de artistas nacionais e estrangeiros (saiba mais aqui). E me orgulho sobremaneira de ter feito parte da publicação musical independente mais longeva de que se tem notícia na imprensa brasileira.

Foi, aliás, através do meu trabalho no IM que tive o insight de criar esse blog, em 2006. Sim, amigos: o TomNeto.com completará uma década de existência em 2016. E é claro que a efeméride não passará em branco.

quinta-feira, dezembro 12, 2013

O triunfal retorno dos Rolling Stones ao Hyde Park



Blu-Ray/ DVD /CD
Sweet Summer Sun: Hyde Park Live (Eagle Rock)
2013



Banda inglesa lança mão de seu arsenal de clássicos para uma plateia sempre ávida para ouvi-los


Em 2013, exatos 44 anos após a histórica apresentação — registrada no DVD Stones In The Park — em memória de Brian Jones, um dos fundadores do grupo, os Rolling Stones fizeram o seu retorno triunfal ao Hyde Park londrino em dois espetáculos. A versão áudio foi lançada no dia 22 de julho, exclusivamente em formato digital, através do iTunes. Já a versões Blu-Ray, DVD e CD duplo chegaram ao mercado no final de novembro, sob o título Sweet Summer Sun: Hyde Park Live — porém, ainda sem lançamento nacional.

Novidades? Apenas a (boa) “Doom And Gloom”, uma das duas inéditas da compilação Grrrr, editada em 2012. Mas... quem se importa? A exemplo de Paul McCartney e Bob Dylan, os Stones possuem um vasto arsenal de clássicos — e um público sempre ávido para ouvi-los. 

A audiência, aliás, é peça-chave em Sweet Summer Sun. Na competente filmagem estilo concert film, a plateia aparece tanto quanto os próprios músicos. Sendo assim, é possível observar pessoas de todas as idades, absolutamente extasiadas com a performance irrepreensível da Maior Banda de Rock And Roll do Mundo.

A infalível “Start Me Up” abre os trabalhos, seguida por “It's Only Rock N'Roll (But I Like It)”. No telão, a menção respeitosa a figuras mitológicas do rock e dos blues, como Chuck Berry, B. B. King e Jerry Lee Lewis, entre outros. Resultado: já na segunda música, a turba estava “na mão” dos Stones. E com justiça: afinal, pela música e por todo o aparato, trata-se de um dos maiores espetáculos da Terra. 

A banda continua afiada como sempre. Mas é impossível não destacar a (sobrenatural) atuação de Mick Jagger. Aos 70 anos de idade, correndo por um palco gigantesco durante duas horas, ele não deixa transparecer, em momento algum, qualquer limitação física imposta pelo peso dos anos. E continua sendo o frontman impecável que todos conhecemos. Com o deboche habitual, não perdeu a chance de usar novamente, em “Honk Tonk Women”, a mesma bata — de senhora (!) — que vestiu no lendário show de 1969

Um dos pontos altos da apresentação é a épica “You Can't Always Get What You Want”, que, graças a um coral de 24 vozes (!), tem recriada a atmosfera gospel da gravação original, do álbum Let It Bleed, de 1969. E, claro, a participação do guitarrista Mick Taylor no blues “Midnight Rambler” — “duelando” com a harmônica de Jagger —, e no apoteótico final de “(I Can't Get No) Satisfaction”. Músico versátil e de técnica apurada, Taylor ingressou no grupo em 1969, substituindo o supracitado Brian Jones, e permaneceu até 1974.

Os Rolling Stones não pensam em aposentadoria. Aliás, prosseguem na turnê comemorativa de seus 50 anos de carreira, com datas agendadas na Austrália e na Ásia. Há, portanto, uma enorme probabilidade de a banda editar mais um audiovisual em 2014. Contudo, se os Stones decidissem não lançar mais nada, Sweet Summer Sun: Hyde Park Live teria sido um desfecho memorável para a sua brilhante trajetória.




Leia também:










Veja o vídeo de “Jumpin' Jack Flash”, no qual — com o perdão do trocadilho infame — os Stones não deixam pedra sobre pedra:

sexta-feira, julho 26, 2013

Mick Jagger: 70 anos



Embora tenha declarado, na década de 1970, que preferiria “estar morto do que cantar ‘(I Can't Get No) Satisfaction’ aos 45 anos”, eis que Sir Mick Jagger (felizmente) continua cantando a canção mais emblemática de sua banda, mesmo aos 70 anos (!) de idade — que está completando no dia de hoje.

Sem mais delongas — visto que, a esta altura, tudo já foi dito sobre o líder dos Rolling Stones —, relembremos alguns momentos marcantes dos 50 anos de carreira do “homem-dos-lábios-de-borracha”.




Seria uma obviedade sem tamanho falarmos sobre a supracitada “Satisfaction”. Portanto,  optemos por outra faixa fundamental dos Stones: a demolidora “Jumpin' Jack Flash”, lançada em single em 1968. O vídeo abaixo foi gravado no histórico show realizado da praia de Copacabana em fevereiro de 2006. E este que vos fala estava lá:





Em 1978, no auge do movimento punk, os Rolling Stones “flertaram” com a disco music em “Miss You”, do álbum Some Girls, que tornou-se um clássico instantâneo do grupo:





Em 1981, após um disco “meia boca” — Emotional Rescue, lançado no ano anterior —, Jagger & cia. reviraram o seu “baú” em busca de demo inacabadas. Daí surgiu uma canção que, desde então, não pôde mais estar ausente do roteiro das apresentações da banda: “Start Me Up:






Ainda que tenha lançado quatro discos solo — dos quais podemos pinçar faixas interessantes aqui e ali —, o fato é que Jagger não obteve sozinho, nem de longe, o sucesso que logrou ao lado do grupo. Destaque para “Just Another Night”, de seu primeiro álbum solo, She's The Boss [1985], que traz a participação de Jeff Beck e da dupla Sly & Robbie:





Uma das duas faixas inéditas da compilação Grrrrr, lançada em 2012 — a outra é “One More Shot” —, a caótica (e irresistível) “Doom And Gloom” simplesmente “coloca no bolso” 95% das bandas de rock da atualidade. E mostra que os Rolling Stones, digamos assim, “ainda dão no couro”:

segunda-feira, dezembro 17, 2012

Roberto Carlos, ‘o cara’


Resenha de show
Data: 14 de dezembro de 2012
Local: Ginásio do Maracanãzinho — Rio de Janeiro



Orgulhoso de seu passado, mas olhando para a frente, RC já entra no palco com ‘o jogo ganho’

Eventualmente, Roberto Carlos é “acusado” de fazer, há décadas, “o mesmo show”, com “as mesmas músicas”. Uma análise mais atenta desmonta completamente essa teoria. Foi, aliás, o que RC provou, mais uma vez, diante de 11 mil pessoas, na apresentação realizada na noite de sexta-feira, 14, no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.

É bem verdade que, há muitos anos, o cantor faz a sua (triunfal) entrada no palco ao som de “Emoções”. Entretanto, o fato é que, por mais que o espectador já tenha visto dezenas de vezes, a cena é sempre impactante. Sempre. Os passos lentos. O sorriso aberto. O gesto de reverência à plateia. Enfim, no momento em que Roberto se aproxima do pedestal do microfone para cantar o primeiro verso (“Quando eu estou aqui / eu vivo esse momento lindo”) já está com o público na mão, apesar de quase uma hora e meia de atraso, devido a uma gravação para o Domingão do Faustão. Humilde, pediu “perdão” aos presentes e agradeceu pela paciência. Mas frisou, bem-humorado: “Não foi por minha culpa!”.

Assim como “Emoções”, duas que jamais estão ausentes do repertório dos shows do artista são “Detalhes” — em uma versão que começa com RC sozinho ao violão — e, sendo o homem de fé que sempre foi, “Jesus Cristo”, com seus “metais em brasa”, que encerra o show. Fica a pergunta: as pessoas que apreciam o seu trabalho conseguiriam conceber uma apresentação de Roberto sem estas três canções? Ou um show de Paul McCartney sem “Band On The Run”, “Hey Jude” e “Yesterday”? Ou um espectáculo dos Rolling Stones sem “Start Me Up”, “Brown Sugar” e “Jumpin' Jack Flash”? 

Esta é a questão.

Além das três citadas, existem outras que foram retomadas por Roberto Carlos há cerca de dez anos e que não saíram mais do seu set list. É o caso de “Além do Horizonte”, agora com claros ecos de bossa nova — diferentemente da versão original, de 1975, que flertava despudoradamente com o samba-rock. E também a pulsante versão de “Eu te Amo, te Amo, te Amo”, a infalível “Como É Grande o meu Amor por Você” e a homenagem de “Mulher Pequena”, que está longe de ser um de seus clássicos, mas é recebida com respeito pelo público — que sabe muito bem o que esta música significa para o cantor. 

Enfim, excluindo as canções “cativas”, várias músicas foram excluídas do roteiro. É o caso de “Amor Perfeito”, “É Preciso Saber Viver” e “Outra Vez”, entre outras. No lugar destas, entraram “Lady Laura” — em memória da mãe de Roberto, que faleceu em 2010 —, “Cama e Mesa”, a belíssima “Nossa Senhora”, “Desabafo” e a sentida “O Portão”.

O que prova que, ao seu estilo ponderado e criterioso de trabalhar — e, claro, sem mexer naquelas que não pode deixar de cantar —, Roberto Carlos altera com frequência o seu repertório, sim.



A versão eletrônica de ‘Fera Ferida’

Por sinal, apesar de (merecidamente) orgulhoso da sua obra que construiu ao lado de Erasmo Carlos, RC aparenta estar interessado em olhar para a frente. Não deixou de cantar “Furdúncio”, o seu (surpreendente) funk melody (!) lançado este ano. E revelou, no palco, que lançará, em 2013, um CD chamado Reimixes, no qual vários Djs irão “desconstruir” algumas de suas canções. E chamou ao palco o DJ Marcelo “Memê” Mansur para que o acompanhar em uma versão de “Fera Ferida” que empolgou o Maracanãzinho. Ver Roberto Carlos cantando sobre a base eletrônica de Memê foi simplesmente... de cair o queixo. “Nunca imaginei que, um dia, alguém faria algo assim com a minha música”, contou, sorrindo. Ah, esteja certo ninguém imaginaria, Roberto — e, principalmente, que você concordaria com a ideia.

Apesar da excelente resposta da plateia para “Fera Ferida”, a canção mais aplaudida da noite foi, sem dúvida alguma, “Esse Cara Sou Eu”, a primeira faixa inédita de Roberto em três anos. Música-tema do casal protagonista da novela Salve Jorge, “Esse Cara...” foi precedida por uma explicação do autor sobre a sua gênese. E interpretada de modo... impecável. Apesar de lançada em novembro, pode ser considerada a música do ano de 2012. O que confirma que “quem é Rei”... bem, vocês sabem.

Vale destacar um momento extra-musical: excepcionalmente, foram colocados à venda ingressos mais baratos, em um setor batizado de “arquibancada visão parcial” — à direita e à esquerda —, no qual o cantor era visto apenas de lado, quase de costas. Sabendo disso, RC, ao longo do show, inúmeras vezes cantou olhando para as pessoas situadas nesta direção — que deliravam. Exemplo de grandeza e sensibilidade de um artista ciente da dificuldade enfrentada por parte significativa de seu público para vê-lo ao vivo.

Aos 71 anos, com a voz nos conformes e ótima aparência — durante as músicas sensuais, como “Os Seus Botões” e “O Côncavo e O Convexo”, ele abusa do gestual e arranca gritinhos da plateia feminina —, Roberto Carlos finalmente assumiu: ele é realmente “o cara”.




Repertório:

* Overture
* Emoções (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1981)
* Eu te Amo, te Amo, te Amo (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1968)
* Além do Horizonte (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1975)
* Cama e Mesa (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1981)
* Detalhes (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1971)
* Desabafo (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1979)
* O Portão (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1974)
* Lady Laura (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1979)
* Nossa Senhora (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1993)
* Mulher Pequena (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1992)
* Fera Ferida (com participação do DJ Marcelo “Memê” Mansur) (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1982)
* Medley, com texto de Ronaldo Bôscoli (1928 — 1994): Seu Corpo (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1975) / Café da Manhã (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1978) / Os Seus Botões (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1976) / Falando Sério (Maurício Duboc — Carlos Colla, 1977) / O Côncavo e o Convexo (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1983)
* Esse Cara Sou Eu (Roberto Carlos, 2012)
* Furdúncio (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 2012)
* Medley: É Proibido Fumar (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1964) / Namoradinha de um Amigo Meu (Roberto Carlos, 1966) / Quando (Roberto Carlos, 1967) / E Por Isso Estou Aqui (Roberto Carlos, 1967) / Jovens Tardes de Domingo (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1977) / Emoções (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1981)
* Como É Grande o Meu Amor por Você (Roberto Carlos, 1967)
* Jesus Cristo (Roberto Carlos — Erasmo Carlos, 1970)

sábado, outubro 13, 2012

‘Doom and Gloom’: a nova música dos Rolling Stones



Completando meio século de carreira este ano, os Rolling Stones celebram a data com a compilação Grrr! [no detalhe, a pitoresca capa], disponível em três ou quatro CDs — que incluem 50 ou 80 faixas, respectivamente —, e também uma edição em vinil.

Além dos clássicos stonianos de sempre, Grrr! apresenta duas inéditas: “Doom And Gloom” e “One More Shot”. A primeira, aliás, já foi lançada em single e pode ser adquirida, em formato digital, através do iTunes.

E quem imaginava que os Stones ressurgiriam burocráticos, musicalmente “envelhecidos” levará um belo susto — no melhor sentido: ao lado de “Don't Stop” [2002], “Doom And Gloom” é, por assim dizer, a melhor canção que os sexagenários gravaram no século XXI. Apesar de a letra não ser nada excepcional, o (afiado) instrumental é digno do melhor da banda. 

A produção ficou sob a batuta de Don Was, que vem trabalhando com o grupo desde o ótimo Voodoo Lounge, de 1994.

“Doom And Gloom” e “One More Shot” são as duas primeiras músicas inéditas que os Rolling Stones gravam desde o seu último álbum de estúdio, A Bigger Bang [leia a resenha aqui], de 2005. O lançamento mundial de Grrr! está previsto para o dia 12 de novembro.



Veja o (controverso) vídeo de “Doom and Gloom” — contra-indicado para pessoas “fenfíveis”:

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Mixed Emotions’, dos Rolling Stones



Na ocasião de seu lançamento, “Mixed Emotions” — primeira música de trabalho do bom Steel Wheels, de 1989 [no detalhe, a capa] — foi, para os fãs dos Rolling Stones, um sopro de ar de puro, depois de álbuns fracos como Undercover [1983] e Dirty Work [1986].

Obviamente incluída na coletânea Grrr! [saiba mais aqui], “Mixed Emotions” é uma típica — e infalível — faixa dos Stones: rock com letra tolinha, mas repleto daquela manemolência que somente eles sabem fazer. E que atinge seu clímax no refrão simples, porém arrebatador.  

É uma daquelas canções que dispensam maiores explicações. Emana pura alegria de viver*.




* Por gentileza, não levem em consideração a (injustificável) roupinha de ginástica de Mick Jagger e concentrem-se na canção. Ele bem que poderia ter passado o clipe inteiro com a guitarra na mão...



Veja o vídeo de “Mixed Emotions:


Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Moon Is Up’, dos Rolling Stones



A produção ficou sob a batuta de Don Was, que vem trabalhando com o grupo desde o ótimo Voodoo Lounge, de 1994




Em entrevista incluída nos extras do DVD quádruplo Four Flicks [2003], o guitarrista Keith Richards revelou:

— Temos verdadeiras montanhas de coisas inacabadas. Sem contar as faixas obscuras que adoramos e que gostaríamos de retomar. Mas precisaríamos ter tempo para fazer isso.

Bem, com 50 anos de carreira nas costas, podemos imaginar não apenas as (incontáveis) canções que a banda não conseguiu finalizar, como também excelentes faixas que chegaram a ser lançadas — mas que não obtiveram a visibilidade merecida. Um dos DVDs do supracitado box Four Flicks, aliás, registra um show do grupo no tradicional Olimpia, de Paris, cujo repertório é formado majoritariamente por lados B. E é excelente.

Um exemplo de “pérola perdida”, conhecida apenas pelos fãs ardorosos da banda (oi?) e que provavelmente jamais foi executada ao vivo é “Moon Is Up”, do já mencionado Voodoo Lounge [no detalhe, a capa]. Sob todos os aspectos, “Moon Is Up” é algo peculiar no repertório dos Rolling Stones: desde a guitarra “limpinha” do riff de introdução até uma surpreendente bateria eletrônica tocada por Charlie Watts, passando por pedais de timbres variados, violões e até por um igualmente inesperado solo de... acordeon (!). 

Vale destacar também a (belíssima) letra, que é puro lirismo — totalmente fora do escárnio habitual dos Rolling Stones.

Em suma, é inacreditável como “Moon Is Up” não tenha sido regravada por algum outro intérprete — ou pela própria banda — ao longo desses dezoito anos.



Veja o vídeo de “Moon Is Up” que, embora fan made, é de primeira:


Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘You Can't Always Get What You Want’, dos Rolling Stones


O óbvio ululante: “You Can't Always Get What You Want” é um dos maiores clássicos da discografia dos Rolling Stones. Ponto. Lançada inicialmente como lado B de outro clássico — a fantástica “Honk Tonk Women” —, a faixa foi posteriormente incluída em um dos melhores álbuns da banda: Let It Bleed, de 1969 [no detalhe, a capa].

Em seus quase oito minutos (!) de duração, “You Can't Always Get What You Want” passeia por vários estilos. A introdução traz um coral de igreja (!), que é sucedido por uma arranjo folk, até prosseguir em um crescendo até a bombástica segunda parte, com direito a orquestra, percussão com molho de soul music, solo de piano e por aí vai. 

Utilizando uma linguagem cifrada, a letra faz uma crítica social à Inglaterra da época — citando o exemplo do tal sr. Jimmy, um idoso que estava esperando na fila para retirar uma simples receita médica. E também fala sobre drogas e desilusão. 

Contudo, apesar de uma certa esperança (“Mas, se você tentar, / às vezes, pode encontrar o que precisa”), trata, essencialmente, da resignação que qualquer pessoa precisa ter — até mesmo por uma questão de dignidade — diante de um revés. Nesse sentido, a mensagem é transmitida de modo perfeito. Do tipo: “Na vida, não se pode vencer sempre”. Ou: “Não se pode ter tudo”. 

E é absolutamente natural que seja assim.



Ouça “You Can't Always Get What You Want:


sábado, dezembro 10, 2011

SuperHeavy: Mick Jagger em boa companhia



CD
SuperHeavy (Universal Music)
2011

Novo projeto do líder dos Rolling Stones é marcado pela colaboração e pela diversidade de estilos


Em seus quatro discos solo — She's The Boss [1984], Primitive Cool [1987], Wandering Spirit [1993] e Goddess in The Doorway [2001] —, Mick Jagger sempre se cercou de gente boa: Bono Vox (U2), Pete Townshend (The Who), Jeff Beck, Lenny Kravitz, o baixista Flea (Red Hot Chili Peppers) e o produtor Rick Rubin, entre outros. Em sua nova empreitada, não poderia ser diferente.

O líder dos Rolling Stones juntou-se à cantora Joss Stone, ao guitarrista Dave Stewart (ex-Eurythmics), a Damien “Jr. Gong” Marley (sim, o filho do “homem”) e ao produtor de trilhas de cinema A. R. Rahman, no projeto que atende pelo (pouco criativo) nome de SuperHeavy, que lança o seu primeiro CD, epônimo. Ainda que esteja de longe de ser “super pesado”, trata-se de um supergrupo — entenderam agora?

E, com todo o respeito aos demais, a grande verdade é que a presença de Jagger traz visibilidade extra ao trabalho.

Vamos ao que interessa: SuperHeavy, o álbum, é bom? Digamos que seja... mediano. Há algumas faixas palatáveis como “Rock Me Gently”, “One Day One Night”, “Never Gonna Change” e o pop rock “Energy”. Mas, no geral, nenhuma das demais faixas empolga tanto quando o reggae “Miracle Worker”, o primeiro single. Entretanto, o disco tem um trunfo: a diversidade de estilos. A segunda faixa de trabalho, inclusive, é cantada — graças ao indiano Rahman, autor da canção —, em sânscrito, o idioma das escrituras sagradas hindus: “Satyameva Jayathe”, que significa “a verdade triunfa sozinha”. 

Moral da história: bilionário e dono de uma das patentes mais famosas do pop, Mick Jagger — mesmo sem ter realizado um grande disco — ainda busca, fora da formatação sonora mais do que “cristalizada” dos Rollling Stones, o simples prazer de fazer música, por si só.

Ponto para ele.



Leia também:



quarta-feira, novembro 30, 2011

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Love Is Strong’, dos Rolling Stones

Em 2012, os Rolling Stones completam 50 anos de carreira. Portanto, a efeméride deve ser comemorada de alguma forma. É bem verdade que os discos de estúdio da banda — embora sempre tenham boas faixas aqui e ali —, perderam a relevância há tempos. Sendo assim, o mais provável é que eles saiam em turnê, com uma coletânea nas prateleiras. E ainda que não passem pelo Brasil, o mundo parece um lugar mais legal quando os Stones estão na estrada.

A primeira vez em que a banda britânica tocou no Brasil foi em 1995, na turnê Voodoo Lounge [no detalhe, a capa]. A primeira faixa de trabalho desse álbum — que, curiosamente, deixou de integrar o set list do espetáculo — foi a lânguida “Love Is Strong”, uma espécie de “conversa ao pé do ouvido”, pontuada pela harmônica de Mick Jagger. 

O vídeo, gravado em um elegante preto-e-branco, mostra os Stones, assim como os demais transeuntes, como gigantes que, literalmente, “estremecem” Manhattan.



segunda-feira, novembro 28, 2011

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Start Me Up’, dos Rolling Stones

Nos extras do DVD quádruplo Four Flicks, de 2003, Keith Richards revelou que os Rolling Stones possuem um verdadeiro “baú”, repleto de canções inacabadas e sobras de estúdio.

— Temos uma verdadeira “montanha” de coisas. Tínhamos que arranjar tempo para “garimpar” aquilo tudo...

O guitarrista também contou que foi justamente daí que surgiu “Start Me Up”, originalmente um reggae (!) que acabou excluído da seleção final do álbum Black And Blue [1976]. Durante as sessões de Some Girls [1978], um dos integrantes da banda — Richards não se lembra quem — teve a feliz ideia de tocá-la com um andamento de rock. O resultado foi até satisfatório. Mas ainda não seria daquela vez que a faixa veria a luz do dia.

Em 1981, nas gravações de Tattoo You [no detalhe, a capa] — por sinal, um dos melhores títulos da discografia do banda britânica —, “Start Me Up” foi novamente resgatada do “limbo”. E deu no que deu: tornou-se um dos cinco principais cavalos-de-batalha dos Stones, ao lado de “Jumpin' Jack Flash”, “Brown Sugar” e “Sympathy For The Devil”, além de “(I Can't Get No) Satisfaction”, claro.




Veja o hilário vídeo de “Start Me Up”, onde Mick Jagger, abusando de suas habilidades histriônicas, é a própria personificação do escárnio:

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Miss You’, dos Rolling Stones


Depois de uma série de discos medianos no decorrer da década de 1970 — embora, neste período, tenham emplacado hits como “It's Only Rock n'Roll”, “Angie” e “Fool To Cry”, entre outros —, os Rolling Stones só voltaram a “acertar a mão” em 1978, com o álbum Some Girls* [à direita, a capa].

Apesar de apresentar a formatação sonora habitual dos Stones nos rocks (“Shattered” e “When The Whip Comes Down”), country (“Far Away Eyes”) e soul (“Beast Of Burden” e o cover de “Just My Imagination”), Some Girls flertou com gêneros musicais que estavam em voga na época, como, pasmem, o punk (em “Respectable” e “Lies”) e a discothèque, como é o caso de “Miss You”.

Faixa que abre o álbum, “Miss You”, tornou-se, instantaneamente, um dos maiores clássicos da banda. Em 1993, na entrevista de divulgação da compilação Jump Back – The Best Of Rolling Stones '71 — '93, Mick Jagger, provavelmente cioso de suas “raízes blueseiras”, rejeitou a (inegável) influência da disco music nesta canção:

— Aquela gaita que eu toco não é exatamente disco, concorda?

Jagger, à época, era casado com a modelo nicaraguense Bianca, que ficou envaidecida com a música, imaginando tratar-se de uma homenagem de seu ilustre marido. Mal sabia ela que Mick compôs “Miss You” tendo em mente a também modelo Jerry Hall [acima], com quem era visto com frequência em Nova York. A americana, por sua vez, antes de se envolver com Jagger, manteve um relacionamento com Bryan Ferry, vocalista do Roxy Music, . 

O líder dos Stones, aliás, não fez por menos: com uma grande dose de ousadia, inseriu, nas entrelinhas, o sobrenome da amada na letra da canção (“I've been waiting in the hall / been waiting on your call...”). Os versos de “Miss You”, aliás, escancaram a falta que Jagger sentia de Jerry, mostrando desinteresse até mesmo diante do convite de amigos para sair umas “garotas porto-riquenhas / que estão ‘doidas’” para conhecê-lo. 

Farta da situação, Bianca Jagger pediu o divórcio naquele mesmo ano. E Mick viveu com Jerry Hall durante 22 anos. Tiveram quatro filhos. Separaram-se em 1999, quando uma certa apresentadora brasileira deu à luz mais um herdeiro do sr. Lábios de Borracha: o menino Lucas Jagger. 


* Justamente neste mês de novembro, chegou às lojas uma versão remasterizada de Some Girls, que traz um CD-bônus, com várias faixas inéditas.



Veja o vídeo oficial de “Miss You”, cujo vocal foi gravado ao vivo. Reparem no impagável semblante do baterista Charlie Watts, que, durante todo o tempo, parece se perguntar: “O que será que estou fazendo junto com esse bando de malucos?”





E ouça a versão original, que apresenta a gaita que Jagger usou como “álibi” para retrucar a influência disco music na faixa:

sexta-feira, novembro 18, 2011

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Almost Hear You Sigh’, dos Rolling Stones

Uma das melhores músicas dos Rolling Stones nos últimos 25 anos está escondidinha no (bom) álbum Steel Wheels [no detalhe, a capa], de 1989.

Praticamente desconhecida, “Almost Hear You Sigh” — que lembra vagamente “Beast of Burden”, de Some Girls [1978] — é um soul com indisfarçável influência do som da Motown – que Mick Jagger, por sinal, desde o início de sua carreira, jamais fez questão de esconder. 

Perfeita na melodia do refrão e nos backing vocais, “Almost Hear You Sigh” ainda se beneficia de sutis — e pontuais — intervenções de um violão de nylon, que desemboca em um belo solo. 

Smokey Robinson, um dos principais compositores da Motown, provavelmente ficaria orgulhoso dessa faixa.