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sexta-feira, dezembro 26, 2014

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Vai Passar’, de Chico Buarque



“(...) E pode despertar o interesse do mercado internacional de rock para o autor de ‘Vai Passar’...”




Analisando nos dias de hoje, não deixa de ser irônico lembrar que Chico Buarque finalizou o seu álbum epônimo de 1984 [no detalhe, a capa] com o samba “Vai Passar”, que trazia os seguintes versos:


Dormia a nossa pátria, mãe tão distraída,
sem perceber que era subtraída
em tenebrosas transações...”



sábado, novembro 22, 2014

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Panamericana’, de Lobão



Parceria sua com o baixista Arnaldo Brandão (ex-A Outra Banda da Terra e Hanoi Hanoi) e o poeta Tavinho Paes, “Panamericana” abre o sexto álbum de estúdio de Lobão, Sob o Sol de Parador, editado em 1989 [no detalhe, a capa].

Na ocasião de seu lançamento, o cantor explicou:

— “Panamericana” fala sobre uma hipotética “República das Bananas” — no caso, Parador —, com 19 perguntas e nenhuma resposta.

De fato, a incisiva letra faz um resumo da (triste) história política da América Latina, enumerando vários de seus movimentos armados: os uruguaios Tupamaros, os argentinos Montoneros, o peruano Sendero Luminoso e os colombianos do 19 de abril (M-19), entre outros. A citação da famosa frase do guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara, um dos líderes da Revolução Cubana, no refrão (“Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”), evidentemente, foi pura ironia...

A síntese de “Panamericana” pode ser encontrada no segundo verso da canção, que questiona a fragilidade das instituições democráticas do continente: “O que é democracia ao sul do Equador?

Curiosidade: as também mencionadas Mães da Praça de Maio, do Chile, haviam sido homenageadas, dois anos antes, pelo U2, em “Mothers Of The Disappeared”, (de The Joshua Tree) e por Sting, em “They Dance Alone” (de ...Nothing Like The Sun).




Da série ‘Frases’: Winston Churchill


A democracia é o pior dos regimes — com exceção de todos os outros”.


Do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill (1874 — 1965).



sábado, novembro 08, 2014

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Perfeição’, da Legião Urbana



Com todo respeito a Ary Barroso e a sua imorredoura “Aquarela do Brasil” — merecidamente considerada o “hino extra-oficial brasileiro” —, provavelmente nenhuma outra canção foi capaz de retratar o País (com o perdão da redundância) de modo tão perfeito do que “Perfeição”, da Legião Urbana.

Em sua letra discursiva, com clara influência do rap — Renato Russo revelou que o groove da faixa foi trazido ao estúdio pelo baterista Marcelo Bonfá em uma fita K7 —, nada escapa aos olhos de águia do líder da banda. A “estupidez do povo”, que, “a cada fevereiro e feriado” comemora “como idiotas”, sem necessariamente ter motivos para tal. A “violência” (“O meu país e sua corja de assassinos covardes / estupradores e ladrões”). A “desunião” da população. O “descaso por educação”. O estado deplorável da saúde pública (“Os mortos por falta de hospitais”). A crueldade da Previdência Social brasileira (“...a nossa gente / que trabalhou honestamente a vida inteira / e agora não tem mais direito a nada”). 

Também apontou problemas estruturais (“a água podre”), sociais (“a fome”), ambientais (“queimadas”) e as mazelas inerentes à natureza humana (a “hipocrisia”, a “inveja”, a “indiferença” e as “mentiras”). E, embora tenha lembrado que, apesar de tudo, existe algum patriotismo (“Vamos cantar juntos o Hino Nacional / a lágrima é verdadeira”), não poupou de crítica sequer... a si próprio (“Também podemos celebrar / a estupidez de quem cantou essa canção”).

Outro trecho digno de registro: “Vamos celebrar nossa bandeira”. Entre os “absurdos gloriosos” do passado a que o autor se refere, certamente se encontra a própria Proclamação da República — na verdade, um golpe militar. E vale frisar que, naquele momento, a família Real não apenas foi apeada do poder, como também banida do Brasil para sempre, além de ter todos os seus bens confiscados e, posteriormente, leiloados. Ou seja, naquele momento, o País saiu de um regime absolutista (a Monarquia) para ser governado por dois ditadores (os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto). E, a cada ano, a data é feriado nacional...

“Perfeição” foi lançada em 1993. Portanto, é um desalento constatar que, decorridos 21 anos, seus versos continuam tristemente atuais. E que, para nos tornarmos, de fato, uma nação, ainda há muito, muito a ser realizado.

A evocação aos mitos gregos também não foi gratuita: a menção a Eros e Thanatos (o Amor e a Morte) trata-se de uma menção velada à sua condição de soropositivo. E Perséfone e Hades representam, no caso, a chamada “síndrome de Estocolmo” — o estranho e inexplicável apego por alguém que lhe fez/faz mal. 

Já nas duas estrofes finais da canção — que citam a melodia de “O Bêbado e o Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, imortalizada na voz de Elis Regina —, o cantor nos deixa uma mensagem de esperança (“Nosso futuro recomeça”). E exalta a verdade (“Só a verdade liberta / chega de maldade e ilusão”), remetendo-nos imediatamente ao Evangelho de João (8:32): “Conhecereis a verdade. E a verdade vos libertará”.

Parceria dos supracitados Russo e Bonfá com o guitarrista Dado Villa-Lobos, “Perfeição”, eterna obra-prima do rock nacional, integra o álbum O Descobrimento do Brasil [no detalhe, a capa], sexto e antepenúltimo álbum de estúdio da Legião Urbana. 




Veja o vídeo de “Perfeição:

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Somos Todos Iguais nesta Noite’, de Ivan Lins



Faixa-título do sexto álbum de Ivan Lins, editado em 1977, “Somos Todos Iguais nesta Noite” traz uma série de mensagens subliminares referentes ao contexto político da época em que foi lançada — no caso, o governo do general Ernesto Geisel. Curiosamente, embora tenha sido o período do regime militar que marcou o início da abertura política, também foi quando ocorreu o caso Vladimir Herzog.

Escrita por Vitor Martins, parceiro mais constante de Ivan, a (capciosa) letra deixa claro, em linhas gerais, que, “no ensaio diário de um drama”, sempre resta à população... o “papel de palhaço” (“Olha nós outra vez no picadeiro...”).

Um dos aspectos mais interessantes, contudo, é justamente... o título da canção. Não importa região, etnia ou mesmo classe social: ninguém fica imune a uma governança equivocada. Ninguém. Portanto, somos todos iguais nesta “noite” — ou seja, no “breu” que temos que atravessar...

E, sendo assim, “vamos dançar mais uma vez...”



Ouça “Somos Todos Iguais nesta Noite:





Da série ‘Frases’: Victor Hugo


Entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há uma certa cumplicidade vergonhosa”.


Do poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista francês Victor Hugo (1802 — 1885).



quinta-feira, agosto 14, 2014

Eduardo Campos (1965 — 2014)



A perda humana é, sem dúvida alguma, o aspecto mais doloroso do súbito e trágico desaparecimento de Eduardo Campos. Afinal, o candidato à presidência pelo PSB era um homem de 49 anos recém-completados, pai de cinco filhos — sendo um de apenas seis meses. Contudo, a lacuna política também é algo a se lamentar.

Governador reeleito de Pernambuco com mais de 80% de aprovação, Campos despontava como uma figura respeitada e extremamente promissora — em especial, na região Nordeste. Com cerca de 10% de intenções de voto nas eleições presidenciais desse ano, provavelmente não chegaria ao segundo turno. Entretanto, com a visibilidade nacional que a atual candidatura lhe proporcionaria, o neto de Miguel Arraes certamente seria um nome fortíssimo para o pleito de 2018.

Por tudo isso, é natural que familiares, amigos, correligionários, eleitores e até opositores estejam chocados com a sua precoce saída de cena. A vida pública brasileira fica (ainda mais) empobrecida sem ele.

sábado, outubro 05, 2013

A (surpreendente) filiação de Marina Silva ao PSB

Marina Silva e Eduardo Campos: a provável chapa do PSB para as eleições presidenciais de 2014

Já faz algum tempo que não temos postagens sobre política aqui no blog. Sendo assim, retomemos o tema — visto que o momento mostra-se oportuno.

A bem da verdade, é prematuro fazermos qualquer tipo de conjectura agora, faltando ainda doze meses para as próximas eleições presidenciais. Contudo, a (surpreendente) filiação de Marina Silva ao PSB — e o consequente apoio à candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos —, nos trazem indícios do que pode vir a ocorrer no ano que vem.

Muito provavelmente a ex-senadora será a vice de Campos. E, salvo alguma anormalidade, a chapa tem, matematicamente, gigantescas possibilidades de estar no segundo turno, disputando com a atual presidente.

Façam as suas apostas.

sexta-feira, setembro 28, 2012

Da série ‘Frases’: Fernando Henrique Cardoso


A gente pensa que vai vir o inevitável e ocorre o inesperado. (...) Ser realista implica também reconhecer que existe o inexplicável. O que surge. O de repente. É preciso saber se adaptar a isso.”



O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — assumidamente agnóstico — em seu livro A Soma e O Resto, 2011.




quarta-feira, setembro 26, 2012

Da série ‘Frases’: Nasi


Não é algo que desejo nesse momento. Mas, depois que o Maluf deu a mão para o Lula, nada é impossível.”



Lançando a sua autobiografia, A Ira de Nasi, o ex-vocalista do Ira! — em entrevista ao jornal carioca O Dia — fala da possibilidade da volta de sua antiga banda.




quinta-feira, setembro 22, 2011

Dilma defende o reconhecimento do Estado da Palestina


Em uma atitude — não se pode negar — louvável, a presidente Dilma Rousseff, defendeu, ao discursar ontem, na Assembleia Geral das Nações Unidas, o reconhecimento do Estado da Palestina por parte da entidade. 

O Brasil, por sinal, reconhece o Estado Palestino, de acordo as fronteiras estabelecidas no dia 04 de junho de 1967, anteriores à Guerra dos Seis Dias, travada entre israelenses e árabes. Este dado, inclusive, foi mencionado no discurso da presidente.

Em contrapartida, o sr. Barack Obama, presidente de uma nação que se orgulha em “defender a liberdade” e os “direitos humanos” — e aliado político de Israel —, mostrou-se publicamente contrário à ideia.

Julguem como desejarem.

quinta-feira, setembro 15, 2011

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Injuriado’, de Chico Buarque

Também lançado no supracitado Carioca, o impagável samba “Injuriado” foi gravado por Chico em dueto com sua irmã, Cristina Buarque. A letra corrobora, nas entrelinhas, a demolidora máxima de Nelson Rodrigues.

Na ocasião, surgiram rumores de que a faixa havia sido composta como uma espécie de “resposta” a Fernando Henrique Cardoso [no detalhe] — que, ainda presidente, classificou, em uma nota de bastidores, o autor de “Futuros Amantes” como um artista “elitista e ultrapassado”.

Chico, naturalmente, desmitificou:

— Isso é uma piada. Só rindo. Primeiro, porque não fiquei injuriado com nada. Segundo, porque nunca chamaria o Fernando Henrique de “meu bem”.



Veja o vídeo de “Injuriado”, extraído do DVD ao vivo Chico e As Cidades, de 1999:

segunda-feira, agosto 29, 2011

Da série ‘Polaroides do Rio’: o acidente no bondinho de Santa Teresa


O acidente no bondinho de Santa Teresa, ocorrido no sábado, 27, indignou-me duplamente. Primeiro, sem dúvida, pelas — até o momento — cinco vítimas fatais e 54 feridos na tragédia. Segundo, pela mancha (de sangue) em um dos mais tradicionais cartões-postais da cidade.

O bondinho funciona há 115 (!) anos. E é até compreensível o seu aspecto “vintage” — que, verdade seja dita, lhe confere um certo... charme, digamos assim. Entretanto, isso não é desculpa para a má conservação e a falta de manutenção do veículo, que visível para todos — tanto usuários quanto moradores do bairro. Some-se a isso a constante superlotação da atração, e temos aí uma “catástrofe anunciada”.

Sendo assim, fica no ar a pergunta: a partir de agora, quem terá coragem de passear naquele bondinho?

Ou será que a omissão das autoridades (in)competentes seria uma forma (desumana) de “justificar” a privatização do bondinho, o que certamente aumentaria o valor do bilhete, dos irrisórios R$ 0,60 atuais, para R$ 36,00 ou R$ 53,00 — preços do ingressos para o Trenzinho do Corcovado e para o bondinho do Pão de Acúçar, respectivamente. Desta forma, teríamos mais um ponto (na acepção da palavra) turístico — que, a exemplo dos dois citados, não estaria ao alcance de todos os cariocas e/ou residentes na cidade... 

É lamentável que o Poder Público esteja entregue a pessoas tão pouco comprometidas com a segurança e o bem-estar da população. A sorte é que todos eles passam. Todos.  

Mas o Rio de Janeiro fica.


Ouça a brilhante versão de João Bosco para “Rio de Janeiro (Isto É o meu Brasil)”, de Ary Barroso:


segunda-feira, agosto 08, 2011

O dia em Chico Buarque foi ‘cabo eleitoral’ de Fernando Henrique Cardoso

Apesar de ter dado o seu “apoio entusiasmado” a Dilma Rousseff nas últimas eleições para presidente — e ser um adepto fervoroso do chamado “Lulo-petismo” — Chico Buarque, pasmem, já pediu votos para... Fernando Henrique Cardoso [foto].

Em 1985, quando FHC disputou a prefeitura de São Paulo, Chico não somente engajou-se na campanha, como cedeu uma de suas canções. A letra do samba-enredo “Vai Passar”, lançado no ano anterior, recebeu uma “adaptação” — onde se referia ao então adversário de Fernando Henrique, Jânio Quadros, como “fujão” — que foi regravado pelo próprio compositor de “Apesar de Você”.

Antes disso, em 1978, Chico compôs o jingle da candidatura de Fernando Henrique ao Senado.


***


No fundo, no fundo, Chico deve nutrir, até os dias de hoje, um carinho todo especial pelo ex-presidente. Em janeiro deste ano, o artista concedeu uma entrevista ao jornal espanhol El País, na qual elogiou as diretrizes econômicas do governo FHC:

— Os méritos também são os fundamentos da política econômica que começou com Fernando Henrique Cardoso. Esta era a chave — sem a qual não teria sido possível avançar. Toda essa transformação foi levada a cabo com as regras do capitalismo, para criar uma riqueza que devia ser distribuída. Alguns esquerdistas podem pensar que não foi suficientemente humanitário. Mas ninguém pode negar que foi o mais inteligente.

Para ler a entrevista, na íntegra, basta clicar aqui:




sábado, julho 30, 2011

Ricardo Teixeira na revista ‘Piauí’

“Minha nossa... Qual de vocês está com a mão amarela?”


A edição de julho da revista Piauí* apresentou extensa matéria sobre o presidente da CBF, Ricardo Teixeira [foto]. E... bem, é impossível não destacar a admirável elegância e franciscana humildade do dirigente.

Confira os melhores momentos:


Meu amor, já falaram tudo de mim: que eu trouxe contrabando em avião da Seleção, a CPI da Nike e a do Futebol, que tem sacanagem na Copa de 2014. É tudo coisa da mesma patota, UOL, Folha, Lance, ESPN, que fica repetindo as mesmas merdas.

(detalhe: de acordo com a matéria, ele chama a todos — homens e mulheres — de “meu amor”.)


O Lula me falava: ‘Eu não vejo essa Globo News porque só dá traço. Então, esse UOL só dá traço. Quem lê o Lance? Oitenta mil pessoas? Traço! Quem vê essa ESPN? Traço! Portanto, só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.

(referindo-se à baixa audiência/tiragem dos referidos veículos)


Que porra as pessoas têm a ver com as contas da CBF? Que porra elas têm a ver com a contabilidade do Bradesco ou do HSBC? Isso tudo é entidade [separando as sílabas] pri-va-da. Não tem dinheiro público, não tem isenção fiscal. Por que merda todo mundo enche o saco?



Pedir porra nenhuma — o filme é nosso. As imagens são minhas.”

(sobre as filmagens das duas últimas Copas do Mundo, realizadas pela Conspiração Filmes)



São uns filhos da puta — nem colocaram que não tinha a coisa do meu bar.”

(sobre a nota de cinco linhas, publicada no jornal Folha de São Paulo, que informava que o processo conhecido como “voo da muamba” — no qual o dirigente era réu — foi arquivado)



Falaram que eu tinha trazido material contrabandeado, o caralho. Agora, sabe por que isso tudo aconteceu? Porque não deixei que a imprensa entrasse no avião e porque o secretário da Receita, o Osíris Lopes Filho, ia ser demitido. Descemos no aeroporto, o povo da Receita falou para deixarmos as bagagens, que eles iam guardar e dali a três dias devíamos voltar para pegar. A CBF pagaria todo o imposto, como pagou depois, mas o seu Osíris armou para mostrar serviço, posou de arauto da moralidade, a imprensa comprou a história e nós nos fodemos.”

(sobre o mesmo episódio)



Eu vou infernizar a vida deles. Enquanto eu estiver na CBF, na Fifa, onde for, eles não entram.

(sobre a BBC)



Dele, eu não deixo passar nada. Outro dia, recebi um dinheiro dele. Mas eu doo para a caridade. Na próxima que ganhar, vou publicar no site da CBF um agradecimento.”

(sobre o comentarista esportivo Juca Kfouri, que já foi processado por Ricardo Teixeira mais de cinquenta vezes)



Se você está na merda, vão falar: ‘Coitado do Ricardo. Vamos dar uma mão para ele.’ Mas aí, todo mundo volta para casa, não ajuda e finge que esqueceu o assunto. Agora, pense na situação inversa: ‘Porra, o Ricardo está bem pra caralho! Que sucesso!’ Pode ter certeza que vai ser aquele que você acha que é seu melhor amigo quem vai dizer primeiro: ‘Também, roubando, quem não fica bem?

(expondo a sua peculiar visão da amizade)



Não ligo. Aliás, caguei. Caguei montão.”

(explicando o quanto se importa com as acusações de corrupção)



O neguinho do Harlem olha para o carrão do branco e fala: ‘Quero um igual’. O negro não quer que o branco se foda e perca o carro. Mas no Brasil não é assim. É essa coisa de quinta categoria.

(corroborando a tese de Tom Jobim de que o brasileiro não lida bem com o sucesso alheio)



Olha como a imprensa brasileira é escrota! A imprensa brasileira é muito vagabunda!

(sobre as três sucintas reportagens de sites brasileiros sobre o documento que absolvia o dirigente da acusação de suborno. Apenas a da BBC esclarecia o caso com detalhes)



O feio é perder, minha querida. Quando ganha, acabou.”

(sobre a eleição da Fifa, na qual foi reeleito Joseph Blatter — que não tinha adversários)



Por que ele tem que sair? Não tem que sair nada. Palocci não vai sair.

(sobre o ex-ministro da Casa Civil)



Taí, vai ver que a minha vaidade é essa: ver que as maiores empresas do mundo, a maior de carne, a maior de seguros, a maior cervejaria, o maior banco do país, a maior editora, todo mundo investiu milhões no ladrão, no bandido aqui, numa CBF de merda, num time que só perde, né?” 

(referindo-se aos grandes patrocinadores da Copa do Mundo no Brasil: Seara, Liberty, Ambev, Itaú e Abril)



Não leio mais porra nenhuma. A vida ficou leve pra cacete. Tá muito bom.

(após ter cancelado o resumo diário dos jornais, ter parado de ver televisão e se afastado da internet)



Isso é o governo. E se o governo acha que a Copa não é prioridade, não posso fazer nada. Esse é o SEU país

(sobre o atraso nas obras de infraestrutura para a Copa do Mundo)



Alguém está falando do Palocci hoje? Não, ? Se eu renunciasse hoje, viraria santo.

(sobre a renúncia do ex-ministro)



Em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Porque eu saio em 2015. E aí, acabou.”




* Leia a reportagem, na íntegra, clicando aqui. 

sábado, fevereiro 26, 2011

Da série ‘Frases’: Tiririca

Um abraço por trás!

O agora deputado federal Tiririca [foto]... er, “agradece” aos seus eleitores. Mas o povo bem que merece...


quinta-feira, dezembro 30, 2010

Da série São Bonitas as Canções: ‘New Year's Day’, do U2


Faixa de War (1983), o terceiro álbum do U2 [acima], a pungente “New Year's Day” é, sem dúvida, um dos maiores clássicos da banda irlandesa. E arrebata plateias até os dias de hoje.

A princípio, a intenção de Bono era compor uma canção de amor. Contudo, a letra foi adquirindo uma conotação política e tornou-se uma homenagem ao movimento Solidariedade, liderado pelo sindicalista Lech Wałęsa [no detalhe]. Em 1990, Wałęsa tornou-se o primeiro presidente eleito da Polônia, após a derrocada do comunismo. Antes disso, em 1983, ganhou o prêmio Nobel da Paz.

Curiosidade: foi justamente de um verso de “New Year's Day” que o U2 batizou o seu primeiro disco ao vivo, Under A Blood Red Sky (“Sob um Céu Vermelho-sangue”), de 1984.


***


E esta canção é a minha mensagem de Ano Novo para todas as pessoas que visitam este espaço e, mesmo silenciosamente, demonstram interesse pelo que escrevo.

Agradeço, sincera e humildemente, pela atenção e pelo respeito de cada um de vocês. Um 2011 de muita saúde e paz para todos.



quinta-feira, dezembro 23, 2010

Da série São Bonitas as Canções: ‘Happy Xmas’, de John Lennon


Lançada originalmente em um single no ano de 1971, a comovente “Happy Xmas”, de John Lennon [no detalhe, com sua... er, fiel escudeira, Yoko Ono] foi composta, a princípio, como um protesto contra Guerra do Vietnã. Não por acaso, o subtítulo da canção é “War Is Over” (“A Guerra Acabou”).

E mesmo o fim do conflito não fez com a que a faixa perdesse a relevância. Muito pelo contrário: é considerada uma das mais belas canções canções natalinas – senão a mais bela – que o pop já gerou. Um verdadeiro libelo pela igualdade entre os homens.

Ainda que, se vocês observarem bem, não fale em Deus em momento algum...

Vale destacar também a participação das crianças do Harlem Community Choir, que fizeram toda a diferença na canção – embora a letra, a despeito de sua simplicidade, seja brilhante.

Que o espírito do Natal esteja no coração de cada um de vocês.



“Happy Xmas (War Is Over)”
John Lennon


(Happy Xmas, Kyoko
Happy Xmas, Julian)

So this is Christmas
And what have you done?
Another year over
And a new one just begun.

And so this is Christmas
I hope you'll have fun.
The near and the dear one
The old and the young.

A very Merry Christmas
And a happy New Year.
Let's hope it's a good one
Without any fear.

And, so this is Christmas
For weak and for strong
For rich and the poor ones
The world is so wrong.
And so happy Christmas
For black and for white
For yellow and red ones
Let's stop all the fight.

A very Merry Christmas
And a happy New Year.
Let's hope it's a good one
Without any fear.

And so this is Christmas
And what have we done?
Another year over
A new one just begun.
And, so happy Christmas
We hope you have fun
The near and the dear one
The old and the young.

A very Merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear.

War is over, if you want it
War is over, now.

Happy Christmas.



“Feliz Natal (A Guerra Acabou)”
(Tradução: Tom Neto)


(Feliz Natal, Kyoko
Feliz Natal, Julian)

Então, é Natal
E o que você fez?
Outro ano se vai,
E um novo começa.

E então é Natal
Eu espero que você se divirta.
As pessoas próximas e queridas,
Os idosos e os jovens.

Um Natal muito feliz,
E um feliz Ano Novo.
Esperemos que seja um bom ano
Sem nenhum temor.

E então é Natal
Para os fracos e para os fortes
Para os ricos e para os pobres
O mundo está tão errado.
E então, Feliz Natal
Para negros e brancos
Para asiáticos e indígenas
Vamos parar todos os conflitos.

Um Natal muito feliz
E um feliz Ano Novo
Esperemos que seja um bom ano
Sem nenhum temor.

E então é Natal
E o que nós fizemos?
Outro ano se vai
E um novo começa.
E então Feliz Natal
Nós esperamos que você se divirta
As pessoas próximas e queridas
Os idosos e os jovens

Um Natal muito feliz
E um feliz Ano Novo
Esperemos que seja um bom ano
Sem nenhum temor.

A guerra acabou
Se você quiser.
A guerra acabou,
Agora.

Feliz Natal.

terça-feira, novembro 16, 2010

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Spirits In The Material World’, do Police


Faixa de Ghost In The Machine (1981), o quarto — e penúltimo — álbum do Police [no detalhe], o ótimo reggae de brancoSpirits In The Material World” foi composta em referência ao cenário político britânico da década de 1980 — Sting, o autor, é inglês.

Contudo, a letra da canção aplica-se a qualquer contexto. Inclusive ao Brasil do ano 2010...

Com sua falaciosa “retórica do fracasso”, o suposto “líder” — entre aspas, naturalmente — tenha “aprisionar” e “subjugar” os submissos — e também os ignorantes. A metáfora dos “espíritos no mundo material”, aliás, refere-se justamente a isso: a manipulação da população.

Ou seja, os “espíritos” conseguem ver e ouvir tudo que se passa no “mundo material”. Entretanto, sendo intangíveis, não detém o menor poder de interferência...

O verso final passa uma mensagem... anarquista, digamos assim: “Se é algo que não podemos comprar / deve haver outro jeito...”. Nesse sentido, lembra, curiosamente, “Shoplifters Of The World Unite”, lançada pelos Smiths cinco anos depois.


Spirits In The Material World
(Sting)

There is no political solution
To our troubled evolution
Have no faith in constitution
There is no bloody revolution.

We are spirits in the material world.

Our so-called leaders speak
With words they try to jail you.
They subjugate the meek
But it's the rhetoric of failure.

We are spirits in the material world.

Where does the answer lie?
Living from day to day
If it's something we can't buy
There must be another way.

We are spirits in the material world.


Espíritos no Mundo Material
(Tradução: Tom Neto)

Não há solução política
Para a nossa problemática evolução.
Não há fé na Constituição.
Não há nenhuma revolução sangrenta.

Somos espíritos no mundo material.

Nossos supostos “líderes” falam –
Com palavras, eles tentam lhe aprisionar.
Eles subjugam os submissos
Mas é a retórica do fracasso.

Somos espíritos no mundo material.

Onde repousa a resposta,
Vivendo dia após dia?
Se é algo que não podemos comprar,
Deve haver um outro jeito.

Somos espíritos no mundo material.



Sobre o Anarquismo

O verso final passa uma mensagem... anarquista, digamos assim: ‘Se é algo que não podemos comprar / deve haver um outro jeito...’”



Convencionou-se definir Anarquismo [no detalhe, o símbolo da ideologia] da maneira mais simplista: como “baderna”. Ledo engano.

O Anarquismo prega, na verdade, a total “ausência de governo”. Ou seja, “se hay gobierno, soy contra”. Não confundir, entretanto, com “ausência de ordem”.

É uma filosofia absolutamente utópica, eu sei. Afinal, a sociedade jamais deixará de ter algum tipo de... er, “autoridade”. O que, convenhamos, é uma amostra clara da incompetência dos seres humanos — que sempre precisam que alguém lhes diga o que fazer. Todavia, não deixa de ter... algum sentido...

Se somos todos biologicamente iguais, por que raios alguns têm “poder” sobre a esmagadora maioria? Pensem nisso.