Mostrando postagens com marcador George Michael. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador George Michael. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, dezembro 26, 2016

George Michael (1963 — 2016)


George Michael iniciou sua trajetória musical em 1981, formando o duo Wham! na companhia de Andrew Ridgeley, seu colega de escola. Rapidamente, a dupla se revelou uma usina de compactos de sucesso, como “Everything She Wants”, “Last Christmas”, “I'm Your Man” e, claro, a infecciosa “Wake Me Up Before You Go-Go”. Em 1984, lançou um single solo, a balada “Careless Whispers”, cujo sax inconfundível logo se tornou uma de canções mais emblemáticas.

Dois anos depois, decidiu embarcar em carreira solo, naquela que foi definida pela dupla como “a separação mais amigável da história do pop”. E “quebrou a banca” logo em seu álbum de estreia: com hits como “Father Figure”, “I Want Your Sex”, “One More Try”, “Kissing a Fool” e a faixa-título, Faith [1987] vendeu 25 milhões de cópias em todo o planeta e o colocou no mesmo patamar de mega astros como Madonna, Prince e Michael Jackson.

Evidentemente, a imagem de sex symbol — um misto de James Dean e Elvis Presley — ajudou bastante na empreitada. Contudo, Michael, ciente de sua capacidade — além de cantar, compor e ser um ótimo performer, tocava vários instrumentos e era um produtor de mão cheia —, tinha outros planos.

Em 1991, lançou o seu segundo álbum. Já no título, a mensagem era clara: Listen Without Prejudice (“Ouça sem preconceito”). Nas poucas entrevistas que concedeu no período, frisou que era “um compositor” e que, daquele momento em diante, a música “ficaria em primeiro plano”. A capa [no detalhe] não trazia nenhuma foto ou indicação do artista — apenas uma imagem em preto-e-branco de uma multidão de banhistas. Para completar, Michael se recusou a aparecer nos vídeos de divulgação.

O álbum emplacou dois hits: “Freedom '90” (cujo clipe mostra a jaqueta de couro de Faith entrando em combustão, simbolizando a ruptura com o passado) e “Heal The Pain”, balada acústica a la Paul McCartney (em 2005, ele regravaria a canção com a participação do ex-beatle). Entretanto, apesar de boas faixas como a bossa nova “Cowboys And Angels”, “Waiting For That Day”, “Praying For Time” (que George considerava a sua melhor letra) e “Something To Save”, o trabalho não repetiu, nem de longe, o desempenho de seu antecessor. Resultado: o cantor acusou a Sony de “escravizá-lo” e “não divulgar o disco com deveria”. E acionou judicialmente a companhia para se livrar do contrato. 

No decorrer do processo, Michael ficou fora do mercado fonográfico, lançando apenas o single Don't Let The Sun Go Down On Me (magnífico dueto com Elton John) e o EP ao vivo Five Live (que continha a sua emocionante versão de “Somebody To Love”, gravada em 1992 no Tributo a Freddie Mercury), de 1993. Acabou perdendo a ação, sendo “condenado” a lançar uma coletânea — Ladies & Gentlemen, que chegou às prateleiras somente em 1998, com duas faixas inéditas e dois covers (uma versão estupenda de “As”, de Stevie Wonder, e “I Can't Make You Love Me”, de Joni Mitchell), gravados exclusivamente para o projeto. 

Em 1996, assinou com a gravadora Virgin e editou o seu primeiro álbum de inéditas em meia década. O ótimo Older emplacou hits como “Fast Love”, a irresistível “Spinning The Wheel” e a balada “Jesus To a Child”, dedicada ao seu namorado brasileiro, o estilista Anselmo Feleppa — que conheceu logo após o memorável show no Rock In Rio II —, morto em decorrência do HIV. Mas nada que se comparasse aos seus áureos tempos. Naquele mesmo ano, gravou um bom MTV Unplugged que, embora tenha sido exibido pela emissora, jamais foi lançado oficialmente — provavelmente pelo uso de sequenciadores em um espetáculo que deveria ser... acústico.

Os problemas começam para valer em 1998, quando o artista foi preso por ato obsceno em um banheiro público de Los Angeles. Ele debochou da situação no vídeo de “Outside”, no qual aparece vestido de... policial. O episódio forçou-o a assumir a sua homossexualidade. No ano seguinte, lançou o classudo Songs From The Last Century. Produzido pelo renomado Phil Spector, trazia releituras de Frank Sinatra (“My Baby Just Cares For Me”), Nina Simone (“Wild Is The Wind”), Roberta Flack (“The First Time Ever I Saw Your Face”) e The Police (uma inesperada versão jazzy de “Roxanne”), entre outros.

A partir de então, foram períodos de depressão, internações em clínicas de reabilitação (confessou que fumava cerca de 25 cigarros de maconha por dia, além de consumir álcool, cocaína e crack), acidentes de trânsito e novos escândalos sexuais. George Michael, decididamente, passou a ser citado com mais frequência nos tabloides sensacionalistas ingleses do que nas publicações musicais.  

Editou, em 2004, aquele que viria a ser o seu último disco de inéditas. Patience apresentava um pop sofisticado e gerou o seu derradeiro hit, a ensolarada “Amazing”. Para variar, mais uma polêmica: ao criticar a invasão ao Iraque no irônico vídeo de “Shoot The Dog”, passou a sofrer boicote da imprensa americana de direita. Comemorou os 25 anos de carreira com a caprichada coletânea Twenty Five [2006] e saiu em turnê pela Europa — registrada em Live In London [2009], seu primeiro DVD.

Já em 2014, lançou o seu último trabalho, Symphonica. Gravado ao vivo durante a turnê homônima de 2011/2012 — que foi interrompida durante a passagem pela Suiça, quando uma severa pneumonia quase o matou , chegou às lojas quando o supracitado produtor Phil Spector já havia falecido. No repertório, covers de Terence Trent D'Arby (“Let Her Down Easy”) e do já mencionado Elton John (“Idol”), além de composições próprias como “A Different Corner”, o primeiro single que gravou após o fim do Wham!.

Junto com a notícia de sua morte prematura, aos 53 anos, chega a informação de que, durante anos, George Michael doou, em segredo, milhões de libras a instituições de caridade, cedendo, inclusive, direitos autorais de suas canções. Embora tenha deixado um punhado de sucessos — a despeito de uma discografia bastante reduzida —, fica a triste sensação de que o artista que esbanjava talento se esmerou em “roubar o próprio show”. E que, apesar dos cem milhões (!) de discos vendidos e duas estatuetas do Grammy, poderia ter ido muito, muito mais longe.



Não deixa de ser uma infeliz coincidência que o autor de “Last Christmas” [1984] tenha falecido justamente... no dia de Natal.

sexta-feira, maio 30, 2014

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Magic’, do Coldplay



Altamente infecciosa, “Magic”, primeiro single de Ghost Stories, sexto álbum de estúdio do Coldplay, é o tipo de canção que provavelmente ninguém consegue ouvir apenas uma vez. Afinal, é “amor à primeira audição”.

Com um suave — e convincente — balanço soul (de branco) e bons falsetes do vocalista Chris Martin, a faixa não soaria deslocada em um disco de George Michael, por exemplo. E, além de honrar a tradição britânica de impecáveis melodias pop, já entrou irremediável e instantaneamente para a galeria de hits do quarteto. 



Veja o vídeo oficial de “Magic”, uma singela homenagem ao cinema mudo:


sábado, fevereiro 15, 2014

‘Let Her Down Easy’: o novo single de George Michael


Single digital
Let Her Down Easy (Virgin / EMI)
2014



George Michael divulgou uma prévia de seu CD novo, Symphonica, o primeiro trabalho desde o DVD Live In London, de 2009 — sem considerar três singles, You And I, True Faith e White Light, editados durante esse período.

A versão digital de “Let Her Down Easy”, cover de Terence Trent D'Arby, já se encontra disponível desde ontem no iTunes. Ao lado de alguns de seus sucessos, GM incluirá no álbum regravações de Nina Simone (“Feeling Good”), Rufus Wainwright (“Going To A Town”) e The Police (“Roxanne”), entre outros.

O site oficial de George Michael oferece, para download gratuito, a versão de “Praying For Time”, lançada originalmente em Listen Without Prejudice [1991] — e considerada pelo próprio cantor “a melhor letra que já escreveu”.

Gravado durante a sua turnê 2011/2012, Symphonica será lançado mundialmente no dia 17 de março. 




Veja o (poético) vídeo oficial de “Let Her Down Easy:

sexta-feira, setembro 07, 2012

Cinco anos sem Luciano Pavarotti




O mais famoso dos chamados Três Tenores — os demais são Plácido Domingo e José Carrera, Luciano Pavarotti [no detalhe] eternizou-se por ter popularizado mundialmente a ópera.

Cinco anos após o seu desaparecimento — vítima de câncer no pâncreas, aos 71 anos, em Módena, sua cidade natal , relembremos Pavarotti com quatro colaborações suas com astros do pop mundial.




Em abril de 1998, Pavarotti e Roberto Carlos cantaram juntos “Ave Maria”, de Schubert, uma das mais tocantes melodias que existem. Ao lado do tenor, o Rei, com sua humildade habitual, comentou: “É um privilégio e um atrevimento, mas logicamente uma concessão maravilhosa de Luciano Pavarotti... me deixar cantar uma canção com ele”. Detalhe: próximo do final da canção, o italiano estende a mão para tocar a de RC:





Com Elton John, Pavarotti gravou a belíssima “Live Like Horses”. Reza a lenda que, ao olhar as duas rotundas figuras nas capas do single, Elton, com sua língua ferina, não perdeu a oportunidade de fazer piada, se utilizando do título da canção: “‘Vivem como cavalos’? Comem como cavalos!





“Panis Angelicus” é um cântico católico antiquíssimo, em latim (!), que Luciano Pavarotti regravou, em 1992, em dueto com... Sting. A resenha publicada, à época, no Jornal do Brasil criticou duramente o ex-Police, pela sua “inaptidão para o canto lírico”. Bobagem. Sting é um cantor popular. E a sua coragem, por si só, justifica a empreitada:





E, last but not leastPavarotti registrou, na companhia dos Passengers — leia-se: o projeto Original Soundtracks, de 1995, realizado pelo U2 em parceria com o produtor Brian Eno —, “Miss Sarajevo”. Quatro anos depois, a canção recebeu uma versão de George Michael:


sexta-feira, agosto 03, 2012

‘White Light’: o novo single de George Michael




O período em que George Michael [foto] esteve internado em um hospital de Viena, Áustria — vítima de uma pneumonia que quase o matou — acabou rendendo um single.

Os versos de “White Light”, a faixa em questão, aludem claramente à enfermidade do cantor, que não esconde a felicidade de não se deparar com “a luz branca” do fim. E agradece a quem rezou por ele. 

O vídeo, que não economiza na produção — GM, por sinal, costuma caprichar nos seus clipes —, tem a participação da top model Kate Moss. E a letra de “White Light” soa sincera. Mas a verdade é que, em priscas eras, George Michael já escreveu canções bem melhores...




quarta-feira, novembro 09, 2011

‘Symphonica’, a nova turnê de George Michael



Ao anunciar, em 2006, a turnê 25 Live — devidamente registrada no (ótimo) DVD Live In London —, na qual comemorou um quarto de século de carreira, George Michael [no detalhe] afirmou que aquela “provavelmente seria a última vez” em que ele estaria na estrada.

Bem, se isso foi uma jogada de marketing ou se ele realmente mudou de ideia... jamais saberemos. O fato é que, ao contrário do que se imaginava, o artista encontra-se em turnê pela Europa. Com 64 datas agendadas até o final do ano — já tendo realizado 39 shows —, GM tem percorrido o Velho Continente, acompanhado por uma orquestra de 41 elementos. Sintomaticamente, a turnê chama-se... Symphonica.

No roteiro, George preferiu ignorar hits como “Father Figure”, “Faith”, “One More Try” e “Careless Whispers”. As poucas “concessões” são “I'm Your Man” (do repertório do Wham!), “Kissing A Fool” e “Freedom '90”. Das 26 canções do espetáculo, apenas treze são de sua autoria: a outra metade é composta por covers de Stevie Wonder, Amy Winehouse, Nina Simone, The Police e New Order, entre outros. “Where I Hope You Are” é a única inédita.


Confira o setlist de Symphonica:

* “Through” [de Patience, 2004]
* “My Baby Just Cares For Me” [cover de Nina Simone, gravada por George em Songs From The Last Century, 2000]
* “Cowboys & Angels” [de Listen Without Prejudice, 1991]
* “True Faith” [cover do New Order]
* “Let Her Down Easy” [cover de Terence Trent D'Arby]
* “Kissing A Fool” [de Faith, 1987]
* “Going To A Town” [cover de Rufus Wainwright]
* “Roxanne” [cover do Police, incluída no repertório de Songs From The Last Century, 2000]
* “It Doesn't Really Matter” [de Older, 1996]
* “Brother Can You Spare A Dime?” [de Songs From The Last Century, 2000]
* “Patience” [de Patience, 2004]
* “John & Elvis Are Dead” [de Patience, 2004]
* “Russian Roulette” [cover de Rihanna]
* “You Have Been Loved” [de Older, 1996]
* “You've Changed” [de Songs From The Last Century, 2000]
* “Love Is A Losing Game” [cover de Amy Winehouse]
* “Where I Hope You Are” [inédita]
* “Praying For Time” [de Listen Without Prejudice, 1991]
* “Wild Is The Wind” [de Songs From The Last Century, 2000]
* “A Different Corner” [primeiro single solo de George Michael, lançado em 1986]
* “Feeling Good” [mais um cover de Nina Simone]
* “You And I” [cover de Stevie Wonder]
* “Amazing” [de Patience, 2004]
* “I'm Your Man” [lançada em single pelo Wham!, em 1985]
* “Freedom '90” [de Listen Without Prejudice, 1991]
* “I Remember You” [de Songs From The Last Century, 2000]

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Love Is a Losing Game’, com George Michael

Em seu novo show, Symphonica, George Michael presta uma homenagem à sua compatriota Amy Winehouse [no detalhe], falecida em agosto desse ano. Do repertório do (ótimo) Back To Black, segundo — e derradeiro — trabalho de Amy, George relê a belíssima “Love Is a Losing Game”, provavelmente a faixa mais intensa do álbum.

A cada apresentação, “Love Is a Losing Game” é sempre precedida de um comentário do cantor, que revela, em cena, ter se separado há dois anos e meio:

— Minha vida amorosa, nos últimos vinte anos, tem sido bem mais turbulenta do que tenho deixado transparecer nas minhas canções.



Veja o vídeo da versão de George Michael para “Love Is A Losing Game”, extraída de sua apresentação do dia 22 de agosto em Praga, na República Tcheca




E veja também o vídeo da (estupenda) versão original, com Amy Winehouse:

segunda-feira, novembro 07, 2011

George Michael: o fã de Stevie Wonder



Ao longo de sua carreira, George Michael [no detalhe] já recorreu várias vezes ao repertório de Stevie Wonder — que, por sinal, é um dos ídolos do ex-Wham!. 

A primeira vez foi em 1991, no álbum Listen Without Prejudice, quando fez um registro digno da pungente “They Won't Go When I Go”, originalmente lançada no álbum Fulfillingness' First Finale, de 1974. Na ocasião, o artista declarou:

— Fiquei bastante satisfeito com o resultado final desta faixa. Afinal, deu muito trabalho...




Naquele mesmo ano, Michael incluiu no lado B do single Don't Let The Sun Go Down On Me — o (bem-sucedido) dueto com Elton John — uma gravação ao vivo de “I Believe (When I Fall In Love It Will Be Forever)”, do clássico Talking Book, 1972 




Três anos antes, entretanto, George já havia incluído “Too Shy To Say”, também do álbum Fulfillness' First Finale, no repertório de sua Faith Tour:




Também em 1988, no show em homenagem ao aniversário de 70 anos de Nelson Mandela, GM cantou “Village Ghetto Land”, originalmente lançada no essencial Songs In The Key Of Life, de 1976; 




No Concert For Hope, realizado em 1993, Michael fez uma releitura de “Love's In Need Of Love Today”, a faixa que abre o já mencionado Songs In The Key Of Life, na companhia do próprio Stevie Wonder.




Em 1997, em um concerto promovido pelo canal VH-1, George cantou “Living For The City”, novamente acompanhado pelo ilustre autor da canção:




Em 1998, na compilação dupla Ladies & Gentlemen — The Best Of George Michael, o cantor regravou, na companhia da americana Mary J. Blige, a belíssima “As”, também de Songs In The Key Of Life. E, cá para nós: sua (elegante) versão não deve absolutamente nada à do mestre — pronto, falei.




Em 2006, o artista voltou a cantar uma faixa de Songs In The Key Of Life — ele deve gostar bastante desse disco: “Knocks Me Off My Feet” fez parte dos primeiros shows da turnê 25 Live. Contudo, por algum motivo, a faixa acabou posteriormente sendo excluída do roteiro.




Por fim, em abril deste ano George disponibilizou em seu site, para download gratuito, uma versão de “You And I”, do supracitado Talking Book. Na ocasião, o cantor ofereceu a faixa como um “presente de casamento” ao príncipe William e Kate Middleton [saiba mais aqui]: 

terça-feira, abril 26, 2011

O ‘presente de casamento’ de George Michael

                             

George Michael [foto] declarou que sua intenção era oferecer um “presente de casamento” ao príncipe William e à sua futura esposa, Kate Middleton — cujo enlace ocorre na próxima sexta-feira, 29. Os presenteados, entretanto, foram os fãs do cantor inglês.

Em homenagem aos noivos, George regravou a pérola “You And I (We Can Conquer The World)” de Stevie Wonder, originalmente lançada no clássico Talking Book, de 1972. E, de quebra, criou um hot site para disponibilizar a faixa para download gratuito.

Contudo, o “presente” de George Michael acabou gerando (para variar) alguma contrevérsia. Houve quem interpretasse o gesto de Michael — que, mesmo tendo sido amigo de Lady Di, mãe do noivo, não foi convidado para a cerimônia — como uma forma de “se promover”.

O motivo: o artista encontra-se atualmente em estúdio, finalizando um álbum de inéditas a ser editado ainda este ano, o primeiro desde o mediano Patience, de 2004 (!). E, um mês antes de “You And I”, soltou um novo single: um surpreendente cover de “True Faith” do New Order.



Ouça ‘You And I (We Can Conquer The World)’, com George Michael:

George Michael grava New Order

‘...soltou um novo single: um surpreendente cover de True Faith do (extinto?) New Order...’




Lançada inicialmente em um single em 1987, “True Faith” é um típico fruto do (extinto?) New Order [foto]: (bela) letra melancólica/existencialista, acompanhada de batida eletrônica.

George Michael, no entanto, optou por desfigurar a canção: excluiu toda e qualquer característica dançante, e adicionou vocoder em sua voz. Deu certo.

Mas os fãs da banda de Manchester podem estranhar o clima... hum, sombrio...



Ouça a gravação original de ‘True Faith’, com o New Order...





...e veja o vídeo da versão de George Michael:


sexta-feira, setembro 10, 2010

George Michael: ‘rehab’


Após inúmeros problemas com lei – causados pelo seu envolvimento com entorpecentes – George Michael [no detalhe], 47 anos, decidiu entrar em uma clínica de reabilitação, onde permanecerá por duas semanas.

Em seu site oficial, o autor de “Faith” deixou uma mensagem na qual pede desculpas aos seus fãs:

— Agora entendi a gravidade da minha situação com as drogas e peço perdão por ter chegado tão longe.

Mais magro, envelhecido e com um corte de cabelo mais curto do que nunca, o artista compareceu, no dia 24 de agosto, ao Tribunal de Londres. Diante dos magistrados, admitiu estar sob influência de maconha quando bateu seu carro contra uma loja na zona norte de capital inglesa, em julho.

GM teve a sua carteira de motorista suspensa por seis meses, enquanto aguarda o julgamento, previsto para este mês. Se condenado, a pena de George pode ser a prisão.

Nos últimos anos, George Michael, lamentavelmente, tem sido notícia mais frequente nas colunas de fofoca do que nos cadernos culturais. Seu mais recente trabalho, o (ótimo) DVD Live In London foi lançado há menos de um ano.



Post-Scriptum em 05/10/10
: George Michael acabou condenado a oito semanas de prisão. Segundo o tabloide (sensacionalista) britânico The Sun, o cantor chorou muito em sua primeira noite atrás das grades, e só tem conseguido dormir à base de medicamentos. Entretanto, a Justiça pode reduzir a pena de George pela metade, caso o artista concorde em se internar em uma clínica de reabilitação.



Veja o vídeo da canção citada no título deste post, “Rehab”, de Amy Winehouse:


terça-feira, abril 13, 2010

George Michael: o (quase) Rei do Pop


DVD
Live In London (Sony Music)
2010



Em seu primeiro DVD, cantor mostra que poderia ter ido ainda mais longe – se não fossem os percalços

Em 1987, ao lançar Faith, seu primeiro álbum após o fim do duo Wham!, George Michael simplesmente quebrou tudo. Vendeu quinze milhões de cópias e gerou singles de sucesso como “I Want Your Sex”, “Kissing a Fool” e a faixa-título, entre outros. Foi, provavelmente, a mais séria ameaça ao reinado pop de Michael Jackson. George, entretanto, tinha outros planos para seu segundo disco solo.

Lançado em 1990, Listen Without Prejudice, é um trabalho introspectivo, no qual o artista tentou se desvencilhar da imagem de sex symbol. Tal “insolência” causou insatisfação na sua então gravadora, a Sony Music, e uma ação judicial que deixou o cantor “na geladeira” durante seis anos. Somem-se a isso os recentes escândalos (homos)sexuais, e pode-se ter uma ideia do quão... er, turbulenta tem sido a trajetória de GM.

De modo que o seu primeiro DVD, o duplo Live In London, também disponível em blu-ray – mas não em CD –, acaba colocando as coisas “nos seus devidos lugares”. Gravado nos dias 24 e 25 de agosto de 2008 (!), o espetáculo fez parte da turnê 25 Live – anunciada como a última de sua carreira –, que promoveu a coletênea Twenty Five.

Na arena londrina de Earls Court absolutamente lotada, George Michael, acompanhado de um impecável aparato de som, luzes e telões, resumiu a sua discografia de maneira generosa. E o show começa o pé direito, com a bela “Waiting (Reprise)”: a canção (“Há um caminho de volta para todo homem / Por isso estou aqui (...) / Será tarde demais para tentar de novo? / Aqui estou eu”) é entoada em off até o último verso, quando o cantor faz a sua entrada triunfal.

O repertório incluiu desde hits do Wham! – como “Everything She Wants”, “I'm Your Man” e até o seu maior êxito, a renegada “Careless Whispers”, que ele recusou-se a cantar ao vivo durante anos – até os seus sucessos solo – como “Freedom '90” e “Fastlove”. E não esqueceu (boas) faixas recentes como “Amazing”, “Flawless (Go To The City)” e “My Mother Had a Brother”, que fala sobre o tio de George – também gay –, que suicidou-se exatamente no dia em que ele nasceu.


Em ‘Shoot The Dog’, o momento polêmico do show

Um tanto distante da imagem de galã – não ostenta mais o topete de vinte anos atrás –, George Michael ainda é um grande artista em cima de um palco. Experiente – tinha 45 anos na ocasião da gravação –, teve astúcia para alternar números dançantes, como “Too Funky” e “Outside” – na qual, a exemplo do debochado clipe, vestiu-se de policial –, com momentos mais suaves, como as tristonhas “A Different Corner”, seu primeiro single solo, e “You Have Been Loved”, que mostra no telão imagens de pessoas próximas ao cantor que já faleceram.

Como intérprete, ainda mostra grande competência. Mas claramente passou a evitar os falsetes – outrora uma de suas marcas registradas...

Destaque para a lânguida “Father Figure”, a arrepiante versão gospel de “One More Try” – que já havia sido lançada como lado B de um single em 1996 – e uma versão demolidora de “Spinning The Wheel”, que não deixou pedra sobre pedra. Em “Shoot The Dog”, o momento polêmico do show: um cachorro inflável “vestido” com as cores da bandeira do Reino Unido parece fazer sexo oral em um enorme boneco (igualmente inflável) de George W. Bush...

No DVD 2, há o documentário I'd Know Him a Mile Off, que mostra os bastidores da turnê, além de três faixas bônus: “Precious Box”, “Jesus To A Child” e “First Time Ever”.

Em suma, Live In London é um excelente DVD de um autor pop – digam o que disserem – do calibre de um Elton John. E que faz pensar aonde George Michael poderia ter chegado, se não fossem os... tropeços. Para coroar sua “volta por cima”, falta apenas um álbum de inéditas, o primeiro desde Patience, de 2004. Mas, talvez, isso seja pedir demais...



Veja os vídeos de “A Different Corner”...



...da versão “gospel” de “One More Try”...



...de “Father Figure”...




...e de “Spinning The Wheel:

terça-feira, março 30, 2010

Da série ‘Discos para se Ter em Casa’: ‘Songs From The Last Century’, de George Michael


CD
Songs From The Last Century (Virgin)
1999


Na virada do século, cantor arriscou-se em um repertório de ‘standards’. E saiu-se muito bem

Em 1999, George Michael decidiu “se presentear” com um projeto especial: um disco de crooner. E não fez por menos: no repertório de Songs From The Last Century, o cantor inglês reúne, em sua maioria, imorredouros standards norte-americanos. E o que poderia resultar em um desastroso “turismo aprendiz”, acabou rendendo um CD classudo, com um indisfarçável acento jazzístico.

Cantando simplesmente o fino na ocasião, GM não se intimidou diante do risco de reler faixas eternizadas por monstros sagrados como Frank Sinatra e Nina Simone. Aventurou-se, inclusive, em arranjos de big band, como é o caso de “My Baby Just Cares For Me”, “Secret Love” e “Brother Can You Spare A Dime?”. E saiu-se muito bem.

Songs From The Last Century foi produzido pelo experiente Phil Ramone, que já pilotou álbuns de artistas do calibre de Ray Charles, Quincy Jones, Bob Dylan e do já mencionado Sinatra, entre outros. E, com ele, era clara a intenção de George Michael de se distanciar ainda mais da imagem do rebolativo cantor de “Faith”.

Como recomendou o próprio George, no título de seu segundo álbum solo, de 1990: ouça sem preconceito.

‘Brother Can You Spare A Dime?’, ‘Roxanne’ e ‘You've Changed’

Brother Can You Spare A Dime?

Brother Can You Spare A Dime?”, escrita em 1931, foi uma das mais conhecidas canções americanas do período conhecido como “Grande Depressão”, que atingiu o planeta durante a década de 1930.

A letra mostra a visão de um operário que, através de seu trabalho, ajuda a trazer o progresso, mas não usufrui dele: “Certa vez, construí uma ferrovia / fiz com que ela seguisse / fiz com que ela corresse contra o tempo. / Certa vez, construí uma ferrovia / e, agora, ela está feita. / Amigo, pode me arranjar dez centavos?

Bing Crosby, Tom Waits, Barbra Streisand e Tom Jones são alguns dos artistas que já gravaram esta faixa.




Roxanne

Roxanne”, do Police [foto], foi vestida por George Michael com uma roupagem cool jazz. Chet Baker ficaria orgulhoso.

A estória do indivíduo que se apaixona por uma profissional do sexo – e tenta demovê-la da ideia de prosseguir neste ofício – ganhou elegância.

Inclusive, o próprio Sting, autor de “Roxanne”, regravou a canção em seu CD ao vivo ...All This Time, de 2001 – ou seja, dois anos depois de Songs... –, com um arranjo intimista, que, em dado momento, assemelha-se bastante com o de GM [saiba mais aqui].

Curiosidade: no início do vídeo da canção – que pode ser visto logo abaixo –, há a informação que as gravações foram realizadas no bairro de Red Light, em Amsterdã, Holanda, famoso pelo sex trade. E que as pessoas envolvidas na filmagem não eram... er, atores...

Nos créditos, a notícia (verdadeira?) de que a protagonista do clip, Franciska – cujo nome “de guerra” é justamente... “Roxanne” – abandonara as ruas...




You've Changed

You've Changed” foi composta em 1941 e recebeu mais de trinta (!) gravações, de nomes que vão de Nat King Cole a Sarah Vaughan, passando por Marvin Gaye, Joni Mitchell e Diana Ross.

A versão mais conhecida, entretanto, é a de Billie Holliday, de 1958. “Você mudou / Você esqueceu as palavras ‘eu te amo’ / E cada memória que partilhamos / (...) Você não é mais o anjo que um dia conheci”, lamenta a desencantada letra.

‘My Baby Just Cares For Me’, ‘The First Time Ever I Saw Your Face’ e ‘Miss Sarajevo’

My Baby Just Cares For Me

Embora já tenha sido gravada por Mel Tormé, pelo supracitado Nat King Cole e até por Cyndi Lauper (!), a versão mais famosa de “My Baby Just Cares For Me” é a de Nina Simone, de 1958.

Em sua gravação, George Michael deixa no ar uma conotação... er, ambígua: no verso “Liz Taylor não faz o estilo dele / e nem o sorriso de Lana Turner”, troca o nome de Turner pelo de... Ricky Martin...




The First Time Ever I Saw Your Face

The First Time Ever I Saw Your Face” foi composta em 1957. A gravação mais bem sucedida é a de Robert Flack, de 1969: “A primeira vez em que vi o seu rosto / Pensei que o sol raiou em seus olhos. / A lua e as estrelas foram os presentes que você deu/ aos céus escuros e vazios”.

A (ótima) versão de George é provavelmente o momento mais tocante do álbum.




Miss Sarajevo


Miss Sarajevo” foi lançada pelo U2, na companhia do finado Luciano Pavarotti [no detalhe], no projeto especial Passengers: Original Soundtrack I, de 1995. A correta gravação de GM nada acrescenta à colaboração do grupo irlandês com o tenor italiano – embora tenha obtido relativo sucesso radiofônico.
O clipe mistura imagens de belas misses misturadas a cenas de guerra na capital da Bósnia.

‘I Remember You’, ‘Secret Love’ e ‘Wild Is The Wind’

I Remember You

Em 2011, “I Remember You” completará, pasmem, 70 anos de idade (!) – foi composta em 1941. De lá para cá, recebeu inúmeras versões, como a de Ella Fitzgerald e, mais recentemente, da supracitada Diana Krall.

George Michael optou por gravá-la de maneira suave, acompanhado apenas por uma harpa. Ficou bonito.




Secret Love

Escrita em 1953, “Secret Love” foi lançada em single por Doris Day naquele mesmo ano. Desde então, foi gravada por mais de uma dezena de artistas – entre eles, a canadense k. d. lang e Frank Sinatra.

Ao som de metais em brasa para Tony Bennett nenhum colocar defeito, George Michael... brilha. “Certa vez, tive um amor secreto / que vivia dentro de meu coração”, suspiram os ingênuos versos.

Em 1995, “Secret Love” recebeu uma versão em português de Dudu Falcão, chamada “Um Segredo e um Amor”, que foi registrada por Jorge Vercillo para a trilha da novela Cara e Coroa.




Wild Is The Wind

A primeira gravação de “Wild Is The Wind” foi de Johnny Mathis, em 1957, para a trilha sonora do filme homônimo. Em 1966, recebeu uma versão de Nina Simone, considerada a mais bem-sucedida.

A letra é pura paixão: “Você me toca – ouço o som de bandolins / Você me beija – com seu beijo, minha vida começa”.

Curiosidade: David Bowie [foto], fã de Nina, encontrou-se casualmente com a cantora em Los Angeles, na década de 1970. Desse encontro, o cantor inglês teve a ideia de regravar “Wild Is The Wind”. Sua (boa) releitura aparece no álbum Station to Station, de 1976.