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sexta-feira, agosto 04, 2017

Da série ‘Causos’: Luiz Melodia (1951 – 2017)


Sempre nutri grande respeito pelo trabalho de Luiz Melodia, falecido hoje, aos 66 anos. Em mais de quatro décadas de carreira discográfica, foi o autor de canções importantes da música brasileira como “Estácio Holly Estácio”, “Magrelinha”, “Juventude Transviada” e, claro, “Pérola Negra” (sucesso na voz de Gal Costa), entre outras. Mas a grande verdade é que, como pessoa, Melodia, infelizmente, não me deixa boas recordações.

Há cerca de dez anos, dirigi-me a um luthier situado na Praça Tiradentes, Centro do Rio, para pedir uma informação. Após subir a enorme escadaria do antigo sobrado, aproximei-me do balcão para esperar o atendimento. De imediato, notei que o homem alto e magro à minha esquerda, acompanhado presumivelmente da esposa, lançou um olhar para mim: era Melodia. 

Sorridente, cumprimentei-o em voz baixa: “Luiz Melodia, boa tarde”. Por alguma razão que até hoje não consigo compreender, ele sentiu-se, pasmem, desconfortável com o cumprimento. E, para meu espanto, colocou-se à esquerda da jovem senhora que o acompanhava, no intuito de se afastar.

Desapontado, esperei que um funcionário do estabelecimento me atendesse, tirei a dúvida que precisava, agradeci e me retirei. Assim que virei as costas, percebi que Melodia me observava. Mas não olhei para ele novamente.

Enquanto caminhava, lembrei de uma entrevista que o cantor concedeu, em 1996, ao Barão Vermelho, na extinta revista Bizz. Na ocasião, a banda carioca havia acabado de lançar Álbum, com regravações de Ângela Rô Rô (“Amor, Meu Grande Amor”), Gang 90 (“Perdidos na Selva”) e do próprio Melodia (“Vale Quanto Pesa”), entre outros. Em um determinado trecho da conversa, ele disparou: “Sempre digo para os artistas que me regravam que pego o CD deles e ouço só a minha música”. Após o lamentável episódio do luthier, concluí que ele provavelmente não estava brincando com o grupo.

Neste dia, reforcei a minha convicção de que, como seres humanos, artistas podem ser muito diferentes da imagem pública que constroem. E, com a minha dificuldade em “separar a pessoa Física da Jurídica”, confesso que, desde então, nunca mais consegui ouvir um disco dele.

Todavia, apesar de tudo, lamento sinceramente a sua partida. Descanse em paz.


segunda-feira, março 15, 2010

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Noite e Dia’, de Lobão e Júlio Barroso


Noite e Dia” é uma das mais belas canções de Lobão. Parceria deste com Júlio Barroso, foi lançada por Marina Lima [foto], no álbum Desta Vida, Desta Arte, de 1982. Nesta época, aliás, o Grande Lobo era baterista da cantora.

No ano seguinte, foi gravada pela Gang 90 – da qual o coautor da faixa, Júlio Barroso, era líder – e, em 1986, pelo próprio Lobão, em O Rock Errou.

Exatamente uma década depois, foi revista por Paulo Ricardo, no CD Rock Popular Brasileiro. Recentemente, foi regravada pelo próprio Lobão em seu Acústico MTV, de 2007.


Veja o vídeo da... er, “curiosa” história da criação de “Noite e Dia...






...e ouça a canção propriamente dita:

Júlio Barroso: a promessa não-cumprida do rock nacional

O disc-jockey, poeta e jornalista carioca Júlio Barroso [foto] foi, sem dúvida, a grande promessa não-cumprida do rock nacional.

Gravou, em 1983, um único disco com à frente da Gang 90, Essa Tal de Gang 90 & as Absurdettes, com o qual emplacou três hits: a ótima “Nosso Louco Amor” (tema da novela Louco Amor, de Gilberto Braga, exibida naquele mesmo ano), “Perdidos na Selva”* (regravada, com sucesso, pelo Barão Vermelho, em 1996), e “Telefone” (que recebeu, em 1999, uma versão do Ira!, com participação de Fernanda Takai).

Barroso morreu no dia 06 de julho de 1984, aos 30 anos, ao cair da janela de seu apartamento – no 11º andar –, em São Paulo, em circunstâncias não esclarecidas até hoje. Fica a certeza de que seria um ídolo da envergadura de Renato Russo, Cazuza e Lobão, se a vida não tivesse lhe escapado tão precocemente.



* Curiosidade: “Perdidos na Selva” é uma parceria de Julio Barroso com... Guilherme Arantes. Entretanto, o festival MPB Shell não permitia que um autor concorresse com duas canções. Sendo assim, Arantes, que na edição de 1981 já defendia “Planeta Água” – que terminou na segunda colocação –, abriu mão da autoria de “Perdidos na Selva”.



Veja os vídeos de “Telefone...



...“Nosso Louco Amor...




...e “Perdidos na Selva.