terça-feira, abril 26, 2011

O ‘presente de casamento’ de George Michael

                             

George Michael [foto] declarou que sua intenção era oferecer um “presente de casamento” ao príncipe William e à sua futura esposa, Kate Middleton — cujo enlace ocorre na próxima sexta-feira, 29. Os presenteados, entretanto, foram os fãs do cantor inglês.

Em homenagem aos noivos, George regravou a pérola “You And I (We Can Conquer The World)” de Stevie Wonder, originalmente lançada no clássico Talking Book, de 1972. E, de quebra, criou um hot site para disponibilizar a faixa para download gratuito.

Contudo, o “presente” de George Michael acabou gerando (para variar) alguma contrevérsia. Houve quem interpretasse o gesto de Michael — que, mesmo tendo sido amigo de Lady Di, mãe do noivo, não foi convidado para a cerimônia — como uma forma de “se promover”.

O motivo: o artista encontra-se atualmente em estúdio, finalizando um álbum de inéditas a ser editado ainda este ano, o primeiro desde o mediano Patience, de 2004 (!). E, um mês antes de “You And I”, soltou um novo single: um surpreendente cover de “True Faith” do New Order.



Ouça ‘You And I (We Can Conquer The World)’, com George Michael:

George Michael grava New Order

‘...soltou um novo single: um surpreendente cover de True Faith do (extinto?) New Order...’




Lançada inicialmente em um single em 1987, “True Faith” é um típico fruto do (extinto?) New Order [foto]: (bela) letra melancólica/existencialista, acompanhada de batida eletrônica.

George Michael, no entanto, optou por desfigurar a canção: excluiu toda e qualquer característica dançante, e adicionou vocoder em sua voz. Deu certo.

Mas os fãs da banda de Manchester podem estranhar o clima... hum, sombrio...



Ouça a gravação original de ‘True Faith’, com o New Order...





...e veja o vídeo da versão de George Michael:


terça-feira, abril 19, 2011

Roberto Carlos: 70 anos

                           

Do alto de meio século de uma carreira singular, Roberto Carlos [foto] tem muitos motivos pelos quais se orgulhar. Goste-se ou não dele, nenhum outro artista brasileiro possui números tão superlativos — na América Latina, vendeu mais até do que, pasmem... os Beatles (!).

Além de intérprete notável, RC é um compositor que, com a simplicidade de suas palavras, consegue tocar o coração de pessoas de todas as faixas etárias, de todas as classes sociais. Seja falando de amor ou de fé, o autor de “Emoções” é, sem sombra de dúvida, a voz do Brasil.

E, a exemplo de milhões de brasileiros, as canções de Roberto se entrelaçam com a história de minha vida. E isso vem desde a infância, nas celebrações do Natal na companhia de meus familiares — alguns, por sinal, já não estão vivos —, quando a trilha sonora sempre foi o seu novo álbum.

Sendo assim, não me constranjo em declarar a enorme admiração e sincero respeito que nutro por este homem. No meu íntimo, é como se RC fosse uma pessoa próxima, um amigo muito querido. E, de fato, sua música tem estado a meu lado durante todos esses anos.

Hoje, 19 de abril de 2011, Roberto completa 70 anos de idade. Fico feliz por ele estar vivo. Com saúde. E em plena atividade. Não sucumbiu diante de todos os momentos tristes que atravessou — e continua atravessando. Como disse (sabiamente) Caetano Veloso, “uma força” o leva a cantar. Somos privilegiados por ouvi-lo.

Em suma, Roberto Carlos é o Rei. De fato e de direito. Vida longa ao Rei.

terça-feira, abril 12, 2011

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Contos da Lua Vaga’, de Beto Guedes


“...a maldade já vimos demais...”





Existem determinados instantes — alegres ou tristes — em que... nos faltam as palavras. Por sorte, precisamente nestes momentos, temos... a música.

Para que, através dela, possamos nos compreender. Nos expressar. Ou, para que, por meio dela, consigamos... nos consolar. É clichê, porém verdadeiro: sempre existirá uma canção que caberá como uma luva na nossa emoção — seja ela qual for.

Não há muito mais a ser dito sobre a barbárie de Realengo. Só nos resta lamentar. Profundamente. Pelas vidas ceifadas. Pelos familiares e amigos que agora choram. E também pelas crianças que sobreviveram — que muito provavelmente carregarão, até o fim de seus dias, o trauma de toda aquela violência.

E é justamente em instantes como este que a música entra em cena. Para nos... traduzir. E nos... confortar.



“...iremos passar,
mas não podemos nunca esquecer de mais alguém que vem.
Simples inocentes a nos julgar perdidos:
as iluminadas crianças, herdeiras do chão —
solo plantado...

Não as ruínas de um caos...”



P. S.: A tocante “Contos da Lua Vaga”, de Beto Guedes e Márcio Borges, foi a faixa-título do álbum que o músico mineiro lançou em 1981. O título foi inspirado no homônimo filme japonês, dirigido por Kenji Mizoguchi em 1953.




Massacre de Realengo: o futebol de luto


Na partida entre Flamengo e Botafogo, realizada no domingo, 10 de abril, no Engenhão, o massacre de Realengo não deixou de ser lembrado.

Os atletas do time da casa, em sinal de luto, entraram em campo de camisas pretas. E, pouco antes do apito inicial, as duas equipes [acima, em foto de Alexandre Cassiano, da Agência O Globo] fizeram, em homenagem às vítimas da tragédia, um minuto de silêncio — que, surpreendentemente, foi respeitado pelo público presente ao estádio. Uma cena impressionante.

Até mesmo experientes profissionais da narração esportiva confessaram a sua comoção diante daquela... consternação coletiva.

Igualmente louvável foi a atitude do Corinthians [abaixo, em foto de Marcos Ribolli, do GloboEsporte.com]. Contra o São Caetano, no Pacaembu, todos os titulares do clube paulista atuaram com os nomes das crianças assassinadas impressos na parte de trás de suas camisas.

Com gestos assim, o futebol mostra que pode, sim, ser um instrumento de paz e solidariedade. Nem tudo está perdido.


Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Sementes do Amanhã’, com Erasmo Carlos

Em Buraco Negro, seu álbum de 1984, Erasmo Carlos [foto] gravou a bela “Sementes do Amanhã”.

Composta pelo saudoso Gonzaguinha, a faixa também foi registrada pelo autor naquele mesmo ano em Grávido, porém com o título de “Nunca Pare de Sonhar”. A gravação de Erasmo — impecável, diga-se de passagem — integrou também a trilha sonora da novela global Livre para Voar.

Na semana passada, doze “sementes do amanhã” foram perdidas diante de uma mente doentia e perversa. Mas que esta tragédia não faça que percamos... a fé. A“fé na vida”. A “fé no homem”. E muito menos a “fé no que virá”.

Afinal, como diz a canção, apesar de todos os pesares, “nós podemos tudo”. Decididamente, “nós podemos mais”.