segunda-feira, janeiro 26, 2009

Paul McCartney: mais para ‘incendiário’ do que para ‘bombeiro’

CD
Electric Arguments (ATO, importado)
2008


No terceiro álbum do projeto The Fireman, ex-Beatle surpreende pela ousadia e inspiração

Prestes a completar 67 anos de idade, Sir Paul McCartney, autor de algumas das mais belas canções do mundo, poderia muito bem se acomodar como um magnata do pop. Mas não. Inquieto, o ex-Beatle ainda se dá ao luxo de editar (ótimos) CDs com material inédito – como os recentes Chaos And Creation In The Backyard, de 2005, e Memory Almost Full, de 2007 –, e se aventurar em turnês mundiais.

Além disso, Macca mantém um projeto paralelo de ambient music com o produtor Youth – ex-membro do Killing Joke e eventual colaborador do The Orb –, chamado The Fireman. A parceria já rendeu dois álbuns: Strawberries Oceans Ships Forest (1993) e Rushes (1998). No finalzinho de 2008, chegou às prateleiras o terceiro trabalho da dupla: Electric Arguments.

A diferença deste para os anteriores é clara: enquanto seus antecessores apostavam em uma estética absolutamente experimental, Electric Arguments – mesmo tendo seus momentos experimentais, é bom frisar –, é o que mais se aproxima do que poderíamos definir como “um disco de Paul McCartney”. Ainda que bem modernoso...

A faixa de abertura, o blues lisérgicoNothing Too Much Just Out Of Sight”, primeiro single de trabalho, pode (e vai) assustar os fãs mais conservadores, com seus vocais ensandecidos que parecem ter sido gravados em um manicômio. Mas, daí por diante, o repertório traz, na acepção da palavra, canções com o padrão McCartney de qualidade.

Two Magpies”, delicioso jazz tipo fim-de-noite, lembra “Baby's Request” (de Back To The Egg, dos Wings) e “Honey Pie” (do chamado Álbum Branco, dos Beatles). Já a etérea “Traveling Light”, com seu clima floydiano, possui o registro vocal mais grave e sombrio que Macca já gravou em toda a sua extensa carreira.

A bem da verdade, a faceta The Fireman só aparece com mais nitidez nas últimas três faixas do álbum, “Lovers In A Dream”, “Universal Here, Everlasting Now” e a ótima “Don't Stop Running” (simplesmente de cair o queixo).

Contudo, o melhor momento do álbum, decididamente, é “Sing The Changes”, pop grandiloquente e emocionante que funcionaria maravilhosamente ao vivo. Tanto que já ganhou até videoclip.

Em linhas gerais, se Electric Arguments não fosse, por si só, um disco muito bom, já valeria pela ousadia. Curioso é constatar que, até os dias de hoje, ainda há quem pense que foi John Lennon, e não Paul McCartney – para quem não sabe, o criador do conceito de Sgt. Peppers', por exemplo -, o grande revolucionário dos Beatles...




Veja o vídeo de “Sing The Changes:




City, o ‘novo rico’ de Manchester

(...) É provável que a carreira dos dois ilustres torcedores do Manchester City se beneficie bastante desse disco. (...)

(“Oasis: Grata Surpresa”, International Magazine nº 147, dezembro de 2008)


Com apenas dois títulos ingleses (das temporadas 1936/37 e 1967/68) em toda a sua história, o Manchester City sempre foi considerado o “primo pobre” do Manchester United. Mas isso até o ano passado, quando o Abu Dhabi United Group comprou o clube, que passou a ser o mais rico do mundo - assim, da noite para o dia.

O xeque Sulaiman Al-Fahim, dono do Abu Dhabi – e, obviamente, também do Manchester City -, é proprietário de uma das maiores refinarias de petróleo dos Emirados Árabes. A fortuna desse cidadão está avaliada em mais de um trilhão de dólares – algo em torno de dois trilhões e meio (!) de reais.

Em agosto, o City conseguiu contratar o atacante Robinho, ex-Santos e Real Madrid. E, há cerca de quinze dias, fez uma proposta de 243 milhões de libras (cerca de 840 milhões de reais) para que Kaká também assinasse com os Sky Blues. O craque milanista, entretanto, não aceitou a oferta.

É claro que Noel Gallagher, bem ao seu estilo, não poderia deixar de comentar a compra do City pelo xeque Al-Fahim:

- Sempre achei que 40 anos de fidelidade seriam recompensados de alguma forma. Sempre soube que chegaria o dia em que superaríamos todos os adversários. Mas devo admitir que não imaginei que aconteceria desta forma.


***


Curiosidade: o Oasis já recusou inúmeras propostas para se apresentar em Old Trafford, o estádio do rival Manchester United.


***


Robinho, por sinal, deu um show de humildade em entrevista concedida 30 dias após a sua chegada ao City:

- Eu já sou um deus aqui, e ainda não fiz nada!


***


Ah, sim: no detalhe, a camisa do City. Como colecionador inveterado de camisas de futebol, tenho uma igualzinha. Número 10, do Robinho. (Que escolha eu tinha? Não havia outra...)

‘Don't Believe The Truth’

(...) Três anos após Don't Believe The Truth – um disco bem interessante, aliás –, o Oasis não apenas confirma a curva ascendente como também se supera em Dig Out Your Soul, seu sétimo álbum de estúdio. (...)

(“Oasis: Grata Surpresa”, International Magazine nº 147, dezembro de 2008)



Antes de escrever uma resenha sobre um determinado álbum, tenho por norma ouvir também o CD anterior da respectiva banda ou artista. Dessa forma, tenho mais parâmetros para saber se o trabalho em questão traz uma nova “proposta” ou mantém o padrão de seu antecessor.


Portanto, ao escrever a resenha de Dig Out Your Soul, a nova bolacha do Oasis [ver cinco posts abaixo], parei para ouvir novamente Don't Believe The Truth [capa à direita], o penútimo de inéditas da banda inglesa.

Lembro com exatidão que, na ocasião de seu lançamento (2005), não dei muita bola. Devo ter escutado duas, no máximo três vezes. Reconheço que, após uma sucessão de CDs fracos, o Oasis estava totalmente desacreditado para mim.

Mas, ouvindo hoje, confesso que o álbum soa bem melhor. Repleto de bons momentos como “Guess God Thinks I'm Abel”, “Love Like A Bomb” e a balada cortante “Let There Be Love”, podemos considerar Don't Believe The Truth o prenúncio de um disco bem-resolvido como Dig Out Your Soul.

Não por acaso, duas faixas desse trabalho – “Lyla” e “The Importance Of Being Idle” – foram inclúidas em Stop The Clocks, a única compilação editada pelo grupo [ver dois posts abaixo].

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Lennon: sampler

(...) Prova disso é que, atualmente, Liam consegue compor uma balada matadora como ‘I'm Outta Time’. Segunda faixa de trabalho, essa soa bem John Lennon – não por acaso, traz um sampler de uma declaração do próprio. (...)

(“Oasis: Grata Surpresa”, International Magazine nº 147, dezembro de 2008)


No tal sampler, Lennon [no detalhe] diz: “As Churchill said, It’s every Englishman’s inalienable right to live where the hell he likes. What’s England going to do, vanish? It’s not going to be there when I get back?” [“Como Churchill disse: ‘cada inglês tem o direito inalienável de morar na porcaria que quiser’. O que a Inglaterra vai fazer? Sumir? Não vai estar lá quando eu voltar?”].

O autor de “Jealous Guy” provavelmente se referia à sua opção de viver nos EUA.

‘Stop The Clocks’, a coletânea ‘esquisita’ do Oasis

(...) No intervalo entre o atual e o anterior, rolou a coletânea ‘esquisita’ Stop The Clocks, de 2006. (...)”

(“Oasis: Grata Surpresa”, International Magazine nº 147, dezembro de 2008)


Stop The Clocks [à direita], do Oasis, é uma coletânea “esquisita” pelo fato de que o grupo – possivelmente invocando a chamada “sabedoria de vinil” – lançou dois CDs com apenas 45 minutos* de música em cada (!). Mas não só isso.

O terceiro álbum, Be Here Now, foi solenemente ignorado nessa compilação, talvez pelo trauma de o mesmo ter iniciado um período de vacas magras para o Oasis. Desta forma, ficaram de fora hits como “Don't Go Away”, “D'You Know What I Mean?”, “All Around The World” e “Stand By Me”.

Na ocasião de lançamento de Stop The Clocks, Noel Gallagher [abaixo], guitarrista da banda, saiu-se com essa: “Esse não é um disco com os ‘maiores sucessos’ e, sim, com aquelas que nós consideramos as melhores músicas”. Então .


* A capacidade de armazenamento de um CD chega, tranquilamente (N. do E.: de acordo com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, goodbye, trema), a 75 minutos. Ou seja, esses caras surrupiaram de seus fãs exatamente uma hora (!) de música – 30 minutos em cada disco. Cadê o PROCON?

‘Radiola’, a ‘anticoletânea’ do Skank

(...) Esse é o décimo álbum da banda mineira, contando com MTV Ao Vivo em Ouro Preto, de 2001, e a ‘anticoletânea’ Radiola, de 2004. (...)

(“Skank: Recuo Estratégico”, International Magazine nº 147, dezembro de 2008)


Radiola [no detalhe] pode ser classificada como uma “anticoletânea” pelo simples fato de que, nessa compilação, foram incluídos somente fonogramas dos dois álbuns “britânicos” do Skank: Maquinarama e Cosmotron. Os hits anteriores - como “Garota Nacional”, “Esmola” e “Pacato Cidadão”- ficaram de fora.

A intenção da banda, na ocasião, foi enfatizar a ruptura com o dancehall, o raggamuffin' e afins, em prol de uma sonoridade mais harmônica, mais melódica.

Entretanto, para manter a coerência, não teria sido uma má idéia a inclusão de “Resposta”, o marco-zero dessa transformação [ver post anterior].

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Da série ‘Parcerias’: Samuel Rosa e Nando Reis

É Uma Partida de Futebol” foi a primeira parceria entre Samuel Rosa, vocalista do Skank, e Nando Reis [no detalhe]. Apesar de a canção jamais ter ficado de fora dos shows da banda desde que foi lançada (em 1996, no álbum O Samba Poconé), a verdade é que... o quarteto mineiro já fez coisas bem melhores...

De qualquer forma, depois de “É Uma Partida de Futebol”, TODOS os discos do Skank trazem pelo menos uma parceria entre Samuel e Nando. E, de lá para cá, a dupla só teve acertos.

Em Siderado (1998), disco que sucedeu O Samba Poconé, surgiu a balada “Resposta”, que chegou a ser gravada por ninguém menos que Milton Nascimento, com a participação de Lô Borges. Apesar de Siderado ainda apresentar a sonoridade que identificava o Skank naquela época, “Resposta” sinalizava uma influência Beatles/Clube da Esquina que a banda jamais havia exposto até então.

No trabalho seguinte, Maquinarama (2000), houve o grande “cavalo-de-pau” na carreira do Skank. Tudo o que se insinuava em “Resposta” foi afirmado com letras garrafais no álbum que, do ponto de vista conceitual, fez muito pela carreira do Skank. E, mais uma vez a parceria Samuel Rosa-Nando Reis se fez presente na singela “Ali”.

Em 2003, o grupo editou Cosmotron, que veio ampliar as mudanças estéticas trazidas por seu antecessor. Um grande disco. E, dessa vez, uma música composta por Samuel, Nando e Lô Borges foi escolhida para ser a primeira faixa de trabalho: a bela “Dois Rios”.

A coletânea Radiola chegou às prateleiras em 2004. E, entre as duas inéditas, havia, claro, uma canção composta pelos dois amigos: a tristonha “Onde Estão?”.

Carrossel foi lançado em 2006. Bom álbum que não repetiu o êxito dos anteriores, traz uma música de Samuel com o ex-Titã logo na primeira faixa: “Eu e a Felicidade”.

Já o recém-lançado Estandarte*, traz, ao contrário dos trabalhos anteriores, não somente uma, mas três (!) faixas da dupla: “Ainda Gosto Dela” - primeira música de trabalho, com participação de Negra Li nos vocais -, “Pára-Raio” e “Renascença”.


* Leia a resenha na edição de dezembro do jornal INTERNATIONAL MAGAZINE, que ainda está nas bancas.

IM - International Magazine nº 147


Atrasadíssimo, para não perder o hábito, trago os destaques da edição nº 147 do jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, que chegou às bancas antes do Natal:


  • Tudo sobre Estandarte, o novo CD do Skank [no detalhe]. Por Luiz Felipe Carneiro e Tom Neto;


Dois anos após o seu último de inéditas, Carrossel – bom CD que não obteve a resposta comercial dos trabalhos anteriores –, o Skank volta à carga com Estandarte (Sony & BMG). Esse é o décimo álbum da banda mineira, contando com MTV Ao Vivo em Ouro Preto, de 2001, e a ‘anticoletânea’ Radiola, de 2004.

Após um hiato de doze anos, Samuel Rosa & cia. são novamente produzidos por Dudu Marote. Entretanto, o retorno do produtor dos bem-sucedidos Calango (1994) e O Samba Poconé (1996) não deve ser interpretado como uma “volta ao passado”. Não. O Skank até soa mais... hum, festeiro do que nos últimos três discos. Mas nem por isso o ouvinte encontrará em Estandarte uma nova ‘Garota Nacional’. (E que ninguém espere que os músicos se apresentem novamente vestindo camisas de futebol.) (...)”


  • O Mettallica também está de álbum novo na praça, Death Magnetic. Por J. M. Santiago;


  • Leia também a resenha o recém-lançado Forth, do The Verve. Por Jorge Albuquerque.


E um artigo meu sobre:


  • o ótimo Dig Out Your Soul, o novo álbum CD do Oasis:
Três anos após Don't Believe The Truth – um disco bem interessante, aliás –, o Oasis não apenas confirma a curva ascendente como também se supera em Dig Out Your Soul, seu sétimo álbum de estúdio (sem contar The Masterplan, compilação de lados B editada em 1998). No intervalo entre o atual e o anterior, rolou a coletânea “esquisita” Stop The Clocks, de 2006.

“Mas atenção: dizer que Dig Out Your Soul é um bom álbum não significa que o Oasis tenha conseguido fazer uma nova ‘Champagne Supernova’ ou outra ‘Wonderwall’. O Britpop foi bacana, mas ficou lá nos anos 90. E os irmãos Gallagher sabem disso. (...)”



    Leia a íntegra sessas matérias - e muito mais - no IM - INTERNATIONAL MAGAZINE. Nas bancas.

    terça-feira, janeiro 06, 2009

    Da série ‘Frases’: Lou Reed


    Serei o seu espelho. Refletirei o que você é.

    (“I'll Be Your Mirror”, Lou Reed, CD The Velvet Underground & Nico, 1967)


    ‘Previsões para 2009’: Ronaldo Fenômeno

    Deu no jornal Lance!. Uma numeróloga fez a seguinte previsão para Ronaldo Fenômeno [no detalhe]:


    O namoro com a exigente torcida corintiana pode estar com os dias contados. Acredito que a parceria entre o Fenômeno e o Timão não dará certo. Até o mês de setembro, o craque passará por muitas pressões e não terá estabilidade. Será difícil o jogador voltar a atuar em alto nível.”


    Bem, tomara que o atleta tenha boa sorte no Corinthians. Mas acho que ninguém precisaria de numerologia para prever que a hipótese mais provável é dar zebra mesmo...

    Ano Novo

    Passado o período de Festas, voltamos à nossa... er, programação normal.

    Aproveito o ensejo para desejar a todas as pessoas que costumam visitar esse humilde quintal – ainda que eu continue sem ter a mais remota noção de quem sejam – um Ano Novo de muita saúde (que é o mais importante), paz e equilíbrio.

    Bola rolando.