segunda-feira, maio 31, 2010

Outside Groove Cats: cardápio variado


CD-demo
Outside Groove Cats (independente)
2010



Em seu primeiro CD-demo, quarteto carioca incorpora muitas influências, mas sem se perder

O Outside Groove Cats surgiu, a princípio, como um duo, formado pela vocalista Mia Baxtet e pelo guitarrista Alex C. Durante algum tempo, a dupla atuou como um projeto de estúdio, tendo o auxílio dos produtores André Bassman e Greg Gonzales. Entre as influências, o tecnopop da década de 1980 e 1990, de grupos como Depeche Mode, Duran Duran, Portishead e outros.

Pouco a pouco, o trabalho foi evoluindo, o que fez com que outras informações fossem incorporadas à “receita” dos músicos: Talking Head, Fletwood Mac e Blondie, além de ritmos brasileiros. Nesse intervalo, André passou a integrar a banda, como baixista. E, posteriormente, o experiente baterista Hugo Freitas juntou-se a eles – sendo esta a formação definitiva.

E eis que o OGT acaba de dar mais um importante passo em sua trajetória: o seu primeiro CD-demo – com um belo projeto gráfico –, trazendo quatro faixas (muito) bem produzidas, todas com letras em inglês: “Good Cat Gonna Bad”, “Ocean”, “Too Late” e “Leave Me In Peace”.

Alternando momentos dançantes e introspectivos, o quarteto carioca mostra personalidade. Na sensual “Gonna Cat Gonna Bad”, em meio a um baixo bem marcado e uma guitarra wah-wah, ouve-se um instigante... tamborim (!). Já “Ocean” é melodiosa, um tanto melancólica.

Em “Too Late”, entre sequenciadores, a calmaria permanece – reparem um certo clima... étnico no arranjo. A pop “Leave Me In Peace” fecha a bolacha com um astral totalmente oitentista.

Apesar do “caldeirão” de influências, o Outside Groove Cats consegue manter a unidade, sem se perder. Que o primeiro CD “de verdade” não tarde a chegar.

sábado, maio 22, 2010

Inaugurando a série ‘Crônicas’: A ‘utilidade pública’ da novela

Apesar de não assistir novelas, tenho enorme respeito pelos profissionais responsáveis pela realização das mesmas: autores, atores, diretores, etc. Não há como negar que trata-se de um produto muito bem acabado – não por acaso, são “exportadas” para vários países.

E é ainda mais louvável quando a novela extrapola a mera função de entreter e começa a exercer também uma espécie de “papel social”.

Explico: no momento em que Luciana, personagem de Alinne Moraes em Viver a Vida, tentava retomar a vida após o acidente que a deixou tetraplégica, observei, gratificado, que havia, nas ruas – e mais especificamente nos shopping centers – um número muito superior de cadeirantes do que costumava ver até então.

Mera coincidência? Não creio.

Ouso dizer que a trama de Manoel Carlos [foto] “encorajou” portadores de necessidades especiais a superaram as suas limitações e – perdoem o clichê – “viverem a vida”. Sobretudo porque é perceptível que existe, atualmente, uma preocupação maior, até mesmo nos transportes públicos, com a questão da acessibilidade.

Embora ainda esteja muito longe do ideal...

A arte, enquanto entretenimento, não tem obrigação de ser “panfletária”, “engajada”. Contudo, quando passa também a prestar “utilidade pública”, ela se enobrece. E torna-se muito mais do que apenas “circo”.

segunda-feira, maio 17, 2010

Da série ‘Polaroides do Rio’: Arcos da Lapa


Os primeiros estudos para a construção do Aqueduto da Carioca, mais conhecido como Arcos da Lapa [no detalhe] – cuja função era abastecer o Rio de Janeiro com as águas do rio Carioca –, datam de 1602, ainda no tempo das Capitanias Hereditárias. Entretanto, as obras só foram iniciadas em 1706.

Com um design claramente inspirado no Aqueduto das Águas Livres [à direita], de Lisboa, Portugal, os Arcos da Lapa – apelidados desta forma em referência ao bairro boêmio no qual estão situados – foram inaugurados somente em 1750. Foi, do ponto de vista arquitetônico, a obra de maior porte do período Brasil-colônia.

Na segunda metade do século XIX, surgiram outras alternativas para o abastecimento de água da cidade. Sendo assim, a partir de 1896, os arcos passaram a ser utilizados como viaduto dos tradicionais bondinhos do bairro de Santa Teresa – que, aliás, existem até hoje.

Conservados pelo poder público até os dias atuais, os Arcos da Lapa também servem de palco para vários eventos, além de serem um dos mais emblemáticos cartões postais da cidade.


***


No domingo, 09, Caetano Veloso fez a sua estreia como colunista do jornal O Globo. Em seu (interessante) artigo, o artista baiano falou sobre a restauração do Largo da Ordem*, em Curitiba, durante a gestão do então prefeito Jaime Lerner, no início dos anos 70.

E, como não poderia deixar de ser, mencionou as obras realizadas no Pelourinho, Salvador, na década de 1990. E traçou um paralelo entre o bairro soteropolitano e a Lapa, que foi revitalizada recentemente.

O que, imediatamente, remeteu à faixa que Caetano lançou em seu trabalho mais recente, Zii e Zie, intitulada... “Lapa”, que, em determinado trecho, diz: “Pelourinho vezes Rio / é Lapa”. Na coluna, o músico, inclusive, voltou a citar os presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso, a exemplo do que fizera na canção (“Lapa / Lula e FH / Lapa / amo o nosso tempo / em ti”).

Na ocasião do lançamento do CD, Caê, em entrevista, sustentou sua teoria:

— Ter tido Fernando Henrique, e depois Lula, foi um luxo. Ambos saíram “melhores do que a encomenda”...

* Detalhe: o Largo da Ordem também é citado na letra da música.



Ouça “Lapa
:

‘Zii e Zie’, de Caetano Veloso


O que, imediatamente, remeteu à faixa que Caetano lançou em seu trabalho mais recente, Zii e Zie...”


Zii e Zie
, que Caetano Veloso [no detalhe] editou em 2009, é um CD que aborda, entre outros temas, as mazelas do Rio dos dias atuais, como a criminalidade (“Perdeu”) e as drogas (“Falso Leblon”), sem esquecer as suas belezas naturais (“Barra, Gávea e Arpoador”, citados na letra da ótima “Sem Cais”).

Além disso, é um disco que fala de um Rio “outonal” – como, aliás, ilustra a própria capa, que traz uma imagem noturna nada... er, “tropical” da praia do Leblon.

Leia a resenha de Zii e Zie clicando aqui.

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Sem Cais’, de Caetano Veloso


“‘Barra, Gávea e Arpoador’, citados na letra da ótima ‘Sem Cais’...”


Na minha modesta opinião, “Sem Cais” é, de fato, a melhor música de Zii e Zie. E conheço mais alguém que pensa assim...

No ano passado, eu costuma ouvir esse CD enquanto dirigia. E precisamente quando tocava essa canção, meu filho, então com oito anos de idade, saiu-se com essa:

– A guitarra dessa música é muito maneira, não é, pai?

Pode crer, filho.


‘Outono no Rio’ II – A Missão


Seria deveras redundante falar sobre a (mais do que bem-vinda) chegada do outono ao Rio de Janeiro – a qual, aliás, saudei em post de junho de 2009.

Sendo assim, para não lançar mão das mesmas palavras – visto que continuo pensando da mesma forma –, segue o link para a minha pequena... digamos, “ode” à estação, que escrevi aqui no TomNeto.com no ano passado.


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E, para que não seja uma postagem sem música, fiquem com esta canção de Djavan – ainda que a menção ao outono esteja muito mais no título do que nos versos em si...


Ouça “Outono”, com Djavan:

Inaugurando a série ‘Contos’: ‘Tudo posso. Tudo mesmo’


Domingo de sol. Por volta das 16h. Depois de quilômetros de trânsito fluido na Via Dutra – apesar do tráfego intenso –, chego em um ponto de retenção. Acidente ou obra na pista – ainda não é possível saber.

Minutos passam e os carros permanecem praticamente parados. Até onde consigo enxergar, trata-se de um engarrafamento de... quilômetros.

Nisso, alguns motoristas menos pacientes começam a trafegar pelo acostamento. Entre eles, uma pick-up preta, que passa por mim em uma velocidade considerável. Mesmo assim, consigo ver as letras brancas, garrafais, impressas no vidro traseiro do veículo: “Tudo posso em Jesus”.

Silenciosamente, concluí:

— É, “tudo pode” mesmo. Até trafegar pelo acostamento...

Da série ‘Fotos’: a música brasileira, ontem e hoje

De Antônio Carlos Jobim a Restart, a música produzida no Brasil retrocedeu bastante ao longo dos anos...

E a tendência é piorar...

quarta-feira, maio 12, 2010

Ronaldinho Gaúcho: fora da Copa do Mundo

O que mais espantoso, no entanto, foi o fato de Ronaldinho Gaúcho [no detalhe] não estar entre os 23 convocados para a Copa do Mundo. O craque do Milan foi incluído apenas nos sete suplentes, que podem ser chamados, até a véspera da primeira partida do time na competição, para substituir algum jogador lesionado.

Ou seja, as chances de ele estar na África do Sul são... remotas.

Em 2006, enquanto ainda atuava pelo Barcelona, Ronaldinho Gaúcho foi, simplesmente, um dos melhores futebolistas que tive o prazer de ver jogar. E mesmo que, atualmente, não esteja no melhor de sua forma física e técnica – provavelmente devido à sua... er, “dedicação” à vida noturna –, continua sendo um jogador diferenciado. E indiscutivelmente superior à maioria.

Aliás, é necessário entender “bastante” de futebol para considerar que – com todo o respeito – jogadores como Elano, Josué e, pasmem, Felipe Melo (!) podem ser mais úteis a uma equipe do que Ronaldinho Gaúcho.

Palavras de um conhecido meu, hoje pela manhã:

— Nem tenho muito ânimo para torcer pelo Brasil, sabe? O cara lá não vai levar quem realmente sabe jogar bola...


***


E fica a impressão de que a humilhação imposta por Ronaldinho ao técnico da Seleção – enquanto este ainda atuava pelo Internacional-RS – acabou “saindo cara” para ele...

Assistindo a Copa do Mundo. Pela TV

E ainda quer ir para a Copa do Mundo desse jeito? E é bem provável que acabe indo...”


É, pessoal, “mordi a língua” dessa vez. O técnico da Seleção Brasileira divulgou ontem a lista dos 23 convocados para a Copa do Mundo da África do Sul. E foi coerente ao que havia declarado tempos atrás:

— O próprio jogador se convoca. O próprio jogador se escala.

E, nos últimos tempos – por puro desleixo –, alguns jogadores realmente não têm... er, se convocado. O que é, de fato, uma pena.


***


Por outro lado, o treinador da Seleção não foi nada, nada coerente ao convocar Grafite, do Wolfsburg, da Alemanha.

No momento em que declarou que “o grupo estava fechado” e que “não haveria nenhuma surpresa”, por que optou por um atacante que fez apenas duas (!) partidas na Seleção?

Vai entender...