Mostrando postagens com marcador Police The. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Police The. Mostrar todas as postagens

terça-feira, maio 01, 2018

Sting e Shaggy: parceria ‘improvável’ quebrando paradigmas



CD
44/876 (Universal Music)
2018


Um belo dia, Martin Kierszenbaum, produtor de Sting e também empresário de Shaggy, pediu ao astro inglês para gravar os vocais no refrão de uma faixa inédita do cantor jamaicano, a singela “Don't Make Me Wait”. Poucos meses depois, os dois artistas anunciaram não apenas ter finalizado a canção, mas, para surpresa geral… um álbum inteiro (!). Assim surgiu 44/876 — cujo título faz referência aos códigos de discagem de Reino Unido e Jamaica, respectivamente —, disponível em formato físico e nas plataformas digitais desde o dia 20 de abril.

Logo de cara, o CD quebrou dois paradigmas. É a primeira vez, em 33 anos de carreira solo, que Sting divide um trabalho com outro artista. Além disso, com exceção de uma outra faixa desde o fim do Police — como “Love Is The Seventh Wave” (1985) e “All Four Seasons” (1996) —, representa uma volta ao reggae após um hiato de mais de três décadas.

O clima de bom humor e camaradagem exibido pela dupla nos pockets shows e entrevistas de divulgação não parece ser jogo de cena: em “Morning Is Coming”, na irresistível “Gotta Get Back My Baby” e na canção que dá título ao disco (na qual confessa que o fantasma de Bob Marley “o asssombra” até os dias de hoje) fica claro que o baixista entrou, numa boa, na praia de Mr. Boombastic. E, ao se deparar com as 15 faixas da bolacha, o ouvinte só imagina duas hipóteses: a) o autor de “Englishman In New York” teve um surto de criatividade; b) ou decidiu abrir o baú de composições.

Todavia, apesar de ter embarcado no território musical de Shaggy, a assinatura de Sting como compositor aparece com muita nitidez em algumas faixas. “16 Fathoms” e “Crooked Tree”, por exemplo, poderiam muito bem integrar a trilha sonora de The Last Ship, musical idealizado pelo baixista que estreou na Broadway em 2013. As melodias de “Sad Trombone” da bela “22nd Street” evocam a proximidade do músico com o jazz. Da mesma forma, um piano jazzístico pontua a boa “Waiting For The Break Of Day”, cujo verso anárquico “se as leis são perversas / você é forçado a desobedecer” instiga tanto quanto os backing vocais gospel (!) no final da faixa. 

Dreaming In The U.S.A.” é um caso à parte. Pop rock que, do ponto de vista sonoro, destoa do restante do álbum, trata-se de uma declaração de amor aos Estados Unidos e a ícones americanos como Elvis, Sinatra e Marilyn Monroe. Contudo, não deixa de lamentar, implicitamente, a era Trump: “Aguardo o dia em que todos habitaremos uma América melhor”. Curiosamente, entretanto, um dos destaques do álbum não é uma canção autoral. A delicada “Love Changes Everything”, um primor de letra e melodia de Andrew Lloyd Weber, emociona em sua roupagem lovers rock. É a única faixa na qual Sting canta sozinho.

Em resumo, 44/876 é um álbum leve, solar e despretensioso, que tem tudo para agradar tanto aos que acompanham a carreira de Shaggy quanto àqueles que apreciam o Sting mais pop, menos “erudito”. Aliás, ao longo dos últimos 15 anos, o ex-Police tem declarado que “a surpresa é o elemento-chave na música de hoje”. E, sintomaticamente, um novo trabalho dele é sempre muito diferente do anterior. Portanto, se a intenção dele era surpreender o seu público com uma parceria tão “improvável”, o objetivo foi atingido. Não se espantem se ele permanecer em silêncio nos próximos dois, três anos. E reaparecer com algo inesperado.



O vídeo oficial de “Don't Make Me Wait”, primeira faixa de trabalho de 44/876, foi gravado em Kingston, capital da Jamaica. Na companhia de seu novo-amigo-de-infância, o inglês parece estar à vontade: joga sinuca, dominó e ainda bebe uma cerveja Red Stripe. E se diverte em meio às cenas, digamos, calientes, do povão dançando no baile. Vale a pena conferir:

segunda-feira, dezembro 26, 2016

George Michael (1963 — 2016)


George Michael iniciou sua trajetória musical em 1981, formando o duo Wham! na companhia de Andrew Ridgeley, seu colega de escola. Rapidamente, a dupla se revelou uma usina de compactos de sucesso, como “Everything She Wants”, “Last Christmas”, “I'm Your Man” e, claro, a infecciosa “Wake Me Up Before You Go-Go”. Em 1984, lançou um single solo, a balada “Careless Whispers”, cujo sax inconfundível logo se tornou uma de canções mais emblemáticas.

Dois anos depois, decidiu embarcar em carreira solo, naquela que foi definida pela dupla como “a separação mais amigável da história do pop”. E “quebrou a banca” logo em seu álbum de estreia: com hits como “Father Figure”, “I Want Your Sex”, “One More Try”, “Kissing a Fool” e a faixa-título, Faith [1987] vendeu 25 milhões de cópias em todo o planeta e o colocou no mesmo patamar de mega astros como Madonna, Prince e Michael Jackson.

Evidentemente, a imagem de sex symbol — um misto de James Dean e Elvis Presley — ajudou bastante na empreitada. Contudo, Michael, ciente de sua capacidade — além de cantar, compor e ser um ótimo performer, tocava vários instrumentos e era um produtor de mão cheia —, tinha outros planos.

Em 1991, lançou o seu segundo álbum. Já no título, a mensagem era clara: Listen Without Prejudice (“Ouça sem preconceito”). Nas poucas entrevistas que concedeu no período, frisou que era “um compositor” e que, daquele momento em diante, a música “ficaria em primeiro plano”. A capa [no detalhe] não trazia nenhuma foto ou indicação do artista — apenas uma imagem em preto-e-branco de uma multidão de banhistas. Para completar, Michael se recusou a aparecer nos vídeos de divulgação.

O álbum emplacou dois hits: “Freedom '90” (cujo clipe mostra a jaqueta de couro de Faith entrando em combustão, simbolizando a ruptura com o passado) e “Heal The Pain”, balada acústica a la Paul McCartney (em 2005, ele regravaria a canção com a participação do ex-beatle). Entretanto, apesar de boas faixas como a bossa nova “Cowboys And Angels”, “Waiting For That Day”, “Praying For Time” (que George considerava a sua melhor letra) e “Something To Save”, o trabalho não repetiu, nem de longe, o desempenho de seu antecessor. Resultado: o cantor acusou a Sony de “escravizá-lo” e “não divulgar o disco com deveria”. E acionou judicialmente a companhia para se livrar do contrato. 

No decorrer do processo, Michael ficou fora do mercado fonográfico, lançando apenas o single Don't Let The Sun Go Down On Me (magnífico dueto com Elton John) e o EP ao vivo Five Live (que continha a sua emocionante versão de “Somebody To Love”, gravada em 1992 no Tributo a Freddie Mercury), de 1993. Acabou perdendo a ação, sendo “condenado” a lançar uma coletânea — Ladies & Gentlemen, que chegou às prateleiras somente em 1998, com duas faixas inéditas e dois covers (uma versão estupenda de “As”, de Stevie Wonder, e “I Can't Make You Love Me”, de Joni Mitchell), gravados exclusivamente para o projeto. 

Em 1996, assinou com a gravadora Virgin e editou o seu primeiro álbum de inéditas em meia década. O ótimo Older emplacou hits como “Fast Love”, a irresistível “Spinning The Wheel” e a balada “Jesus To a Child”, dedicada ao seu namorado brasileiro, o estilista Anselmo Feleppa — que conheceu logo após o memorável show no Rock In Rio II —, morto em decorrência do HIV. Mas nada que se comparasse aos seus áureos tempos. Naquele mesmo ano, gravou um bom MTV Unplugged que, embora tenha sido exibido pela emissora, jamais foi lançado oficialmente — provavelmente pelo uso de sequenciadores em um espetáculo que deveria ser... acústico.

Os problemas começam para valer em 1998, quando o artista foi preso por ato obsceno em um banheiro público de Los Angeles. Ele debochou da situação no vídeo de “Outside”, no qual aparece vestido de... policial. O episódio forçou-o a assumir a sua homossexualidade. No ano seguinte, lançou o classudo Songs From The Last Century. Produzido pelo renomado Phil Spector, trazia releituras de Frank Sinatra (“My Baby Just Cares For Me”), Nina Simone (“Wild Is The Wind”), Roberta Flack (“The First Time Ever I Saw Your Face”) e The Police (uma inesperada versão jazzy de “Roxanne”), entre outros.

A partir de então, foram períodos de depressão, internações em clínicas de reabilitação (confessou que fumava cerca de 25 cigarros de maconha por dia, além de consumir álcool, cocaína e crack), acidentes de trânsito e novos escândalos sexuais. George Michael, decididamente, passou a ser citado com mais frequência nos tabloides sensacionalistas ingleses do que nas publicações musicais.  

Editou, em 2004, aquele que viria a ser o seu último disco de inéditas. Patience apresentava um pop sofisticado e gerou o seu derradeiro hit, a ensolarada “Amazing”. Para variar, mais uma polêmica: ao criticar a invasão ao Iraque no irônico vídeo de “Shoot The Dog”, passou a sofrer boicote da imprensa americana de direita. Comemorou os 25 anos de carreira com a caprichada coletânea Twenty Five [2006] e saiu em turnê pela Europa — registrada em Live In London [2009], seu primeiro DVD.

Já em 2014, lançou o seu último trabalho, Symphonica. Gravado ao vivo durante a turnê homônima de 2011/2012 — que foi interrompida durante a passagem pela Suiça, quando uma severa pneumonia quase o matou , chegou às lojas quando o supracitado produtor Phil Spector já havia falecido. No repertório, covers de Terence Trent D'Arby (“Let Her Down Easy”) e do já mencionado Elton John (“Idol”), além de composições próprias como “A Different Corner”, o primeiro single que gravou após o fim do Wham!.

Junto com a notícia de sua morte prematura, aos 53 anos, chega a informação de que, durante anos, George Michael doou, em segredo, milhões de libras a instituições de caridade, cedendo, inclusive, direitos autorais de suas canções. Embora tenha deixado um punhado de sucessos — a despeito de uma discografia bastante reduzida —, fica a triste sensação de que o artista que esbanjava talento se esmerou em “roubar o próprio show”. E que, apesar dos cem milhões (!) de discos vendidos e duas estatuetas do Grammy, poderia ter ido muito, muito mais longe.



Não deixa de ser uma infeliz coincidência que o autor de “Last Christmas” [1984] tenha falecido justamente... no dia de Natal.

domingo, novembro 20, 2016

Sting: de volta ao básico



CD
57th & 9th (Universal Music)
2016


Sting nunca escondeu que o fator surpresa sempre foi o principal motor de seu trabalho. Em 2007, depois de gravar o CD de alaúde mais vendido da história (o medieval Songs From The Labyrinth), deixou o mundo estupefato ao reativar o Police para uma bem-sucedida turnê mundial – algo que passou duas décadas repetindo que “jamais” faria. Terminada a excursão, passou a ostentar uma barba típica de um profeta e debruçou-se nas canções invernais do melancólico If On A Winter's Night [2009]. Em outra reviravolta, decidiu reler faixas de sua carreira solo e de seu antigo grupo acompanhado por uma grande orquestra em Symphonicities [2010]. E, por fim, compôs a trilha do seu primeiro musical exibido na Broadway, The Last Ship [2013]. Portanto, o que surpreenderia o seu público? Um retorno ao formato básico de baixo-bateria-guitarra, sem dúvida. Bingo: essa é justamente a proposta do inglês no recém-lançado 57th & 9th – esquina nova-iorquina que ele atravessava diariamente no caminho para o estúdio de gravação. Detalhe: o seu último disco “de carreira”, o bom Sacred Love, foi lançado em 2003 (!).

É bem verdade que a irresistível “I Can't Stop Thinking About You”, que abre os trabalhos, e a pesada “Petrol Head” não soariam deslocadas no repertório do Police. Aliás, perguntado se o disco novo teria o som característico do trio, Sting respondeu à moda Newcastle (região do norte da Inglaterra onde nasceu, na qual as pessoas são reconhecidamente… rudes): “I am the fucking Police”. Contudo, é mais apropriado definir 57th & 9th como um álbum de pop rock – como a agradável “One Fine Day”, que clama para que, “um dia desses”, líderes mundiais se mobilizem acerca do aquecimento global. 

Um dos pontos altos é a amarga “50,000”, que mostra o impacto que as mortes de David Bowie, Prince, Glenn Frey e do amigo Alan Rickman (o “Snape” da série Harry Potter) exerceram sobre Sting, que completou 65 anos no mês passado. “Outro obituário no jornal de hoje”, lamenta. Em um determinado trecho, ele parece se dirigir aos seus ex-colegas de banda: “Como lembro bem dos estádios em que tocamos / e as luzes que varriam o mar de 50.000 almas que enfrentaríamos”. E, ciente da “imortalidade” que os seus companheiros de profissão costumam atingir, conclui: “Astros do rock nunca morrem / apenas desvanecem”.

Por outro lado, o Sting reflexivo dos últimos 30 anos se faz presente nas acústicas “Heading South On The Great North Road”, balada com ares celtas que poderia tranquilamente estar em The Last Ship, e “The Empty Chair”, que encerra os trabalhos com um pedido: não ser esquecido depois de partir (“Guarde o meu lugar e a cadeira vazia / e, de alguma forma, estarei lá”). 

Bom letrista, ele se mostra afiado na arabesca “Inshallah”, que aborda a questão dos refugiados. O título é uma expressão bastante utilizada no mundo islâmico, que, em uma tradução livre, equivale ao nosso “se Deus quiser”. Na edição Deluxe do álbum, há uma outra versão dessa faixa, gravada em Berlim na companhia de músicos egressos da Síria. No entanto, a melhor letra provavelmente é a tocante “If You Can't Love Me” (“Não quero nada pela metade (…) / se você não consegue me amar assim / então você tem que me deixar”).

Embora um tanto incompreendido – e subestimado – desde o início de sua trajetória solo, Sting já foi indicado 38 vezes para o Grammy, tendo vencido em 16 ocasiões. Está indiscutivelmente inserido no panteão dos grandes compositores pop do século passado, onde já se encontram Lennon & McCartney, Jagger & Richards, Elton John & Bernie Taupin, o supracitado David Bowie e Bob Dylan, entre outros. E, em 57th & 9th, a mensagem é clara: a canção popular ainda é assunto dele, sim. 



Ouça “50,000...



...e “Petrol Head:


Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘I Can't Stop Thinking About You’, de Sting


Ao entrar em estúdio para gravar 57th & 9th, Sting não possuía uma única canção inédita – todas foram compostas durante o processo. E “I Can't Stop Thinking About You”, que acabou se tornando a primeira faixa de trabalho, foi gerada de forma curiosa.

Em um determinado momento, o músico se dirigiu à varanda de sua cobertura em Manhattan, em meio a uma nevasca, para que as condições “adversas” lhe trouxessem inspiração. Deu certo: assim surgiu uma metacanção que fala justamente sobre a angústia do artista diante da “tela em branco” (“Página em branco / um campo vazio de neve / meu quarto está 25 graus abaixo de zero”). Não se trata, portanto, de uma canção romântica – como muitos podem ter imaginado.

Infecciosa desde os primeiros acordes e dona de um refrão poderoso, “I Can't Stop Thinking About You” é faixa mais despudoradamente pop que Sting lança desde “If I Ever Lose My Faith In You”, de 1993 (!). Um clássico instantâneo que, a partir de agora, não poderá ficar de fora dos shows do ex-Police – e tampouco de suas futuras coletâneas.



Veja o vídeo oficial da canção:



Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Your Love’, do The Outfield


A ótima “Your Love”, o maior sucesso comercial dos ingleses do The Outfield, é a música que o Police “esqueceu” de compor e gravar – tamanha é a influência do trio, desde o arranjo até o agudo registro vocal.

Faixa de Play Deep [no detalhe, a capa – que não tinha como ser mais feia], de 1985, álbum de estreia da banda, a canção tem uma particularidade: só começou a ser executada (maciçamente) nas rádios brasileiras cinco anos após o lançamento.

Em 2014, com a morte de John Spinks, guitarrista e principal compositor, o grupo encerrou as suas atividades. De qualquer forma, adoraria ter visto a cara de Sting, Andy Summers e Stewert quando ouviram “Your Love” pela primeira vez…


Veja o vídeo oficial de “Your Love:

domingo, janeiro 04, 2015

Sting: Prêmio Kennedy 2014



No dia 07 de dezembro — somente agora os vídeos foram disponibilizados na web —, Sting foi um dos agraciados com o Prêmio Kennedy 2014 pelo conjunto de sua obra. 

Nada mais justo: gostem alguns ou não, trata-se de um dos mais brilhantes compositores populares do século XX, autor de pérolas como “Every Breath You Take”, “Fields Of Gold” e “Roxanne”, entre outras. Bom melodista e exímio letrista, não ganhou 16 Grammy Awards à toa.

Como de praxe, algumas canções do homenageado foram interpretadas por outros artistas em um pocket show, que sempre conta com a presença do presidente dos Estados Unidos e sua primeira dama. Os demais laureados dessa edição foram o ator Tom Hanks, a comediante Lily Tomlin, a bailarina Patricia McBride e o “reverendo” da soul music Al Green.



Lady GaGa — que, certa vez, em pleno palco, classificou Sting como “uma de suas pessoas favoritas no mundo” — abriu os trabalhos. Acompanhada por uma banda afiada, cantou a suingada “If I Ever Lose My Faith In You”. E nem mesmo os exageros vocais da cantora comprometeram a sua (boa) releitura:




Em seguida, Esperanza Spalding e Herbie Hancock tocaram “Fragile”, uma das canções de Sting com notável influência da sonoridade brasileira:




Na sequência, Bruce “O Cara” Springsteen retribuiu a (excelente) participação de Sting no Prêmio Kennedy de 2009, quando foi um dos homenageados. E simplesmente “quebrou tudo” em uma versão antológica do country “I Hung My Head”. Em um determinado momento, o autor, no camarote, fechou os olhos tentar para conter a emoção. Após um lancinante solo de guitarra de “The Boss”, um coral gospel adentra o palco, coroando uma performance para ver e rever várias e várias vezes:




O grand finale ficou sob a responsabilidade de Bruno Mars — o mesmo que, na cerimônia do Grammy de 2013 conseguiu a façanha de colocar Sting para cantar uma canção sua (!). E o jovem não fez feio no medley que reuniu dois dos maiores sucessos do Police: “So Lonely” e “Message In A Bottle”. É bem verdade que Sting assistiu a apresentação inteira com os olhos marejados. Mas o momento de maior emoção para o baixista foi quando, para sua surpresa, todo o elenco de The Last Ship, seu primeiro musical na Broadway, entrou em cena para o encerramento:

sexta-feira, dezembro 12, 2014

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Brilhar a Minha Estrela’, do Sangue da Cidade



(...) Vid, ex-Sangue da Cidade — do sucesso ‘Brilhar a Minha Estrela (Dá Mais Um)’...”




Em 1982, a quinta formação da banda Sangue da Cidade — já com o vocalista Sérgio Vid — gravou uma faixa que, antes mesmo de ter sido lançada comercialmente, se destacou na programação da lendária Rádio Fluminense FM, a “Maldita”. Era o matador “reggae de branco” — gênero popularizado mundialmente pelo Police a partir de seu primeiro álbum, Reggatta De Blanc [1979] — “Brilhar a Minha Estrela (Dá Mais Um)”, composição do guitarrista DiCastro.

Pouco tempo depois, a Warner convidou o grupo para participar de um “pau-de-sebo” — coletânea de vários artistas iniciantes — chamado “Rock Voador”, do qual também participaram nomes como Kid Abelha e o saudoso Celso Blues Boy, entre outros. Naquele mesmo ano, a empresa propôs a gravação de um compacto com a canção.

Decorridos 32 anos, “Brilhar a Minha Estrela” não datou. O vocal de Vid e a guitarra de DiCastro soam como se não tivesse transcorrido tanto tempo. Prova disso foi a inclusão da faixa na trilha sonora de Tropa de Elite I [2007], de José Padilha.



Ouça “Brilhar a Minha Estrela (Dá Mais Um)”, do Sangue da Cidade:

terça-feira, outubro 08, 2013

Inaugurando a série ‘Curiosidades’: ‘Everybody Laughed But You’ e ‘January Stars’, de Sting



Ainda sobre Sting: “Everybody Laughed But You” é uma obscura — porém interessante — canção que integra o repertório de Ten Summoner's Tales [acima, a capa], de 1993, quarto disco solo de estúdio do músico inglês. Por alguma razão, foi excluída nas versões do álbum lançadas nos Estados Unidos e no Canadá — sendo alocada, naqueles dois países, no lado B do primeiro single de trabalho, “If I Ever Lose My Faith In You”.

E ocorre que o ex-Police decidiu aprontar uma. Aproveitou somente a melodia do refrão e a base instrumental da gravação de “Everybody...” e escreveu uma nova melodia, acompanhada de uma letra completamente diferente. Assim nasceu “January Stars”, que chegou às prateleiras como lado B de “Seven Days”, segundo single de Ten Summoner's Tales.

O resultado? Confiram e escolham a sua preferida:



Everybody Laughed But You



January Stars

terça-feira, setembro 24, 2013

Em ‘The Last Ship’, Sting ‘navega’ distante do pop


CD
The Last Ship (Cherrytree/Interscope/A&M Records)
2013


Ex-Police edita o seu primeiro álbum de inéditas em uma década

Nos últimos dez anos, até que Sting trabalhou um bocado. Em 2004, lançou a sua (excelente) autobiografia, Fora do Tom, e rodou o mundo até o ano seguinte com a turnê batizada com o nome do livro (Broken Music). Em 2006, na companhia do músico bósnio Edin Karamazov, editou Songs From The Labyrinth, o disco de alaúde mais vendido de todos os tempos. Entre 2007 e 2008, realizou uma (surpreendente) turnê mundial ao lado do Police, que acabou gerando CD/DVD/Blu-ray ao vivo, Certifiable. Já em 2009, deixou a barba crescer e lançou o belo e introspectivo If On a Winter's Night..., composto apenas  por canções invernais. Por fim, em 2010, acompanhado por uma orquestra sinfônica, releu o seu cancioneiro em Symphonicities, que também gerou o audiovisual ao vivo Live In Berlin. Entretanto, apenas de tanta labuta, o fato é que o último disco de inéditas do baixista — o bom Sacred Love — chegou às prateleiras em 2003. Há exatos... dez anos (!).

Rompendo o silêncio autoral, Sting — após um processo criativo que lhe rendeu quase três anos (!) de “imersão” — ressurge com The Last Ship, lançado mundialmente hoje, 24 de outubro de 2013. O trabalho, na verdade, é a trilha sonora do musical homônimo, que marcará a sua estreia na Broadway. O tema do espetáculo é a derrocada da indústria naval de Newcastle, sua cidade natal, situada ao norte da Inglaterra, ocorrida na década de 1980. E, embora a peça só entre em cartaz em 2014, o músico, com astúcia, lançou o disco um ano antes, para que o público se “familiarizasse” com as canções — a maior parte delas, de uma forma ou de outra, fala sobre rios, marés, barcos e quetais.

Ambicioso, o álbum está disponível em quatro formatos: CD simples, vinil — ambos com 12 faixas — e CD duplo com 17 ou 20 músicas.



Nenhum sinal do autor de ‘If I Ever Lose My Faith In You’ 

Primeiramente, é essencial frisar que, em The Last Ship, não há o mais remoto vestígio do pop de “If I Ever Lose My Faith In You” ou “Every Breath You Take”. Sendo assim, é recomendável que aqueles que procuram essa faceta do artista mantenham distância segura deste trabalho. O Sting que se faz presente se assemelha, na verdade, ao autor das bucólicas “Fields Of Gold” [1993] e “The Ghost Story” [1999].

Musicalmente, contudo, o disco é bem variado. A épica faixa-título, que abre os trabalhos, apresenta clara influência celta, com direito, inclusive, a gaita de fole — e o instrumento, por sinal, volta a aparecer em “Ballad Of Great Eastern” e na também celta “What Have We Got?”, dueto com o ator-cantor inglês Jimmy Nail. Curiosamente, em vários momentos do álbum, Sting, pela primeira vez em toda a sua discografia, evoca o sotaque típico de Newcastle — o chamado Novocastrian.

No quesito letra, o compositor continua afiado. O acalanto “August Winds”, estruturado em um violão de nylon, remete aos questionamentos dos versos de “Shape Of My Heart” [1993] — inclusive, volta a falar em “máscara”. Já a valsa (!) “The Night The Pugilist Learned How To Dance” é de cortar o coração: conta a estória de um jovem pugilista de 15 anos — com seu “nariz quebrado” e “orelha de couve-flor” — que decide aprender a dançar para conquistar a sua amada. Cole Porter provavelmente aprovaria.

Outro grande momento é a delicada-porém-impactante “I Love Her But She Loves Someone Else”, em que o eu-lírico é um homem de idade avançada que, confrontado com a perspectiva de sua “mortalidade”, relembra o passado e seus revezes. E conclui: “Esqueci o primeiro mandamento do manual do realista: ‘Não se deixe enganar por ilusões que você mesmo criou’...”.



Do início ao fim, alto nível lírico e musical

A primeira faixa de trabalho foi a minimalista “Practical Arrangement”, possivelmente uma das menos óbvias letras românticas já escritas no cancioneiro popular mundial. Já o segundo single de trabalho é a (espirituosa) bossa nova “And Yet”, que conta com discretas (e precisas) intervenções de seu fiel escudeiro, o guitarrista Dominic Miller. Trata-se da melhor música do disco.

Ainda que um tanto hermético, o trabalho mantém, do início ao fim, alto nível lírico e musical. E reafirma que, artisticamente, o único “compromisso” do ex-Police, prestes a completar 62 anos de idade — e ainda com a voz “em dia” — é consigo próprio. Vale lembrar, no entanto, que The Last Ship é uma trilha sonora. Portanto, seria agradável ouvir, depois de tanto tempo, um disco com canções de Sting que não estivessem “vinculadas” a uma determinada temática.



Leia também:




Veja o vídeo da bossa nova “And Yet”, segundo single de The Last Ship, extraído do programa Later... with Jools Holland...





...e também da magnífica valsa (!) “The Night The Pugilist Learned How To Dance”, em vídeo extraído do programa Le Grand Studio, da TV francesa RTL:


Sting, de 2003 a 2013: índice remissivo



Sobre Sacred Love [2003], o último trabalho de inéditas de Sting, escrevi aqui. Sobre Fora do Tom, a excelente autobiografia do cantor, aqui. Para ler sobre Songs from the Labyrinth, álbum de alaúde gravado ao lado do músico bósnio Edin Karamazov, basta clicar aqui

A matéria sobre o histórico show do Police no Estádio do Maracanã encontra-se aqui. Já a análise de If Only a Winter's Night..., disco de “canções de inverno” lançado em 2009, está aqui. E, por fim, a resenha do CD Symphonicities, gravado com o acompanhamento de uma orquestra sinfônica pode ser lida aqui.

quarta-feira, julho 24, 2013

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Moon Over Bourbon Street’, de Sting





Desde os tempos do Police, as canções de Sting são repletas de referências literárias absolutamente incomuns à música pop. “Don't Stand So Close To Me” — faixa de Zenyatta Mondatta [1981], terceiro álbum do trio —, por exemplo, menciona Lolita, do russo Wladimir Nabokov. Um dos clássicos da banda, “Message In a Bottle” — de seu segundo disco, Regatta de Blanc [1980] —, remete claramente a Robinson Crusoé, romance de Daniel Defoe.

Em seu primeiro álbum solo, The Dream Of Blue Turtles [1985], o baixista se inspirou no livro Entrevista com o Vampiro [1976], de Anne Rice, para compor “Moon Over Bourbon Street”. Escrita na primeira pessoa, “Moon...” narra a torturante (e imortal) rotina de um vampiro, que vaga pelas noites de Nova Orleans.

Em sua estrofe final, a letra também alude ao desfecho de A Balada do Cárcere de Reading, célebre poema de Oscar Wilde: “Eu devo amar o que destruo / e destruir o que amo”.

Não por acaso, Sting já regravou “Moon Over Bourbon Street” cinco (!) vezes ao longo de sua discografia: nos álbuns ao vivo Bring On The Night [1986], ...All This Time... [2001] e Live In Berlin [2010]; no DVD Live From Universal Ampitheatre [2000]; e como lado B do single Send Your Love [2003].



Veja o vídeo de “Moon Over Bourbon Street”, extraído do DVD Live In Berlin:


terça-feira, julho 16, 2013

‘Practical Arrangement’, o novo single de Sting



Exatos dez anos após Sacred Love, o seu último trabalho de inéditas, Sting (finalmente) anuncia um novo álbum. The Last Ship reúne faixas que o ex-Police compôs para o musical homônimo que marcará, em 2014, a sua estreia na Broadway.

A primeira música de trabalho, já disponível no iTunes, é a bela “Practical Arrangement”. Solene balada ao piano — com indisfarçável influência dos standards americanos —, “Practical...” ilustra, com impecável lirismo, uma situação nada usual em canções românticas: o homem propõe à mulher que eles passem a viver juntos apenas por razões “práticas” — contando com a possibilidade de que ela talvez aprenda a amá-lo / com o tempo”.

O lançamento mundial de The Last Ship está previsto para o dia 24 de setembro.



Veja o vídeo de “Practical Arrangement”, extraído de uma aparição do cantor em um programa de TV na Noruega:



Da série ‘Frases’: Sting

I will turn your face to alabaster
Then you will find your servant is your master


Da metafórica “Wrapped Around Your Finger”, de Synchronicity [1983], quinto e último álbum do Police.


quarta-feira, dezembro 12, 2012

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Sea Dreamer’, Anoushka Shankar e Sting



Ravi Shankar era pai da cantora Norah Jones e da também citarista Anoushka Shankar

(“Ravi Shankar (1920 — 2012)”, dezembro de 2012)


Com uma discografia que já conta com seis títulos, Anoushka Shankar [na foto, ao centro] já é um nome bastante conhecido na música ocidental. Seu trabalho mais interessante até o momento, o quinto, foi gravado em parceria com o produtor Karsh Kale [o último, da esquerda para a direita]. Lançado em 2007, Breathing Under Water oferece uma instigante amálgama de eletrônica com sons indianos.

Breathing Under Water conta com a participação da meia-irmã de Anoushka, Norah Jones, em “Easy”, e de Sting*, na (belíssima) faixa “Sea Dreamer” — que nada mais é do que o tema instrumental que batiza o disco, letrado pelo ex-Police.



* Tendo nascido em uma cidade portuária — Newcastle, situada ao norte da Inglaterra —, Sting sempre foi um apaixonado pelo mar. Desde a infância, devorava romances sobre o assunto — como o clássico A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson. O tema, aliás (com o perdão do trocadilho), permeia várias de suas canções, como “Valparaiso”, “All This Time” e “The Pirate's Bride”, entre outras. Em uma entrevista, o músico confessou ter a impressão de que seu pai desejava que seu filho trabalhasse em alguma profissão ligada ao mar. “Sei que, de certa forma, o desapontei”, lamentou Sting.




Ouça “Sea Dreamer”, de Anoushka Shankar e Karsh Kale, com participação de Sting:




E veja o vídeo de “Your Eyes”, a (brilhante) participação de Anoushka no Concert For George, realizado no Royal Albert Hall, em Londres, no dia 29 de novembro de 2002 — exatamente um ano após o desaparecimento do ex-beatle George Harrison:


quarta-feira, dezembro 05, 2012

‘Celebration Day’: a ‘enciclopédia do rock’ do Led Zeppelin



DVD/CD/Blu-Ray
Celebration Day (Warner)
2012



No dia 10 de dezembro de 2007, os três sobreviventes do Led Zeppelin — Jimmy Page, Robert Plant e John Paul Jones — reuniram-se para uma única apresentação, em memória do turco Ahmet Ertegun, fundador e presidente da Atlantic Records, na qual o quarteto gravou seus primeiros álbuns. E somente agora, cinco anos depois (!), o concerto realizado na arena O2, em Londres, diante de 18 mil sortudos — que esgotaram os ingressos em questão de horas — é lançado em CD, DVD e Blu-Ray, com o título de Celebration Day.

Nos primeiros momentos do audiovisual, que foi exibido recentemente nas salas de cinema, alguns detalhes saltam aos olhos e ouvidos. Jimmy Page, ao invés das madeixas negras de outrora, ostenta cabelos que mais se assemelham a flocos de algodão. John Paul Jones, hoje um senhor de idade, abandonou a longa cabeleira e usa atualmente um penteado “comportado”. Já Robert Plant, embora tenha aderido ao cavanhaque, conserva os cachos dourados e o carisma que ajudaram a torná-lo famoso. Sua voz, entretanto — embora dê conta do recado —, já não possui o viço e o alcance dos áureos tempos. E, nas baquetas, no lugar do finado John “Bonzo” Bonham, estava o seu filho, Jason. 

Esses pormenores, no entanto, são irrelevantes. Nos acordes iniciais da bombástica “Good Times, Bad Times”, que abre o espetáculo, não resta a menor dúvida: é o Led Zeppelin, monstruoso — na melhor acepção da palavra — que está ali, em carne e osso, com a técnica instrumental de sempre. Apenas os quatro no palco. 

E é mais do que o suficiente.



Em 2007, Page lamentou que a banda não tenha entrado em turnê

Em duas horas — até o grand finale, com Rock And Roll, o grupo faz um resumo de sua (brilhante) obra, sem poupar cavalos-de-batalha como “Whole Lotta Love” e “Black Dog”, entre outros. E não deixa pedra sobre pedra. “Stairway To Heaven”, obviamente, não ficou de fora — por sinal, no seu (inacreditável) solo de guitarra, Page periga fazer com que muito marmanjo vá às lágrimas.

Além dos clássicos, destaque para a sequência de blues, na qual a banda enfileirou “In My Time Of Dying”, “Trampled Under Foot”, “Nobody s Fault But Mine”, “No Quarter”, “Since I ve Been Loving You” e “Dazed And Confused”, em execuções simplesmente demolidoras. 

Vale destacar também a performance de Jason Bonham — que, decididamente, não ocupou o posto de seu pai apenas por uma questão de DNA. O cidadão, de fato, toca muito — no final de “Kashmir”, por exemplo, ele rouba a cena. E, ao longo da apresentação, recebeu o afeto dos três veteranos, que voltavam-se para ele a todo momento. 

Diferentemente da reunião do Police, em 2007, na qual Sting, Andy Summers e Stewart Copeland não conseguiam disfarçar no palco a falta de intimidade entre eles — provavelmente por resquícios dos conflitos do passado —, os integrantes do Led Zeppelin interagiram o tempo todo, sorrindo em vários momentos. Pareciam estar ali por puro prazer, orgulhosos daquele momento. E de sua trajetória como um todo.

Em entrevista recente, Jimmy Page revelou o seu desapontamento pelo fato de a banda não ter entrado em turnê após o concerto de 2007. É realmente de se lamentar. Entretanto, apesar de meia década de atraso, Celebration Day lega para a eternidade um registro essencial não apenas da história do Led Zeppelin, mas do próprio rock'n'roll. Aliás, para quem desconhece o gênero e tem curiosidade em descobrir, trata-se de uma verdadeira enciclopédia.

Resumindo: compre ontem. E assista de joelhos.




Veja o vídeo de “Black Dog...





...e de “Kashmir”, na qual o baterista Jason Bonham simplesmente “quebra tudo”:


quinta-feira, novembro 29, 2012

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Little Wing’, com Sting





Ainda sobre Jimi Hendrix. No encarte de seu segundo disco solo de estúdio, ...Nothing Like The Sun [no detalhe, a capa], de 1987, Sting declarou:


“[O trio] The Jimi Hendrix Experience foi uma das primeiras bandas que vi tocar. Eu tinha 15 anos e havia comprado o primeiro compacto de Jimi, ‘Hey Joe’. Ele estava tocando no clube GoGo, em Newcastle [nota: cidade natal de Sting]. Eu nunca havia visto ou ouvido algo como aquilo na minha vida e suponho que jamais verei.


No álbum em questão, Sting regravou “Little Wing”, uma das mais belas — e delicadas — faixas de Hendrix. Naquele mesmo ano, o ex-Police ainda teve a felicidade de tocá-la ao lado de outro de seus “heróis”, em alguns shows que realizaram juntos: o figurão do jazz Gil Evans.




Embora até tenha se saído bem em sua releitura, a versão de Sting se baseia em critérios afetivos — e não supera o original de Hendrix. Entretanto, vale a pena assistir o fan vídeo abaixo, repleto de imagens inebriantes, que conseguem fazer o espectador... viajar:






Ouça a gravação original de “Little Wing”: