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domingo, agosto 12, 2012

Da série ‘Crônicas’: ‘Sobre o Dia dos Pais’





Há cerca de quatro meses, eu caminhava com o meu filho pelo bairro onde moramos. E eu o adverti:

— Filho, ande pelo canto da calçada e fico na ponta.

Ele obedeceu. Mas questionou:

, por que, pai?

Expliquei:

— É simples: caso um motorista bêbado se desgoverne e suba a calçada, primeiro atinge a mim e só depois a você. Ou, com sorte, atinge apenas a mim.

Com uma impressionante rapidez de raciocínio, ele retrucou:

— Se é assim, eu fico na ponta da calçada e você no canto, certo, pai?

Nesse momento, mais uma vez, tive a certeza da alma rara que habita aquele menino de onze anos. E, principalmente, que ele, em um gesto de amor que não expressa em meras palavras, daria a sua vida por mim.

Da mesma forma que eu, sem hesitar por uma fração de segundo sequer, daria a minha por ele.



***



Desejo, não somente neste domingo — mas sempre —, que todos os pais sejam felizes, agradecidos e orgulhosos como eu.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Da série ‘Crônicas’: ‘Pesquisa Eleitoral’

Direto ao ponto: sou contra a divulgação de pesquisas eleitorais. Terminantemente contra. Pelo simples fato de que as mesmas prestam, na verdade, um desserviço à democracia, “conduzindo” uma parte significativa da população a praticar a anomalia conhecida como “voto útil”:

— Ah, eu gostaria mesmo é de votar no Fulano de Tal. Só que as pesquisam apontam que ele não tem chance...

O mais desanimador é que esta praga, ao que tudo indica, jamais se extinguirá. Há alguns anos, quando cogitou-se a proibição de divulgação de pesquisas, o presidente de um instituto declarou: “Para mim, não faz diferença – posso divulgar da Argentina, através da internet.” Deplorável.

Sendo assim, diante da proximidade das eleições, fica a dica: esqueçam as pesquisas e votem – para todos os cargos eletivos – de acordo com suas consciências. Mesmo porque, muitas vezes, as pesquisas não retratam a realidade.

Exemplo: nas eleições para a Prefeitura do Rio, em 2008, o candidato do PV, Fernando Gabeira aparecia na terceira colocação das intenções de voto. Contudo, terminada a apuração, Gabeira havia ultrapassado o então segundo colocado – o senador Marcello Crivella – e foi para o segundo turno.

Detalhe: nenhuma pesquisa apontou esta possibilidade.

(Gabeira acabou perdendo a eleição por míseros 50 mil votos. Talvez pelo fato de que o Governador do Estado ter trocado a data de um ponto facultativo de seus funcionários, deixando-os livres para, digamos, viajar – e, consequentemente... não votar. Mas isso é outra história...)

E mais: não esqueçam que um instituto de pesquisa não deixa de ser uma empresa – que, como tal, precisa sobreviver. E será que somente as encomendas dos meios de comunicação – e apenas em períodos eleitorais – são o suficiente para tanto?

Pensem nisso.


***


Em tempo: algum de vocês já foi abordado para responder a algum tipo de pesquisa? Eu, pelo menos, em trinta e tantos anos de vida, jamais fui...

sábado, maio 22, 2010

Inaugurando a série ‘Crônicas’: A ‘utilidade pública’ da novela

Apesar de não assistir novelas, tenho enorme respeito pelos profissionais responsáveis pela realização das mesmas: autores, atores, diretores, etc. Não há como negar que trata-se de um produto muito bem acabado – não por acaso, são “exportadas” para vários países.

E é ainda mais louvável quando a novela extrapola a mera função de entreter e começa a exercer também uma espécie de “papel social”.

Explico: no momento em que Luciana, personagem de Alinne Moraes em Viver a Vida, tentava retomar a vida após o acidente que a deixou tetraplégica, observei, gratificado, que havia, nas ruas – e mais especificamente nos shopping centers – um número muito superior de cadeirantes do que costumava ver até então.

Mera coincidência? Não creio.

Ouso dizer que a trama de Manoel Carlos [foto] “encorajou” portadores de necessidades especiais a superaram as suas limitações e – perdoem o clichê – “viverem a vida”. Sobretudo porque é perceptível que existe, atualmente, uma preocupação maior, até mesmo nos transportes públicos, com a questão da acessibilidade.

Embora ainda esteja muito longe do ideal...

A arte, enquanto entretenimento, não tem obrigação de ser “panfletária”, “engajada”. Contudo, quando passa também a prestar “utilidade pública”, ela se enobrece. E torna-se muito mais do que apenas “circo”.