sexta-feira, novembro 30, 2007

'Ilusão à toa'

Curiosidade: além da já mencionada “Amor Mais que Discreto”, de Caetano, existe uma outra canção que também foi inspirada em “Ilusão à Toa” (1959), de Johnny Alf [foto]: “Um Certo Alguém”, composta por Lulu Santos e Ronaldo Bastos em 1983, que se tornou um dos maiores sucessos da carreira de Lulu.

Mas chega desses assuntos - senão o povo pode começar a pensar mal de mim, caramba.

'300'

Em um grande acerto histórico, o (ótimo) filme 300 [foto], dirigido por Zack Snyder - e inspirado na homônima graphic novel do gênio americano dos quadrinhos Frank Miller (Sin City) - também menciona o tal “modelo grego”. Logo após sofrer a ameaça do Império Persa, o rei Leônidas, de Esparta, decidiu reunir o seu exército para a guerra.

Enquanto o rei decide a forma mais eficaz de atacar o inimigo (bastante superior, do ponto de vista numérico), um membro da corte sugere que Esparta peça ajuda à vizinha Atenas. E o monarca retruca, furioso: “O quê? Aqueles filósofos e pederastas?”

O 'modelo grego'

No detalhe: o Parthenon, situado na parte da cidade de Atenas conhecida como Acrópole


Permanecendo, de certa forma, no mesmo assunto: recebi três e-mails perguntando o que vem a ser o tal “modelo grego”, que mencionei ao falar de “Amor Mais que Discreto”, canção inédita que integra o álbum Cê ao Vivo, de Caetano. Uma dessas três mensagens - de uma leitora - classifica a atitude como “incompreensível, ainda que estejamos em pleno século XXI”. A dúvida é pertinente, ainda que esse blog não carregue, em absoluto, nenhum tipo de preconceito por opção sexual - enfim, cada que faça o que lhe apetecer.

A Grécia Antiga, a princípio, não possuía um governo central - o país era formado por vários reinos independentes - como o de Atenas [foto] e o de Esparta. E essas duas cidades vizinhas viviam às turras, em face de incontornáveis diferenças... hum... comportamentais.

Os espatanos eram guerreiros natos, dotados de enorme coragem. Já os atenienses... bem, esses eram mais interessados em artes, em filosofia - grandes pensadores, aliás, surgiram em Atenas. E, além disso, eles tinham essa... digamos... complacência em relação ao amor - o relacionamento entre iguais era algo natural para eles.

Aí entra o tal “modelo grego” (que, na verdade, deveria ser chamado de “modelo ateniense” - porque em Esparta não tinha essas coisas, não): com base nessa permissividade, os pais (pasmem) entregavam seus filhos recém saídos da adolescência à “tutela” de homens mais velhos, para que eles adquirissem experiência sexual... ahn... na prática. Sei, parece absurdo. Mas era assim que o negócio funcionava em Atenas naquele tempo.

E a canção de Caetano cita essa possibilidade - visto que fala da relação entre um ancião e um rapaz (“eu sou um velho/ mas somos dois meninos”).

Caetano: nem tanto, nem tão pouco

Certa vez, li uma declaração de um jornalista já veterano que dizia mais ou menos assim: “Em tantos anos de carreira, só me arrependi UMA ÚNICA VEZ de uma resenha que eu tenha escrito. O profissional, antes mesmo de começar a escrever, sabe exatamente o que vai passar para o papel.” Ou seja, esse cidadão (cujo nome não convém citar) é simplesmente um imbecil - como todo indivíduo arrogante, inequivocamente, o é.

Porque, de fato, o crítico precisa - por uma questão de responsabilidade - formar a sua opinião, com solidez, antes de começar a redigir um artigo. Mas, por outro lado... se, ao longo de meses ou anos, podemos muito bem mudar de idéia quanto a pessoas, roupas, comidas, lugares, etc... por que não em relação a discos?

O que quero dizer com essas divagações mirabolantes é que, hoje, reconheço que a resenha que escrevi sobre o álbum CD , de Caetano Veloso, é imprecisa em alguns aspectos - embora, mesmo assim, eu não alterasse nela uma única vírgula. Lembro que, na edição do IM em que foi publicada, a minha matéria dividiu espaço com outras duas - bastante favoráveis ao disco, por sinal. Fiquei ali “desafinando o coro dos contentes”. Contudo, passados mais de doze meses, é óbvio que Caetano não se encontra em sua “derrocada criativa” (oh...), como eu disse. Mas continuo não considerando a “obra-prima” que meus coleguinhas disseram.

Confesso não destaquei de maneira justa a coragem da empreitada, por si só - um artista consagrado que, surpreendentemente, decide fazer um álbum de rock na companhia de três garotos. Acabei, sim, “aceitando a provocação” de faixas como “Homem” e “Porquê?”. E reagi à altura.

Contudo, está absolutamente claro que essa resenha foi escrita por alguém que conhece bem o trabalho de Caetano. E que, naquele momento, teve apenas um gesto de ira típico do sujeito que recebe um tio para almoçar em casa - e esse acaba tomando um pileque e enchendo a paciência. Mas que jamais deixará de ter afeto por esse tio.

No final das contas, podemos concluir que as relações de amor e ódio são sempre as mais intensas. E isso, devo confessar, é a minha cara.

'Eu digo sim'

Dias após a entrega da resenha que escrevi sobre o CD Multishow: Cê ao Vivo, de Caetano Veloso (que foi publicada na edição do IM que se encontra nas bancas - ver post abaixo), o título do artigo começou a me causar um certo... incômodo. Comecei a imaginar que “Eu Digo Sim”, em uma leitura apressada, poderia soar um tanto presunçoso - como se eu fosse jurado de um hipotético programa de calouros, respondendo a uma pergunta do tipo: “quanto vale o show de Caetano?”

E a verdade é uma só: do alto de sua obra monumental - mesmo com eventuais deslizes -, Caetano prescinde totalmente do meu “sim” ou do aval de quem quer que seja na imprensa musical brasileira. Fato.

Sendo assim, ficam aqui duas explicações (óbvias) acerca dessa matéria: a) o título “Eu Digo Sim” alude imediatamente à canção “É Proibido Proibir” (“Eu digo sim / Eu digo não ao não/ Eu digo: é proibido proibir”); b) o desfecho do artigo - que, de certa forma, acaba se relacionando com o título - cita os (belíssimos) versos finais de “London, London” (“I came around to say yes/ and I say” [“Vim para dizer sim/ E digo”]).

O ser humano, no decorrer da vida, diz “não” muito mais vezes do que diz “sim”. E esses versos, a despeito de sua simplicidade, são perfeitos em retratar a singeleza da aceitação, da afirmação. E eu não poderia deixar de mencioná-los naquele momento.

quinta-feira, novembro 22, 2007

International Magazine: edição de outubro/2007


Esses são os destaques da edição de outubro do jornal IM - INTERNATIONAL MAGAZINE, cuja chegada às bancas - que sempre ocorre ao final de cada mês - teve um pequeno atraso dessa vez:

  • entrevista com Pitty, falando sobre o seu novo DVD, (Des)Concerto. Por Elias Nogueira e Rodrigo Sabatinelli;
  • tudo sobre Echoes, Silence, Patience & Grace, o recém-lançado álbum do Foo Fighters. Por Marcelo Fróes;
  • All The Lost Souls, o aguardado segundo disco de James Blunt. Por J.M. Santiago;
  • entrevista exclusiva com Luiz Paulo Simas, ex-integrante do lendário grupo Vímana. Por Elias Nogueira e Marcelo Fróes.

E artigos meus sobre:

  • o CD Multishow: Cê ao Vivo, de Caetano Veloso:
(...) Como quase sempre acontece em se tratando de Caetano Veloso, seu mais recente disco,, foi um trabalho polêmico. Apesar do consenso de que dificilmente um artista contemporâneo de Caê desejaria - ou, principalmente, conseguiria - realizar um álbum tão arrojado, as opiniões (sempre superlativas) sobre a bolacha se dividiram: houve quem adorasse o disco; e também quem reagisse de forma contrária. Esse humilde escriba que vos tecla está incluído no segundo grupo.

A despeito de ter seus (poucos) bons momentos, como “Minhas Lágrimas”, as composições - o calcanhar-de-Aquiles do trabalho - alternaram, de um modo geral, auto-indulgência (“Musa Híbrida”) e tola provocação (“Homem” e “Porque?”).

Entretanto, iniciou-se a temporada de shows, e a apresentação realizada precisamente no dia nos Namorados desse ano na Fundição Progresso foi a escolhida para ser registrada em CD (17 faixas) e DVD (a ser editado agora em outubro, trazendo a íntegra do espetáculo), sob o título Multishow: Cê Ao Vivo. E a verdade é uma só: a exemplo de Estrangeiro e Circuladô, Caetano prossegue a sua tradição de shows memoráveis. (...)

  • o CD Matizes, de Djavan:
“(...) Djavan acaba de lançar disco novo: Matizes, que - a exemplo dos anteriores Na Pista, Etc (2005) e Vaidade (2004) - está sendo editado pelo selo próprio Luanda Music. Com sua bonita capa multicolorida, é o décimo oitavo trabalho do artista alagoano.

Depois de brincar de beeps e tóins em seu último CD, o supracitado projeto especial Na Pista, Etc. - no qual alguns de seus sucessos foram regravados com um pulso dançante - o músico, dessa vez, optou por compor (solitariamente) e gravar uma dúzia de canções - não muito inspiradas - que soam exatamente como... Djavan. O que acaba deixando o álbum com um inegável sabor de déjà vu. (...)



Leia a íntegra dessas matérias - e muito mais - no IM - INTERNATIONAL MAGAZINE desse mês. Já nas bancas.

quarta-feira, novembro 21, 2007

O 'universo particular' das letras de samba

O samba - a exemplo do blues e do reggae -, além de ter as suas particularidades melódicas e harmônicas, tem também as suas peculiaridades líricas. E, considerando que o gênero surgiu nas camadas menos favorecidas da população, é natural que as letras contem estórias do cotidiano de pessoas, digamos, “simples”.

E foi justamente isso que eu quis destacar quando mencionei, na resenha abaixo, a semelhança entre os versos de “Tá Perdoado”, de Arlindo Cruz e Franco, e “Tô Voltando”, de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós. Ambas têm o mesmo... hum, espírito.

E isso não tem nada a ver com plágio, certo?

Confira as duas letras e tire as suas conclusões:



Tá Perdoado

Arlindo Cruz - Franco


Perfumei o corredor,
Perfumei o elevador

Pra tirar de vez o mal olhado.

A saudade me esquentou,

Consertei o ventilador

Pro teu corpo não ficar suado.

Nessa onda de calor, eu até peguei uma cor,

com o corpo todo bronzeado.

Seja do jeito que for, eu te juro meu amor,
Se quiser voltar, perdoado.

Fui a pé a Salvador,

De joelho ao Redentor

Pra ver nosso amor abençoado.

Nosso lar se enfeitou,

A esperança germinou,

Ah, tem muita flor pra todo lado.


Pra curar a minha dor,
Procurei um bom doutor -

Me mandou beijar teu beijo mais molhado.


Seja do jeito que for, eu te juro meu amor,

Se quiser voltar,
perdoado.

E, se voltar, te dou café,

Preliminar com cafuné,

Pra deixar teu dia mais gostoso.

Pode abusar do que quiser e repetir

Te dou colher -

Faz daquele jeito carinhoso.


Deixa pintar o entardecer,

O sol brincar de se esconder,

Tarde, chuva eu fico mais fogosa.


E vai ficando pro jantar

Tu vai ver só, pode esperar
Que a noite será maravilhosa.






Tô Voltando

Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós


Pode ir armando o coreto
E preparando aquele feijão preto -

Eu
voltando.
Põe meia dúzia de Brahma pra gelar,

Muda a roupa de cama -

Eu
voltando.
Leva o chinelo
pra sala de jantar
Que é lá mesmo que a mala eu vou largar.


Quero te abraçar -

Pode se perfumar

Porque eu
voltando.

Dá uma geral, faz um bom defumador,
Enche a casa de flor

Que eu
voltando.
Pega uma praia, aproveita, tá calor,

Vai pegando uma cor

Que eu
voltando.
Faz um cabelo bonito pra eu notar

Que eu só quero mesmo é despentear.


Quero te agarrar

Pode se preparar

Porque eu
voltando.

Põe pra tocar na vitrola aquele som,

Estréia uma camisola -

Eu
voltando.
Dá folga
pra empregada,
Manda a criançada
pra casa da avó
Que eu
voltando.
Diz que eu só volto amanhã, se alguém chamar.

Telefone, não deixa nem tocar.


Quero lá.. lá.. lá.. ia.....

Porque eu tô voltando.

Maria Rita: na cadência bonita do samba

Em seu terceiro álbum, a filha de Elis Regina dedica-se inteiramente ao ziriguidum

A bem da verdade, o samba não é uma novidade na carreira de Maria Rita. A cantora já havia feito incursões no gênero tanto no seu primeiro álbum (com “Cara Valente”, do (ex?) Hermano Marcelo Camelo) quanto em Segundo (na boa “Recado”, de Rodrigo Maranhão). Novidade foi o fato de a filha de Elis ter dedicado um álbum inteiro ao gênero: esse é caso de seu terceiro disco, sintomaticamente batizado de Samba Meu, que chega ao mercado via Warner.

Com sua bela capa - aliás, a cantora está cada vez mais bonita e sensual -, Samba Meu (produzido por Leandro Sapucahy) sofre da mesma linearidade de trabalhos focalizados em um único gênero (em se tratando de um disco inteiro de reggae ou blues, a impressão seria igual). Além disso, ao contrário de Marisa Monte - que em seu Universo ao Meu Redor, produzido por Mário Caldato Jr., inseriu timbres e efeitos incomuns em discos de samba - Maria Rita optou por um enfoque inegavelmente tradicional. Mas, como diziam os antigos, ela tem bossa. E até que consegue se sair bem.

Não leve em conta a melancolia da faixa-título, que abre o álbum. O disco começa realmente na segunda música, “O Homem Falou”, de Gonzaguinha, com participação da Velha Guarda da Mangueira. Outro destaque é “Num Corpo Só”, de Arlindo Cruz (que, aliás, contribui com seis das quatorze canções do álbum), em registro que nada deve a sambas gravados por sua famosa mãe. E por falar em maternidade: “Cria”, de autoria de Serginho Meriti e César Belieny, é uma faixa simpática que fala sobre uma criança - mas sob a ótica da mãe.

O maior acerto, no entanto, foi a escolha do primeiro single de trabalho: “Tá Perdoado”, também de Arlindo Cruz, é simplesmente um golaço. A letra remete imediatamente a “Tô Voltando”, de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós, bastante conhecida na voz de Simone: “(...) A saudade me esquentou/ Consertei o ventilador/ pro teu corpo não ficar suado./ Nessa onda de calor, eu até peguei uma cor/ tô com o corpo todo bronzeado./ Seja do jeito que for, eu te juro meu amor/ Se quiser voltar, tá perdoado”.

Apesar do purismo - e da conseqüente reafirmação do apreço de Maria Rita pela tradição da música brasileira -, Samba Meu não deixa de ser um movimento inesperado na carreira da cantora.

E, assim, ela segue em frente.



Veja o video de Tá Perdoado”:


quinta-feira, novembro 15, 2007

Lulu Santos: Encontros O Globo


Estive presente a mais uma edição do Encontros O Globo - Especial Música, realizado no auditório do jornal, cujo convidado dessa vez foi ninguém menos que Lulu Santos. Diante de uma platéia, do ponto de vista etário, heterogênea - o que confirma que sua música atinge a pessoas de todas as idades -, o mestre do pop brasileiro, durante duas horas, falou sobre sua carreira, suas influências (como o twist, o pop anglo-americano e o samba de raiz) e cantou sucessos como “Tempos Modernos” (“foi com essa música que passei a ter confiança na minha capacidade como compositor”, disse ele), “Tão Bem”, “Assim Caminha a Humanidade” e “A Cura”. Lulu também cantou uma inédita em sua voz, o samba “Quisera Eu”, parceria sua com Zélia Duncan.

Absolutamente à vontade - e brincalhão como nunca - Lulu respondeu às perguntas dos mediadores (os jornalistas Bernardo Araújo, Antônio Carlos Miguel e Ronald Villardo; e a cantora Preta Gil), do público presente e dos internautas que enviaram mensagens através d'O Globo On Line. Questionado sobre a inspiração para “Como uma Onda”, seu maior clássico, o artista foi sincero:

- O que essa música tem é um bocado de harmonia. Um dia desses, estive observando a obra dos Beatles e percebi que, via de regra, tudo funciona em três acordes. O cancioneiro brasileiro tradicional, no entanto, é repleto de harmonias complexas. E 'Como uma Onda' foi inspirada, na verdade, em 'Acontece', de Cartola - disse o cantor para, logo em seguida cantar a sua famosa canção, para delírio dos presentes.

Perguntei sobre o possível relançamento de Mondo Cane - o seu excelente álbum de 1992, e ele respondeu:

- Tenho vontade de relançar não somente esse, como também os demais discos meus que não se encontram mais em catálogo. Como o Long Play, meu disco mais recente, foi editado pelo meu selo, apenas com a distribuição a cargo da Som Livre, pode ser que agora seja mais fácil negociar essas reedições.

Mas confirmou que Long Play pode realmente ser o seu último trabalho:

- Pode ser o último, sim, nesse formato: de coleção de canções, de CD propriamente dito. Hoje existem tantas formas de se comercializar música: pelo celular, através de download... E não é só isso: tenho muitas canções e sinto vontade de reler meus 'lados b'. Tanto que, atualmente, quando alguém me pede uma canção inédita, eu respondo: 'puxa, procure dar uma olhadinha nos meus 22 discos. Pode ser que você encontre lá alguma coisa que te agrade...'

Lulu confessou que adora jogar Guitar Hero (“vocês tinham que me ver tocando Nirvana naquilo”, disse, arrancando risos da platéia) e aproveitou para elogiar Alexandre Pires e Xororó (“ambos são muito bons, muito sérios naquilo que fazem”). E ainda falou com um apreço todo especial sobre Guilherme Arantes:

- Ele tem uma obra fantástica. Existem pelo menos dez canções dele que eu gostaria de ter feito.

Um internauta enviou uma mensagem classificando o funk carioca como uma “deturpação musical”, por causa das “letras agressivas”, e perguntando se o cantor era “a favor” do gênero. Lulu não respondeu. Em silêncio, pegou o violão e cantou a letra singela de “Se Não Fosse o Funk”, de MC Marcinho, gravada por Lulu em Long Play. Momentos depois, filosofou:

- Atualmente, não existe nada que me irrite mais do que... a própria irritação. Porque você tem dois trabalhos: o de se irritar; e, depois, o de se acalmar. Então, é melhor evitar logo o primeiro trabalho.

Veja algumas fotos que tirei do Encontro:












Os mediadores [da esquerda para a direita]: os jornalistas Bernardo Araújo e Antônio Carlos Miguel, a cantora Preta Gil e o também jornalista Ronald Villardo





sexta-feira, novembro 09, 2007

Barão Vermelho: antológico


Finalmente é lançada em DVD a memorável apresentação do grupo carioca no Rock in Rio I

Demorou “apenas” 22 anos, mas finalmente foi lançado em DVD Rock in Rio 1985, que traz o histórico show do Barão Vermelho naquele festival. Vale lembrar que esse é o primeiro registro visual dessa apresentação, que não havia sido lançada sequer no pré-histórico formato VHS - apenas em CD, em 1995. O álbum, aliás, acaba de ser relançado - com a capa modificada.

O primeiro disco do Barão, epônimo, foi lançado em 1982 e - mesmo contendo grandes canções e elogiado por pessoas do calibre de Caetano Veloso, que passou a tocar uma versão voz-e-violão de “Todo Amor que Houver Nessa Vida” em seus shows - não tinha padrão técnico para tocar nas rádios, em face da inexperiência do grupo em estúdio. No segundo álbum, a banda apenas trocou de problema: se, por um lado, o americano Andy Mills - que dividiu a produção com Ezequiel Neves - trouxe para o quarteto carioca uma sonoridade bem-acabada, por outro lhe tirou a espontaneidade. De qualquer forma, foi justamente desse trabalho que saiu o primeiro hit do Barão: o clássico “Pro Dia Nascer Feliz”, que, meses depois, foi registrada também por Ney Matogrosso e impulsionou a execução da gravação original.

Em sua terceira bolacha, Maior Abandonado (1984), o Barão parecia ter encontrado sua própria feição no estúdio: além da faixa-título, chegaram com sucesso às rádios “Bete Balanço” (trilha do filme homônimo de Lael Rodrigues) e “Por que a Gente é Assim?”. E, vislumbrando no Rock In Rio um momento crucial para as pretensões artísticas da banda, o Barão não teve dúvida: mandou rock n'roll na cara da platéia. Com instrumentistas de primeira e um frontman que chamou para si a responsabilidade de preencher um palco gigantesco, o grupo conquistou o público e alcançou a consagração que, meses depois, faria com que o vocalista saísse em carreira solo. Mas isso já é uma outra estória....


DVD é o registro definitivo da formação original da banda

No repertório, petardos como as supracitadas “Maior Abandonado”, “Bete Balanço” e “Pro Dia Nascer Feliz” (com Cazuza fechando o show evocando a euforia da chamada “Nova República”), além de “Menina Mimada”, “Milagres”, “Down em Mim” e uma versão matadora da também já mencionada “Todo Amor que Houver Nessa Vida”. “Mal Nenhum”, parceria até então inédita de Lobão e Cazuza, é precedida por discurso do Exagerado criticando o fato de o líder dos Ronaldos não figurar entre as atrações do festival.

Nos extras, a canção “Um Dia na Vida”, extraída da segunda apresentação da banda no mesmo festival e o ótimo documentário Aconteceu em 85, com depoimentos dos membros originais do Barão e do já citado Lobão, além de Ezequiel Neves, Lucinha Araújo, Sandra de Sá, do jornalista Pedro Bial e imagens de arquivo do próprio Cazuza.

Rock In Rio 1985, além de um documento importantíssimo do rock nacional, é o registro audiovisual definitivo da formação original do Barão Vermelho. Resta agora torcer para que também sejam editados em DVD excelentes apresentações da carreira solo de Cazuza como a do Teatro Ipanema, turnê de Só Se For a Dois, 1987 (que saiu em CD em 2005), além do emocioante especial global Uma Prova de Amor, de 1988.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Mais uma do Skank

Comenta-se que o próximo álbum de inéditas do grupo mineiro será produzido por ninguém menos que... Dudu Marote. Sim, o produtor que pilotou os dois discos que consolidaram (comercialmente) o Skank - Calango, de 1995; e O Samba Poconé, de 1996 - pode voltar a colaborar com a banda depois de um hiato de quase doze anos. E isso talvez signifique um retorno de Samuel Rosa e companhia ao dancehall, ao reggae, etc e tal.

Bem, acho que ninguém esperava por isso a essa altura do campeonato. Mas se realmente é verdadeira a informação de que Carrossel não teve a visibilidade habitual de um CD do Skank....

Skank: novo clipe

O Skank continua promovendo o seu mais recente álbum, Carrossel - que, segundo dizem as más línguas, não atingiu o patamar de vendas habitual do grupo. Se essa informação, for, de fato, procedente, é uma pena. Porque - ao contrário do disse boa parte da crítica musical do país - trata-se de um bom disco pop [leia a resenha clicando aqui].

O novo single em questão chama-se “Seus Passos” e a influência do Oasis nessa faixa é inegável. Um dia desses, ouvi um sacana chamando a música de “Melô da Moeda” (por causa do verso inicial: “E quando caio do seu bolso...”), mas isso é bobagem. O que realmente importa é que trata-se de uma bela canção.

O clipe foi filmado na Belo Horizonte natal da banda e mostra o vocalista Samuel Rosa caminhando pela cidade, passando por muros que trazem a letra da música impressa em seus grafites. Idéia interessante.

Veja o clipe aqui: