quinta-feira, novembro 15, 2007

Lulu Santos: Encontros O Globo


Estive presente a mais uma edição do Encontros O Globo - Especial Música, realizado no auditório do jornal, cujo convidado dessa vez foi ninguém menos que Lulu Santos. Diante de uma platéia, do ponto de vista etário, heterogênea - o que confirma que sua música atinge a pessoas de todas as idades -, o mestre do pop brasileiro, durante duas horas, falou sobre sua carreira, suas influências (como o twist, o pop anglo-americano e o samba de raiz) e cantou sucessos como “Tempos Modernos” (“foi com essa música que passei a ter confiança na minha capacidade como compositor”, disse ele), “Tão Bem”, “Assim Caminha a Humanidade” e “A Cura”. Lulu também cantou uma inédita em sua voz, o samba “Quisera Eu”, parceria sua com Zélia Duncan.

Absolutamente à vontade - e brincalhão como nunca - Lulu respondeu às perguntas dos mediadores (os jornalistas Bernardo Araújo, Antônio Carlos Miguel e Ronald Villardo; e a cantora Preta Gil), do público presente e dos internautas que enviaram mensagens através d'O Globo On Line. Questionado sobre a inspiração para “Como uma Onda”, seu maior clássico, o artista foi sincero:

- O que essa música tem é um bocado de harmonia. Um dia desses, estive observando a obra dos Beatles e percebi que, via de regra, tudo funciona em três acordes. O cancioneiro brasileiro tradicional, no entanto, é repleto de harmonias complexas. E 'Como uma Onda' foi inspirada, na verdade, em 'Acontece', de Cartola - disse o cantor para, logo em seguida cantar a sua famosa canção, para delírio dos presentes.

Perguntei sobre o possível relançamento de Mondo Cane - o seu excelente álbum de 1992, e ele respondeu:

- Tenho vontade de relançar não somente esse, como também os demais discos meus que não se encontram mais em catálogo. Como o Long Play, meu disco mais recente, foi editado pelo meu selo, apenas com a distribuição a cargo da Som Livre, pode ser que agora seja mais fácil negociar essas reedições.

Mas confirmou que Long Play pode realmente ser o seu último trabalho:

- Pode ser o último, sim, nesse formato: de coleção de canções, de CD propriamente dito. Hoje existem tantas formas de se comercializar música: pelo celular, através de download... E não é só isso: tenho muitas canções e sinto vontade de reler meus 'lados b'. Tanto que, atualmente, quando alguém me pede uma canção inédita, eu respondo: 'puxa, procure dar uma olhadinha nos meus 22 discos. Pode ser que você encontre lá alguma coisa que te agrade...'

Lulu confessou que adora jogar Guitar Hero (“vocês tinham que me ver tocando Nirvana naquilo”, disse, arrancando risos da platéia) e aproveitou para elogiar Alexandre Pires e Xororó (“ambos são muito bons, muito sérios naquilo que fazem”). E ainda falou com um apreço todo especial sobre Guilherme Arantes:

- Ele tem uma obra fantástica. Existem pelo menos dez canções dele que eu gostaria de ter feito.

Um internauta enviou uma mensagem classificando o funk carioca como uma “deturpação musical”, por causa das “letras agressivas”, e perguntando se o cantor era “a favor” do gênero. Lulu não respondeu. Em silêncio, pegou o violão e cantou a letra singela de “Se Não Fosse o Funk”, de MC Marcinho, gravada por Lulu em Long Play. Momentos depois, filosofou:

- Atualmente, não existe nada que me irrite mais do que... a própria irritação. Porque você tem dois trabalhos: o de se irritar; e, depois, o de se acalmar. Então, é melhor evitar logo o primeiro trabalho.

Veja algumas fotos que tirei do Encontro:












Os mediadores [da esquerda para a direita]: os jornalistas Bernardo Araújo e Antônio Carlos Miguel, a cantora Preta Gil e o também jornalista Ronald Villardo





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