terça-feira, março 29, 2011

Da série São Bonitas as Canções: ‘Avôhai’, de Zé Ramalho



A bela — e metafórica — faixa que abre o primeiro álbum de Zé Ramalho [foto], epônimo, editado em 1978, mantém, até os dias de hoje, uma aura de mistério até mesmo para os fãs do cantor.

O artista paraibano foi criado na fazenda de seu avô Raimundo, o “Avô Rai”, a quem tinha como um pai. Anos mais tarde, já envolvido com música, decidiu dedicar-lhe uma canção. O título era um neologismo inspirado na maneira como ele, quando criança, se referia ao patriarca dos Ramalho: “Avôhai”.

Indo mais longe, o autor de “Chão de Giz” percebeu que a palavra também serviria como uma espécie de... digamos, “corruptela” para o significado que o velho tinha em sua vida: um “indivisível” — porque o cantor não fazia essa “dissociação” entre os dois parentescos — “avô-pai”.

Identifiquei-me com esta história desde a primeira vez que a li, anos atrás. Pelo simples fato de que o meu avô paterno sempre foi, para mim, uma inequívoca referência paterna. E isso era reconhecido até mesmo pelo meu pai.

Sendo assim, no dia de hoje, em que ele completa dez anos de falecimento, homenageio a sua memória com esta canção. Seus ensinamentos e a lembrança de todos os momentos divertidos que ele proporcionou durante a minha infância me acompanharão enquanto eu viver.




Ouça a versão de “Avôhai” extraída do (ótimo) 20 Anos — Antologia Acústica, de 1997:

sábado, março 26, 2011

Da série São Bonitas as Canções: ‘Bittersweet Symphony’, do The Verve

Todos aqueles que assistiram com atenção o comercial de uma certa indústria francesa de automóveis, certamente não ficaram indiferentes à trilha sonora do anúncio — que é, de fato, a “cereja do bolo”.

Trata-se da ótima “Bittersweet Symphony”, o maior hit do extinto grupo The Verve [no detalhe], e uma das coisas mais interessantes produzidas durante a década de 1990.

Lançada em Urban Hymns, de 1997, terceiro álbum da banda inglesa, “...Symphony” tem uma história curiosa: o belíssimo arranjo de cordas — o qual, convenhamos, deu um “colorido” todo especial à música — foi sampleado da versão da Andrew Oldham Orchestra para “The Last Time”, dos Rolling Stones.

Com o sucesso da canção, Mick Jagger e Keith Richards decidiram entrar com uma ação judicial para requerer crédito na autoria da faixa, alegando que “eles usaram ‘The Last Time’ demais”.

Desta forma, os Glimmer Twins tornaram “parceiros” de Richard Ashcroft. Na ocasião, o vocalista do quarteto não perdeu a oportunidade de dar aquela alfinetada nos veteranos roqueiros:

— Faz muito tempo que os Stones não lançam algo tão bom quanto “Bittersweet Symphony”, não é mesmo?

O Adriano do videogame e o da vida real

Adriano, que teve rescindido o seu vínculo de quatro anos com a Roma, da Itália, já decidiu o seu futuro: jogará no Corinthians. O blog deseja, de maneira sincera, boa sorte ao atacante. E também que o clube paulista faça... er, bom proveito do atleta.

O desinteresse do Flamengo em recontratar o Imperador — apesar do clamor da parte da torcida — não pode ser interpretado como um gesto de “ingratidão” ou algo desta natureza. Não.

Ninguém esquece que, ao lado do sérvio Petkovic, Adriano foi peça-chave na conquista do hexacampeonato brasileiro, em 2009. Contudo, permanece igualmente nítida na memória a lembrança dos atos de indisciplina e ocorrências policiais do centroavante em 2010 — ano em que, em situação caótica, o rubro-negro quase caiu para a segunda divisão.

Sendo assim, a Diretoria do clube manteve o bom-senso e optou por, como se diz em Portugal, não “perdoar o mal que faz, pelo bem que sabe”.

Sei que é pedir demais. Mas seria ótimo se o Adriano da vida real fosse igual o do videogame [no detalhe]: que marcasse os gols — porque é, indiscutivelmente, craque —, mas não criasse nenhum problema extracampo...