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sábado, maio 12, 2018

Burt Bacharach: 90 anos


Autor de algumas das mais belas canções populares de todos os tempos, o maestro, pianista e compositor americano Burt Bacharach completa hoje 90 anos de idade.

Vencedor de seis prêmios Grammy e três estatuetas do Oscars, foi regravado por artistas do calibre de Dionne Warwick, Frank Sinatra, Carpenters, Stevie Wonder e até os Beatles, entre outros. Enfim, uma carreira vitoriosa.

Admirador confesso de Ivan Lins, Antonio Carlos Jobim e de baião (!), ele, contudo, nem sempre foi unanimidade. Houve um tempo em que Burt Bacharach era sinônimo  de muzak, easy listening, “música de elevador”. Posteriormente, os detratores perceberam que, apesar de sentimentais e de fácil assimilação, suas composições eram musicalmente muito elaboradas, passando ao largo de qualquer banalidade.

Detalhe: Bacharach não quer saber de aposentadoria. Seu trabalho mais recente foi a trilha sonora do filme A Boy Called Po, lançada no ano passado. E acreditem: ele continua cumprindo a sua agenda de shows (!).

Para os amantes da boa música, é uma alegria e um privilégio celebrar a vida e a obra desse gênio do pop. Flores em vida para ele.



Relembrem alguns de seus inúmeros sucessos:




On My Own”, belo dueto de Patti LaBelle com Michael McDonald, obteve boa execução radiofônica na década de 1980:







Música-tema do filme Arthur, o Milionário Sedutor, “Arthur's Theme (Best That You Can Do)”, parceria de Bacharach com Christopher Cross, rendeu à dupla o Oscar de Melhor Canção:





Na sequência Arthur 2 – O Milionário Arruinado, Bacharach emplacou outra pérola, “Love Is My Decision” — dessa vez, na voz de Chris “The Lady In Red” deBurgh:






Imortalizada na voz de B.J.Thomas, “Raindrops Keep Fallin' On My Head” rendeu a Bacharach os seus dois primeiros Oscar, em 1969:






Sucesso na voz de Dionne Warwick — a maior intérprete de Burt Bacharach —, “Always Something There To Remind Me” ganhou uma boa releitura do Naked Eyes nos anos 1980.






Uma de suas canções mais emblemáticas, “I'll Never Fall In Love Again” foi regravada pelo maestro na companhia do amigo, fã e parceiro Elvis Costello — com quem gravou em 1998 o estupendo álbum Painted From Memory — para a trilha do filme Austin Powers: O Agente Bond Cama:





Por sua vez, a trilha de O Casamento de Meu Melhor Amigo trazia a ótima versão reggae de Diana King para “I Say A Little Prayer”:





Com a delicadeza habitual, os Carpenters, na sua releitura de “(They Long To Be) Close To You”, conseguem emocionar até uma parede






Fechando a sequência com chave de ouro: faixa cuja renda seria destinada às vítimas do vírus HIV, acabou se tornando uma das mais comoventes canções já escritas sobre a amizade. Gravada inicialmente por Rod Stewart, “That's What Friends Are For” recebeu de Dionne Warwick e seus amigos Stevie Wonder e Elton John a sua versão definitiva:



segunda-feira, dezembro 26, 2016

George Michael (1963 — 2016)


George Michael iniciou sua trajetória musical em 1981, formando o duo Wham! na companhia de Andrew Ridgeley, seu colega de escola. Rapidamente, a dupla se revelou uma usina de compactos de sucesso, como “Everything She Wants”, “Last Christmas”, “I'm Your Man” e, claro, a infecciosa “Wake Me Up Before You Go-Go”. Em 1984, lançou um single solo, a balada “Careless Whispers”, cujo sax inconfundível logo se tornou uma de canções mais emblemáticas.

Dois anos depois, decidiu embarcar em carreira solo, naquela que foi definida pela dupla como “a separação mais amigável da história do pop”. E “quebrou a banca” logo em seu álbum de estreia: com hits como “Father Figure”, “I Want Your Sex”, “One More Try”, “Kissing a Fool” e a faixa-título, Faith [1987] vendeu 25 milhões de cópias em todo o planeta e o colocou no mesmo patamar de mega astros como Madonna, Prince e Michael Jackson.

Evidentemente, a imagem de sex symbol — um misto de James Dean e Elvis Presley — ajudou bastante na empreitada. Contudo, Michael, ciente de sua capacidade — além de cantar, compor e ser um ótimo performer, tocava vários instrumentos e era um produtor de mão cheia —, tinha outros planos.

Em 1991, lançou o seu segundo álbum. Já no título, a mensagem era clara: Listen Without Prejudice (“Ouça sem preconceito”). Nas poucas entrevistas que concedeu no período, frisou que era “um compositor” e que, daquele momento em diante, a música “ficaria em primeiro plano”. A capa [no detalhe] não trazia nenhuma foto ou indicação do artista — apenas uma imagem em preto-e-branco de uma multidão de banhistas. Para completar, Michael se recusou a aparecer nos vídeos de divulgação.

O álbum emplacou dois hits: “Freedom '90” (cujo clipe mostra a jaqueta de couro de Faith entrando em combustão, simbolizando a ruptura com o passado) e “Heal The Pain”, balada acústica a la Paul McCartney (em 2005, ele regravaria a canção com a participação do ex-beatle). Entretanto, apesar de boas faixas como a bossa nova “Cowboys And Angels”, “Waiting For That Day”, “Praying For Time” (que George considerava a sua melhor letra) e “Something To Save”, o trabalho não repetiu, nem de longe, o desempenho de seu antecessor. Resultado: o cantor acusou a Sony de “escravizá-lo” e “não divulgar o disco com deveria”. E acionou judicialmente a companhia para se livrar do contrato. 

No decorrer do processo, Michael ficou fora do mercado fonográfico, lançando apenas o single Don't Let The Sun Go Down On Me (magnífico dueto com Elton John) e o EP ao vivo Five Live (que continha a sua emocionante versão de “Somebody To Love”, gravada em 1992 no Tributo a Freddie Mercury), de 1993. Acabou perdendo a ação, sendo “condenado” a lançar uma coletânea — Ladies & Gentlemen, que chegou às prateleiras somente em 1998, com duas faixas inéditas e dois covers (uma versão estupenda de “As”, de Stevie Wonder, e “I Can't Make You Love Me”, de Joni Mitchell), gravados exclusivamente para o projeto. 

Em 1996, assinou com a gravadora Virgin e editou o seu primeiro álbum de inéditas em meia década. O ótimo Older emplacou hits como “Fast Love”, a irresistível “Spinning The Wheel” e a balada “Jesus To a Child”, dedicada ao seu namorado brasileiro, o estilista Anselmo Feleppa — que conheceu logo após o memorável show no Rock In Rio II —, morto em decorrência do HIV. Mas nada que se comparasse aos seus áureos tempos. Naquele mesmo ano, gravou um bom MTV Unplugged que, embora tenha sido exibido pela emissora, jamais foi lançado oficialmente — provavelmente pelo uso de sequenciadores em um espetáculo que deveria ser... acústico.

Os problemas começam para valer em 1998, quando o artista foi preso por ato obsceno em um banheiro público de Los Angeles. Ele debochou da situação no vídeo de “Outside”, no qual aparece vestido de... policial. O episódio forçou-o a assumir a sua homossexualidade. No ano seguinte, lançou o classudo Songs From The Last Century. Produzido pelo renomado Phil Spector, trazia releituras de Frank Sinatra (“My Baby Just Cares For Me”), Nina Simone (“Wild Is The Wind”), Roberta Flack (“The First Time Ever I Saw Your Face”) e The Police (uma inesperada versão jazzy de “Roxanne”), entre outros.

A partir de então, foram períodos de depressão, internações em clínicas de reabilitação (confessou que fumava cerca de 25 cigarros de maconha por dia, além de consumir álcool, cocaína e crack), acidentes de trânsito e novos escândalos sexuais. George Michael, decididamente, passou a ser citado com mais frequência nos tabloides sensacionalistas ingleses do que nas publicações musicais.  

Editou, em 2004, aquele que viria a ser o seu último disco de inéditas. Patience apresentava um pop sofisticado e gerou o seu derradeiro hit, a ensolarada “Amazing”. Para variar, mais uma polêmica: ao criticar a invasão ao Iraque no irônico vídeo de “Shoot The Dog”, passou a sofrer boicote da imprensa americana de direita. Comemorou os 25 anos de carreira com a caprichada coletânea Twenty Five [2006] e saiu em turnê pela Europa — registrada em Live In London [2009], seu primeiro DVD.

Já em 2014, lançou o seu último trabalho, Symphonica. Gravado ao vivo durante a turnê homônima de 2011/2012 — que foi interrompida durante a passagem pela Suiça, quando uma severa pneumonia quase o matou , chegou às lojas quando o supracitado produtor Phil Spector já havia falecido. No repertório, covers de Terence Trent D'Arby (“Let Her Down Easy”) e do já mencionado Elton John (“Idol”), além de composições próprias como “A Different Corner”, o primeiro single que gravou após o fim do Wham!.

Junto com a notícia de sua morte prematura, aos 53 anos, chega a informação de que, durante anos, George Michael doou, em segredo, milhões de libras a instituições de caridade, cedendo, inclusive, direitos autorais de suas canções. Embora tenha deixado um punhado de sucessos — a despeito de uma discografia bastante reduzida —, fica a triste sensação de que o artista que esbanjava talento se esmerou em “roubar o próprio show”. E que, apesar dos cem milhões (!) de discos vendidos e duas estatuetas do Grammy, poderia ter ido muito, muito mais longe.



Não deixa de ser uma infeliz coincidência que o autor de “Last Christmas” [1984] tenha falecido justamente... no dia de Natal.

domingo, novembro 20, 2016

Sting: de volta ao básico



CD
57th & 9th (Universal Music)
2016


Sting nunca escondeu que o fator surpresa sempre foi o principal motor de seu trabalho. Em 2007, depois de gravar o CD de alaúde mais vendido da história (o medieval Songs From The Labyrinth), deixou o mundo estupefato ao reativar o Police para uma bem-sucedida turnê mundial – algo que passou duas décadas repetindo que “jamais” faria. Terminada a excursão, passou a ostentar uma barba típica de um profeta e debruçou-se nas canções invernais do melancólico If On A Winter's Night [2009]. Em outra reviravolta, decidiu reler faixas de sua carreira solo e de seu antigo grupo acompanhado por uma grande orquestra em Symphonicities [2010]. E, por fim, compôs a trilha do seu primeiro musical exibido na Broadway, The Last Ship [2013]. Portanto, o que surpreenderia o seu público? Um retorno ao formato básico de baixo-bateria-guitarra, sem dúvida. Bingo: essa é justamente a proposta do inglês no recém-lançado 57th & 9th – esquina nova-iorquina que ele atravessava diariamente no caminho para o estúdio de gravação. Detalhe: o seu último disco “de carreira”, o bom Sacred Love, foi lançado em 2003 (!).

É bem verdade que a irresistível “I Can't Stop Thinking About You”, que abre os trabalhos, e a pesada “Petrol Head” não soariam deslocadas no repertório do Police. Aliás, perguntado se o disco novo teria o som característico do trio, Sting respondeu à moda Newcastle (região do norte da Inglaterra onde nasceu, na qual as pessoas são reconhecidamente… rudes): “I am the fucking Police”. Contudo, é mais apropriado definir 57th & 9th como um álbum de pop rock – como a agradável “One Fine Day”, que clama para que, “um dia desses”, líderes mundiais se mobilizem acerca do aquecimento global. 

Um dos pontos altos é a amarga “50,000”, que mostra o impacto que as mortes de David Bowie, Prince, Glenn Frey e do amigo Alan Rickman (o “Snape” da série Harry Potter) exerceram sobre Sting, que completou 65 anos no mês passado. “Outro obituário no jornal de hoje”, lamenta. Em um determinado trecho, ele parece se dirigir aos seus ex-colegas de banda: “Como lembro bem dos estádios em que tocamos / e as luzes que varriam o mar de 50.000 almas que enfrentaríamos”. E, ciente da “imortalidade” que os seus companheiros de profissão costumam atingir, conclui: “Astros do rock nunca morrem / apenas desvanecem”.

Por outro lado, o Sting reflexivo dos últimos 30 anos se faz presente nas acústicas “Heading South On The Great North Road”, balada com ares celtas que poderia tranquilamente estar em The Last Ship, e “The Empty Chair”, que encerra os trabalhos com um pedido: não ser esquecido depois de partir (“Guarde o meu lugar e a cadeira vazia / e, de alguma forma, estarei lá”). 

Bom letrista, ele se mostra afiado na arabesca “Inshallah”, que aborda a questão dos refugiados. O título é uma expressão bastante utilizada no mundo islâmico, que, em uma tradução livre, equivale ao nosso “se Deus quiser”. Na edição Deluxe do álbum, há uma outra versão dessa faixa, gravada em Berlim na companhia de músicos egressos da Síria. No entanto, a melhor letra provavelmente é a tocante “If You Can't Love Me” (“Não quero nada pela metade (…) / se você não consegue me amar assim / então você tem que me deixar”).

Embora um tanto incompreendido – e subestimado – desde o início de sua trajetória solo, Sting já foi indicado 38 vezes para o Grammy, tendo vencido em 16 ocasiões. Está indiscutivelmente inserido no panteão dos grandes compositores pop do século passado, onde já se encontram Lennon & McCartney, Jagger & Richards, Elton John & Bernie Taupin, o supracitado David Bowie e Bob Dylan, entre outros. E, em 57th & 9th, a mensagem é clara: a canção popular ainda é assunto dele, sim. 



Ouça “50,000...



...e “Petrol Head:


sexta-feira, setembro 07, 2012

Cinco anos sem Luciano Pavarotti




O mais famoso dos chamados Três Tenores — os demais são Plácido Domingo e José Carrera, Luciano Pavarotti [no detalhe] eternizou-se por ter popularizado mundialmente a ópera.

Cinco anos após o seu desaparecimento — vítima de câncer no pâncreas, aos 71 anos, em Módena, sua cidade natal , relembremos Pavarotti com quatro colaborações suas com astros do pop mundial.




Em abril de 1998, Pavarotti e Roberto Carlos cantaram juntos “Ave Maria”, de Schubert, uma das mais tocantes melodias que existem. Ao lado do tenor, o Rei, com sua humildade habitual, comentou: “É um privilégio e um atrevimento, mas logicamente uma concessão maravilhosa de Luciano Pavarotti... me deixar cantar uma canção com ele”. Detalhe: próximo do final da canção, o italiano estende a mão para tocar a de RC:





Com Elton John, Pavarotti gravou a belíssima “Live Like Horses”. Reza a lenda que, ao olhar as duas rotundas figuras nas capas do single, Elton, com sua língua ferina, não perdeu a oportunidade de fazer piada, se utilizando do título da canção: “‘Vivem como cavalos’? Comem como cavalos!





“Panis Angelicus” é um cântico católico antiquíssimo, em latim (!), que Luciano Pavarotti regravou, em 1992, em dueto com... Sting. A resenha publicada, à época, no Jornal do Brasil criticou duramente o ex-Police, pela sua “inaptidão para o canto lírico”. Bobagem. Sting é um cantor popular. E a sua coragem, por si só, justifica a empreitada:





E, last but not leastPavarotti registrou, na companhia dos Passengers — leia-se: o projeto Original Soundtracks, de 1995, realizado pelo U2 em parceria com o produtor Brian Eno —, “Miss Sarajevo”. Quatro anos depois, a canção recebeu uma versão de George Michael:


segunda-feira, novembro 07, 2011

George Michael: o fã de Stevie Wonder



Ao longo de sua carreira, George Michael [no detalhe] já recorreu várias vezes ao repertório de Stevie Wonder — que, por sinal, é um dos ídolos do ex-Wham!. 

A primeira vez foi em 1991, no álbum Listen Without Prejudice, quando fez um registro digno da pungente “They Won't Go When I Go”, originalmente lançada no álbum Fulfillingness' First Finale, de 1974. Na ocasião, o artista declarou:

— Fiquei bastante satisfeito com o resultado final desta faixa. Afinal, deu muito trabalho...




Naquele mesmo ano, Michael incluiu no lado B do single Don't Let The Sun Go Down On Me — o (bem-sucedido) dueto com Elton John — uma gravação ao vivo de “I Believe (When I Fall In Love It Will Be Forever)”, do clássico Talking Book, 1972 




Três anos antes, entretanto, George já havia incluído “Too Shy To Say”, também do álbum Fulfillness' First Finale, no repertório de sua Faith Tour:




Também em 1988, no show em homenagem ao aniversário de 70 anos de Nelson Mandela, GM cantou “Village Ghetto Land”, originalmente lançada no essencial Songs In The Key Of Life, de 1976; 




No Concert For Hope, realizado em 1993, Michael fez uma releitura de “Love's In Need Of Love Today”, a faixa que abre o já mencionado Songs In The Key Of Life, na companhia do próprio Stevie Wonder.




Em 1997, em um concerto promovido pelo canal VH-1, George cantou “Living For The City”, novamente acompanhado pelo ilustre autor da canção:




Em 1998, na compilação dupla Ladies & Gentlemen — The Best Of George Michael, o cantor regravou, na companhia da americana Mary J. Blige, a belíssima “As”, também de Songs In The Key Of Life. E, cá para nós: sua (elegante) versão não deve absolutamente nada à do mestre — pronto, falei.




Em 2006, o artista voltou a cantar uma faixa de Songs In The Key Of Life — ele deve gostar bastante desse disco: “Knocks Me Off My Feet” fez parte dos primeiros shows da turnê 25 Live. Contudo, por algum motivo, a faixa acabou posteriormente sendo excluída do roteiro.




Por fim, em abril deste ano George disponibilizou em seu site, para download gratuito, uma versão de “You And I”, do supracitado Talking Book. Na ocasião, o cantor ofereceu a faixa como um “presente de casamento” ao príncipe William e Kate Middleton [saiba mais aqui]: 

quarta-feira, setembro 28, 2011

A harmônica de Stevie Wonder em canções de outros artistas


Stevie Wonder, que se apresentará amanhã no Rock In Rio, é um artista cuja trajetória é absolutamente singular. 

Assinou seu primeiro contrato com uma gravadora, a Motown, aos 11 (!) anos de idade. Em sua discografia, encontram-se álbuns essenciais como Talking Book [1972], Innervisions [1973], Fulfillingness' First Finale [1974] e, em especial, Songs In The Key Of Life [1976]. Aos 61 anos, com mais de trinta hits no currículo, é o artista masculino que mais ganhou prêmios Grammy — 25 ao todo. Nada disso, entretanto, é novidade para ninguém.

O que talvez nem todos saibam é que, não bastasse o soberbo cantor e compositor que sempre foi, Stevie — a despeito da deficiência visual de nascença —, é um multi-instrumentista, gravando várias de suas faixas praticamente sozinho (!).

Contudo, apesar de dominar piano, baixo e até... bateria, Wonder é mais identificado pelo público por um instrumento em especial: a harmônica [no detalhe].

Além de estar presente em vários de seus clássicos como “Isn't She Lovely”, “Send One Your Love”, “From The Bottom Of My Heart” e “For Once In My Life”, a gaita de Stevie Wonder também aparece em sucessos de outros artistas.

Confiram alguns exemplos:


Gravado em Los Angeles, Luz, quinto álbum de Djavan, conta com a participação da inconfundível harmônica de Stevie Wonder em “Samurai”. Anos depois, em entrevista a Jô Soares, o cantor alagoano fez uma curiosa observação sobre seu convidado: “Ele tem uma bunda enorme”:



No ano seguinte, Wonder emprestou sua gaita à belíssima “I Guess That's Why They Call It The Blues”, lançada por Sir Elton John em seu álbum Too Low For Zero:




Em 1984, Stevie colaborou com Chaka Khan, em sua incendiária releitura de “I Feel For You”, uma das mais infalíveis faixas para pista já gravadas. A versão original, que o autor Prince, lançou em seu segundo disco, epônimo, de 1979, não chega nem perto...




Faixa do álbum Be Yourself Tonight [1985], do extinto duo Eurythmics, a bela melodia “There Must Be An Angel (Playing With My Heart)”, não poderia encontrar, além da voz cristalina de Annie Lennox, um adorno mais apropriado do que a harmônica de SW:




Stevie Wonder também participa da regravação da imortal “As Time Goes By”, que Carly Simon incluiu em seu Coming Around Again, de 1987:




Em Duets II, de 1996, derradeiro trabalho de Frank Sinatra, Stevie acompanhou o anfitrião e Gladys Knight em uma canção que fez muito sucesso em sua voz: “For Once In My Life:




Por considerá-la um tanto parecida com o antigo sucesso “I Was Made To Love Her”, Sting — fã confesso de Wonder — convidou-o para tocar gaita na esperançosa “Brand New Day”, faixa-título do álbum que o ex-Police editou em 1999. Em vídeo extraído do DVD Live At Universal Amphitheatre, daquele mesmo ano, a entrada-surpresa de SW causou enorme frisson na plateia. E vale a pena observar também a reação de Sting: terminada a canção, Stevie vai deixando o palco e o baixista observa, em silêncio, com as mãos juntas — como se estivesse rezando. Segundos depois, com a voz calma, diz, simplesmente: “Stevie Wonder”. Então, olha para o alto e completa a frase: “Um ser elevado”:




Stevie Wonder também participou — brilhantemente, diga-se de passagem — da dobradinha* “Berimbau/Consolação”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, gravada por Gracinha Leporace em Timeless, álbum lançado por seu marido, Sérgio Mendes, em 2006. Wonder e Mendes, aliás, são amigos de longa data:

* Dedico esta canção ao pequeno capoerista aqui de casa.

sábado, dezembro 04, 2010

Lulu Santos: Acústico II – A Missão


CD/DVD
Lulu Acústico II (Universal Music)
2010



Cantor rebobina mais sucessos e ‘lados B’ em novo especial da MTV

Em 2000, Lulu Santos quebrou um paradigma com o seu Acústico MTV: eram tantos hits que, pela primeira vez na série, um artista mereceu – além do habitual DVD – um CD duplo com o registro de sua apresentação. E o compositor carioca permaneceu como o detentor solitário da façanha até 2002, quando Jorge Ben Jor recebeu a mesma deferência.

Passados exatos dez anos, Lulu volta à carga com Lulu Acústico MTV II, que chega às prateleiras em CD – desta vez, simples – e DVD, realizado de forma independente, com distribuição via Universal Music.

Impossível não ceder à tentação de relacionar o Acústico atual com o anterior – dadas as suas diferenças e semelhanças. Para começo de conversa, o cantor dispensou o tradicional “banquinho”, permanecendo de pé durante toda a apresentação. E, sem repetir uma música sequer do especial da década passada, desfiou sucessos como “Um Pro Outro”, “Minha Vida” e a bela “Papo Cabeça”, e bons “lados B” como “Pra Você Parar”, “Brumário”, “Dinossauros do Rock” e a sentida “Auto Estima”, que fecha os trabalhos.

Além do talento como hitmaker, Lulu Santos, em comparação aos seus congêneres/contemporâneos, tem um trunfo: a enorme facilidade em reinventar a si próprio e ao seu cancioneiro, a todo momento. Isso fica claro em “Tudo Azul”, faixa-título de seu bem-sucedido álbum de 1984, que ressurge mais brasileira do que nunca. O mesmo vale para “Vale de Lágrimas”, de 2005 – uma de suas melhores canções recentes – cujo novo arranjo, com ares de... tango (!), realçou a dramaticidade da letra.

A outrora dançante “Baby de Babylon” lançada no ano passado, recebeu um roupagem bossa nova, com eventuais compassos de... reggae (!). Ficou interessante. Já a ótima “Já É!”, de 2003, mesmo desplugada, não perdeu o seu pulso disco.


No DVD, Lulu homenageia os seus três ‘santos’

A cantora Marina De La Riva – descrita pelo cantor como “indescritível” – é convidada especial da (excelente) versão hispânica de “Adivinha o Quê?” e, apesar da voz pequena, empresta puro charme à gravação. Simplesmente hilário o momento em que ela se dirige a Lulu, no idioma de Cervantes, dizendo “tremendo vacilón”. Detalhe: a flauta supriu perfeitamente a ausência do solo de guitarra.

O baixista Jorge Aílton, autor de “Atropelada” – gravada pelo anfitrião em Singular, o antecessor de Lulu Acústico MTV II – faz o vocal principal da sua “O Óbvio”. Com seu jeitão de hino, a mediana “E Tudo Mais”, que abre o espetáculo, é a única inédita.

Disponíveis apenas no DVD, as três faixas bônus são, na definição do próprio Lulu, “velas” acesas para os seus “santos”: Gilberto Gil, homenageado com “Ele Falava Nisso Todo Dia”; o já mencionado Jorge Ben Jor, com “Tuareg”; e Caetano Veloso, com “Odara”, que contou novamente com a participação de Marina De La Riva e também de Andrea Negreiros, vocalista da banda de Lulu. As duas primeiras já haviam sido gravadas pelo autor de “Certas Coisas” – em Letra & Música, de 2005, e Assim Caminha a Humanidade, de 1994, respectivamente. Apenas “Odara” é inédita na voz do cantor carioca.

Mesmo sem superar o primeiro Acústico – que trazia o supra-sumo de sua obra –, Lulu Acústico MTV II é um bom registro daquele que é um dos principais nomes da música brasileira. Considerando o autor que sempre foi, Lulu Santos, se tivesse nascido no Reino Unido, certamente estaria à altura de um Elton John...



Confira os vídeos de ‘Adivinha o Quê?’...




...de ‘Baby de Babylon’...


...e de ‘Já É!’:

terça-feira, julho 20, 2010

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘That's What Friends Are For’, de Burt Bacharach

Em referência ao Dia Internacional da Amizade – que se comemora hoje, 20 de julho –, somente “Canção da América*”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, seria tão adequada quanto esta: a belíssima “That's What Friends Are For”.

Composta por um gênio do pop, Burt Bacharach [foto], em parceria com a letrista americana Carole Bayer Sager – que, aliás, foi sua esposa durante nove anos –, a faixa foi gravada inicialmente por Rod Stewart, em 1982, para a trilha sonora da comédia Corretores do Amor (Night Shift).

A versão mais conhecida, no entanto, é que reúne Dionne Warwick – sem dúvida, a melhor intérprete de Bacharach – a Gladys Knight, Elton John e Stevie Wonder. Lançada em um single em dezembro de 1985, teve seus fundos revertidos para o American Foundation for AIDS Research. E foi um sucesso retumbante.

Além de ter levado duas estatuetas Grammy – uma delas de Canção do Ano de 1986 –, foi eleita pela Billboard uma das cem maiores músicas de todos os tempos. E arrecadou três milhões de dólares pela causa.


***


Bem, nunca fui um homem de muitos amigos. Mas os que tenho me são verdadeiramente caros e especiais. Sejam novos ou antigos; próximos ou distantes: saúdo a todos. Não preciso sequer mencioná-los – eles saberão se reconhecer.

E o mais importante: a exemplo do que diz a canção, eles sabem que podem “sempre contar comigo / com certeza”.

Amigos servem para isso.



* Por sinal, esta é uma canção que me emociona bastante...


terça-feira, abril 13, 2010

George Michael: o (quase) Rei do Pop


DVD
Live In London (Sony Music)
2010



Em seu primeiro DVD, cantor mostra que poderia ter ido ainda mais longe – se não fossem os percalços

Em 1987, ao lançar Faith, seu primeiro álbum após o fim do duo Wham!, George Michael simplesmente quebrou tudo. Vendeu quinze milhões de cópias e gerou singles de sucesso como “I Want Your Sex”, “Kissing a Fool” e a faixa-título, entre outros. Foi, provavelmente, a mais séria ameaça ao reinado pop de Michael Jackson. George, entretanto, tinha outros planos para seu segundo disco solo.

Lançado em 1990, Listen Without Prejudice, é um trabalho introspectivo, no qual o artista tentou se desvencilhar da imagem de sex symbol. Tal “insolência” causou insatisfação na sua então gravadora, a Sony Music, e uma ação judicial que deixou o cantor “na geladeira” durante seis anos. Somem-se a isso os recentes escândalos (homos)sexuais, e pode-se ter uma ideia do quão... er, turbulenta tem sido a trajetória de GM.

De modo que o seu primeiro DVD, o duplo Live In London, também disponível em blu-ray – mas não em CD –, acaba colocando as coisas “nos seus devidos lugares”. Gravado nos dias 24 e 25 de agosto de 2008 (!), o espetáculo fez parte da turnê 25 Live – anunciada como a última de sua carreira –, que promoveu a coletênea Twenty Five.

Na arena londrina de Earls Court absolutamente lotada, George Michael, acompanhado de um impecável aparato de som, luzes e telões, resumiu a sua discografia de maneira generosa. E o show começa o pé direito, com a bela “Waiting (Reprise)”: a canção (“Há um caminho de volta para todo homem / Por isso estou aqui (...) / Será tarde demais para tentar de novo? / Aqui estou eu”) é entoada em off até o último verso, quando o cantor faz a sua entrada triunfal.

O repertório incluiu desde hits do Wham! – como “Everything She Wants”, “I'm Your Man” e até o seu maior êxito, a renegada “Careless Whispers”, que ele recusou-se a cantar ao vivo durante anos – até os seus sucessos solo – como “Freedom '90” e “Fastlove”. E não esqueceu (boas) faixas recentes como “Amazing”, “Flawless (Go To The City)” e “My Mother Had a Brother”, que fala sobre o tio de George – também gay –, que suicidou-se exatamente no dia em que ele nasceu.


Em ‘Shoot The Dog’, o momento polêmico do show

Um tanto distante da imagem de galã – não ostenta mais o topete de vinte anos atrás –, George Michael ainda é um grande artista em cima de um palco. Experiente – tinha 45 anos na ocasião da gravação –, teve astúcia para alternar números dançantes, como “Too Funky” e “Outside” – na qual, a exemplo do debochado clipe, vestiu-se de policial –, com momentos mais suaves, como as tristonhas “A Different Corner”, seu primeiro single solo, e “You Have Been Loved”, que mostra no telão imagens de pessoas próximas ao cantor que já faleceram.

Como intérprete, ainda mostra grande competência. Mas claramente passou a evitar os falsetes – outrora uma de suas marcas registradas...

Destaque para a lânguida “Father Figure”, a arrepiante versão gospel de “One More Try” – que já havia sido lançada como lado B de um single em 1996 – e uma versão demolidora de “Spinning The Wheel”, que não deixou pedra sobre pedra. Em “Shoot The Dog”, o momento polêmico do show: um cachorro inflável “vestido” com as cores da bandeira do Reino Unido parece fazer sexo oral em um enorme boneco (igualmente inflável) de George W. Bush...

No DVD 2, há o documentário I'd Know Him a Mile Off, que mostra os bastidores da turnê, além de três faixas bônus: “Precious Box”, “Jesus To A Child” e “First Time Ever”.

Em suma, Live In London é um excelente DVD de um autor pop – digam o que disserem – do calibre de um Elton John. E que faz pensar aonde George Michael poderia ter chegado, se não fossem os... tropeços. Para coroar sua “volta por cima”, falta apenas um álbum de inéditas, o primeiro desde Patience, de 2004. Mas, talvez, isso seja pedir demais...



Veja os vídeos de “A Different Corner”...



...da versão “gospel” de “One More Try”...



...de “Father Figure”...




...e de “Spinning The Wheel:

quinta-feira, novembro 19, 2009

Mary J. Blige

A supracitada Mary J. Blige [foto] possui dez álbuns em seu currículo.

Além da mencionada colaboração com Sting, a americana já participou de duetos com Elton John – a (fraca) versão ao vivo de “I Guess That's Why They Call It The Blues” – e George Michael – a excelente gravação de “As”, clássico de Stevie Wonder.


Veja “I Guess That's Why They Call It The Blues”, com Elton John e Mary J. Blige:




E o interessante vídeo de “As”, dueto da cantora com George Michael: