quarta-feira, setembro 28, 2011

A harmônica de Stevie Wonder em canções de outros artistas


Stevie Wonder, que se apresentará amanhã no Rock In Rio, é um artista cuja trajetória é absolutamente singular. 

Assinou seu primeiro contrato com uma gravadora, a Motown, aos 11 (!) anos de idade. Em sua discografia, encontram-se álbuns essenciais como Talking Book [1972], Innervisions [1973], Fulfillingness' First Finale [1974] e, em especial, Songs In The Key Of Life [1976]. Aos 61 anos, com mais de trinta hits no currículo, é o artista masculino que mais ganhou prêmios Grammy — 25 ao todo. Nada disso, entretanto, é novidade para ninguém.

O que talvez nem todos saibam é que, não bastasse o soberbo cantor e compositor que sempre foi, Stevie — a despeito da deficiência visual de nascença —, é um multi-instrumentista, gravando várias de suas faixas praticamente sozinho (!).

Contudo, apesar de dominar piano, baixo e até... bateria, Wonder é mais identificado pelo público por um instrumento em especial: a harmônica [no detalhe].

Além de estar presente em vários de seus clássicos como “Isn't She Lovely”, “Send One Your Love”, “From The Bottom Of My Heart” e “For Once In My Life”, a gaita de Stevie Wonder também aparece em sucessos de outros artistas.

Confiram alguns exemplos:


Gravado em Los Angeles, Luz, quinto álbum de Djavan, conta com a participação da inconfundível harmônica de Stevie Wonder em “Samurai”. Anos depois, em entrevista a Jô Soares, o cantor alagoano fez uma curiosa observação sobre seu convidado: “Ele tem uma bunda enorme”:



No ano seguinte, Wonder emprestou sua gaita à belíssima “I Guess That's Why They Call It The Blues”, lançada por Sir Elton John em seu álbum Too Low For Zero:




Em 1984, Stevie colaborou com Chaka Khan, em sua incendiária releitura de “I Feel For You”, uma das mais infalíveis faixas para pista já gravadas. A versão original, que o autor Prince, lançou em seu segundo disco, epônimo, de 1979, não chega nem perto...




Faixa do álbum Be Yourself Tonight [1985], do extinto duo Eurythmics, a bela melodia “There Must Be An Angel (Playing With My Heart)”, não poderia encontrar, além da voz cristalina de Annie Lennox, um adorno mais apropriado do que a harmônica de SW:




Stevie Wonder também participa da regravação da imortal “As Time Goes By”, que Carly Simon incluiu em seu Coming Around Again, de 1987:




Em Duets II, de 1996, derradeiro trabalho de Frank Sinatra, Stevie acompanhou o anfitrião e Gladys Knight em uma canção que fez muito sucesso em sua voz: “For Once In My Life:




Por considerá-la um tanto parecida com o antigo sucesso “I Was Made To Love Her”, Sting — fã confesso de Wonder — convidou-o para tocar gaita na esperançosa “Brand New Day”, faixa-título do álbum que o ex-Police editou em 1999. Em vídeo extraído do DVD Live At Universal Amphitheatre, daquele mesmo ano, a entrada-surpresa de SW causou enorme frisson na plateia. E vale a pena observar também a reação de Sting: terminada a canção, Stevie vai deixando o palco e o baixista observa, em silêncio, com as mãos juntas — como se estivesse rezando. Segundos depois, com a voz calma, diz, simplesmente: “Stevie Wonder”. Então, olha para o alto e completa a frase: “Um ser elevado”:




Stevie Wonder também participou — brilhantemente, diga-se de passagem — da dobradinha* “Berimbau/Consolação”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, gravada por Gracinha Leporace em Timeless, álbum lançado por seu marido, Sérgio Mendes, em 2006. Wonder e Mendes, aliás, são amigos de longa data:

* Dedico esta canção ao pequeno capoerista aqui de casa.

2 comentários:

Clarice disse...

Nossa !!! Que espetáculo de post !! Belíssima pesquisa ...Eu já ouvi alguma outra música com a participação dele, mas agora não vou me lembrar...Quando me lembrar , eu te mando..beijo!

Tom Neto disse...

Puxa, muito obrigado pelo elogio!

No entanto, preciso dizer algo que pode soar como “cascata” — mas não é: a pesquisa que fiz foi somente para confirmar algumas datas de lançamentos de discos. As duas únicas informações que, admito, eu desconhecia eram: a) a participação dele na gravação da Carly Simon; b) o título do álbum do Eurythmics.

Todo o restante eu sabia. Sem “colar”. :) Gostar bastante de música — e ter uma memória razoável — até que tem lá as suas vantagens. :)