sábado, agosto 31, 2013

‘New’: a música nova de Paul McCartney


Desde quinta-feira, 29 de agosto, está disponível nas rádios e nos iTunes a faixa-título do novo disco de inéditas de Sir Paul McCartney, o primeiro desde Memory Almost Full, 2006. 

Típico fruto pop do mais melodioso dos Beatles, “New” apresenta cadência que evoca “Penny Lane”, lançada pelo quarteto de Liverpool, em compacto, em 1967. As harmonias vocais, entretanto, remetem de imediato a Pet Sounds, clássico dos Beach Boys. 

Produzido por Mark Ronson, New [na foto, a capa], o álbum, será lançado mundialmente no dia 14 de outubro.



Ouça “New:


Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Jenny Wren’, de Paul McCartney



Carriça [foto] é um minúsculo pássaro comum em toda a Europa e América do Norte, assim como em algumas regiões da Ásia. Não é encontrável no Brasil. Em inglês, tem um nome que parece de menina: Jenny Wren.

Observando essa semelhança, Paul McCartney compôs uma canção com esse título, lançada no excelente Chaos And Creation In The Backyard, de 2005. Delicada balada dedilhada ao violão — contando apenas com uma discreta intervenção de violoncelo —, “Jenny Wren” alude instantaneamente à magistral “Blackbird”*, lançada pelos Beatles no chamado Álbum Branco, de 1968.

A letra, naturalmente, não desperdiça a metáfora: “Como várias garotas / Jenny Wren sabia cantar...”



* Vale lembrar que os versos de “Blackbird” — inspirada nos movimentos pelos Direitos Civis nos Estados Unidos da década de 1960, como os Panteras Negras e o Black Power — também trazem uma mensagem cifrada. Ou seja, o melro da letra é, na verdade... uma mulher negra.




Veja o vídeo de “Jenny Wren:

Da série ‘Frases’: Pilar del Río

O que me parece é que a razão tem que mandar sobre a vontade. Isto parece a coisa mais fria e mais forte que se pode dizer. Mas creio que somos racionais e temos a obrigação de ser racionais. E de não nos deixarmos levar, jamais, pelo instinto.”


Da jornalista e tradutora literária Pilar del Río — viúva de José Saramago, prêmio Nobel de Literatura em 1998 —, no (ótimo) documentário José e Pilar [2010], de Miguel Gonçalves Mendes. 


sábado, agosto 24, 2013

Jefferson Gonçalves faz o rio Mississipi desaguar no sertão



CD/DVD
Encruzilhada — Ao Vivo (independente)
2013


O gaitista carioca dá continuidade à sua mistura de blues com ritmos regionais brasileiros


Dois anos após o seu mais recente trabalho, Encruzilhada, Jefferson Gonçalves reaparece com um novo álbum. Lançado de maneira independente, Encruzilhada — Ao Vivo, gravado no Centro Municipal de Referência da Música Carioca Artur da Távola, chega às prateleiras em um caprichado box contendo CD e DVD.

No repertório, composições autorais de Jefferson, como “Ar Puro”, “Teto Preto” e “Café Expresso”, que dão continuidade à instigante mistura de blues com ritmos regionais brasileiros, como o xote e o baião.

Entretanto, o músico não deixa de incluir sons do delta do Mississipi, como “CatFish Blues”, de Muddy Waters, e “Mellow Down Easy”, de Willie Dixon, além do clássico “All Along The Watchtower”, de Bob Dylan, imortalizado na versão de Jimi Hendrix. Destaque também para “Crossroads”, daquele é considerado “o papa” do gênero, Robert Johnson, em uma clara alusão ao título do álbum.

Com 23 anos de carreira, Jefferson Gonçalves mostra, em Encruzilhada — Ao Vivo, toda a originalidade da música instrumental brasileira. Vale a conferida.

Da série ‘Frases’: Caio Fernando Abreu

Quem procura não acha. É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado. Tudo é Maya/ilusão. Ou Samsara/círculo vicioso.”


Trecho da “Carta ao Zézim”, do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu (1948 — 1996). Embora tenha sido escrita em 1979, só veio a ser publicada (postumamente) em 2002, no livro Caio Fernando Abreu: Cartas, organizado por Ítalo Moriconi.