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sábado, maio 12, 2018

Burt Bacharach: 90 anos


Autor de algumas das mais belas canções populares de todos os tempos, o maestro, pianista e compositor americano Burt Bacharach completa hoje 90 anos de idade.

Vencedor de seis prêmios Grammy e três estatuetas do Oscars, foi regravado por artistas do calibre de Dionne Warwick, Frank Sinatra, Carpenters, Stevie Wonder e até os Beatles, entre outros. Enfim, uma carreira vitoriosa.

Admirador confesso de Ivan Lins, Antonio Carlos Jobim e de baião (!), ele, contudo, nem sempre foi unanimidade. Houve um tempo em que Burt Bacharach era sinônimo  de muzak, easy listening, “música de elevador”. Posteriormente, os detratores perceberam que, apesar de sentimentais e de fácil assimilação, suas composições eram musicalmente muito elaboradas, passando ao largo de qualquer banalidade.

Detalhe: Bacharach não quer saber de aposentadoria. Seu trabalho mais recente foi a trilha sonora do filme A Boy Called Po, lançada no ano passado. E acreditem: ele continua cumprindo a sua agenda de shows (!).

Para os amantes da boa música, é uma alegria e um privilégio celebrar a vida e a obra desse gênio do pop. Flores em vida para ele.



Relembrem alguns de seus inúmeros sucessos:




On My Own”, belo dueto de Patti LaBelle com Michael McDonald, obteve boa execução radiofônica na década de 1980:







Música-tema do filme Arthur, o Milionário Sedutor, “Arthur's Theme (Best That You Can Do)”, parceria de Bacharach com Christopher Cross, rendeu à dupla o Oscar de Melhor Canção:





Na sequência Arthur 2 – O Milionário Arruinado, Bacharach emplacou outra pérola, “Love Is My Decision” — dessa vez, na voz de Chris “The Lady In Red” deBurgh:






Imortalizada na voz de B.J.Thomas, “Raindrops Keep Fallin' On My Head” rendeu a Bacharach os seus dois primeiros Oscar, em 1969:






Sucesso na voz de Dionne Warwick — a maior intérprete de Burt Bacharach —, “Always Something There To Remind Me” ganhou uma boa releitura do Naked Eyes nos anos 1980.






Uma de suas canções mais emblemáticas, “I'll Never Fall In Love Again” foi regravada pelo maestro na companhia do amigo, fã e parceiro Elvis Costello — com quem gravou em 1998 o estupendo álbum Painted From Memory — para a trilha do filme Austin Powers: O Agente Bond Cama:





Por sua vez, a trilha de O Casamento de Meu Melhor Amigo trazia a ótima versão reggae de Diana King para “I Say A Little Prayer”:





Com a delicadeza habitual, os Carpenters, na sua releitura de “(They Long To Be) Close To You”, conseguem emocionar até uma parede






Fechando a sequência com chave de ouro: faixa cuja renda seria destinada às vítimas do vírus HIV, acabou se tornando uma das mais comoventes canções já escritas sobre a amizade. Gravada inicialmente por Rod Stewart, “That's What Friends Are For” recebeu de Dionne Warwick e seus amigos Stevie Wonder e Elton John a sua versão definitiva:



sexta-feira, abril 22, 2016

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘I Feel For You’, com Chaka Khan


Lançada originalmente no segundo álbum de Prince, epônimo, de 1979, “I Feel For You” não obteve grande repercussão. Entretanto, ao ser regravada por Chaka Khan, cinco anos depois, em seu sexto álbum [no detalhe, a capa] — que, não por acaso, acabou sendo batizado com o nome da canção  — tornou-se um hit instantâneo.

Convenhamos: amplamente superior à do autor, a (irresistível) versão da cantora é uma das mais poderosas faixas já concebidas para as pistas de dança. Além do rapper Melle Mel, “I Feel For You” conta com a participação (mais do que) especial de um certo… Stevie Wonder.

Detalhe: a produção ficou sob a batuta do próprio Prince. E, sendo o autor da canção, ele acabou levando para casa o Grammy de Melhor Faixa de R&B de 1985.


sexta-feira, novembro 08, 2013

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Saturn’, de Stevie Wonder



Wonder apresentará, em um concerto beneficente (...), na íntegra, pela primeira vez, aquele que provavelmente é o melhor título de sua extensa discografia: o estupendo Songs In The Key Of Life, de 1976




Aproveitando o ensejo, relembramos o monumental Songs In The Key Of Life [acima, a capa], em uma faixa que, embora não tenha se tornado um hit, é uma das mais emocionantes não apenas do álbum, mas da carreira do músico: “Saturn”. 

Na letra, escrita pelo guitarrista Mike Sembello, o planeta Saturno é uma metáfora para Saginaw, cidade natal de Stevie Wonder. Além de ser um libelo contra a violência e pela paz entre os homens, “Saturn” fala do desejo de retornar a um lugar idílico e acolhedor, onde permanecem as nossas “raízes” — e a nossa inocência perdida. 

E no qual se tem a sensação de estar “a salvo” das mazelas do mundo adulto. 



Da série ‘Curiosidades’: ‘Balada do Louco’, dos Mutantes, e ‘Saturn’, de Stevie Wonder



Curiosamente, “Saturn”, de Stevie Wonder, e “Balada do Louco”, d'Os Mutantes, possuem versos de significados semelhantes. Em um determinado trecho, a canção do grupo paulistano diz: “Se eles têm três carros, eu posso voar”. E a composição do multi-instrumentista americano parece concordar: “Não precisamos de carros porque aprendemos a voar” (“Don't need cars cause we've learn to fly”). 

Mas é importante frisar que “Balada...”* foi lançada quatro anos antes de “Saturn”, no álbum Mutantes e seus Cometas no País do Baurets, de 1972 [acima, a capa].



* Composta a quatro mãos por Arnaldo Dias Baptista e Rita Lee, a belíssima “Balada do Louco” fala sobre... amor-próprio. Ou seja, sempre haverá alguém melhor do que cada um de nós, em todos os aspectos. Mais bem-sucedido. Mais inteligente. Mais bonito. Enfim, isso é um fato. Essa constatação, no entanto, não pode, em hipótese alguma, abalar a autoestima e o bem-estar de quem quer que seja. Mesmo que, para alguns, isso possa parecer... loucura.




Veja a comovente versão extraída do DVD Mutantes Ao Vivo — Barbican Theatre, Londres, de 2006, no qual Sérgio Dias, além da ótima interpretação, mostra por que é um dos melhores guitarristas brasileiros de sempre:

sexta-feira, novembro 01, 2013

Stevie Wonder lançará dois (!) álbuns em 2014



Sem editar um disco de inéditas há exatos oito anos — o mais recente foi A Time To Love, de 2005 —, Stevie Wonder anunciou que lançará não um, mas dois (!) álbuns em 2014. Seus respectivos títulos são When The World Began e Ten Billion Hearts. Divorciado da estilista Kai Millard Morris, com quem foi casado durante 11 anos, o artista conta que as suas novas composições falam sobre “família, mudança, crescimento e corações partidos”.

No repertório, além de faixas escritas recentemente, Wonder — que afirmou estar “ouvindo muito rap” — pretende incluir uma faixa que compôs aos 13 anos de idade. Além disso, o autor de “Superstition” pretende regravar alguns de seus sucessos, com o acompanhamento de uma orquestra.

Stevie também revelou ter a intenção de gravar um terceiro (!) álbum, apenas de canções religiosas, intitulado Gospel Inspired by Lula, cumprindo a promessa que fez à sua mãe, falecida em 2006.

No entanto, ainda este ano, Wonder apresentará, em um concerto beneficente — a ser realizado em Los Angeles, no dia 21 de dezembro —, na íntegra, pela primeira vez, aquele que provavelmente é o melhor título de sua extensa discografia: o estupendo Songs In The Key Of Life, de 1976, que traz pérolas como “Isn't She Lovely”, “I Wish” e “Sir Duke”, entre outras. 

Resta torcer para que o cantor lance o espetáculo em DVD e Blu-ray — a exemplo do que fez o Pink Floyd em 1995, ao regravar o clássico The Dark Side Of The Moon, de 1973, no álbum ao vivo P.U.L.S.E..

quinta-feira, novembro 01, 2012

‘Keep Moving Forward’: o ‘jingle de campanha’ de Stevie Wonder




Sete anos após o seu último álbum de inéditas — A Time To Love [2005], de onde saiu o seu hit mais recente, “From The Bottom Of My Heart” —, Stevie Wonder acaba de lançar novo single. Mas por motivos extramusicais.

Keep Moving Forward” é, despudoradamente, uma faixa de apoio à reeleição de Barack Obama [no detalhe, os dois amigos] à presidência dos Estados Unidos. Na letra (para lá de populista), Wonder, além de citar Obama nominalmente, afirma, com todas as letras, que ele é “o cara”.

Do ponto do vista musical, a canção traz o groove típico de SW, com um leve “tempero” árabe, já utilizado em faixas anteriores — e com resultados mais satisfatórios —, como “Pastime Paradise”, do clássico Songs In The Key Of Life, de 1976. 

É louvável quando um artista tem coragem de “dar a cara a tapa” e se posicionar politicamente. Mas o fato é que “Keep Moving Forward”, mero “jingle de campanha”, não fará a menor diferença na obra monumental do genial Stevie Wonder.




Veja o vídeo, com letra, de “Keep Moving Forward:


quarta-feira, maio 16, 2012

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Only Our Hearts’, de Paul McCartney



“...uma das duas inéditas do (estupendo) Kisses On The Bottom, novo álbum de Paul McCartney...”



A outra faixa inédita do mais recente CD do ex-Beatle é “Only Our Hearts”, cuja ficha técnica tem um convidado (mais do que) especial: Stevie Wonder [no detalhe, a dupla de gênios], na companhia de sua inconfundível harmônica, exatos 30 anos após o belíssimo dueto em “Ebony And Ivory”.

O repertório de Kisses On The Bottom — cuja direção musical foi assinada pela cantora, pianista e compositora canadanese Diana Krall, que também “emprestou” a sua banda para a gravação do disco — é formado por standards americanos dos anos 20, 30 e 40. E os dois originais de McCartney estão irrepreensivelmente conectados a essa estética — como ocorrera em Run Devil Run, de 1999, no qual o baixista incluiu três autorais inéditas em meio a releituras de rocks da década de 1950.




segunda-feira, novembro 07, 2011

Stevie Wonder: o fã de Michael... Jackson

Enquanto George Michael já revisitou inúmeras canções de um de seus maiores ídolos, Stevie Wonder, o autor de “As” homenageia com frequência um outro Michael: o Jackson [no detalhe, os dois amigos, juntos].

Além de ter tocado — e se emocionado — no velório-show de MJ, em 2009, Wonder incluiu no setlist de seu show uma versão de “The Way You Make Me Feel”. Originalmente lançada em Bad, de 1987, a faixa tornou-se, simplesmente, mais um petardo dançante de Stevie Wonder, do calibre de uma “Part-time Lover”.



Veja o vídeo de “The Way You Make Me Feel”, com a participação, ao piano, de John Legend — que, sabiamente, entrou mudo e saiu calado. Observem que, em um dado momento, Wonder se comove a ponto de não conseguir cantar. Mas, logo depois, se recompõe. E prossegue:




Já na sua apresentação no festival de Glastonbury, no ano passado, SW tocou uma belíssima versão de “Human Nature”, que Michael lançou em seu trabalho de maior sucesso Thriller, de 1983.




Vale lembrar que Stevie e Michael chegaram a gravar dois duetos – ambos muito aquém do talento da dupla. O primeiro foi “Get It”, do álbum Characters, que Wonder editou em 1987:




E o segundo foi “Just Good Friends”, do supracitado Bad, de Jackson:

George Michael: o fã de Stevie Wonder



Ao longo de sua carreira, George Michael [no detalhe] já recorreu várias vezes ao repertório de Stevie Wonder — que, por sinal, é um dos ídolos do ex-Wham!. 

A primeira vez foi em 1991, no álbum Listen Without Prejudice, quando fez um registro digno da pungente “They Won't Go When I Go”, originalmente lançada no álbum Fulfillingness' First Finale, de 1974. Na ocasião, o artista declarou:

— Fiquei bastante satisfeito com o resultado final desta faixa. Afinal, deu muito trabalho...




Naquele mesmo ano, Michael incluiu no lado B do single Don't Let The Sun Go Down On Me — o (bem-sucedido) dueto com Elton John — uma gravação ao vivo de “I Believe (When I Fall In Love It Will Be Forever)”, do clássico Talking Book, 1972 




Três anos antes, entretanto, George já havia incluído “Too Shy To Say”, também do álbum Fulfillness' First Finale, no repertório de sua Faith Tour:




Também em 1988, no show em homenagem ao aniversário de 70 anos de Nelson Mandela, GM cantou “Village Ghetto Land”, originalmente lançada no essencial Songs In The Key Of Life, de 1976; 




No Concert For Hope, realizado em 1993, Michael fez uma releitura de “Love's In Need Of Love Today”, a faixa que abre o já mencionado Songs In The Key Of Life, na companhia do próprio Stevie Wonder.




Em 1997, em um concerto promovido pelo canal VH-1, George cantou “Living For The City”, novamente acompanhado pelo ilustre autor da canção:




Em 1998, na compilação dupla Ladies & Gentlemen — The Best Of George Michael, o cantor regravou, na companhia da americana Mary J. Blige, a belíssima “As”, também de Songs In The Key Of Life. E, cá para nós: sua (elegante) versão não deve absolutamente nada à do mestre — pronto, falei.




Em 2006, o artista voltou a cantar uma faixa de Songs In The Key Of Life — ele deve gostar bastante desse disco: “Knocks Me Off My Feet” fez parte dos primeiros shows da turnê 25 Live. Contudo, por algum motivo, a faixa acabou posteriormente sendo excluída do roteiro.




Por fim, em abril deste ano George disponibilizou em seu site, para download gratuito, uma versão de “You And I”, do supracitado Talking Book. Na ocasião, o cantor ofereceu a faixa como um “presente de casamento” ao príncipe William e Kate Middleton [saiba mais aqui]: 

quinta-feira, outubro 27, 2011

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Send One Your Love’, de Stevie Wonder

Originalmente lançada no conceitual Journey Through “The Secret Life Of Plants” [no detalhe, a capa], de 1979, “Send One Your Love” é, por assim dizer, uma das mais belas melodias compostas por Stevie Wonder. Poderia ter sido gravada apenas em sua versão instrumental, se o artista assim desejasse. É, poderia.

Mas não: gênio que é, Wonder deu-se ao luxo de criar uma letra à altura da melodia — uma ode a exposição dos sentimentos. “Já ouvi muitas pessoas dizendo que os dias de romance não existem mais / e se apaixonar é tão antiquado. / Mas eles estão esperando o dia que, uma vez, em que deixarão escapar / a necessidade escondida / de cumprir o desejo do seu coração...”

E termina com um belo tapa de luva de pelica: “Sei que as pessoas dizem que ‘dois corações batendo como um’ é irreal / e só pode acontecer em contos de fadas. / Mas eles devem estar tão cegos que não conseguem acreditar no que veem / pois, ao nosso redor / estão os milagres da glória do amor”. 

Traduzindo, é como se ele dissesse: “Vocês parecem ser mais cegos do que eu, caramba — não enxergam um palmo à frente do nariz...”

Sem mais.


Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Send Your Love’ e ‘Sacred Love’, de Sting

Curiosamente, Sting incluiu em Sacred Love [no detalhe, a capa], seu álbum de 2003, uma canção de título (muito) semelhante à de Stevie Wonder — de quem, aliás, o ex-Police é admirador confesso [saiba mais aqui].

Send Your Love”, a faixa em questão, foi o primeiro single daquele CD. No entanto, a despeito da semelhança do título, a letra não apresenta a visão “romântica” de Wonder sobre o maior de todos os sentimentos — mas nem por isso menos... hum, abrangente, digamos assim.

Vale destacar também a magnífica fotografia do vídeo — na verdade, da versão remix de “Send Your Love”, que, ao contrário da gravação original, não conta com a participação do violonista flamenco Vicente Amigo.




Já os versos de “Sacred Love”, a faixa que dá nome àquele trabalho, abordam o amor de maneira — eu poderia classificar como “transcendente”, mas não gosto muito dessa palavra —... sagrada mesmo. Ou... universal, talvez. “Não preciso de médico / não preciso de comprimidos / tenho uma cura para os males do país. (...) / Todos os santos e anjos / e as estrelas lá no alto / tudo se resume ao amor”.


terça-feira, outubro 25, 2011

Stevie Wonder e a música brasileira


No momento em que Stevie Wonder [no detalhe] incluiu “Garota de Ipanema” no roteiro de sua recente apresentação no Rock In Rio, muitos podem ter pensado que tratava-se de mais um exemplo de “gringo fazendo média” — quando, na verdade, não é nenhum pecado que um músico estrangeiro tenha um gesto de “simpatia” para com a cultura de um país em que esteja visitando.

(Ainda que, em alguns casos, seja pura demagogia mesmo...)

Wonder, entretanto, possui uma ligação antiga com a música brasileira — tendo, inclusive, participado de trabalhos de artistas nacionais como Djavan e Sérgio Mendes [saiba mais aqui].

Em seu álbum Live, de 1970, Stevie gravou uma versão em inglês de Sergio Mendes — de quem é amigo de longa data — para “Sá Marina”, de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, sucesso na voz de Wilson Simonal.


Ouça “Pretty World (Sá Marina):



No ano seguinte, SW visitou o Brasil pela primeira vez, para uma pequena apresentação. Na ocasião, o samba “Você Abusou”, da dupla Antônio Carlos & Jocafi, fazia um estrondoso sucesso que, posteriormente, atravessaria fronteiras — a música foi gravada até em francês (!).

Eventualmente, Stevie a incluí no roteiro de seus shows. Foi assim em 1995, quando trouxe a sua turnê Conversation Peace para o Free Jazz Festival. E voltou a acontecer agora, no Rock In Rio, como música incidental em “Garota de Ipanema”.






Em 1973, Wonder compôs uma canção inspirada no modo “cuca fresca” do povo brasileiro: a arrasadora “Don't Worry 'Bout a Thing”, lançada originalmente no (excelente) Innervisions.


Veja o vídeo de “Don't Worry 'Bout a Thing”, extraído do (estupendo) DVD Live At Last, de 2009:


Por fim, em seu mais recente álbum de estúdio, A Time To Love [2005], a influência brasileira se faz presente na swingada — e praticamente desconhecida — “Sweetest Somebody I Know”, cuja melodia, em alguns momentos, se assemelha a... “Samba de Uma Nota Só”, clássico de Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça.



Ouça “Sweetest Somebody I Know:

Rock In Rio: Stevie Wonder ‘meets’ Antonio Carlos Jobim



Um dos pontos altos da apresentação de Stevie Wonder [acima, em foto do portal Terra] no Rock In Rio foi quando o artista convidou a sua filha, Aisha Morris — que inspirou, em 1976, a gema pop “Isn't She Lovely?” — para cantar “Garota de Ipanema”. Um momento antológico.

Mas não apenas pelo fato de Wonder estar tocando uma canção de Antonio Carlos Jobim [à direita] — ou seja, um gênio “se debruçando” sobre a obra de outro. Não. 

A versão de SW para “Garota de Ipanema” entrou para a história pelos minutos em que a toda a magia da música do Maestro Soberano se fez ecoar na Cidade do Rock, na voz dos jovens que, “regidos” por Wonder. cantaram o clássico de Tom & Vinicius a plenos pulmões.

No entanto, estes mesmos jovens talvez não saibam de cor mais cinco — não mais: apenas cinco — canções do autor de “Wave”. Lamentavelmente. A (monumental) obra de Antonio Carlos Jobim — que, em um mundo ideal, deveria ser tão emblemática para o nosso povo quanto o Corcovado ou o Pão de Açúcar — ainda está para ser descoberta. 

Quem sabe um dia?



quarta-feira, setembro 28, 2011

A harmônica de Stevie Wonder em canções de outros artistas


Stevie Wonder, que se apresentará amanhã no Rock In Rio, é um artista cuja trajetória é absolutamente singular. 

Assinou seu primeiro contrato com uma gravadora, a Motown, aos 11 (!) anos de idade. Em sua discografia, encontram-se álbuns essenciais como Talking Book [1972], Innervisions [1973], Fulfillingness' First Finale [1974] e, em especial, Songs In The Key Of Life [1976]. Aos 61 anos, com mais de trinta hits no currículo, é o artista masculino que mais ganhou prêmios Grammy — 25 ao todo. Nada disso, entretanto, é novidade para ninguém.

O que talvez nem todos saibam é que, não bastasse o soberbo cantor e compositor que sempre foi, Stevie — a despeito da deficiência visual de nascença —, é um multi-instrumentista, gravando várias de suas faixas praticamente sozinho (!).

Contudo, apesar de dominar piano, baixo e até... bateria, Wonder é mais identificado pelo público por um instrumento em especial: a harmônica [no detalhe].

Além de estar presente em vários de seus clássicos como “Isn't She Lovely”, “Send One Your Love”, “From The Bottom Of My Heart” e “For Once In My Life”, a gaita de Stevie Wonder também aparece em sucessos de outros artistas.

Confiram alguns exemplos:


Gravado em Los Angeles, Luz, quinto álbum de Djavan, conta com a participação da inconfundível harmônica de Stevie Wonder em “Samurai”. Anos depois, em entrevista a Jô Soares, o cantor alagoano fez uma curiosa observação sobre seu convidado: “Ele tem uma bunda enorme”:



No ano seguinte, Wonder emprestou sua gaita à belíssima “I Guess That's Why They Call It The Blues”, lançada por Sir Elton John em seu álbum Too Low For Zero:




Em 1984, Stevie colaborou com Chaka Khan, em sua incendiária releitura de “I Feel For You”, uma das mais infalíveis faixas para pista já gravadas. A versão original, que o autor Prince, lançou em seu segundo disco, epônimo, de 1979, não chega nem perto...




Faixa do álbum Be Yourself Tonight [1985], do extinto duo Eurythmics, a bela melodia “There Must Be An Angel (Playing With My Heart)”, não poderia encontrar, além da voz cristalina de Annie Lennox, um adorno mais apropriado do que a harmônica de SW:




Stevie Wonder também participa da regravação da imortal “As Time Goes By”, que Carly Simon incluiu em seu Coming Around Again, de 1987:




Em Duets II, de 1996, derradeiro trabalho de Frank Sinatra, Stevie acompanhou o anfitrião e Gladys Knight em uma canção que fez muito sucesso em sua voz: “For Once In My Life:




Por considerá-la um tanto parecida com o antigo sucesso “I Was Made To Love Her”, Sting — fã confesso de Wonder — convidou-o para tocar gaita na esperançosa “Brand New Day”, faixa-título do álbum que o ex-Police editou em 1999. Em vídeo extraído do DVD Live At Universal Amphitheatre, daquele mesmo ano, a entrada-surpresa de SW causou enorme frisson na plateia. E vale a pena observar também a reação de Sting: terminada a canção, Stevie vai deixando o palco e o baixista observa, em silêncio, com as mãos juntas — como se estivesse rezando. Segundos depois, com a voz calma, diz, simplesmente: “Stevie Wonder”. Então, olha para o alto e completa a frase: “Um ser elevado”:




Stevie Wonder também participou — brilhantemente, diga-se de passagem — da dobradinha* “Berimbau/Consolação”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, gravada por Gracinha Leporace em Timeless, álbum lançado por seu marido, Sérgio Mendes, em 2006. Wonder e Mendes, aliás, são amigos de longa data:

* Dedico esta canção ao pequeno capoerista aqui de casa.