terça-feira, julho 14, 2009

O ‘velório-show’ de Michael Jackson


Podemos classificar o velório de Michael Jackson – realizado na semana passada no ginásio Staples Center, Los Angeles, onde o cantor fez seu último ensaio para a turnê This Is It – como uma espécie de “missa de corpo presente sem cunho religioso”.

(Ainda que o caixão tenha entrado no local ao som de um coral gospel, e Lionel Richie, um dos artistas convidados, tenha cantado “Jesus Is Love”.)

Renato Russo provavelmente definiria o “velório-show” de MJ como uma “festa estranha com gente esquisita”: segundo a revista americana US Magazine, a maioria dos participantes não conhecia – ou pouca afinidade tinha com – o cantor.

Brooke Shields, por exemplo: a atriz de A Lagoa Azul, com todo aquele chororô no palco, não via Jackson desde 1991 (!), no casamento de Elizabeth Taylor. E o que dizer sobre o reverendo Al Sharpton, que riu durante uma discussão sobre raça com Michael Jackson em 2008?

O mesmo vale para quase todos os artistas que participaram da cerimônia: Mariah Carey (que, aliás, desafinou direto), Queen Latifah, Usher – nenhum desses era amigo pessoal do Rei do Pop.

Aliás, ironicamente, os amigos mais próximos de MJ – como o produtor Quincy Jones, a supracitada Elizabeth Taylor (que afirmou não querer se juntar a um “circo público”), o reverendo Jesse Jackson (desafeto de Joe Jackson, pai de Michael) e o ator Macaulay Culkin, entre outros – não comparecem ao funeral. Até mesmo Diana Ross, sua“madrinha artística” esteve ausente.

E, para tornar tudo ainda mais lamentável: no momento em que escrevo essas mal traçadas, Michael Jackson ainda não foi enterrado: o corpo permanece congelado em uma cripta de propriedade de Berry Gordy, fundador da Motown, à espera do resultado da autópsia – que, por sinal, foi adiado em mais duas semanas, sem que os legistas informassem o motivo.

Ou seja, nem morto ele tem sossego.


***


Para não dizer que nada se salvou, podemos destacar as atuações de John Mayer, de Jenniffer Hudson [saiba mais aqui] e, claro, de Stevie Wonder.

Mayer – apesar de nunca ter conhecido Jackson pessoalmente – tocou uma bela versão instrumental de “Human Nature”. Já Stevie Wonder, visivelmente emocionado (“Esse é um momento que nunca desejei estar vivo para presenciar”, disse ele, com a voz embargada), cantou, sozinho ao piano, um medley de “I Never Dreamed You'd Leave In Summer” e “They Won't Go When I Go”.


Veja “Human Nature”, com John Mayer:






E também o medley de “I Never Dreamed You'd Leave In Summer” e “They Won't Go When I Go”, com Stevie Wonder:



Um comentário:

Tom Neto disse...

Brooke Shields, por exemplo: a atriz de A Lagoa Azul, com todo aquele chororô no palco, não via Jackson desde 1991 (!), no casamento de Elizabeth Taylor.

Não consigo entender essas “amizades” (com aspas, claro) em que as pessoas ficam meses - às vezes, anos - sem dar um alô.

A mesma coisa é o Orkut: aquele monte de “penduricalhos” na sua página... para quê?

Mas, enfim... Talvez o errado seja eu.