sábado, dezembro 04, 2010

Lulu Santos: Acústico II – A Missão


CD/DVD
Lulu Acústico II (Universal Music)
2010



Cantor rebobina mais sucessos e ‘lados B’ em novo especial da MTV

Em 2000, Lulu Santos quebrou um paradigma com o seu Acústico MTV: eram tantos hits que, pela primeira vez na série, um artista mereceu – além do habitual DVD – um CD duplo com o registro de sua apresentação. E o compositor carioca permaneceu como o detentor solitário da façanha até 2002, quando Jorge Ben Jor recebeu a mesma deferência.

Passados exatos dez anos, Lulu volta à carga com Lulu Acústico MTV II, que chega às prateleiras em CD – desta vez, simples – e DVD, realizado de forma independente, com distribuição via Universal Music.

Impossível não ceder à tentação de relacionar o Acústico atual com o anterior – dadas as suas diferenças e semelhanças. Para começo de conversa, o cantor dispensou o tradicional “banquinho”, permanecendo de pé durante toda a apresentação. E, sem repetir uma música sequer do especial da década passada, desfiou sucessos como “Um Pro Outro”, “Minha Vida” e a bela “Papo Cabeça”, e bons “lados B” como “Pra Você Parar”, “Brumário”, “Dinossauros do Rock” e a sentida “Auto Estima”, que fecha os trabalhos.

Além do talento como hitmaker, Lulu Santos, em comparação aos seus congêneres/contemporâneos, tem um trunfo: a enorme facilidade em reinventar a si próprio e ao seu cancioneiro, a todo momento. Isso fica claro em “Tudo Azul”, faixa-título de seu bem-sucedido álbum de 1984, que ressurge mais brasileira do que nunca. O mesmo vale para “Vale de Lágrimas”, de 2005 – uma de suas melhores canções recentes – cujo novo arranjo, com ares de... tango (!), realçou a dramaticidade da letra.

A outrora dançante “Baby de Babylon” lançada no ano passado, recebeu um roupagem bossa nova, com eventuais compassos de... reggae (!). Ficou interessante. Já a ótima “Já É!”, de 2003, mesmo desplugada, não perdeu o seu pulso disco.


No DVD, Lulu homenageia os seus três ‘santos’

A cantora Marina De La Riva – descrita pelo cantor como “indescritível” – é convidada especial da (excelente) versão hispânica de “Adivinha o Quê?” e, apesar da voz pequena, empresta puro charme à gravação. Simplesmente hilário o momento em que ela se dirige a Lulu, no idioma de Cervantes, dizendo “tremendo vacilón”. Detalhe: a flauta supriu perfeitamente a ausência do solo de guitarra.

O baixista Jorge Aílton, autor de “Atropelada” – gravada pelo anfitrião em Singular, o antecessor de Lulu Acústico MTV II – faz o vocal principal da sua “O Óbvio”. Com seu jeitão de hino, a mediana “E Tudo Mais”, que abre o espetáculo, é a única inédita.

Disponíveis apenas no DVD, as três faixas bônus são, na definição do próprio Lulu, “velas” acesas para os seus “santos”: Gilberto Gil, homenageado com “Ele Falava Nisso Todo Dia”; o já mencionado Jorge Ben Jor, com “Tuareg”; e Caetano Veloso, com “Odara”, que contou novamente com a participação de Marina De La Riva e também de Andrea Negreiros, vocalista da banda de Lulu. As duas primeiras já haviam sido gravadas pelo autor de “Certas Coisas” – em Letra & Música, de 2005, e Assim Caminha a Humanidade, de 1994, respectivamente. Apenas “Odara” é inédita na voz do cantor carioca.

Mesmo sem superar o primeiro Acústico – que trazia o supra-sumo de sua obra –, Lulu Acústico MTV II é um bom registro daquele que é um dos principais nomes da música brasileira. Considerando o autor que sempre foi, Lulu Santos, se tivesse nascido no Reino Unido, certamente estaria à altura de um Elton John...



Confira os vídeos de ‘Adivinha o Quê?’...




...de ‘Baby de Babylon’...


...e de ‘Já É!’:

2 comentários:

junior disse...

GRANDE TOM, SEMPRE ELOGIANDO LULU SANTOS. O ACÚSTICO II JÁ ESTAVA NA MINHA LISTA DE PRESENTE DE NATAL. AGORA, DEPOIS DE LER A SUA RESENHA, NEM VOU ESPERAR POR PAPAI NOEL...VOU DIRETO COMPRAR O CD AMANHÃ.

Tom Neto disse...

Olá, Junior. Bem, não é que eu “sempre elogie” o Lulu. Costumo elogiá-lo apenas por merecimento.

Inclusive, caso ele venha a editar, um dia, um trabalho de má qualidade, terei – ainda de que forma respeitosa – que reconhecer isso.

E certamente o farei.


Abraço!