Parceria sua com o baixista Arnaldo Brandão (ex-A Outra Banda da Terra e Hanoi Hanoi) e o poeta Tavinho Paes, “Panamericana” abre o sexto álbum de estúdio de Lobão, Sob o Sol de Parador, editado em 1989 [no detalhe, a capa].
Na ocasião de seu lançamento, o cantor explicou:
— “Panamericana” fala sobre uma hipotética “República das Bananas” — no caso, Parador —, com 19 perguntas e nenhuma resposta.
De fato, a incisiva letra faz um resumo da (triste) história política da América Latina, enumerando vários de seus movimentos armados: os uruguaios Tupamaros, os argentinos Montoneros, o peruano Sendero Luminoso e os colombianos do 19 de abril (M-19), entre outros. A citação da famosa frase do guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara, um dos líderes da Revolução Cubana, no refrão (“Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”), evidentemente, foi pura ironia...
A síntese de “Panamericana” pode ser encontrada no segundo verso da canção, que questiona a fragilidade das instituições democráticas do continente: “O que é democracia ao sul do Equador?”
Curiosidade: as também mencionadas “Mães da Praça de Maio”, do Chile, haviam sido homenageadas, dois anos antes, pelo U2, em “Mothers Of The Disappeared”, (de The Joshua Tree) e por Sting, em “They Dance Alone” (de ...Nothing Like The Sun).