“Minha nossa... Qual de vocês está com a mão amarela?” |
A edição de julho da revista Piauí* apresentou extensa matéria sobre o presidente da CBF, Ricardo Teixeira [foto]. E... bem, é impossível não destacar a admirável elegância e franciscana humildade do dirigente.
Confira os melhores momentos:
“Meu amor, já falaram tudo de mim: que eu trouxe contrabando em avião da Seleção, a CPI da Nike e a do Futebol, que tem sacanagem na Copa de 2014. É tudo coisa da mesma patota, UOL, Folha, Lance, ESPN, que fica repetindo as mesmas merdas.”
(detalhe: de acordo com a matéria, ele chama a todos — homens e mulheres — de “meu amor”.)
“O Lula me falava: ‘Eu não vejo essa Globo News porque só dá traço. Então, esse UOL só dá traço. Quem lê o Lance? Oitenta mil pessoas? Traço! Quem vê essa ESPN? Traço! Portanto, só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.”
(referindo-se à baixa audiência/tiragem dos referidos veículos)
“Que porra as pessoas têm a ver com as contas da CBF? Que porra elas têm a ver com a contabilidade do Bradesco ou do HSBC? Isso tudo é entidade [separando as sílabas] pri-va-da. Não tem dinheiro público, não tem isenção fiscal. Por que merda todo mundo enche o saco?”
“Pedir porra nenhuma — o filme é nosso. As imagens são minhas.”
(sobre as filmagens das duas últimas Copas do Mundo, realizadas pela Conspiração Filmes)
“São uns filhos da puta — nem colocaram que não tinha a coisa do meu bar.”
(sobre a nota de cinco linhas, publicada no jornal Folha de São Paulo, que informava que o processo conhecido como “voo da muamba” — no qual o dirigente era réu — foi arquivado)
“Falaram que eu tinha trazido material contrabandeado, o caralho. Agora, sabe por que isso tudo aconteceu? Porque não deixei que a imprensa entrasse no avião e porque o secretário da Receita, o Osíris Lopes Filho, ia ser demitido. Descemos no aeroporto, o povo da Receita falou para deixarmos as bagagens, que eles iam guardar e dali a três dias devíamos voltar para pegar. A CBF pagaria todo o imposto, como pagou depois, mas o seu Osíris armou para mostrar serviço, posou de arauto da moralidade, a imprensa comprou a história e nós nos fodemos.”
(sobre o mesmo episódio)
“Eu vou infernizar a vida deles. Enquanto eu estiver na CBF, na Fifa, onde for, eles não entram.”
(sobre a BBC)
“Dele, eu não deixo passar nada. Outro dia, recebi um dinheiro dele. Mas eu doo para a caridade. Na próxima que ganhar, vou publicar no site da CBF um agradecimento.”
(sobre o comentarista esportivo Juca Kfouri, que já foi processado por Ricardo Teixeira mais de cinquenta vezes)
“Se você está na merda, vão falar: ‘Coitado do Ricardo. Vamos dar uma mão para ele.’ Mas aí, todo mundo volta para casa, não ajuda e finge que esqueceu o assunto. Agora, pense na situação inversa: ‘Porra, o Ricardo está bem pra caralho! Que sucesso!’ Pode ter certeza que vai ser aquele que você acha que é seu melhor amigo quem vai dizer primeiro: ‘Também, roubando, quem não fica bem?”
(expondo a sua peculiar visão da amizade)
“Não ligo. Aliás, caguei. Caguei montão.”
(explicando o quanto se importa com as acusações de corrupção)
“O neguinho do Harlem olha para o carrão do branco e fala: ‘Quero um igual’. O negro não quer que o branco se foda e perca o carro. Mas no Brasil não é assim. É essa coisa de quinta categoria.”
(corroborando a tese de Tom Jobim de que o brasileiro não lida bem com o sucesso alheio)
“Olha como a imprensa brasileira é escrota! A imprensa brasileira é muito vagabunda!”
(sobre as três sucintas reportagens de sites brasileiros sobre o documento que absolvia o dirigente da acusação de suborno. Apenas a da BBC esclarecia o caso com detalhes)
“O feio é perder, minha querida. Quando ganha, acabou.”
(sobre a eleição da Fifa, na qual foi reeleito Joseph Blatter — que não tinha adversários)
“Por que ele tem que sair? Não tem que sair nada. Palocci não vai sair.”
(sobre o ex-ministro da Casa Civil)
“Taí, vai ver que a minha vaidade é essa: ver que as maiores empresas do mundo, a maior de carne, a maior de seguros, a maior cervejaria, o maior banco do país, a maior editora, todo mundo investiu milhões no ladrão, no bandido aqui, numa CBF de merda, num time que só perde, né?”
(referindo-se aos grandes patrocinadores da Copa do Mundo no Brasil: Seara, Liberty, Ambev, Itaú e Abril)
“Não leio mais porra nenhuma. A vida ficou leve pra cacete. Tá muito bom.”
(após ter cancelado o resumo diário dos jornais, ter parado de ver televisão e se afastado da internet)
“Isso é o governo. E se o governo acha que a Copa não é prioridade, não posso fazer nada. Esse é o SEU país”
(sobre o atraso nas obras de infraestrutura para a Copa do Mundo)
“Alguém está falando do Palocci hoje? Não, né? Se eu renunciasse hoje, viraria santo.”
(sobre a renúncia do ex-ministro)
“Em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Porque eu saio em 2015. E aí, acabou.”
* Leia a reportagem, na íntegra, clicando aqui.