Dessa vez, Caetano Veloso foi o nome escolhido para mais uma edição do Encontros O Globo - Especial Música, realizada no auditório do jornal. Durante uma hora e meia, o compositor respondeu às perguntas da platéia, dos convidados e dos mediadores Hélio Eichbauer (cenógrafo de vários shows de Caetano - inclusive o atual, Cê), Cora Rónai (colunista do Segundo Caderno e responsável pelo suplemento Informática Etc.) e o jornalista Antônio Carlos Miguel. E também dos intenautas que enviaram suas perguntas através do site d'O Globo.
De ótimo humor, Caetano falou sobre sua falta de interesse pelos telefones celulares ("Jamais tive um"), arrancando risos do público. Opinou também sobre a presença de Gilberto Gil no Ministério da Cultura ("Somos amigos íntimos há muitos anos. E, na época, desaconselhei o Gil a ir. Porque ele estaria lá muito mais como símbolo do que por outra razão") e sobre a interdição do livro Roberto Carlos em Detalhes ("Fico incomodado com a idéia de proibição de um livro. Sobretudo um livro interessante e carinhoso como este. Tenho esperanças de que, um dia, essa decisão possa vir a ser revogada - embora eu saiba que, do ponto de vista jurídico, haja legitimidade na decisão de Roberto Carlos.")
Ao violão, explicou o seu processo de composição e cantou algumas canções, como "Outro", "Odeio", "Força Estranha" ("Não havia me dado conta de que nunca gravei essa") e "Minha Voz, Minha Vida".
Perguntei sobre dois projetos que estavam em andamento na época de lançamento do Cê - Dezesseis Sambas e Novas Canções Sentimentais -, e ele respondeu de maneira prolixa:
- Ambos estão arquivados na minha mente. Se bem que, na verdade, eu tinha três projetos: esses dois; e um terceiro, também de rock, em que eu não apareceria. Seria um trabalho creditado a uma banda e eu ficaria escondido - até minha a voz seria gravada com distorções. Mas acabei transformando esse projeto no próprio Cê - ainda que eu pense em fazer mais um trabalho com essa banda que me acompanha.
E prosseguiu:
- Algumas faixas que seriam incluídas em um possível álbum Dezesseis Sambas já foram utilizadas: "Musa Híbrida" foi gravada no Cê; "Luto" foi entregue à Gal; e "Tiranizar" [nota: registrada por Leila Pinheiro no CD Nos Horizontes do Mundo, 2005]. Já as Novas Canções Sentimentais, seriam todas inéditas e autorais, mas compostas na mesma estética desses sucessos populares que gravei e que fizerem sucesso. A única canção existente desse álbum seria essa, que fiz para o Peninha.
E emendou com "Tá Combinado".
Fui cumprimentá-lo no final, e agradeci por ele ter encerrado o evento cantando "You Don't Know Me" (do clássico Transa, 1972). Foi justamente essa música que eu havia lhe pedido.
A propósito: ninguém perguntou sobre a Luana Piovani...
Confira algumas fotos que tirei do Encontro: