O PT, por exemplo, era inicialmente uma sigla de esquerda, embora o presidente tenha declarado no ano passado que “nunca foi de esquerda”. Bem, melhor nem comentar. O fato é que, durante muitos anos, as posições sempre radicais do partido impediram sua chegada ao Palácio do Planalto.
Dessa forma, o PT formou, para a disputa das eleições presidenciais de 2002, uma aliança com o antigo PL* - fundado pelo falecido deputado Álvaro Valle -, partido de proposta claramente conservadora. Ou seja, de direita. Inclusive, honrando a tal aliança, o vice-presidente da República, José Alencar, era filiado ao PL.
Existem, contudo, outras situações curiosas. O PSDB, assim como o PT, possui, em seus quadros, indivíduos que, durante os chamados “anos de chumbo”, sofreram perseguições e foram exilados, tais como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o atual governador de São Paulo, José Serra.
E hoje, por ironia, o PSDB é aliado político justamente dos Democratas, o famoso DEM. Para quem não sabe, o DEM nada mais é do que o novo nome do PFL, que, por sua vez, era um desdobramento do PDS, a antiga ARENA - o partido dos governadores e prefeitos “biônicos” nomeados pelo governo militar.
O mais surpreendente, no entanto, foi ver, no segundo turno das eleições de 2006, as imagens do encontro entre Jorge Bornhausen, presidente do então PFL – a sigla ainda não havia mudado de nome na ocasião –, e Roberto Freire, presidente do PPS. O PPS, pasmem, é uma dissidência do PCB, o Partido Comunista do Brasil (!), também conhecido como “Partidão” .
Diante desse verdadeiro “samba do crioulo doido”, alguém aqui no Brasil ainda se arrisca em dizer que é de esquerda ou de direita?
* Em 2006, houve uma fusão do PL com o PRONA – partido fundado pelo também falecido deputado Enéas “meu nome é Enéas” Carneiro –, que acabou gerando o PR (Partido da República).