segunda-feira, dezembro 17, 2012

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Fera Ferida’, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos


Em 2008, Caetano Veloso criou o blog Obra em Progresso, no sentido de interagir com os internautas, durante a concepção do que viria a se tornar o CD Zii & Zie [2009]. E dedicou uma postagem à “Fera Ferida”, que ouviu no rádio de um táxi. É uma pena o espaço já não estar no ar — o que obriga este relato a ser “painted from memory”.

Na ocasião, Caetano contou que, embora conhecesse a canção desde o seu lançamento, em 1982 [no detalhe, a capa] — inclusive a regravou em seu álbum de 1987 —, ouvi-la ali, de sopetão, o deixou emocionado. O autor de “Outras Palavras” prosseguiu a sua observação, afirmando que, desde o primeiro verso (“Acabei com tudo / escapei com vida”), “a bola nunca mais cai”. Ou seja, a canção mantém presa a atenção do ouvinte. Até o final.

E finalizou dizendo que escutar “Fera Ferida” pela primeira vez foi “uma grata surpresa, a mais instigante canção lançada por Roberto Carlos em muito tempo”. 

Caetano Veloso estava certíssimo. Repleta de belas imagens (“Os meus rastros desfiz / tentativa infeliz de esquecer”), “Fera Ferida” é, sem dúvida alguma, uma das mais brilhantes letras escritas por Roberto Carlos e Erasmo Carlos. E, embora também regravada, em um arranjo épico, por Maria Bethania em As Canções que Você Fez para Mim [1993] — inteiramente dedicado à obra da dupla —, a versão definitiva é, de fato, a de Roberto.

É o tipo de canção que o Rei nasceu para cantar. 




P.S.: Nutro sincera admiração pelas pessoas que conseguem fugir da escrita “analítica” da “terceira pessoa” e se expressam de modo mais pessoal em um blog. É algo que, confesso: sinto-me desconfortável em fazer — embora, através do Google Analytics, já tenha observado que, nas minhas raras postagens “confessionais”, a resposta, em visitações, é sempre muito positiva. Não está descartada, inclusive, a hipótese da criação de mais um blog, destinado apenas a pensatas e análises musicais “autobiográficas”. Ou, talvez, uma série — a exemplo da “São Bonitas as Canções” —, com estas características, dentro deste blog. Enfim, é uma ideia a ser amadurecida. Por ora, o que importa é destacar que as canções postadas neste espaço obedecem a três critérios: a) qualidade, evidentemente; b) relação com um ou mais textos postados recentemente; c) possuírem alguma história interessante a ser contada. Portanto, nada têm a ver com a minha pessoa ou com o meu cotidiano. E tampouco trazem alguma “mensagem subliminar”. “Fera Ferida”, contudo — independentemente de ser uma pérola —, é um caso à parte. Trata-se de uma música que tem “me acompanhado” há muitos anos e com a qual sempre me identifiquei. Sempre. Pela personalidade forte. Pelo temperamento arisco. Pelo modo irredutível de tomar decisões (“Não vou mudar: esse caso não tem solução”). E também pela minha trajetória de vida (“O coração perdoa / mas não esquece à toa / e eu não esqueci”). Alguns familiares, inclusive, já fizeram essa “associação”. Detalhe: sem que eu jamais tivesse manifestado para eles o meu apreço pela canção: “Olha a música do Tom!” Ou seja, do leão que só “se enfurece” e “ataca”... por ter sido “alvejado”. Sendo assim, “eternizá-la” neste espaço — além de uma tendência natural, dada a sua importância para mim — é um desejo antigo. A data do arquivo de imagem que ilustra esta postagem, guardada em meu pen drive durante um longo tempo, não me deixa mentir: “Modificado em 13/10/2008” (!).




Veja o vídeo da (surpreendente) versão eletrônica de “Fera Ferida”, com participação do DJ Marcelo “Memê” Mansur, extraído do Especial de Roberto Carlos de 2012. O fonograma será lançado no álbum Reimixes, que chegará às prateleiras em 2013:





E ouça a versão original da canção:



4 comentários:

Rosamaria disse...

Gostei da ideia de um novo blog com análises musicais “autobiográficas”, Tom!
Bjim

Tom Neto disse...

Escrever sobre música acarreta um probleminha, Rosa: eventualmente, as pessoas imaginam que a canção sobre a qual escrevi traz alguma “mensagem subliminar” ou coisa do tipo. Isso é algo desagradável – e que acaba me obrigando a “fugir” desta ou daquela faixa. Justamente para evitar interpretações equivocadas.

Sendo assim, é provável que eu faça como Fernando Pessoa: crie um heterônimo para assinar este blog de canções “autobiográficas”, revelando a minha identidade somente aos amigos e familiares. Enfim é uma ideia que ainda estou amadurecendo, mas que pretendo colocar em prática ainda no primeiro trimestre.

Mais uma vez, obrigado pela visita e pelo comentário!

Rosamaria disse...

Taí uma boa ideia!

Tom Neto disse...

Neste novo blog, também poderiam ser incluídas pensatas. Poesias. Enfim, são muitas as possibilidades. Só lamento não ter tempo de sobra para colocar em prática as inúmeras ideias que tenho. :)