quarta-feira, outubro 07, 2009

Da série ‘Perguntar não ofende’: ‘Patriotismo’


No dia do anúncio da vitória do Rio como cidade-sede das Olímpiadas 2016, fui ao shopping. E, no local, vocês não imaginam o que havia de gente vestida com a camisa da Seleção Brasileira.


Perguntar não ofende: por que as pessoas só se lembram que são brasileiras em datas como essas? Por que todo esse “patriotismo” – entre aspas, claro – não é permanente?

Por que somente em épocas de eventos esportivos internacionais a população deixa de achar “cafonas” as cores da bandeira*? (Várias e várias vezes, já ouvi comentários do tipo: “Verde-e-amarelo? Eu, hein? Parece até bandeira do Brasil...”)

Alguém sabe responder? Cartas para a redação.



* Em outros países – como Portugal, por exemplo – é muito comum ver bandeiras hasteadas em restaurantes, shoppings, e até mesmo em residências (!). Aqui no Brasil, somente em órgãos públicos. E só porque é obrigatório...

Da série ‘Só para constar’: ‘A cidade mais linda do mundo’

Só para constar: mesmo tendo nascido aqui, não tenho a menor paciência com essas pessoas que, repletas de arrogância, afirmam peremptoriamente que o Rio de Janeiro é “a cidade mais linda do mundo”. E sem jamais ter ido a nenhum lugar depois de Saquarema...

(Algo semelhante ocorre em Copas do Mundo: o Brasil é que é o “país do futebol”. O resto é tudo “gringo”. Ninguém sabe jogar bola. Depois, voltam para casa, chorando...)

Na semana passada, repórteres entrevistavam populares antes do anúncio da cidade-sede das Olimpíadas 2016. E todos eram unânimes em dizer: “Que Madri, que nada! O Rio já ganhou!”

Pergunto: e se perdêssemos? Imaginem as caras de tacho...

O Rio é lindo, sim. Ou, pelo menos, a orla da cidade. Mas, ao redor do mundo, existem outras cidades tão bonitas quanto.

E, se “respeito é bom, e a gente gosta”, por que não começar a respeitar os outros?



O Rio de Janeiro “continua lindo”, não é mesmo?

segunda-feira, setembro 28, 2009

André Dias: zagueiro ‘de time grande’...

Na semana passada, o zagueiro André Dias, do São Paulo, fez duras críticas ao Flamengo [leia a matéria aqui]:

- Foi a pior experiência da minha carreira. Estava em um clube que queria se mostrar grande, mas que, na verdade, não é. É um clube que não tem estrutura alguma. De campo, de tudo. Não tem nem comparação com o São Paulo. Sofri muito nessa época.

André jogou no Flamengo entre 2002 e 2003 – quando atendia pelo apelido de André Paraná. Além de ter amargado três meses sem salário na Gávea, o zagueiro não caiu nas graças da nação rubro-negra.

Apesar da deselegância, as palavras do atleta têm algum fundamento: considerando o tamanho de sua torcida, o Flamengo realmente poderia ter uma estrutura muito melhor...


***


Entretanto, André Dias provavelmente não é o jogador indicado para tecer tais críticas. Ontem, por exemplo, na partida entre São Paulo e Corinthians, André fez um desastroso recuo para o goleiro Bosco, que acabou resultando no gol de Ronaldo Fenômeno*.

Veja o vídeo abaixo e diga se isso é uma jogada digna de um zagueiro “de time grande”. Ou de peladeiro de fim-de-semana...





* Cá para nós: esse Ronaldo é muito sortudo...

segunda-feira, setembro 21, 2009

Da série ‘Parcerias’: Roberto & Erasmo nos últimos dez anos


O luto guardado por Roberto Carlos pela morte de sua esposa, Maria Rita, fez com que a sua parceria com Erasmo Carlos sofresse uma vertiginosa queda de produção na última década. Nos únicos três álbuns de estúdio que o Rei lançou em dez anos – os demais foram discos ao vivo ou projetos especiais, como Duetos (2006) –, há apenas cinco (!) parcerias inéditas com seu amigo de fé, irmão camarada.

O motivo: abalado, RC preferiu compor solitariamente durante esse período.

Na compilação 30 Grandes Sucessos, lançada em dezembro de 1999 – quando o estado de saúde de Maria Rita se agravou, e Roberto não teve condições de gravar um novo trabalho –, a única música nova era “Todas as Nossas Senhoras”, composta com Erasmo.

No CD Amor sem Limite, de 2000, o primeiro após o desaparecimento de Maria Rita, a única parceria inédita da dupla foi a bela “Tu És a Verdade, Jesus”. As outras duas canções que levavam a assinatura dos parceiros - “Mulher Pequena” e “Quando Digo que te Amo” - foram originalmente lançadas em 1993 e 1996, respectivamente.

Pra Sempre, que chegou às prateleiras em 2003, trazia somente duas faixas novas escritas por Roberto e Erasmo: a questionadora “Seres Humanos” e o bem-humorado blues “O Cadillac”.

No disco epônimo de 2005, a única inédita de RC com o Tremendão foi “Arrasta uma Cadeira”, gravada na companhia de Chitãozinho & Xororó. As demais – “Promessa” e “A Volta” – eram, na verdade, canções antigas que jamais tiveram registro na voz do Rei até então, além de “O Baile da Fazenda”, originalmente lançada em 1998.

Já nos discos de carreira que Erasmo Carlos editou desde 1999 – Pra Falar de Amor (2001), Santa Música (2004) e Rock ‘N’Roll (2009) – não há nenhuma parceria inédita da dupla. Pra Falar de Amor trazia a assinatura da dupla na boa “Qualquer Jeito”, versão de “It Should Have Been Easy”. Mas a faixa foi presenteada em 1987 à cantora Kátia, “afilhada” artística de Roberto e Erasmo. E obteve razoável execução radiofônica na ocasião.

Entretanto, os autores de “É Preciso Saber Viver” já confirmaram que existem quatro novas canções da dupla para o próximo CD de estúdio de Roberto, cujo lançamento está previsto para 2010.

‘A Mulher que Eu Amo’: a música nova de Roberto Carlos


Roberto Carlos [foto] cedeu uma música inédita – a primeira em quatro anos – para a trilha sonora da nova novela das oito, Viver a Vida. Chama-se “A Mulher que Eu Amo”, e será o tema da personagem principal, Helena, interpretada por Taís Araújo.

Outras faixas do cantor já fizeram parte de trilhas de novelas, como “Tanta Solidão” (Tropicaliente, 1994), “Índia” (Alma Gêmea, 2005) e “A Volta” (América, também de 2005). Mas nunca uma inédita.

Na canção, que compôs sozinho, RC volta a falar do amor eterno, a exemplo de suas composições ao longo dos últimos dez anos. E apesar dos versos otimistas (“E, com ela, eu acredito na felicidade”), emana uma tristeza... profunda.

E certamente não foi por acaso.

Com um arranjo intimista – basicamente piano e cordas –, evoca um tom camerístico que remete imediatamente a... Antônio Carlos Jobim. Talvez o trabalho em colaboração com Caetano em torno da obra do Maestro Soberano tenha inspirado Roberto nesse sentido...

A Mulher que Eu Amo” é, sem dúvida, uma faixa... forte. E que, cantada ao vivo, será ouvida pela plateia no mais respeitoso silêncio. E provavelmente será incluída como bônus do CD com o show de 50 anos de carreira, realizado no Maracanã, a ser lançado no Natal.

Post-sciptum em 23/10/2009: a faixa pode ser comprada através da internet. Mais detalhes no hot site www.amulherqueeuamo.com.br. É pela primeira vez que o Rei disponibiliza uma obra sua para venda on line.



Ouça “A Mulher que Eu Amo:




E confira também a letra, na íntegra:


A Mulher que Eu Amo
(Roberto Carlos)


A mulher que eu amo tem a pele morena
É bonita, é pequena
E me ama também.
A mulher que eu amo tem tudo que eu quero
E até mais do que espero
Encontrar em alguém.

A mulher que eu amo tem um lindo sorriso.
É tudo que eu preciso para minha alegria.
A mulher que eu amo tem nos olhos a calma,
Ilumina minh'alma,
É o sol do meu dia.

Tem a luz das estrelas
E a beleza da flor.
Ela é minha vida.
Ela é o meu amor.

Seu amor é para mim o que há de mais lindo.
Se ela está sorrindo, eu sorrio também.
Tudo dela é bonito, tudo nela é verdade.
E, com ela, eu acredito na felicidade.

A mulher que eu amo enfeita minha vida
Meu sonhos realiza,
Me faz tão bem.

Seu amor é para mim o que há de mais lindo
Se ela está sorrindo, eu sorrio também
Tudo nela é bonito, tudo nela é verdade.
E com ela eu acredito na felicidade.

‘A Mulher que Eu Amo’: a música nova de Roberto Carlos (2)

Como autorreferência – ou reafirmação da ideia –, Roberto Carlos repetiu em “A Mulher que Eu Amo” dois versos (“Ela é minha vida / ela é o meu amor”) que já apareciam no refrão da bela, porém pouco conhecida, “Todo Mundo me Pergunta”, lançada originalmente no CD Pra Sempre, de 2003.

Confira*:




* Desculpe, pessoal. Não encontrei outro vídeo dessa música...

Roberto Carlos mostra a música ‘Jantar à Luz de Velas’

D'après Cissa Guimarães: direto do Túnel do Tempo. Em reportagem exibida no Fantástico no dia 02 de setembro de 1979, Roberto Carlos mostrou, ao violão, um trecho da canção então intitulada “Jantar à Luz de Velas”.

Bem-humorado, o Rei contou que tratava-se de “uma continuação de ‘Café da Manhã’.”

A faixa acabou sendo lançada no álbum epônimo que Roberto editou em 1980, com o título alterado para “O Gosto de Tudo”.

Adriano: ‘golaço’

Após maltratar as retinas de vocês, ilustres amantes do futebol que frequentam esse mui humilde espaço, com o inacreditável lance de Ruy Cabeção, lateral do Fluminense, eis que agora trago a “água boricada”: o golaço de Adriano, o segundo do Flamengo na vitória de 3 a 0 sobre o Coritiba, ontem, no Maracanã.

Decididamente, o cara está determinado a disputar a Copa do Mundo...

Flu: à beira do abismo

Depois da humilhante goleada de 5 a 1 sofrida diante do Grêmio, ontem, em Porto Alegre, a situação do Fluminense no Campeonato Brasileiro, que já era delicada, tornou-se desesperadora.

Antes um pesadelo, a Série B torna-se, pouco a pouco, uma dolorosa realidade para o clube das Laranjeiras.

E o torcedor do Flamengo, impiedoso, não hesita em chutar o rival moribundo...




quarta-feira, setembro 16, 2009

‘Memória de Minhas Putas Tristes’, de Gabriel García Márquez


Com “apenas” quatro anos de atraso, finalizei a leitura de Memória de Minhas Putas Tristes.


Escrito de maneira magistral pelo colombiano Gabriel García Márquez – prêmio Nobel de Literatura em 1982 –, o romance narra a estória um velho jornalista, que, no seu aniversário de noventa anos, decide se “presentear” de modo inusitado: passar uma noite como uma ninfeta... virgem.

E o resultado disto é uma história de amor igualmente inusitada, que acaba demolindo antigos conceitos do personagem central da obra – um solitário convicto, que jamais havia se apaixonado em sua longa vida.

Ao contrário do que o título pode sugerir, Memória de Minhas Putas Tristes, não é relato lascivo. Pelo contrário: é pura poesia.

Antes de ser uma profunda reflexão sobre a velhice, o livro é uma ode à vida e ao amor – visto que ambos estão irremediavelmente entrelaçados.

Recomendo.