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domingo, setembro 13, 2009
Seu Jorge: críticas ao Rio de Janeiro
Lançando o seu novo audiovisual, América Brasil, o DVD, Seu Jorge [foto] concedeu entrevista publicada na última sexta-feira, 11, no Segundo Caderno, d'O Globo. E, morando atualmente em São Paulo, voltou a tecer críticas à cidade do Rio de Janeiro.
— São Paulo me educou. O Rio não te convida à disciplina. Andar de bermuda, sem camisa, chinelo... No Rio, o pouco que eu tinha era bom. A cidade me inspira a pegar o violão, não a fazer um CNPJ — graceja.
E prossegue:
— Viu o Obina [ex-atacante do Flamengo, atualmente no Palmeiras]? Emagreceu, voltou a marcar... A prova taí!
Provavelmente Seu Jorge não é a pessoa mais indicada para fazer esse tipo de comentário, visto que sua música, assumidamente, emula a malandragem carioca da escola de Jorge Ben Jor. E o ex-Farofa Carioca nem carioca é, na verdade – nasceu na Baixada Fluminense.
Mas o que o cantor diz faz sentido. São Paulo é a “ponta” industrial desse país. Entretanto, o Rio de Janeiro possui belezas naturais que Sampa, com todo o respeito, sequer sonha. Só que o “despojamento” do carioca transformou-se, há muito tempo, em esculhambação. As pessoas querem é estar “à vontade”. E a elegância... já era.
Na fila da votação do segundo turno das eleições municipais do ano passado, um sujeito que estava na minha frente trajava bermuda e sandálias Havaianas. Deprimente. Custava vestir um jeans e calçar um tênis pelo menos um dia no ano, infeliz?
A questão da “disciplina”, então, é um capítulo à parte... Embora não se possa generalizar, a população, em sua maioria, não está nem um pouco preocupada em respeitar as leis. E muito menos o próximo. Aqui, ser “íntegro” e “educado” não tem a mínima graça. O cara tem que ser é “malandro” – na pior acepção da palavra. Avançar o sinal vermelho. Ultrapassar em faixa contínua. Fechar o cruzamento. Furar fila.
Sendo assim, tenho que dar a mão à palmatória. E reconhecer que, dessa vez, Seu Jorge não falou bobagem...
***
Ah, sim: antes que algum bairrista de plantão se sinta ofendido e venha dar piti – o que me dará a clara impressão de compactuar com toda essa balbúrdia que aí está –, informo que sou carioca de pai e mãe. E, como tal, acalento o sonho de que esta cidade um dia venha a dar certo.
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