quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Da série ‘São Bonitas as Canções’: ‘Pivete’, de Chico Buarque

Contudo, antes de “O Meu Guri”, Chico Buarque [no detalhe, em foto de Bruno Veiga] já havia composto uma canção que falava de criminalidade: “Pivete”, parceria com Francis Hime, lançada em seu álbum epônimo de 1978, e regravada no excelente Paratodos, de 1993.


Pivete
(Francis Hime – Chico Buarque)

Monsieur have money per mangiare?

No sinal fechado
Ele vende chiclete
Capricha na flanela
E se chama Pelé.
Pinta na janela
Batalha algum trocado
Aponta um canivete
E até

Dobra a Carioca, olerê
Desce a Frei Caneca, olará
Se manda pra Tijuca
Sobe o Borel.
Meio se maloca
Agita numa boca
Descola uma mutuca
E um papel.
Sonha aquela mina, olerê
Prancha, parafina, olará
Dorme gente fina
Acorda pinel.

Zanza na sarjeta
Fatura uma besteira
E tem as pernas tortas
E se chama Mané
Arromba uma porta
Faz ligação direta
Engata uma primeira
E até

Dobra a Carioca, olerê
Desce a Frei Caneca, olará
Se manda pra Tijuca
Na contramão
Dança para-lama
Já era para-choque
Agora ele se chama Ayrton
Sobe no Passeio, olerê
Pega no Recreio, olará
Não se liga em freio
Nem direção.

No sinal fechado
Ele transa chiclete
E se chama pivete
E pinta na janela
Capricha na flanela
Descola uma bereta
Batalha na sarjeta
E tem as pernas tortas.


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