
E uma destas postagens era dedicada a “Synchronicity II”, faixa do quinto e último álbum do trio, Synchronicity, de 1983. Sincronicidade é um conceito desenvolvido por Carl Gustav Jung [foto]. Segundo o psiquiatra suiço, é diferente de “coincidência”. Aliás, classificar “sincronicidade” como tal é uma simplificação grosseira. O próprio Jung preferia o termo “coincidência significativa”.
De acordo com a teoria de Jung, a sincronicidade ocorre quando determinados eventos “convergem” por uma relação de significado – e não por mera “casualidade”.
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Andy Summers, Stewart Copeland e Sting eram/são músicos dotados de enorme técnica. Sendo assim, conceberam um faixa visceral, caótica, gravada com uma competência indiscutível.
Na introdução, um riff inconfundível de Summers alinha-se à letal bateria de Stewart e ao marcial baixo de Sting. E, logo a seguir, uma melodia vocal que transparece ira, pura ira.
A letra ilustra o cotidiano de pessoas que vivem no subúrbio, através de um mosaico de imagens sombrias: “Mais uma feia manhã industrial / a fábrica vomita imundice para o céu. / (...) As secretárias fazem beicinho e se enfeitam / como prostitutas baratas numa rua de luzes vermelhas”. E fala de tédio. Humilhação. Falta de perspectivas.
Sting não economizou nadinha na interpretação de “Synchronicity II”. Em vários trechos do clipe – filmado em um cenário retro-futurista –, ele mostra um semblante furioso, com os olhos arregalados.
E muito do fascínio exercido pela arte reside justamente aí: em sua capacidade de “imitar a vida”. Afinal de contas, o coração humano não é habitado apenas pelas “emoções bonitinhas”...