“Duas
canções já haviam sido lançadas em single: ‘Sue (Or In a Season
of Crime)’ (…)”
(“Em‘Blackstar’, David Bowie escreve o seu próprio réquiem ”,
janeiro de 2016)
Ambas
regravadas em ★, “Sue (Or In a Season of Crime)” e seu lado B,
“'Tis a Pity She Is a Whore”, já haviam sido editadas em single
por David Bowie. Eram as duas faixas inéditas da coletânea Nothing
Has Changed, de 2014. Gravada na companhia da orquestra de Maria
Schneider [que aparecer no detalhe, ao lado do cantor], “Sue...” já indicava o
desejo de Bowie de se aproximar do jazz — o que, de certa forma,
veio a se materializar em seu último álbum.
Na
ocasião, uma matéria do jornal francês Le Monde apontava a
(inegável) semelhança entre a melodia de “Sue...” e a de
“Cais”, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos. Logo após a
publicação, Maria Schneider, coautora da faixa, enviou uma elegante
mensagem para Bastos, argumentando que “embora tenha enorme apreço”
pela composição da dupla, não teve intenção de
fazer referência a ela.
Bastos
afirmou que ouviu a gravação de Bowie antes de ler o artigo e não
percebeu semelhança com “Cais”. Voltou a ouvir depois de ler a
reportagem e, dessa vez, notou sequências harmônicas e notas
parecidas, mas “nada que possa ser considerado plágio”. Através
de sua assessoria de imprensa, Milton também reconheceu que as duas músicas
são “parecidas”. Contudo, assumiu a mesma postura de seu
parceiro.
A
letra de “Sue (Or In a Season of Crime)” já apresenta menções
à doença (“Sue, a clínica telefonou / o raio x está bom”) e à
morte (“Sue, você falou que queria escrever ‘Sue, a Virgem’ /
na sua lápide / para o seu túmulo”, em uma tradução livre). E,
apesar do arranjo classudo, tradicional, a narrativa tem um
inesperado desfecho rodrigueano: ao descobrir um bilhete de Sue
informando que iria fugir com outro, o eu-lírico, durante um passeio
de trem, a atira “nas ervas daninhas”, matando-a.
Veja
o vídeo oficial da primeira gravação “Sue (Or In a Season of
Crime)” — amplamente superior à versão regravada em ★: