segunda-feira, janeiro 11, 2016

David Bowie (1947 — 2016)



Eu era apenas um menino quando ouvi falar em David Bowie pela primeira vez. E foi, pasmem, em um divertido comercial da Pepsi, veiculado em meados da década de 1980. No anúncio, Bowie era um cientista que introduzia várias fotos — e até um salto alto — de beldades em uma máquina que criaria a “mulher ideal”. Iniciado o processo, o “professor Pardal” esbarra no refrigerante e causa uma pane instantânea. Em meio à fumaça, sai de dentro do equipamento a sua tão desejada criatura: Tina Turner.

A canção tema era a infalível “Modern Love”, faixa de Let's Dance [1983]. E, apesar da minha pouca idade, percebi que estava diante de algo muito especial — tanto que é uma das minhas preferidas de Bowie até hoje. Mais uma vez, ficava claro que a canção pop poderia ser algo profundo, sem abandonar o seu caráter infeccioso. E comover.

Somente anos depois vim a conhecer a fase Ziggy Stardust e a trilogia Low [1977], “Heroes” [1978] e Lodger [1979]. E passei a admirar até títulos pouco celebrados de sua discografia, como o eletrônico Earthling [1997]. Sem nenhum favor, era um mais imprevisíveis músicos de que se tem notícia. Poucos, pouquíssimos tiveram tamanha coragem para se reinventar tantas vezes (quem se lembra, por exemplo, do Tin Machine?).

Bowie lançou o seu 25º — e derradeiro — trabalho, Blackstar, há exatos três dias (!), quando completou 69 anos de idade. Chegou a gravar dois vídeos do álbum (a faixa-título e “Lazarus”). E, até então, nenhum veículo jornalístico do planeta havia informado que o cantor se encontrava em tratamento contra um câncer há 18 meses. Por tudo isso, a notícia de seu desaparecimento chocou a todos nas primeiras horas da manhã de hoje.

Na supracitada “Modern Love”, há um curioso verso que diz: “Mas eu nunca aceno adeus”. Não há a menor dúvida quanto a isso. Descanse em paz, Camaleão.



Veja o comercial da Pepsi, estrelado por David Bowie e Tina Turner nos anos 1980




e o vídeo oficial da bela “Modern Love”:

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