A essa altura do campeonato, a cidade inteira, ao passar por uma banca de jornal, já deve ter reparado na capa da edição de agosto da Rolling Stone Brasil [foto ao lado], que traz Caetano Veloso em um visual bem andrógino, com cílios postiços. (Curiosamente, quem olha a revista de relance, na rua, tem impressão de estar vendo na foto, na verdade... o Lulu Santos. Podem observar.) A verdade é que é impossível ficar indiferente a essa capa.
E, assim, se confirma aquilo que todos já sabem (ou, pelo menos, deveriam saber): dentre todos os seus contemporâneos - e eu, particularmente, nutro grande admiração por quase todos eles -, Caetano é, de longe, o artista de maior inquietação. Aos 65 anos de idade, o compositor baiano sabe provocar, polemizar - e, assim, atrair os holofotes em sua direção.
Seu mais recente álbum é um ótimo exemplo: Cê está longe de ser um bom trabalho. Muito pelo contrário: algumas canções soam como meros rascunhos de Caetano. Mas não há como deixar de reconhecer a ousadia da empreitada. Reflitam: qual artista da geração de Caê tomaria, em 2007, a atitude de vestir uma camisa pólo, uma calça jeans surrada e chamaria três garotos para gravar um disco que, em determinados momentos, soa como.... The Strokes?
Mesmo eventualmente discordando das coisas que ele diz, temos mais é que respeitar o cara.
“...I'm alive, vivo, muito vivo...”
(Caetano Veloso, 1972)