Duas décadas após o seu desaparecimento, o poeta continua vivo
Hoje, 07 de julho de 2010, completam exatos 20 anos da morte de Cazuza [foto]. Ainda lembro, como se fosse ontem, do dia de seu falecimento. Inclusive, ainda adolescente, compareci ao sepultamento – e acabei aparecendo, de perfil, em uma foto publicada na revista Contigo!.
A essa altura, tudo já foi dito sobre o poeta e sua obra. Por sinal, em maio de 2008, quando ele completaria 50 anos de idade, escrevi uma matéria sobre a efeméride para o jornal International Magazine. A mesma também pode ser lida no portal Let's Rock.
Em referência à data, deixo aqui uma canção pouco conhecida, parceria dele com Gilberto Gil. Composta em 1987, “Um Trem para as Estrelas” foi registrada inicialmente para a trilha do filme homônimo, de Cacá Diegues, em um dueto do ex-vocalista do Barão Vermelho com o autor de “Refazenda”. No ano seguinte, contudo, Cazuza a regravou, solitariamente, em seu terceiro – e melhor – álbum solo, Ideologia.
A letra traz uma crítica social dura:
São sete horas da manhã
Vejo o Cristo da janela.
O sol já apagou sua luz
E o povo, lá embaixo, espera.
Nas filas dos pontos de ônibus,
Procurando aonde ir.
São todos seus cicerones –
Correm para não desistir
Dos seus salários de fome
E a esperança que eles têm...
E demonstra uma certa... er, descrença. Como se toda a beleza da paisagem da cidade fosse, de fato – como diz a obra-prima de Antônio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira –, “inútil”:
Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, além
Com os braços sempre abertos
Mas sem proteger ninguém.
Após duas décadas de ausência, o poeta, decididamente, ainda está vivo.
Veja o vídeo de “Um Trem para as Estrelas”, com Cazuza e Gilberto Gil...
...também a versão que o ex-Barão Vermelho gravou sozinho, no álbum Ideologia: