sexta-feira, agosto 31, 2007

A estória de 'Me and Mrs. Jones'

Por limitação de espaço, não foi possível, na resenha que escrevi do CD Call Me Irresponsible, de Michael Bublé (publicada na edição de julho do IM), contar a... hã... curiosa estória da letra de “Me and Mrs. Jones”, grande sucesso de Billy Paul [foto] na década de 1970, que foi gravado por Bublé no álbum em questão.

Consta que a canção, inclusive, teria tido a sua execução proibida no Brasil durante a ditadura militar, pelo fato de narrar um relacionamento extra-conjugal - a tal “senhora Jones" é uma mulher casada, da mesma forma que o eu-lírico da letra é um sujeito compromissado.

Levando em conta a idiotia dos censores da época - em sua maioria, velhos decrépitos -, considero altamente improvável a hipótese da proibição. Veja bem: o censor, para saber a tradução da música, obviamente teria que possuir um inglês fluente, certo? E, sinceramente, você imagina um reacionário daqueles dando-se ao trabalho de aprender o idioma - certamente classificado por ele como “língua de colonizado”?

Jorge Ben (Jor?), em entrevista concedida há cerca de 15 anos atrás, contou que a sua “Eu Quero Mocotó” foi vetada durante os anos de chumbo. O motivo: “a expressão entoada no refrão trazia, provavelmente em código, alguma mensagem subversiva”. Patético, não?

Bem, aqui está a letra de “Me And Mrs Jones” e sua respectiva tradução:


Me And Mrs Jones

Written by Kenny Gamble, Leon Huff and Cary Gilbert.
A #1 hit for Billy Paul in 1972.



Me and Mrs. Jones, we got a thing going on,
We both know that it's wrong
But it's much too strong to let it cool down now.

We meet ev'ry day at the same cafe,
Six-thirty I know she'll be there,
Holding hands, making all kinds of plans
While the jukebox plays our favorite song. (...)

We gotta be extra careful
that we don't build our hopes too high
Cause she's got her own obligations and so do I. (...)

Well, it's time for us to be leaving,
It hurts so much, it hurts so much inside,
Now she'll go her way and I'll go mine,
But tomorrow we'll meet the same place, the same time.

Me and Mrs. Jones, Mrs. Jones, Mrs. Jones.



Eu e a sra. Jones

Eu e a sra. jones - há algo entre nós.
Nós sabemos que está errado
Mas é muito forte para deixar esfriar agora.

Nos encontramos todos os dias no mesmo café -
Às 6:30, eu sei, eu sei que ela estará lá.
De mãos dadas, fazemos planos
Enquanto o
jukebox toca nossa canção favorita. (...)

Precisamos ter muito cuidado
Para não elevamos nossas expectativas
Porque ela tem suas próprias obrigações
E eu também. (...)

Bem, esta é a hora de partirmos
Doí demais, doí demais no coração.
Agora ela seguirá seu caminho
E eu seguirei o meu.
Amanhã nos encontraremos no mesmo lugar - à mesma hora. (...)

Eu e a sra. jones, sra. Jones, sra. Jones, sra. Jones, sra. jones.

5 comentários:

Emilio Pacheco disse...

Não me consta que a música tenha sido proibida no Brasil. Eu tinha 12 anos quando ela estourou. Um amigo meu tinha o compacto. Billy Paul provavelmente fez mais sucesso no Brasil do que nos Estados Unidos. Lá eles só lembram dessa música. Aqui, lembramos de várias outras.

Tom Neto disse...

Também acho improvável a hipótese da proibição - pelas razões que mencionei no post. Contudo, uma pessoa de minha família - e que, por sinal, tem bem mais idade do que eu (nasci dois anos depois de o compacto ter estourado) - comentou sobre isso comigo uma vez. E jamais esqueci.

Uma hora dessas, farei uma pesquisa na internet para tirar a teima...

Anônimo disse...

Eu já era grandinha quando essa música "estourou" nas paradas de sucesso e tocava em todas as baladas e as lojas de discos vendiam sem restrições.

Anônimo disse...

Parabéns por estar lembrando o notável Billy Paul!!! Ele merece e não pode cair no esquecimento.
Só tenho a te agradecer por este post!
Beijos
Milu

Tom Neto disse...

Muito obrigado pelas suas palavras tão simpáticas, Milu.

Beijo grande e volte sempre.

P.S.: e parabéns pelo seu blog.